O USO DO CORDÃO IDENTIFICADOR DE DOENÇAS OCULTAS “uma política de inclusão que pode excluir
Análise sobre o uso do cordão identificador de doenças ocultas.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
A busca pela inclusão tem sido um pilar fundamental na construção de uma sociedade mais justa e equitativa. A ideia de garantir que todos os indivíduos, independentemente de suas diferenças, tenham oportunidades iguais e acesso a direitos básicos é um princípio louvável e nobre. No entanto, é importante reconhecer que a aplicação cega desse ideal pode, por vezes, resultar em consequências não intencionais, afastando-se do verdadeiro espírito inclusivo que se almeja.
A inclusão, quando bem direcionada, visa eliminar barreiras físicas, sociais e psicológicas que segregam grupos minoritários ou pessoas com necessidades específicas. No entanto, é essencial considerar que nem todas as medidas que aparentam promover a inclusão são realmente inclusivas. Uma abordagem que exemplifica esse paradoxo é o uso do cordão identificador de doenças ocultas, um recurso desenvolvido com a intenção de alertar terceiros sobre condições médicas que podem não ser aparentes à primeira vista.
O cordão com desenhos de girassol, tornou-se símbolo nacional de identificação de pessoas com doenças ocultas, o projeto que tornou-se a Lei 14.624, sancionada em 17 de julho de 2023, altera a Lei 13.146/15 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, Embora a intenção por trás desse cordão seja permitir que pessoas com condições de saúde não visíveis recebam ajuda adequada em emergências e aumentar a conscientização sobre essas condições, é crucial analisar os efeitos colaterais que essa prática pode desencadear.
O risco de transformar a identificação de condições médicas em uma marca visível e potencialmente estigmatizante é um aspecto que merece atenção cuidadosa. A busca pela inclusão não pode se dar à custa da individualidade, da autoestima e da igualdade de oportunidades.
Neste contexto, é pertinente explorar como abordagens que pretendem promover a inclusão podem, paradoxalmente, minar os princípios que elas buscam fortalecer. Logo, examinaremos o caso específico do cordão identificador de doenças ocultas, compreendendo seus benefícios potenciais, mas também considerando as maneiras pelas quais essa medida bem-intencionada pode inadvertidamente perpetuar estigmas e restringir a verdadeira inclusão.
É preciso lembrar que a maior parte do público beneficiados por essa Lei são crianças e jovens, com idades que variam de 2 a 25 ano, eles estão em nossa escolas, nas ruas nos parques, vão aos cinema. Quantos olhares serão direcionados a essas pessoas, com o uso desse cordão?
Certamente, o risco de transformar a identificação de condições médicas em marcas visíveis e potencialmente estigmatizantes é um aspecto crucial que requer atenção cuidadosa. Enquanto a busca pela inclusão é um objetivo nobre e necessário, é igualmente importante considerar os possíveis impactos negativos que essa abordagem pode ter sobre a individualidade, autoestima e igualdade de oportunidades das pessoas.
Quando condições médicas são visivelmente marcadas, seja por meio de um objeto físico como um "cordão identificador" ou de qualquer outra forma, existe o potencial para a estigmatização. As pessoas podem ser rotuladas, discriminadas ou tratadas de maneira diferente com base em suas condições de saúde aparentes. Isso pode levar a sentimentos de vergonha, constrangimento e exclusão, afetando a autoestima e o bem-estar emocional das pessoas afetadas.
Além disso, a criação de identificadores visíveis pode comprometer a individualidade das pessoas. Cada indivíduo é único, e sua identidade vai além de suas condições médicas. Ser definido por uma condição de saúde visível pode reduzir a percepção das múltiplas facetas que compõem uma pessoa, impactando sua autoimagem e a maneira como são percebidas pelos outros.
A igualdade de oportunidades também é uma preocupação. A presença de marcadores visíveis de condições médicas pode influenciar negativamente a forma como as pessoas são tratadas em várias situações, como na busca por emprego, no acesso a serviços e na interação social. Isso pode criar barreiras adicionais para a igualdade de oportunidades e inclusão.
Portanto, ao buscar maneiras de identificar condições médicas para fins de inclusão, é importante encontrar um equilíbrio entre a conscientização e a proteção dos direitos individuais. Abordagens mais discretas, como a disponibilização de informações médicas apenas quando necessário e para as partes relevantes, podem ser uma alternativa mais sensível. É crucial que qualquer iniciativa nesse sentido seja guiada pelo respeito à dignidade e à autonomia das pessoas, evitando ao máximo possíveis efeitos negativos sobre sua autoestima, identidade e oportunidades.
Referência
BRASIL. Lei nº 14.624, de 17 de julho de 2023. Altera a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), para instituir o uso do cordão de fita com desenhos de girassóis para a identificação de pessoas com deficiências ocultas.
D.O.U de 17/07/2023, pág. nº 1
como citar esse artigo: Feitor. A. Feitor.O USO DO CORDÃO IDENTIFICADOR DE DOENÇAS OCULTAS “uma política de inclusão que pode excluir. disponivel em (colocar o link do site) acesso em 00/00/0000
Publicado por: Antonio Francisco Feitor
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