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O IMPACTO DO DIAGNÓSTICO DA ESQUIZOFRENIA

Análise sobre o impacto do diagnóstico da esquizofrenia na vida do paciente e de seus familiares.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

A esquizofrenia atualmente afeta milhares de brasileiros, muitas vezes por falta de instrução essas pessoas não são diagnosticadas, tampouco recebem algum tipo de tratamento, sendo apenas discriminadas pela sociedade e muitas vezes pela própria família. O objetivo do presente estudo é refletir sobre o impacto do diagnóstico da esquizofrenia na vida do paciente e de seus familiares. Milhares de pessoas são diagnosticadas diariamente, e mesmo que encontre avanços sobre psiquiatria e saúde mental, a sociedade ainda tem muito preconceito e discriminação com quem sofre com doenças mentais. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, descritiva desenvolvida por revisão bibliográfica. As coletas dos artigos foram feitas na base de dados do Google acadêmico, sendo selecionado quatorze artigos de 2006 a 2022, em português. A análise de dados ocorreu por análise de conteúdo de Bardin. O presente estudo busca levar mais conhecimento as pessoas e formas de tratamento. Os resultados proporcionam a reflexão acerca da doença e o impacto na vida das pessoas e da família. A pesquisa contribui para o conhecimento da doença, analisando a literatura fica evidente o mesmo.

Palavras-Chave: Esquizofrenia, Diagnóstico, Impacto.

ABSTRACT

Schizophrenia currently affects thousands of Brazilians, often due to lack of education, these people are not diagnosed, nor do they receive any type of treatment, being only discriminated against by society and often by their own families. The aim of this study is to reflect on the impact of the diagnosis of schizophrenia on the lives of patients and their families. Thousands of people are diagnosed daily, and even if you find advances in psychiatry and mental health, society still has a lot of prejudice and discrimination against those who suffer from mental illness. A qualitative, descriptive research developed by bibliographic review was carried out. The articles were collected in the academic Google database, with eight articles selected from 2006 to 2022, in Portuguese. Data analysis was performed using Bardin's content analysis. The present study seeks to bring more knowledge to people and forms of treatment. The results provide reflection on the disease and its impact on the lives of people and families. The research contributes to the knowledge of the disease, analyzing the literature it becomes evident the same.

Keywords: schizophrenia. Diagnosis. Impact.

1 INTRODUÇÃO

O paciente portador de esquizofrenia sofre muito com o preconceito, pela sociedade e também pelos familiares. No caso do paciente que tem uma família acolhedora que saiba entende-lo, bem como, ajuda-lo acaba tornando mais fácil o convívio, tanto com a sociedade como os demais parentes, ao contrário tudo acaba tornando-se mais difícil e constrangedor, pois assim o paciente tem vontade de isolar-se e dessa forma tende a piorar o transtorno tanto no aspecto físico quanto no psicológico.

As principais características da esquizofrenia são sintomas de alucinações e delírios, o portador dessa psicopatologia apresenta um pensamento desintegrado e fora da realidade, pois os mesmos escutam, percebem e comportam-se de maneira diferente das demais pessoas, ditas “normais” (GIACON; GALERA, 2006).

Um dos efeitos negativos em relação a essa psicopatologia é o preconceito e a discriminação que acabam por dificultar a adesão ao tratamento. A esquizofrenia é altamente estigmatizada, o preconceito aumenta mais ainda o isolamento social do paciente, criando dificuldades para encontrar habitação, emprego e educação, possibilitando assim para a probabilidade de abuso de drogas e álcool (Becker, 1963).

A definição atual de esquizofrenia indica uma psicose crônica idiopática, aparentando ser um conjunto de diferentes doenças com sintomas que se assemelham e se sobrepõem. A esquizofrenia é de origem multifatorial onde os fatores genéticos e ambientais parecem estar associados a um aumento no risco de desenvolver a doença. Esse artigo tem como objetivo fazer uma revisão de alguns aspectos englobando: história, sintomatologia, tratamentos e modelos experimentais da esquizofrenia (SILVA, 2006).

