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A origem da vida é feminina: desmistificando o "princípio de Adão"

Breve análise sobre a origem da vida na Terra, de como o início de tudo foi primordialmente feminino.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Nossa visão de mundo e de evolução das espécies perpassa a percepção de grandes cientistas. A academia e as ciências foram, durante muito tempo, domínio do homem, que por sua vez garantiu em desenvolver suas habilidades e pesquisas acadêmicas a partir de um olhar focal onde o HOMEM era centro de tudo. 

Essa perspectiva, durante muito tempo, embaçou a realidade histórica da origem das espécies e até mesmo de sua evolução. 

Esse breve ensaio versa sobre a origem da vida na Terra, de como o início de tudo foi primordialmente feminino.

Acredita-se que os primeiros organismos vivos eram muitos simples, bactérias unicelulares sem núcleo que se multiplicavam por divisão interna. É estimado que a vida na Terra data de cerca de 3,8 bilhões de anos e que esses organismos extremamente simples ficaram nesse processo de multiplicação por cerca de 1 bilhão de anos. Desses organismos, provavelmente, precedeu toda a vida na Terra, ou seja, eles são nossos antepassados originais.

Não tem como falar sobre a origem do sexo sem voltar o reloginho para o início de tudo. E o início de tudo foi feminino.

O processo da sexogênese aponta para dois bilhões de anos atrás onde a primeira forma de vida com sexo definido era uma célula com membrana e dois Núcleo que guardava dentro de si os cromossomos X. Aqui está a origem do sexo. Essa célula se multiplicava de forma diferente, o processo aqui já não era por divisão e sim por troca de núcleo, ou seja, a célula se reproduzia sexualmente através do encontro com outra, e quando isso acontecia o resultado da reprodução era geração outra célula com a informação dos dois núcleos que a geraram, pois quando duas células binucleadas reproduziram elas transferiram a informação do cromossomo e a célula gerada dessa tinha, naturalmente, um par de cromossomos que foram doados por cada uma das células que a gerou, ou seja, ela era uma forma de vida feminina, uma célula com cromossomo XX. 

Nos primeiros bilhões de anos quando a vida ainda habitava os oceanos não havia genital específico (estamos falando da origem do sexo genital-gonodal) mas uma existência feminina generalizada.

Em um ensaio sobre a origem da vida, o Professor Emérito da UERJ, Leonardo Boff colabora com esse raciocínio ao dizer: " Existia uma existência feminina generalizada [•••] Nesse sentido podemos dizer que o princípio feminino é o primeiro e originário".

O pênis se desenvolveu apenas quando os primeiros seres vivos saíram da água. 

Estima-se que os primeiros mamíferos que habitaram a Terra datam de 125 milhões de anos e se sabe que eles já tinham sexo definidos, eram FÊMEAS E MACHOS.

Ainda em referência ao sexo Genital-gonodal e o "primordial feminino" Boff colabora: " importa reter que nas primeiras semanas, o embrião apresenta-se andrógeno, vale dizer, possui ambas as possibilidades sexuais, feminina ou masculina. A partir da oitava semana, se um cromossomo masculino Y penetrar no óvulo feminino, mediante ao hormônio androgênio a definição sexual será masculina. Se nada ocorrer, prevalece a base comum, feminina. Em termos de sexo Genital-gonodal podemos dizer: O caminho feminino é primordial. A partir do feminino se dá a diferenciação, o que desautoriza o fantasioso "princípio de Adão". A rota do masculino é uma modificação da matriz feminina".

O sexo biologico é uma realidade material, observável e científica e passou a ser uma realidade social conforme os humanos foram se desenvolvendo e criando civilizações, sociedades e sistemas de controle/opressão. 

Compreender o "primordial feminino" é uma forma de devolver à história a existência feminina biológica, para além das perspectivas de gênero, que nos enlaçam em pós-modernos títulos e estereótipos que perpetuam a visão antropocêntrica de vida.

É compreender a falácia do "princípio de Adão", do Deus homem como centro do mundo e posteriormente do Homem, propriamente dito, como centro de tudo.

É garantir que as mais diversas áreas das ciências respeitem e considere o sexo biológico, em particular o sexo feminino, como uma realidade material que não pode ser ignorada ou negligenciada. Durante séculos, por exemplo, a medicina ignorou as diferenças sexuais, produzindo estudos a partir da biologia masculina, e isso levou mulheres a terem sua saúde prejudicada. E sabe porque é importante saber disso e se apropriar dessa verdade?! Porque eles continuam falando o mesmo hoje em dia, como mostra a reportagem da revista Época que aponta um estudo que levantou que mulheres estavam em riscos pelo simples motivo de pesquisadores ignorarem sua biologia e pesquisarem dosagens de medicações apenas a partir de testes feitos em homens.

Nos mulheres, carregamos dentro de nós, todas as nossas antepassadas. Incluindo aquelas cujo a forma original ainda eram muito simples, apenas células femininas livres, carregando a informação dos cromossomos que nós formam (XX), em um um mar de possibilidades primordiais.

Artigo de opinião por Ivana de Oliveira Eugênio de Souza Moura.

Graduada em Pedagogia pela ANHANGUERA-UNIDERP, Especialista em Psicopedagogia pela FAVENI, Mestranda em Serviço Social pela PUC/RIO, Pesquisadora no Grupo de Pesquisa em Políticas Afirmativas e Reconhecimento (GPPAR/PUC.-RIO), Integrante do Núcleo Materna.


Publicado por: Ivana de Oliveira Eugênio de Souza Moura

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.