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Guantánamo é um zôo que abriga seres humanos

Apesar dos direitos humanos serem reconhecidos como inalienáveis, em Guantánamo, esses direitos são violados a todo o momento.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

A expressão 'direitos humanos' veio para ficar definitivamente. Ela remete às revoluções: revolução americana (1776) e francesa (1789), que consagraram os princípios dos direitos do homem e do cidadão. Apesar de serem reconhecidos como inalienáveis, em Guantánamo[1], esses direitos são violados a todo o momento. É o que se vê no documentário 'Caminho para Guantánamo', do inglês Michael Winterbottom, vencedor do Urso de Prata, 56ª edição. Winterbottom é um diretor que se preocupa com temáticas da política internacional, além disso, gosta de usar rock alternativo e britpop nas trilhas sonoras de seus filmes, claro que inclui bandas como Stone Rose e New Order.

O filme relata a história de um grupo de amigos, que em setembro de 2001, vão conhecer o Paquistão. Um deles vai se casar. No caminho, decidem ir ao Afeganistão e são capturados pelas tropas estadunidenses que combatem os talebans. Presos, vão para Guantánamo, sob a acusação de pertencerem à rede terrorista Al Qaeda.      

Esteticamente o filme é bom. É o que se vê quando um prisioneiro diz: 'Estou num zoológico'. É a cena mais dramática e impactante. Ela fez-me calar... Tive um nó na garganta, quase me sufoquei. Afinal, é angustiante ver pessoas serem tratadas como 'bicho-do-mato'. Isso ocorre porque eles não têm seus direitos respaldados pela Lei. Isso com a anuência do presidente Barack Obama, que inicialmente disse aos chefes militares que não permitiria abusos contra os detentos, que fecharia Guantánamo e que acabaria com o juízo militar. Por causa dos abusos cometidos por George W. Bush. Dias depois, ele recuou e proibiu também a divulgação de fotos que mostram os prisioneiros sob tortura.     

Segundo a Folha de São Paulo[2], atualmente existem 241 presos em Guantánamo, que não têm garantias jurídicas internacionais, por não serem de exércitos regulares, logo não estão protegidos pelas regras internacionais de guerra. É o caso da Convenção de Genebra.                                                 

Causou-me indignação ver inocentes presos, privados de qualquer ligação com o mundo exterior e sem comprovação de culpabilidade. Muitos deles estão detidos há mais de seis anos. Da mesma forma, é grave saber que a Suprema Corte estadunidense é conivente com a violação dos direitos humanos em Guantánamo.  Aliás, a prática de tortura é recorrente em muitos países, até no Brasil. Ou seja, respaldado pelo Estado, o torturante usa da força extrema para agredir fisicamente e psicologicamente um acusado para   conseguir uma informação ou uma confissão.                                                                        

'Caminhos para Guantánamo', é um documento histórico que precisa ser debatido amplamente com a sociedade civil e que não fique restrito ao meio acadêmico. Afinal, é uma denúncia grave que nos revela a banalização total da vida, bem como as agressões cometidas contra os direitos e a dignidade de seres humanos. Na verdade, o que ocorre em Guantánamo são atos condenáveis e criminosos. São crimes contra a humanidade.

Por fim, espera-se que Obama não se 'tonteie' com o poder e que não patrocine mais uma guerra ao terror, que restaure, de fato, o Estado de direito em Guantánamo. Que esta prisão seja fechada para sempre e que os crimes ocorridos lá possam ser apurados, assim como, os responsáveis por eles punidos exemplarmente! Por último, é bom lembrar que Guantánamo é território cubano e que deve ser devolvido aos seus legítimos e soberanos donos.

Referências

MURTA. AndreaObama retoma juízo militar em Guantánamo. Folha de São Paulo, São Paulo: 16/05/2009. Mundo.

MAGNOLI, Demétrio. Os fatos e as fotos. O Estado de São Paulo, São Paulo: 17/05/2009. ALIÁS, p. j3.


[1] Guantánamo é uma base naval estadunidense em Cuba, que ocupa uma área de 117 Km2, dos quais 49 Km2 são terras. É uma área de encrave, isto é, território estadunidense dentro do território cubano.

[2] Jornal Folha de São Paulo, 16 de maio de 2009, p. A14


Publicado por: RICARDO SANTOS

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.