Os primeiros sinais e sintomas da doença aparecem mais comumente durante a adolescência ou início da idade adulta. Apesar de poder surgir de forma abrupta, o quadro mais freqüente se inicia de maneira insidiosa. Sintomas prodrômicos pouco específicos, incluindo perda de energia, iniciativa e interesses, humor depressivo, isolamento, comportamento inadequado, negligência com a aparência pessoal e higiene, podem surgir e permanecer por algumas semanas ou até meses antes do aparecimento de sintomas mais característicos da doença. Familiares e amigos em geral percebem mudanças no comportamento do paciente, nas suas atividades pessoais, contato social e desempenho no trabalho e/ou escola (Vallada Filho & Busatto Fillho, 1996).

As causas da esquizofrenia são ainda desconhecidas. Porém, há consenso em atribuir a desorganização da personalidade, verificada na esquizofrenia, à interação de variáveis culturais, psicológicas e biológicas, entre as quais se destacam as de natureza genética (SILVA, 2006).

Essa patologia é uma desordem hereditária. Possuir um parente é o fator de risco mais consistente e significativo para o desenvolvimento da doença. Muitos estudos epidemiológicos mostram que indivíduos que possuem parentes em primeiro grau com esquizofrenia possuem um risco aumentado em desenvolver a doença (Vallada Filho & Busatto Fillho, 1996).

Do ponto de vista etiológico, é difícil estabelecer uma causa única. Existe uma concordância de que são necessários fatores predisponentes (genéticos, constitucionais, bioquímicos) em concomitância com fatores ambientais para o desenvolvimento da doença (PITTA, 2021).

A esquizofrenia é um grande problema de saúde pública em todo o mundo. O transtorno pode afetar os jovens no momento exato em que estão estabelecendo a sua independência e pode ter como resultado incapacidade e estigma durante toda a vida. Em termos de custos pessoais e econômicos, a esquizofrenia encontra-se entre os piores transtornos que afetam a humanidade (GARCEZ, 2020).

Os fatores que podem fazer com que as pessoas sejam vulneráveis, incluem:

Predisposição genética, problemas ocorridos antes, durante ou depois do nascimento, como infecção pelo vírus influenza na mãe durante o segundo trimestre da gravidez, falta de oxigênio no momento do parto, baixo peso ao nascer e incompatibilidade do tipo de sangue entre mãe e filho, infecções no cérebro (GARCEZ, 2020).

O objetivo do presente estudo é de refletir sobre o impacto do diagnóstico da esquizofrenia na vida do paciente e de seus familiares.

Diante da importância da relação familiar no tratamento das pessoas portadoras de esquizofrenia, este trabalho propende esclarecer os familiares a ter uma melhor qualidade de vida, tentando diminuir o sofrimento dos familiares, através da reabilitação social pode-se diminuir os impactos sofridos pelo núcleo familiar.

2 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida neste estudo foi a pesquisa qualitativa descritiva, realizada através de revisão de literatura.

A pesquisa qualitativa se preocupa com o nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, de motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes (MINAYO, 2014). A pesquisa qualitativa trabalha com descrições, interpretações e comparações.

A revisão de literatura cumpre vários propósitos, compartilha resultados de outros estudos que estão intimamente relacionados àquele que está sendo realizado, proporcionando um diálogo maior e contínuo, preenchendo lacunas e ampliando pesquisas realizadas anteriormente (CRESWELL, 2010).

O estudo foi desenvolvido por meio de artigos encontrados na base de dados do Google Acadêmico com os seguintes descritores: Esquizofrenia e Impactos na vida dos familiares das pessoas esquizofrênicas. A busca ocorreu no período de Junho de 2022. Os critérios de seleção dos artigos foram publicados em português no período de 2006 a 2022.

Foram encontrados com o descritor “O impacto do diagnóstico de esquizofrenia” 8.670 artigos, destes foram selecionados 07 artigos. Já com o descritor “Esquizofrenia e o impacto na vida dos familiares”, foram encontrados 10.400 artigos, destes foram selecionados 07 artigos.

