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Europa: mito grego e geografia

Breve análise sobre a Europa: o mito grego e a geografia.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

A etimologia da palavra Europa provavelmente tem sua origem na língua grega, significando “a de aparência larga ou ampla”. A característica larga pode se referir à Europa como um local geográfico ou como uma figura dos mitos gregos.

Na Antiguidade, o personagem de Europa era uma mulher, apresentada de diferentes formas pelos gregos. A Europa mais popular, trabalhada neste texto, é uma princesa fenícia, filha de Telefassa e Agenor, rei da Fenícia.

A história conta que Zeus apaixonou-se pela mulher e, para conquistá-la, se transformou em um touro branco, seduzindo e a raptando, quando ela colhia flores na praia. Europa, se aproximou do animal, brincou com ele, subindo até mesmo em suas costas, momento aproveitado pelo deus para levá-la embora até Gortina, na ilha de Creta. Nesse local, Zeus teve elações sexuais com a jovem, gerando três filhos: Minos, Radamante e Sarpédon.

“O mito de Europa remete a três temáticas substanciais: o rapto de mulheres por parte dos deuses, especialmente Zeus; a afirmação do poder e soberania dos descendentes de Zeus e Europa e dos familiares desta; a problemática da geografia, particularmente no que diz respeito à relação entre Oriente e Ocidente, assim como a coincidência do nome ‘Europa’ ser também atribuído a um território” (SILVA et al., 2021, p. 92).

Acerca das menções literárias do rapto de Europa, destaca-se a de Heródoto, nas Histórias (I, 2), onde aborda esse tema como um dos ultrajes feitos por gregos contra os “asiáticos”. Na versão de Halicarnasso, a mulher teria sido levada por gregos sem qualquer participação divina. 

“Assim, o rapto de Europa desde a Fenícia pode ser pensado como um ato de afirmação de poder: de Zeus sobre os mortais, do masculino sobre o feminino, dos gregos sobre os ‘orientais’” (SILVA et al., 2021, p. 93). 

Esse tema de poder, consequentemente, está presente na história dos filhos de Europa, que se destacaram como líderes, tanto na política, caso de Minos e de Sarpédon, respectivamente, o rei de Creta e o rei da Lícia, como no jurídico, caso de Radamante, notório juiz.

Diante do exposto, observa-se que as narrativas sobre Europa retratam, de forma simbólica, a história do intercâmbio e as relações culturais entre a região da Síria, Creta e Grécia durante o segundo milênio a.C.

O deslocamento da jovem da Fenícia para Creta nos permite ver o deslocamento geográfico do mito do Oriente para o Ocidente. Estamos, portanto, diante de um caso em que uma heroína oriental forneceu o nome ao continente europeu, algo paradoxal, que intrigou até mesmo Heródoto.

Nos últimos anos, a construção da identidade europeia levou o interesse dos pesquisadores as origens da palavra “Europa” e sua relação com mitos gregos. A apropriação do mito na moeda de dois euros, demonstra como os contemporâneos usam um passado que remonta as conexões entre o Ocidente e Oriente.

Moeda de dois euros, 2012.

Referências

SILVA, Semíramis Corsi; BRUNHARA, Rafael de C. Matiello; NETO, Ivan Vieira. Compêndio Histórico de Mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História, Goiania: Editora Tempestiva, 2021.


Publicado por: Luisa Chiele Silva

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