EMPREENDEDORISMO FEMININO E SUA RELEVÂNCIA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL NA ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DO SÍTIO MOCOTÓ, VÁRZEA ALEGRE, CEARÁ - UM ESTUDO DE CASO

EMPREENDEDORISMO FEMININO E SUA RELEVÂNCIA PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIAL NA ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DO SÍTIO MOCOTÓ, VÁRZEA  ALEGRE, CEARÁ - UM ESTUDO DE CASO

Empreendedorismo feminino é um tema de relevância para os estudos na atualidade e tem sido um assunto bastante discutido, devido a sua representação no mercado de trabalho, exercendo um papel fundamental para o desenvolvimento da economia, gerando emprego e renda para a sustentabilidade social. O termo abrange não apenas a criação de empreendimentos por mulheres, como também a presença feminina em cargos de liderança.

De acordo com Nogueira (2010) ao longo da história a mulher vem assumindo um papel importante no mercado de trabalho e apesar das dificuldades e preconceitos, elas têm alcançado seu espaço, conquistado a igualdade e confirmado ter capacidade para gerenciamento e liderança tanto quanto os homens.

De acordo com (SEBRAE, 2021), o empreendedorismo feminino, além de contribuir para o crescimento da economia e para a criação de empregos e renda, transforma também as relações sociais. Quando mulheres alcançam a autonomia financeira, não precisam mais se submeter a relacionamentos abusivos e violentos, pois não dependem mais de terceiros para se sustentar.

Um dado interessante é que durante muito tempo esse campo do empreendedorismo foi dominado por homens, embora aproximadamente metade da população seja mulher, o protagonismo masculino ao longo da história se sobrepunha ao feminino e a maior parte dos cargos de liderança era dominada por esse público. As mulheres nesse cenário, mesmo que elas quisessem empreender, tinham diversos obstáculos pela frente, como a necessidade de assinatura do marido em documentos comerciais e bancários, acesso desigual a financiamento e preconceitos de gênero.

Inúmeros foram os desafios que as mulheres enfrentaram e continuam a enfrentar durante suas jornadas empreendedoras, como o preconceito, a discriminação no ambiente de trabalho e a diferença de oportunidades em relação aos homens. Além desses, as mulheres precisam conciliar todas as suas responsabilidades da vida pessoal com a profissional, falta de autoconfiança, ou seja, o medo de falhar, enfim, imensuráveis percalços que se atrelam no seu caminhar.

Com o passar dos anos, as mudanças históricas, o aumento do comércio, o surgimento das indústrias, os movimentos sufragistas, entre outros, oportunizaram a luta da mulher por direitos básicos, incluindo o direito ao trabalho. Também com a digitalização e o acesso à tecnologia, mais mulheres conseguiram criar startups e negócios em diversas áreas. Todas essas iniciativas de apoio, como redes de mentorias e financiamento específico, têm ajudado a mulher a superar barreiras históricas e a conquistar o tão sonhado empreendedorismo feminino a torná-lo um fenômeno global.

De acordo com (SEBRAE, 2021), “mesmo com todo o cenário positivo de crescimento, ainda existem diversos avanços a serem feitos”, ou seja, as mulheres enfrentam diversos obstáculos durante suas jornadas empreendedoras. No entanto, elas continuam a quebrar barreiras, trazendo inovação e diversidade ao mercado, tornando o empreendedorismo feminino em constante evolução, refletindo as lutas e conquistas das mulheres ao longo da história. Esse é um campo vibrante que continua a crescer e mudar a sociedade.

Vários são os exemplos de protagonismo feminino na atualidade. Mulheres que desafiam o mundo para mostrar a sociedade que é capaz, e que lideranças femininas têm também potencial transformador dentro das empresas, diversificando os pontos de vista na tomada de decisões e dando mais visibilidade para questões de gênero. 