A apresentação dos artigos selecionados encontra- se descrita na Tabela 1.

Tabela 1 – Apresentação dos artigos selecionados.

Títulos dos artigos

Autores

Base de dados e revista de publicação

Ano de publicação

1 O que é esquizofrenia?

GARCEZ, Nogueira.

Blog: Clínica Jequitibá Saúde Mental

2020

2 Primeiro episódio da esquizofrenia e assistência de enfermagem

GIACON, B, C & Galera, S. A. F.

Rev. Esc. Enfermagem

2006

3 Vivências dos familiares ao cuidar de um ente esquizofrênico: um enfoque fenomenológico.

SALES,    C.    A.; SCHUHLI,  P.  A. P.;   SANTOS,   E. M.;   WAIDMAN, M.  A.  P.;  MAR-CON, S. S

Revista Eletrônica de Enfer-magem, v. 12, n.3

2010

4 Fatores sociais e esquizofrenia: investigando possíveis associações.

Barros, Rafael Fernandes.

Dissertação

2013

5 Saúde da Família: Esquizofrenia

PITTA, José Nascimento.

Biblioteca Virtual

2022

6 Avaliação da sobrecarga de familiares cuidadores de indivíduos com esquizofrenia

Pereira CR, Oliveira RC de, Araújo DD de, Silva-Junior RF da, Gusmão ROM.

Revista Virtual de Enfermagem

2020

7 Esquizofrenia: abordagem teórica, convívio familiar e assistência profissional.

Chaves RCC, Silva WF da, Silva BT, Damacena DEL, Silva LCL

Revista Virtual Uningá

2017

8 Sobrecarga gerada pelo convívio com o portador de esquizofrenia: enfermagem construindo o cuidado à família

GOMES, M.S.; MELLO, R.

Revista Eletrônica de Saúde Mental, Álcool e Droga, v. 8, n. 1.

2012

9 Esquizofrenia e outras perturbações psicóticas

VIEIRA, A; MOREIRA, J; LOUREIRO K; MORGADINHO, R.

Portal dos Psicólogos, Portugal.

2008

10 Entre a razão e a ilusão – desmistificando a loucura

ASSIS, JORGE CANDIDO

Livro, segmentos e formas.

2006

11 Qualidade de vida de familiares cuidadores do docente esquizofrênico

TEIXEIRA, Marina Borges

Rev. Bras. Enfermagem

2005

12 Impactos da Esquizofrenia no Contexto Familiar: relatos e experiências com familiares que frequentam grupos de apoio em um Caps.

COSTA, Betânia Vieira; AQUINO, Giselle Braga; FERREIRA, Bruno Carlos

Jornal Científico

2019

13 Vivencias de cuidadores de portadores de Esquizofrenia.

NACIMENTO, Maria Luana Alves

Revista de Saúde Pública

2017

14 Diferenças entre os sexos na Esquizofrenia

CHAVES, A, C

Revista Brasileira de Psiquiatria

2000

 Fonte: Autora do artigo, 2022.

A análise dos dados ocorreu por análise de conteúdo de Bardin. Segundo Bardin (2011, p.15), “a análise do conteúdo é um conjunto de instrumentos de cunho metodológico em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a discursos (conteúdos e continentes) extremamente diversificados”. Sendo assim, para Bardin (2009), a análise de conteúdo, configura-se como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que faz uso de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.

3 ANALISE E DISCUSSÃO

A Esquizofrenia é uma doença que se caracteriza por sintomas de alucinações e delírios, onde o portador dessa patologia apresenta um pensamento desintegrado e fora da realidade, os mesmos percebem, escutam, sente e comportam-se de forma diferente dos demais seres humanos ditos “normais”.

A etimologia da palavra “esquizofrenia” significa fragmentação da mente (frenia- mente e esquizo – fragmentada/dividida). Ela gera uma ruptura no desenvolvimento do indivíduo, havendo a perda do contato com a realidade e a ausência de juízo crítico. Apresenta como possíveis causas, diversos fatores, entre eles: fatores genéticos e fatores ambientais, os quais podem englobar o estresse familiar, interações sociais pobres, infecções, vírus, traumatismos em idade jovem. O código genético dos indivíduos conjuntamente com fatores ambientais pode causar a esquizofrenia (VIEIRA; MOREIRA ET AL, 2008).

