Injustiça social é insulto aos mais pobres
Clique e descubra o que é Injustiça Social e quais são suas causas!O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
''Deus não concedeu, portanto, superioridade natural a nenhum homem, nem pelo nascimento, nem pela morte: todos são iguais diante Dele''. O filósofo Allan Kardec (1804-1869) explica que as desigualdades sociais não são obra do acaso e nem de Deus. Elas foram criadas pelos homens. Ainda assim, há quem afirme que é fruto da ambição desmedida e do egoísmo daqueles que querem, para si, toda a riqueza e poder.
A dura realidade é que nós brasileiros pagamos uma excessiva carga de impostos e não temos a contrapartida. Em janeiro, de 2012, foram arrecadados pelo governo federal, em impostos, cerca de R$ 102,61 bilhões, em 2011, foram R$ 993 bilhões. É pouco? Além disso: a distribuição de renda é vergonhosa e a oferta de educação superior deixa muito a desejar. O mesmo ocorre com o ensino público, nos níveis fundamental e médio, que está abandonado ao descaso oficial. A verdade é uma só. Nossa elite não quer cidadãos conscientes de sua cidadania, afinal, se mantém no poder e se alimenta dele. Dessa forma, tudo permanece como está. Não há mudança. É o caso da saúde. Olhando de perto, as filas de espera, em hospitais públicos, mais se parecem com o corredor da morte.
De outro lado, em nome do poder e dinheiro, grandes grupos econômicos formam cartéis poderosíssimos que visam apenas os seus próprios interesses. Todo mundo sabe que eles impedem a livre-concorrência e não trazem benefício à nossa economia. São os maiores e verdadeiros predadores do país.
Em meio a tudo isso, é fato que nossa polícia, na maioria das vezes, é truculenta e usa da força desmedida. Em muitas delegacias do Brasil, infelizmente, a tortura é prática comum e é usada como método de confissão. Vale lembrar que os jovens pobres da periferia são alvo, muitas vezes, de discriminação pelos agentes da lei. Apesar de tudo isso, é fato que existem os bons profissionais.
E a imprensa? Ela nem sempre está ao lado dos mais fracos, ou melhor, da cidadania e ainda assim o seu papel não pode ser desprezado numa realidade como a nossa. No entanto, em muitos casos envolvendo corrupção de parlamentares, se omite e deixa de informar o cidadão como se deve. Erra, duplamente, quando deixa de fiscalizar os poderosos e dialogar com a sociedade civil. É assim que se enfraquece e perde credibilidade e leitores. Negócios de trapaça interessam a todos nós.
E os pobres? São os que sofrem todo o tipo de brutalidade e abuso que se possa imaginar. Também pagam mais tributos neste país. Por sua vez, a contradição é que eles não têm saúde de qualidade, bem como, educação, moradia, transporte público e segurança. Enquanto isso, os banqueiros triplicam seu capital, pagam menos impostos e aumentam o patrimônio pessoal.
Outra coisa: não é segredo que se uma pessoa de poucos recursos tentar roubar um doce, no mercadinho, ele vai preso. E o rico? Atualmente cerca de 16 milhões de brasileiros vivem na miséria total e são as maiores vítimas da violência policial. Quem discorda? Em nossa opinião, já passou da hora dos segmentos mais humildes se revoltarem contra esses abusos por parte dos governos: federal, estadual e municipal. Para tanto é bom relembrar que o povo tem de participar das decisões do estado e controlar de perto o seu funcionamento.
Os fatos confirmam que os mais humildes não têm o direito de voz em nossa sociedade, afinal de contas, não participam das estruturas de poder. Em uma palavra: são invisíveis. São lembrados, apenas, no período eleitoral. De resto, são dominados e manipulados, como massa de manobra, pela elite dominante, que vê apenas os próprios interesses.
Lei não é sinônimo de justiça
É bom não esquecer que boa parte da violência, existente neste país, é fruto da desigualdade e opressão contra os mais pobres. Nossa classe dominante, que é míope intelectualmente, não consegue perceber que as imensas diferenças sociais resultam em inúmeras formas de selvageria. Não é à toa que estudos e pesquisas, recentes, revelam que as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo possuem os maiores índices de criminalidade em todo o país.
Tem mais, nenhuma nação rica não atingiu elevado grau de desenvolvimento, tecnológico e científico, ignorando o ensino e fechando os olhos para a desigualdade social como faz o Brasil. Não podemos esquecer que é consenso que a educação é um valioso tesouro universal. É o motor e o alicerce cultural de um povo, ou seja, é o pilar maior da soberania e desenvolvimento de cada nação.
Por essas e outras razões não resta dúvida que a violência e a injustiça são resultados, entre outras coisas, da opressão e miséria social contra os mais fracos. Ou seja: ao impedir que o outro tenha acesso à saúde, à educação e à vida digna, estamos legitimando uma opressão terrível que contribui e muito para a desigualdade, cuja raiz está na tirania dos mais influentes.
Em sendo assim, gostaríamos de ressaltar que é dessa maneira que se destroem famílias, lares e instituições. Por outro lado, é fato que nossas leis são injustas, no entanto, são frouxas e favorecem os que têm grande poder. Está claro porque muitas normas e regras não são cumpridas entre nós. É o 'jeitinho brasileiro'.
Para quem ainda não se convenceu que o mais fraco não tem vida fácil no Brasil e sofre todo tipo de arbitrariedade, basta lembrar da dificuldade que enfrenta quando necessita da justiça. Melhor dizendo, para ele, a lei é dura e lenta como o andar moroso de uma tartaruga. ''A justiça é uma invenção dos poderosos para sua própria proteção. Só a eles serve. Vez em quando se dá uma vitória a um pobre para que o povo tenha a ilusão de que é possível confiar no sistema. Bobagem! Lei não é sinônimo de justiça''.
Nem tudo está perdido. Há esperança. O fato é que a revolução - no sentido de mudança - deve começar conosco. Exemplo: desligue ou mude de canal, se você não gosta da programação que sua TV oferece. Para mudar, o melhor mesmo é deixar de lado o comodismo e a apatia. Devemos ir à luta e exercer o sagrado direito de cidadania e reivindicar mais investimentos em educação, segurança, saúde, moradia e transporte de qualidade, entre outros.
(RICARDO SANTOS É PROF. DE HISTÓRIA)
Publicado por: RICARDO SANTOS
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