Nesse cenário, o estudo de caso em tese traz enfoques de mulheres, que mesmo em comunidades pequenas de pouco desenvolvimento, fazem o empreendedorismo feminino acontecer. O empreendedorismo feminino pode ter um impacto significativo na sustentabilidade social, especialmente em comunidades como a do Sítio Mocotó, em Várzea Alegre, Ceará.

Associação Comunitária de Mocotó de Várzea Alegre-CE desde a sua fundação nos anos 1987 a 1988, é comandada principalmente por mulheres empreendedoras que com seu trabalho de artesãs contribuem para o sustento das famílias e para o desenvolvimento local, tendo em vista que o empreendimento coletivo que é desenvolvido na comunidade, não só favorece as mulheres empreendedoras da associação, como também possibilita emprego e renda para outras mulheres da região.

A figura principal de criação dessa Associação, Maria Miguel de Oliveira (ROZINHA MIGUEL), na sua história já traz um exemplo de determinação e empoderamento invejável, pois mesmo com limitações por possuir mobilidade reduzida (Deficiente física), juntou-se a outras mulheres e iniciou o empreendimento coletivo de uma mini fábrica comunitária de rede Artesanal de varandas de crochê e tecido sol-a-sol, com o objetivo de gerar ocupação e renda para várias famílias do sítio Mocotó mantendo o foco na população local, caracterizada pela produção de redes bordadas, tapetes de crochê, jogo americano, roupas de crochê. 

Em função da dinamicidade do trabalho, a comunicação de Mocotó, o crescimento da produção, redundando no envolvimento de outras comunidades circunvizinhas, no processo de acabamento das redes, envolvendo atualmente 43 famílias, auferindo, assim, um ganho médio entre meio salário mínimo.

O trabalho empreendedor dessas mulheres é reconhecido no mundo inteiro como uma experiência de sucesso e que vem servindo de modelo para várias comunidades do Brasil e no exterior, tendo participado de exposições na sede da ONU em Nova York, e em fevereiro de 2007 no México. Dentre suas conquistas, uma das mais importantes citadas foi a conquista da reforma e ampliação da fábrica de rede de dormir São Pedro, como investimentos oriundos do projeto São José, viabilizado pelo Governo do Estado do Ceará. Parte dos recursos foi utilizada para aquisição de matéria prima e máquinas de costura, isso proporcionou maior oportunidade para as artesãs desenvolverem suas atividades.

A Associação vem se consolidando cada dia mais, e as mulheres empreendedoras da comunidade se destacando, seja pelo histórico de Luta e conquista, sendo um exemplo de que o associativismo pode transformar a vida das pessoas, assim como pelo exercício de princípios éticos e solidários, nas relações sociais, econômicas e políticas entre seus associados e com a sociedade em que estão inseridos e, principalmente, no tocante a solidariedade e a ajuda mútua para com as comunidades circunvizinhas. 

Contudo, a Associação e as mulheres empreendedoras do Sítio Mocotó almejam crescer ainda mais tanto do ponto do empreendedorismo de expandir os negócios de emprego e renda para mais pessoas como também realizar um trabalho voltado a recursos humanos no sentido de trabalhar os associados no combate e prevenção do Alcoolismo, tabagismo e outras drogas que atrapalham seus habitantes e no objetivo de incentivar outras mulheres também a se tornarem empreendedoras. 

Referências

FARAH, O. E; CAVALCANTI, M.; MARCONDES, L. P. Empreendedorismo estratégico: criação e gestão de pequenas empresas. São Paulo: Cengage Learning, 2008.

NOGUEIRA, D. A. A evolução da mulher no mercado de trabalho. 2010. 45f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis, Assis, 2010.  Disponível em:<https://cepein.femanet.com.br/BDigital/arqTccs/0911301355.pdf/>. Acesso em: 16 de outubro de 2024.

https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/empreendedorismofeminino/artigoempreededorismofeminino/empreendedorismo-feminino-qual-a-sua-importancia-para sociedade, acessado em 14 de outubro de 2024.