A crise psiquiátrica pode comprometer de forma significativa o estado psíquico do portador de esquizofrenia, independente dos sintomas negativos ou positivos, a apresentação de tais sintomas pode impactar na vida pessoal, familiar, social e comunitária desses indivíduos.

Os familiares de esquizofrênicos aprendem a lidar com os altos e baixos da doença e desenvolvem maneiras de se aproximar para melhor compreendê-los. Mas novas dúvidas e inquietações surgem no decorrer da vida da família, por exemplo, questões relativas ao futuro de seus filhos. Os familiares destas pessoas encontraram meios de compartilhar suas questões por meio de grupos de apoio em encontros promovidos por associações de familiares de sua cidade. Nesses espaços de troca, entendem também que tão importante quanto seguir o tratamento e buscar informações sobre novas perspectivas é associarem-se para a troca de experiências, o apoio mútuo e a defesa de direitos (ASSIS, 2006.p.12).

Algumas famílias acreditam que a melhor atitude para o membro portador dessa patologia é o isolamento e a exclusão. Mesmo considerando o grau de rigidez desse comportamento, é necessário compreender que cada família se adapta da maneira que julga ser mais eficiente àquela situação. Ainda, é possível imaginar também, que esses familiares não tiveram – ou tiveram de forma inadequada – orientações sobre os cuidados com a pessoa portadora de transtorno mental (TEIXEIRA, 2005).

A família vivencia diariamente momentos de sofrimento, mas ao mesmo tempo em que experimentam perdas e limitações aprendem sobre possibilidades e esperanças, ou seja, novas aberturas, mudanças positivas e criativas que aliviam o sofrimento e permitem viver o presente.

Quando o transtorno psicótico é cronificado, como na esquizofrenia, a doença traz repercussão na vida do esquizofrênico e no contexto familiar, ressaltando que a família é a primeira instituição social e que tem como prioridade garantir o bem-estar, a continuidade e a segurança de seus membros. É fundamental que o doente continue inserido no grupo familiar e na sociedade, pois a resistência e a recriminação por parte da família interferem no tratamento e na devolução da autonomia do paciente, o que, por conseguinte aumenta o risco de recaída (COSTA; AQUINO; FERREIRA, 2018).

Ainda para Nascimento et al. (2020), reconhece em seu estudo a falta de informação como o principal desafio encontrado pela família do esquizofrênico. Quando as pessoas próximas ao doente não têm um entendimento sobre o desenvolver da patologia e como ela age no comportamento do familiar acometido, as situações traumáticas envolvendo aquele grupo costumam ocorrer, quase, inevitavelmente. As dificuldades que permeiam o dia a dia são aquelas ligadas ao comportamento agressivo, incompreensível e imprevisível do doente em meio a uma família sem orientações de como agir diante desses eventos. Dessa forma, pode-se desenvolver um sentimento de medo, e posterior o desinteresse em ajudar o esquizofrênico devido às atitudes que causam ameaça as pessoas próximas.

Segundo Costa et al. (2019) salientam sobre o impacto financeiro que a família sofre após a descoberta da doença. Isso acontece tanto por parte do esquizofrênico quanto do cuidador, já que os sintomas psicóticos podem tornar o indivíduo incapacitado de trabalhar e, muitas vezes, o cuidador principal precisa deixar o emprego para se dedicar ao cuidado oferecido. Tais condições consequentemente causam uma diminuição da renda familiar. Vale ressaltar que muitos cidadãos com doença mental não recebem o beneficio a que tem direito, fato esse que contribui para que muitos enfrentem problemas financeiros.

