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Geografia e Copa do Mundo

Como usar a Copa do Mundo para estudar Geografia

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

O período da Copa do Mundo traz uma excelente oportunidade para se estudar Geografia. Só o fato de reunir trinta e dois países, de cinco continentes, já seria motivo suficiente para o principal torneio de futebol do planeta ser objeto de estudo dessa tradicional disciplina escolar. Mas não é apenas isso.

Neste ano, excepcionalmente, a copa é realizada nos meses de novembro e dezembro e não no meio do ano, como é corriqueiro, pois o clima desértico do Catar possui um verão extremamente quente. Logo, seria inviável a realização do torneio naquela época. Por isso a transferência para o final do outono. Lembrando que as estações do ano são diferentes nos hemisférios Norte (onde está o Catar) e Sul (onde estão localizados 93% do território brasileiro).

No tocante ao fuso-horário, o Catar está no Greenwich Mean Time (GMT) +3; enquanto o Brasil, em sua "hora oficial", segue o horário GMT-3. Como, quanto mais a leste estamos, mais adiantado é o relógio, se em nosso país ainda são sete horas da manhã, no Catar já é início da tarde, fator que explica o porquê de algumas partidas realizadas logo no período matinal (para nós brasileiros).

Ainda sobre o país-sede, podemos compreender sua reduzida extensão territorial como consequência da divisão arbitrária feita pelos europeus no Oriente Médio (as chamadas “fronteiras artificiais”), cujo objetivo foi criar vários países nessa região, frustrando assim o surgimento de uma única e forte nação: a Grande Arábia.

Também por meio da geopolítica, podemos identificar as tensões envolvidas na partida entre Estados Unidos e Irã, pelo Grupo B da Copa do Mundo. Não se tratam de duas seleções favoritas ao título, tampouco rivais futebolísticos, mas de antagonismos extracampo. Nesse mesmo grupo, a presença de País de Gales e Inglaterra nos lembram sobre as diferenças entre Reino Unido (formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte), Grã-Bretanha (ilha separada do continente europeu pelo Canal da Mancha, que compreende Inglaterra, Escócia, País de Gales) e Ilhas Britânicas (compostas por Inglaterra, Escócia, País de Gales, Irlanda do Norte e Irlanda do Sul).

Já em relação à Geografia da População, podemos afirmar que as presenças de jogadores negros em seleções como a França refletem as grandes ondas migratórias do continente africano para a Europa, registradas após a Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, a composição caucasiana do time da Austrália esconde o genocídio da população aborígene ocorrido naquele país da Oceania.

Falando em Austrália, as cores do uniforme de sua seleção (verde e dourado, que não estão presentes na bandeira nacional) têm uma forte conexão com questões ambientais, são referências à flor símbolo do país:  Acacia pycnantha.

Equívocos geográficos podem ser desfeitos na Copa do Mundo. No anteriormente mencionado Irã, a maioria da população professa o islamismo, porém, etnicamente, são persas, e não árabes. Por isso, quando falamos especificamente sobre atletas da Arábia Saudita, o correto é utilizar “saudita” – adjetivo pátrio – e não “árabe” (termo genérico, que também pode ser aplicado a outras seleções, como o país-sede). Ao contrário do promulgado pelo senso comum, nem todas as nações africanas têm a maioria da população negra, como são os casos de Marrocos e Tunísia, localizados na porção setentrional do continente.

Em suma, a Copa do Mundo não é apenas futebol. Mesmo para quem é indiferente (ou mesmo odeia) o secular esporte bretão, pode aproveitar o momento para conhecer melhor aspectos históricos, políticos, econômicos, sociais e geográficos de outros países e povos. Novas aprendizagens são sempre bem-vindas.

Referências bibliográficas

ALMANAQUE ABRIL 2011. São Paulo: Abril, 2011.

BODETTI, Roberto. Copa do Mundo 2022: Qual o fuso horário do Catar?, Exame, 21 de outubro de 2022. Disponível em: . Acesso em: 23 nov. 2022. 

SUPER INTERESSANTE. Por que os atletas australianos vestem uniformes verdes e amarelos?, Oráculo, 30 de julho de 2021. Disponível em: . Acesso em: 23 nov. 2022. 


Publicado por: Francisco Fernandes Ladeira

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.