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O caso Paula Oliveira

No dia 08 de fevereiro, de 2009, a pernambucana Paula Oliveira, de 26 anos, supostamente foi atacada por um grupo neonazista, que a cortaram com uma lâmina.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

A notícia veio como bomba. No dia 08 de fevereiro, de 2009, a pernambucana Paula Oliveira, de 26 anos, supostamente foi atacada por um grupo neonazista, que a cortaram com uma lâmina. Ante o ataque, sua gravidez não foi adiante. A mesma teve parte de seu corpo - pernas e barriga - marcada com a sigla do Partido do Povo Suíço, o VSP. Ultranacionalista e xenofóbica, a sigla é contrária a entrada de imigrantes no país.

A notícia correu o mundo. O Itamaraty exigiu providências imediatas da autoridade suíça. Antônio Carlos Silva, do Observatório da Imprensa[1], fez uma observação muito oportuna sobre o caso: 'Antes dos fatos apurados e antes de ouvir as autoridades locais, já havia por aqui certezas, convicções e condenações'. Dias depois, o mundo soube que ela mentiu. Não estava grávida e nem havia sido atacada pelos skinheads. Ela se automutilou e sabia que o VSP tem como plataforma política a intolerância aos estrangeiros. Ante as mentiras de Paula, o Itamaraty ficou numa saia-justa com os suíços.

Apesar da polêmica que envolve o caso, centro minha análise na atitude de Oliveira. Seu ato trouxe à tona um muro de pedra invisível erguido para barrar imigrantes no país. Afinal, quais os motivos que a levaram agir daquela forma?  Não tenho dúvida que ela chamou atenção do mundo para si e foi possível conhecer de perto seus dramas e frustrações existenciais, assim como, a dura vida dos imigrantes fora de sua terra natal. Lá, eles são considerados párias sociais e injustamente responsabilizados pela crise econômica.

Com relação ao Brasil, não se pode esquecer que ainda é um país injusto que fecha os olhos para os mais pobres. País marcado pela extrema desigualdade social e uma injusta concentração de renda. Ela, por sua vez, pertence a uma camada social mais privilegiada da população. Tem formação universitária. Quanto ao imigrar, na sua maioria, os imigrantes buscam superar suas dificuldades pessoais e uma melhor condição de vida. Por isso, a América e a Europa, dessa forma, parecem como solução. Ou seja: muitas vezes eles se deixam [imigrantes] seduzir e acreditar no sonho de uma vida melhor. Nem sempre isso ocorre. Contudo, não se pode negar que o ódio e a intolerância ao estrangeiro, na Europa, não vem de hoje e aumenta cada vez mais. Dou um exemplo.

Desde o Império Romano (753 a.C.-476) isso ocorre. Povos não romanos, que eram considerados bárbaros, tentavam a todo instante entrar no Império. Roma era uma cidade globalizada e rica. Daí ser um polo de atração.

O caso Paula Oliveira, por fim, nos mostra o apartheid social que se impõe aos estrangeiros na Europa, que prefere fechar os olhos a resolver o problema de frente. Resultado: a xenofobia e a segregação se alastram. Suas vítimas potenciais são os imigrantes. É lembrar que as dificuldades econômicas e o temor do desemprego geram um ambiente propício para o surgimento de regimes - de ideologia neonazista e fascista - cuja plataforma política é uma demagogia paroquial obsoleta, que tem como pano de fundo um nacionalismo que beira o estrabismo.

[1] Web site, de Rádio e TV, que tem por objetivo a crítica da própria mídia.


Publicado por: RICARDO SANTOS

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.