Estudos com familiares de pessoas com esquizofrenia mostram o impacto gerado na vida dos familiares, tais como: situações de medo, agressividade, cansaço, estresse e preocupação resultando em desgaste físico e mental, bem como os prejuízos sociais e psíquicos que dificultam o convívio da família com o ser adoecido. Aponta ainda a família como elo fundamental no apoio, acolhimento e recuperação das pessoas com esquizofrenia (CARVALHO CMS et al., 2017).

Alguns dos sintomas iniciais incluem isolamento social, irritabilidade, paranóia, tristeza constante ou depressão, apatia, perda de memória e dificuldade de concentração. A pessoa com essa doença pode apresentar dois tipos de delírios, delírio de identidade (caracterizada pelo paciente achar que é outra pessoa) e delírio de persecutório (delírio de que esta sendo perseguido).

Atualmente uma metodologia desenvolvida por pesquisadores brasileiros permite diagnosticar, com base em um único exame de sangue, duas doenças psiquiátricas com sintomas semelhantes: esquizofrenia e transtorno bipolar. O exame laboratorial, desenvolvido por pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), é o primeiro capaz de diferenciar esses dois transtornos por meio da análise de alterações bioquímicas e moleculares envolvidas nas patologias. O diagnóstico da esquizofrenia e da grande parte dos transtornos mentais é clínico, ou seja, através da anamnese e entrevista clínica o psiquiatra é capaz de fazer o diagnóstico. A esquizofrenia pode ser confundida, por exemplo, com o transtorno bipolar, com autismo e até com a depressão, também pode ser confundida com o uso de drogas, pois atua nos lobos temporais.

Delírios e alucinações são principais sintomas da esquizofrenia, a doença apresenta sintomas psicóticos desde a primeira crise. Eles são classificados como sintomas positivos e negativos. Entre os positivos, é possível citar: delírios, alucinações, agitação psicomotora e sintomas negativos a desmotivação,  falta de vontade,  apatia.

Existem vários tipos de esquizofrenia, que são eles: esquizofrenia paranoide, esquizofrenia catatônica, esquizofrenia hebefrênica ou desogarnizada, esquizofênia indiferenciada e esquizofrenia residual, na maior parte dos pacientes, o aparecimento da esquizofrenia acontece na segunda década de vida, entre os 20 e 30 anos. Segundo Chaves (2000), nos homens, há uma maior tendência em desenvolver o transtorno mais próximo aos 20 anos de idade, enquanto nas mulheres, mais perto dos 25 anos.

Para a execução da Lei 10.216 de 06 de Abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, é necessário que haja profissionais capacitados como psiquiatras, psicólogos, técnicos de enfermagem e oficineiros, totalmente a disposição do serviço, como propõe a lei, além disso, existe deficiência de medicamentos de uso psiquiátrico adequadas para cada caso, e também péssimas estruturas física dos locais onde são ofertados esses serviços. Vale ressaltar que a área da psicologia vem oferecendo tratamento mais humanizado aos pacientes com transtornos mentais, buscando resgatar cuidados e trazendo dignidade de um modo geral (BRASIL, 2001).

Normalmente o portador dessa doença sofre medo, perturbação mental, ansiedade, tem uma percepção distorcida da realidade, dizem que estão sendo perseguido por espíritos e demônios, o que acaba ocasionando uma confusão mental muito grande, levando o paciente a evitar interagir com a sociedade, isolando-se das pessoas.  

Não se sabe a causa, mas sim que as pessoas que já nascem com a pré-disposição á doença e está pode ser desenvolvida através do uso de drogas, principalmente a maconha, tragédia na família, depressão, estresse, ou susto muito forte. O tratamento após a doença ser diagnosticada deve ser iniciado o mais rápido possível, pois a esquizofrenia é uma doença progressiva e degenerativa, sem cura, havendo só uma estabilização da doença, através dos medicamentos, que são utilizados para o controle das crises. O paciente jamais deve parar com o tratamento para evitar crises e ter uma qualidade de vida melhor, evitando recaídas. É fundamental que a família monitore diariamente o uso da medicação.

