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Porque?

Por que é tão fácil se comover com as tragédias na televisão e não com o que está acontecendo fora dela.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Nesse domingo assisti ao quadro de um programa em que uma pessoa foi agraciada com uma casa nova.

A pessoa era uma senhora de meia idade que passava sérias dificuldades em São Paulo, juntamente com seus cinco filhos. A situação era de quase miséria.

Então ela mandou uma carta para o programa e as coisas mudaram da água para o vinho. De repente ela ganhou uma casa mobilhada e muitas outras coisas.

Enquanto a pobre senhora chorava diante de tanta coisa boa, minhas lágrimas desciam desenfreadas pelo rosto. E lá estava eu, na poltrona da minha casa, comovido diante da TV.

E a pergunta que me faço é: por quê?

No meu trabalho atendo pessoas em situações muito parecidas. Gente pobre, carente, sem nada na vida. Gente que, ao contrário daquela senhora, não faz minhas lágrimas rolarem pelo rosto.

Então me pergunto por que é preciso que uma tragédia vá parar na TV pra que eu me comova. Porque minhas lágrimas não caem no meu dia-dia, fora da TV, diante da pobreza do outro lado da rua, das mulheres que imploram por uma mísera pensão alimentícia no meu trabalho?

Talvez seja porque num programa de TV a coisa toda é feita pra provocar o choro. Afinal, tudo é montando por profissionais especializados em alavancar índices de audiência à base da emoção.

E aí, enquanto um rosto sofrido é enquadrado na câmara, uma música tocante pode ser ouvida ao fundo. É tudo perfeito. E eu choro desembestado.

Tenho raiva dessas minhas lágrimas. Lágrimas produzidas por um programa de auditório. Lágrimas de crocodilo, sem compromisso, que se deixam hipnotizar por uma parafernália midiática em busca de audiência.

Lágrimas que se esquecem que a mesma miséria retratada na TV é a miséria dos mendigos na rua, dos famintos nos lixões, dos assassinados todos os dias.

Por esses não derramo uma lágrima sequer.

Meu Deus.

* Visite o www.cafecristao.com 


Publicado por: glenio cabral da silva

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.