A televisão pode ser cidadã?
Análise sobre a TV no Brasil, desde a sua criação até os dias atuais.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Criada em 1936 e massificada após 1945, a televisão é o maior veículo midiático da atualidade. Em 1950, Assis Chateaubriand trouxe o primeiro canal para o Brasil: a Rede Tupi. Hoje, muita coisa mudou. Nossa tevê é, inegavelmente, de primeiro mundo e é uma das melhores do planeta. Ainda assim, tem problemas.
Por aqui, as concessões estão nas mãos de uma burguesia sintonizada com o poder. É por isso que não quer mudanças na estrutura de mando, afinal, se alimenta e beneficia dele. Resultado: a mídia nos vê, apenas, como alienados e meros consumidores de seus produtos.
Por outro lado, a busca, desenfreada, pela audiência, tem levado as emissoras a produzirem programas indiscutivelmente ruins. É por isso que é alvo de questionamentos e discussões constantes na sociedade brasileira. Ainda assim, é inegável sua capacidade de mobilizar a população e influir, decisivamente, na vida das pessoas. Logo, o debate urge. É necessário e bem-vindo. Mais que isso, é preciso transparência e maturidade para mudar.
Princípios básicos
A Lei Maior (art. 221, par. 1º a 4º), estabelece com clareza os princípios básicos que devem nortear os programas de TV e rádio: preferência às finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, promoção da cultura nacional e regional, estímulo à produção independente que objetive sua divulgação, regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei e respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Fica claro, em acordo com os princípios norteadores da Lei Maior, que a sociedade brasileira aspira a um modelo diferente do atual. Ou seja, queremos mais cultura, cidadania, educação e informação de qualidade. Todos nós sabemos que, no Brasil, as informações são manipuladas e distorcidas. Aliás, faltam limites claros e critérios éticos no mundo da televisão. Melhor dizendo, virou espetáculo circense. É o caso de: realitys shows, novelas, quadros infantis e programas policialescos. Dessa forma, somos bombardeados diariamente com situações grotescas que revelam e expõem: mediocridade humana, violência à vista, sexualidade exacerbada e o abuso, sem pudor, dos direitos humanos. Ou melhor, esses programas grotescos são, altamente, prejudiciais à saúde mental e espiritual do espectador-cidadão, que merece um tratamento respeitoso.
Pois bem, não queremos censura. Ao contrário. Incomoda, e muito, saber que uma mídia tão poderosa exerce fascínio e influência comportamentos, de forma tão negativa, a ponto de tornar o cidadão insensível e alienado socialmente. Ainda assim, não podemos desprezar a sua importância e o papel relevante na construção de nossa democracia, cidadania e Estado de direito.
Em conclusão: a TV é o espelho da nossa sociedade, que é violenta, desigual e complexa, que necessita, urgentemente, de uma mudança qualitativa na sua programação. Portanto, a sociedade civil tem o direito, legítimo, de opinar, de participar e de fiscalizar os rumos que a tevê deve seguir neste país. Afinal, está em jogo o interesse público. Tem mais, até que ponto a violência exibida, dia a dia, pelas emissoras colabora para uma sociedade mais saudável e feliz? (RICARDO SANTOS É JORNALISTA)
Publicado por: RICARDO SANTOS
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