Muitos familiares acreditam que agüentarão a doença sozinha, mas cada esquizofrênico reage de modo diferente, não existem cuidados padronizados, fazendo com que os familiares desenvolvam, com ajuda especializada, uma forma de lidar com essa doença que assombra muitas famílias. O paciente deve se sentir amado, os familiares devem ter em mente que no momento de uma crise, o paciente, está tendo várias alucinações e delírios, e aquilo é real para ele. Ter um ambiente familiar acolhedor, é muito importante para a estabilidade da doença, pois a pessoa doente se viver em um ambiente com discussões, e situações estressantes só vai ter a tendência a piorar. Isso não é uma tarefa fácil, a pessoa com esquizofrenia tem um comportamento que dificulta a aproximação dos familiares, o que exige muita paciência e tolerância dos mesmos.

É variável a percepção dos familiares em torno das pessoas com esquizofrenia, sendo fundamental a necessidade de trabalhar equipe de saúde, família e o doente. A enfermagem desempenha um papel essencial na saúde mental, através de um amplo conhecimento de vários fatores que ajudam o bem estar do paciente e seus familiares. Em casos mais graves ocorre à internação compulsória desse paciente, o que ocasiona um desgaste emocional significativo na família.

É muito difícil manter uma vida social após ter o diagnostico dessa doença, devido à exclusão social e ao preconceito, por isso a importância em participar de grupos de acolhimento e buscar uma rede de apoio. Para cuidar de uma pessoa doente é necessário que se tenha muito amor e desprendimento, pois o desgaste que um familiar e ou cuidador sofre é demasiado, uma sobrecarga física e psíquica desgastante, sendo que a pessoa responsável pelo esquizofrênico participa de maneira integral das atividades diárias, rotineiramente necessita de ajuda com a higiene pessoal, uso de medicamentos, e o gerenciamento da sua própria vida no geral.

Perante as dificuldades em lidar com os sintomas do esquizofrênico fica limitado manter uma relação com a sociedade, por esse motivo se faz muito importante o apoio familiar.

4 CONSIDERAÇÕES

A pesquisa contribuiu para o conhecimento da doença. Analisando a literatura fica evidente que a esquizofrenia transforma negativamente a vida dos familiares, trazendo sentimentos de angústia, sensação de fraqueza, medo, incertezas de como lidar com a mesma. A família precisa aprender a conviver com essas dificuldades e também com a doença, que pode apresentar vários estágios, no qual os familiares devem ir se adaptando.

É imprescindível que a família permaneça unida, a base familiar é o alicerce para proporcionar ao paciente uma melhor qualidade de vida. A falta de informação e ajuda especializada são os principais desafios encontrados pelos familiares, pois não é fácil diagnosticar a doença logo na primeira consulta.

O quão importante é o acolhimento da rede de saúde ao paciente e aos familiares, para que os mesmos saibam como agir em momentos de crise, como evitar ou diminuí-las. É de grande valia incentivar os familiares e cuidadores a participar juntamente com o paciente de oficinas nos CAPS e centros de reabilitação, levando assim ao melhor entendimento sobre a doença e uma convivência mais harmônica.

 Percebe-se que a população no geral pouco fala e sabe sobre esquizofrenia, seria importante criar campanhas sobre saúde mental com foco nessa doença, porque é um assunto muito delicado, que tem trazido grandes problemas a sociedade, a falta de conhecimento faz com que muitas pessoas deixam de procurar ajuda especializada, aumentando o índice de criminalidade, suicídios e outros problemas familiares.

As pessoas com esquizofrenia e seus familiares necessitam muito de um olhar mais humanizado, principalmente os profissionais da área da saúde, através de pequenos gestos, um pouco mais de carinho e atenção pode-se salvar vidas.

REFERÊNCIAS

ASSIS, JORGE CÂNDIDO. Entre a razão e a ilusão – desmistificando a loucura. Ed. Segmento Formas, São Paulo 2006;

BARDIN, L. Análise de conteúdo (L. de A. Rego & A. Pinheiro, Trads.). Lisboa: Edições 70, 2006.

