Corrupção

No Brasil, gesto extremamente elementar parece-nos gesto heróico, digno de aplauso, em meio há tanta corrupção.

O cidadão acha a carteira do outro, devolve, e vai parar na capa do jornal, dando entrevista, falando sobre seu “extraordinário” feito. O político que não se envolve em escândalos e em corrupção, nos admira, parece um ser de outro mundo, como se não fosse apenas seu compromisso.

Algo está errado, temos que nos reeducar.

É preciso enterrar o “jeitinho brasileiro” e vestir a camisa de verdadeiro cidadão, parar de tentar subornar o guarda, parar de furar filas, pagar nossos impostos e acabar de vez com o dito “tráfico de influências”, pois, os políticos, a quem nos cabe escolher, são nossos reflexos, esculpidos e encarnados. E refletir sobre as palavras do professor Adelmar Marques Marinho, que disse: “A corrupção existe porque o povo não é independente, vive de favores dos corruptos”.

Pois é hipócrita quem critica a corrupção genérica e se esbalda na corrupção cotidiana.

Não podemos esquecer da nossa responsabilidade na democracia, pois amanhã, nossos filhos podem ser os governantes, e lembrar da advertência do grande Barão de Montesquieu, lá pelo ano de 1700, que já nos dizia que “a corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios”.

Precisamos fazer a nossa parte, acostumar-se com a prática da honestidade, erguendo a bandeira da cultura e educação, para que não tenhamos que cumprir nos dias de hoje a profecia do grande Rui Barbosa, que ao expressar seu descontentamento, dizia: “De tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a rir-se da honra, desanimar-se da justiça e ter vergonha de ser honesto”.