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Novas mídias e cibridismo

Breve reflexão sobre Mídias e cibridismo.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Não é incomum nos depararmos com a cena de várias pessoas no mesmo lugar, cada uma com o celular na mão. Estão juntas, porém separadas: se encontram em outro lugar. Ou melhor, outros.

Com a tecnologia e a globalização, é possível saber o que está acontecendo na política da Arábia Saudita, ler um texto acadêmico de Freud e ainda encontrar uma receita de cookies. Tudo isso com um intervalo de tempo curtíssimo e pouco esforço para obter informações. Há uma crescente integração das vidas “on” e “off”, do físico e do virtual. Quase como duas realidades que coexistem.

Para retratar esse complexo cenário, marcado pela intensa penetração das novas tecnologias da informação nos mais variados âmbitos da sociedade, a professora e palestrante Martha Gabriel cunhou o conceito de “cibridismo”, termo formado a partir da justaposição das palavras “cyber” e “híbrido”, que significa a expansão do ser humano para além de seu corpo biológico, por meio de diferentes plataformas digitais, tornando possível sua coexistência numa realidade mista, a partir da integração constante entre os mundos “on” e “offline". 

Embora a aproximação entre humanos e computadores nos remeta à segunda metade do século XX, foi somente nas últimas décadas, a partir da internet móvel, acessada por dispositivos como celulares e handhelds, que o indivíduo cíbrido teve a possibilidade de ficar conectado durante praticamente todo o seu dia. Consequentemente, integrar “on” e “off” passou a ser cada vez mais corriqueiro.

Atualmente, o celular se mostra como uma espécie de fuga do mundo físico. Em um só um aparelho, é possível encontrar informações e meio de comunicação, duas atividades quase irresistíveis para o ser humano, criando assim uma falsa ideia de conhecimento das coisas e proximidade das pessoas.

A espera ao médico, por exemplo, não é mais uma situação tediosa, passou a ser o momento ideal para fugir (quase que totalmente) de sua real localização geográfica através do acesso à internet móvel. Ou então, o intervalo no trabalho, escola, curso, etc., que seria para um lanche ou um bate papo (presencial), se tornaram momentos para fazer updates sobre o que está acontecendo em sua “outra parte”.

Com a guinada tecnológica na virada do século, o ser humano tomou posse de um título que, anteriormente, era somente um arquétipo divino: o conceito de onipresença. Tornou-se possível estar em todos os lugares e em nenhum ao mesmo tempo. Isso porque os fóruns sociais criaram uma atmosfera de conhecimento e aproximação que, para os internautas, quase se assemelha (em algumas situações até se substitui) à interação de corpo presente. Isso pode se dar em uma escala ampla, já que se podem ter várias “janelas” abertas em um só aparelho celular.

Paulatinamente, os modernos aparelhos eletrônicos passam a ser extensões do próprio cérebro humano. Boa parte de nossas “memórias” deslocaram-se para o meio virtual. Os contatos telefônicos não estão mais anotados em papel, mas na agenda do celular. As fotografias não estão mais presentes em álbuns, mas armazenadas no Google Drive. Alguns livros migraram das bibliotecas para o formato e-book.

Mudam-se os tempos, mudam-se os vícios. Aquele breve intervalo no trabalho já não é mais o tempo de uma “tragada” no cigarro, mas para acessar as atualizações no Facebook ou no Instagram. Assim, não é por acaso que casos de abstinência tecnológica sejam cada vez mais comuns.

Durante horas diárias, o tempo que poderia ser investido em algo mais produtivo se perde em meio à tanta informação e entretenimento acessível. Porém, é importante fazer uma advertência. Lidar com as tecnologias e suas “vantagens” sempre há de ser uma tarefa cautelosa e não fugaz. Portanto, atualmente, mais do que nunca, é preciso saber lidar de maneira salutar com as novas tecnologias da informação e comunicação.

Rerferência bibligoráfica

GABRIEL, Martha. A era da busca: oráculos digitais (palestra). Café Filosófico, CPFL, Campinas, 2010. Disponível em: . Acesso em 6 jul. 2021.

______. Educar – A (r)evolução digital na educação. São Paulo: Saraiva, 2013.


Publicado por: Francisco Fernandes Ladeira

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