Barros, Rafael Fernandes. Fatores sociais e esquizofrenia : investigando possíveis associações / Rafael Fernandes Barros. - Botucatu, 2013. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/98418/000748584.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 20 Junho 2022.

Becker, H. (1963). Outsiders: studies in sociology of deviance. New York: Free Press.

BRASIL, LEI 10.216, de 06 de abril de 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm. Acesso em 27 setembro de 2022.

CARVALHO CMS, et al. Vivências de familiares da pessoa com esquizofrenia. Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas [Internet]; 2017; 13 (3): 125-131.

CHAVES, A. C. “Diferenças entre os sexos na esquizofrenia” in: Revista Brasileira de Psiquiatria, vol.22, s.1, São Paulo, 2000.

CHAVES, RCC, Silva WF da, Silva BT, Damacena DEL, Silva LCL da. Esquizofrenia: abordagem teórica, convívio familiar e assistência profissional. Revista UNINGÁ 2017. Disponível http://revista.uninga.br/index.php/uningar eviews/article/view/2038/1630. Acesso em 28 Junho 2022.

COSTA, Betânia Vieira; AQUINO, Giselle Braga de; FERREIRA, Bruno Carlos. Impactos da Esquizofrenia no Contexto Familiar: relatos de experiências com familiares que frequentam grupos de apoio em um CAPS de uma cidade do interior da Zona da Mata mineira Interdisciplinary Scientific Journal, v.6, n.5, p. 117; 2019. Disponível em: < http://revista.srvroot.com/linkscienceplace/index.php/linkscienceplace/article/view/68 1>. Acesso em 04 Setembro 2022.

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2010.

GARCEZ, Nogueira. Saúde mental. O que é esquizofrenia? 2020. Disponível em: https://saudementalatibaia.com.br/blog/o-que-e-esquizofrenia/#:~:text=O%20transtorno%20pode%20afetar%20os,transtornos%20que%20afetam%20a%20humanidade. Acesso em 12 Maio 2022.

GIACON, B. C. C. & GALERA, S. A. F. Primeiro episódio da esquizofrenia e assistência de enfermagem. In: Rev. Esc. Enferm, São Paulo, 40(2), p. 286-291, 2006.

GOMES MS, MELLO R. Sobrecarga gerada pelo convívio com o portador de esquizofrenia: a enfermagem construindo o cuidado à família. Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas. São Paulo, 8(1), 2-8, 2012.

MINAYO, M. C. de S. (Org.). O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14ª ed. Rio de Janeiro: Hucitec, 2014.

NASCIMENTO, Maria Luana Alves do et al. Vivencias de cuidadores de portadores de esquizofrenia. Revista Saúde Pública de Santa Catarina, Florianópolis, 10(2): 22-37, 2017.

PEREIRA CR, Oliveira RC de, ARAÚJO DD de, SILVA-Junior RF da, GUSMÃO ROM. Avaliação da sobrecarga de familiares cuidadores de indivíduos com esquizofrenia. Rev enferm UFPE 2020. Disponível em: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2020.e243361. Acesso em 22 Maio 2022.

PITTA, José Nascimento. Saúde da Família: Esquizofrenia. Disponível em: https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/pab/4/unidades_casos_complexos/unidade27/unidade27_ft_esquizofrenia.pdf. Acesso 20 Maio 2022.

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SILVA, R. C. B. (2006). Schizophrénie: une revision. Psicologia USP, 17(4), 263-285.

TEIXEIRA, Marina Borges. Qualidade de vida de familiares cuidadores do doente esquizofrênico. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 58, n. 2, Apr. 2005 . Acesso 16 de agosto 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672005000200008.

Vallada Filho, H., & Busatto Filho, G. (1996). Esquizofrenia. In P. Almeida, L.

VIEIRA, A.; MOREIRA, J. I.; LOUREIRO, K.; MORGADINHO, R. “Esquizofrenia e outras perturbações psicóticas” in: Psicologia.com.pt: o portal dos psicólogos, Portugal, 2008.

 

Por Catiuscia Bacin Fortes


Publicado por: Catiuscia Bacin Fortes

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