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Aprendizagem ao longo da vida

Sessenta e cinco anos não é mais uma idade em que muitas pessoas se sintam velhas, menos ainda que sejam velhas.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

O afluxo de pessoas com mais idade aos bancos escolares é uma realidade nos dias de hoje, seja para realizar um segundo curso de graduação, como complemento cultural ou mesmo para exercer uma nova atividade, seja em pós-graduações ou cursos livros ou profissionalizantes, e implicam certamente em outra forma de visão e acolhimento de pessoas de meia idade.

Repensar o envelhecimento numa época em que somos mais voltados a preservar saúde e agilidade física, participar mais da vida social e comunitária é, portanto, essencial.

A recente decisão da ANAC de permitir às companhias aéreas a cobrança de despacho de bagagens veio revestida de um odor de modernidade. Afinal, segundo afirmam, isto permitiria que as tarifas fossem reduzidas a um nível civilizado, e “a maior parte dos países permite tal cobrança”. Ainda não vimos nenhuma redução de tarifa que não seja microscópica, e à parte este percalço do capitalismo caboclo, assistimos a um aumento no caos de embarques e desembarques. É claro que o passageiro que pode viajar com pouca bagagem optará por acondiciona-la em mala de mão e leva-la consigo na cabine, o que costumava acontecer, mas não na proporção atual. Um hábito de viajantes que não fazia muito sentido anteriormente passou a parecer lógico: acotovelar-se frente ao portão do embarque no primeiro sinal de que este será autorizado; com lugares marcados o cidadão que subisse por último na “aeronave” se acomodaria tranquilamente sem nenhuma tensão, mas com a inflação de bagagens de mão os bagageiros internos passaram a ser disputados e os passageiros do final da fila podem não encontrar lugar para sua mala ou acha-lo muito longe de onde sentarão. Há companhias aéreas que inclusive se dão ao desplante de anunciar por aqueles autofalantes irritantes que “mesmo as bagagens de mão que atendam às especificações de dimensão e peso podem ser obrigatoriamente despachadas já no portão de embarque se não couberem na cabine”, espera-se que sem ônus, mas ainda assim um incômodo para o cliente (por incrível que pareça passageiros são clientes).  

Essa disputa destacou as justíssimas prioridades de embarque devidas a mulheres grávidas, portadores de deficiência, crianças e seus acompanhantes e idosos, e a quantidade de idosos nas filas aumentou muito. Não que tenha ocorrido um aumento significativo na população de maiores de sessenta e cinco anos, mas muitos deles que nunca viram nenhuma necessidade de fazer valer este direito passaram a usá-lo. Algo semelhante ao que ocorre nas filas de banco em dias de maior movimento.

É evidente que não se pode abrir mão de direitos, mas há algo a pensar quanto aos direitos quando parecem se constituir privilégios. Sessenta e cinco anos não é mais uma idade em que muitas pessoas se sintam velhas, menos ainda que sejam velhas. Não esquecendo, naturalmente, aqueles que realmente necessitam de tratamento preferencial em qualquer lugar, para estes foi feita a lei. O Estatuto do Idoso prevê agora tratamento preferencial a quem tem oitenta anos ou mais sobre os idosos mais jovens, o que é justo.

Os idosos do terceiro milênio não se entregam aos estereótipos de outros tempos, a melhora nas condições sanitárias, de alimentação e tratamentos médicos, associada a modos de vida saudáveis fez com que hoje sessentões, setentões e até oitentões continuem produtivos, corram e caminhem em parques e praias, brinquem com netos e filhos temporãos, frequentem academias, andem de bicicleta, corram maratonas, mantenham o bom humor e a acuidade mental. É sobretudo questão de atitude. Muitos continuam ou voltam a estudar, numa saudável manutenção da curiosidade e descoberta do mundo.

Por Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.


Publicado por: Wanda Camargo

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