Inteligência Artificial e escrita: entre a potência e a moderação
Breve discussão acerca do papel da Inteligência Artificial na escrita.
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
A relação entre o ser humano e a tecnologia é dialética: se somos nós quem a criamos e modificamos, ela também nos transforma. Ao contrário do que muitos ainda podem pensar, a própria escrita, por si só, já é uma tecnologia. Ou seja, uma invenção externa ao corpo humano, que precisa ser aprendida e dominada. Hoje, com o avanço da Inteligência Artificial (IA), especialmente na produção textual, essa dinâmica se intensifica. Se, por um lado, a IA pode ampliar nossas capacidades cognitivas e criativas, por outro, seu uso indiscriminado pode esvaziar o processo de escrita de sua essência humana. O equilíbrio, portanto, é fundamental.
Marshall McLuhan, um dos maiores teóricos da comunicação, já afirmava que as tecnologias, ao estenderem nossos sentidos, modificam não apenas como agimos no mundo, mas também como pensamos e aprendemos. A IA, nesse sentido, é mais uma extensão da mente humana, potencializando a maneira como organizamos ideias, pesquisamos informações e até mesmo como nos expressamos. No entanto, McLuhan também alertava: aqueles que experimentam primeiro o impacto de uma nova tecnologia são os que reagem mais profundamente de maneira negativa. Isso explica tanto o entusiasmo exagerado quanto o temor irracional que a IA desperta.
Como dito, a escrita, enquanto tecnologia, não é natural; é uma construção cultural que revolucionou a transmissão do conhecimento. Da mesma forma, a IA não deve ser vista como uma ameaça, mas como um recurso que, se usado com moderação, pode enriquecer o ato de escrever. O risco está na substituição pura e simples da criatividade e do pensamento crítico por algoritmos. Afinal, escrever não é apenas produzir textos coerentes, mas um exercício de autoconhecimento, elaboração de ideias e de diálogo com o mundo.
Portanto, cabe a nós, usuários e criadores, estabelecer limites. A IA pode auxiliar na correção gramatical, na sugestão de estruturas ou até na geração de rascunhos, mas não deve substituir a reflexão humana. Se a tecnologia nos modifica, também temos o poder de direcionar essa transformação. Escrever, no fim das contas, é mais que um produto; é um processo. E é justamente nesse processo que reside a essência do conhecimento.
Referências
McLUHAN, Marshall. A Galáxia de Gutenberg; a formação do homem tipográfico. São Paulo, Editora Nacional, Editora da USP, 1972.
______. Os meios de comunicação como extensões do homem. 17 ed. São Paulo: Cultrix, 2005.
Publicado por: Francisco Fernandes Ladeira

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.