Baixa criatividade entre alunos brasileiros exige abordagem multifacetada
Breve análise sobre a baixa criatividade entre alunos brasileiros e como esse índice expressa a necessidade de abordagens multifacetadas.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
*Por Hilário Nogueira, CINNO da EdTech Brasil, e Moacir Filho, CEO da Sùdù, empresa especializada na comercialização de inovações pedagógicas e tecnologias educacionais para o setor público
A recente divulgação dos resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) revelou um dado alarmante: mais da metade dos alunos brasileiros de 15 anos possui um nível baixo de criatividade na resolução de problemas sociais e científicos. O Brasil ocupa a 44ª posição entre 56 países, ficando atrás de nações vizinhas como Uruguai, Colômbia e Peru. Este resultado reflete uma realidade preocupante e aponta a necessidade urgente de repensar as estratégias educacionais adotadas no País (OCDE, 2018).
Diante deste cenário, a tecnologia e a inovação surgem como ferramentas poderosas para reverter essa situação e fomentar a criatividade entre os estudantes brasileiros.
A tecnologia como catalisador da criatividade
A integração da tecnologia no ambiente educacional pode transformar a forma como os alunos interagem com o conhecimento e desenvolvem suas habilidades criativas. Ferramentas digitais, como softwares de design gráfico, programas de edição de vídeo e plataformas de programação, oferecem aos alunos a oportunidade de explorar novas formas de expressão e solucionar problemas de maneira inovadora (Smith & Henriksen, 2016).
Por exemplo, ensinamentos sobre programação podem incentivar os alunos a desenvolverem aplicativos e jogos, estimulando o pensamento lógico e a resolução criativa de problemas (Resnick, 2017). Plataformas de edição de vídeo e áudio permitem que os estudantes criem conteúdo multimídia, exercitando a capacidade de contar histórias e transmitir mensagens de forma mais criativa (Mishra & Koehler, 2006).
Inovação pedagógica: metodologias ativas
Além das ferramentas tecnológicas, a inovação pedagógica desempenha um papel crucial no desenvolvimento da criatividade. Metodologias ativas de ensino, como a aprendizagem baseada em projetos (PBL), aprendizagem colaborativa e o design thinking, colocam os alunos no centro do processo educativo, incentivando-os a serem protagonistas de sua própria aprendizagem (Barron & Darling-Hammond, 2008).
Essas metodologias promovem um ambiente onde os alunos podem experimentar, errar e aprender com seus erros, desenvolvendo a resiliência e a capacidade de pensar fora da caixa. Ao trabalhar em projetos reais e relevantes, os estudantes são desafiados a encontrar soluções criativas para problemas complexos, conectando o conhecimento teórico à prática (Wagner, 2012).
Acesso e inclusão digital
Para que a tecnologia e a inovação alcancem todos os estudantes, é fundamental garantir a inclusão digital. A diferença de desempenho entre alunos de diferentes status socioeconômicos, evidenciada pelo PISA, destaca a necessidade de políticas públicas que democratizam o acesso a recursos tecnológicos e à internet de qualidade (OECD, 2015).
Programas governamentais e parcerias público-privadas podem viabilizar a distribuição de dispositivos tecnológicos e a implementação de infraestrutura de internet em áreas carentes. Além disso, a formação contínua de professores para o uso pedagógico das tecnologias é essencial para maximizar os benefícios dessas ferramentas na sala de aula (Hohlfeld et al., 2017).
Valorização das artes e atividades criativas
O PISA também destacou a importância das atividades de artes, teatro, escrita criativa e programação no desenvolvimento da criatividade. Escolas que oferecem essas atividades regularmente tendem a ter alunos com melhor desempenho criativo. Portanto, é muito importante que o currículo escolar inclua e valorize essas disciplinas, proporcionando um ambiente onde a criatividade possa florescer (Robinson, 2011).
A baixa criatividade entre os alunos brasileiros é um desafio que exige uma abordagem multifacetada. A tecnologia e a inovação oferecem caminhos promissores para reverter esse quadro, mas é necessário um esforço conjunto de governos, escolas, professores e comunidade para criar um ambiente propício ao desenvolvimento criativo. Ao integrar ferramentas tecnológicas, adotar metodologias inovadoras e garantir a inclusão digital, o Brasil pode transformar sua educação e preparar seus alunos para um futuro onde a criatividade será um diferencial essencial.
Referências
- Barron, B., & Darling-Hammond, L. (2008). Teaching for meaningful learning: A review of research on inquiry-based and cooperative learning. In Powerful Learning: What We Know About Teaching for Understanding. Jossey-Bass.
- Hohlfeld, T. N., Ritzhaupt, A. D., Barron, A. E., & Kemker, K. (2017). Examining the digital divide in K-12 public schools: Four-year trends for supporting ICT literacy in Florida. Computers & Education, 51(4), 1648-1663.
- Mishra, P., & Koehler, M. J. (2006). Technological Pedagogical Content Knowledge: A framework for teacher knowledge. Teachers College Record, 108(6), 1017-1054.
- OECD (2015). Students, Computers and Learning: Making the Connection. PISA, OECD Publishing.
- OECD (2018). PISA 2018 Results. OECD Publishing.
- Resnick, M. (2017). Lifelong Kindergarten: Cultivating Creativity through Projects, Passion, Peers, and Play. MIT Press.
- Robinson, K. (2011). Out of Our Minds: Learning to be Creative. Capstone.
- Smith, B. E., & Henriksen, D. (2016). Exploring the Boundaries: Considering Creativity in the Digital Arts and Sciences. The Journal of Creativity in Mental Health, 11(3-4), 391-405.
- Wagner, T. (2012). Creating Innovators: The Making of Young People Who Will Change the World. Scribner.
Publicado por
Hilário Nogueira
Wesley Aguiar de Souza
Moacir Filho
Publicado por: Wesley Aguiar de Souza
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.