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A Grita das Ruas, o Governo e a Polícia

Nos últimos dias, pela TV, assistimos uma onda de descontentamento que vem tomando fôlego pelo país. Clique e saiba mais!

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Nos últimos dias, pela TV, assistimos uma onda de descontentamento que vem tomando fôlego pelo país. De norte a sul, as pessoas estão, nas ruas e praças, manifestando suas insatisfações. Em alguns casos, houve quebra-quebra. No momento, a demanda diz respeito ao aumento nas tarifas de transporte público, que, entre nós, é de baixa qualidade e custa muito caro. Metrô, ônibus e trem.

Do outro lado, nossos governantes, em especial prefeitos e governadores, não ouvem o clamor dos logradouros públicos. Trancafiados nos palacetes, esses servidores públicos, permanecem surdos e cegos ante os gritos além dos muros palacianos. Para conter os protestos, os poderosos se valem da força policial. Enquanto isso, verbas públicas são usadas, vergonhosamente, para a reforma e construção de estádios para a Copa do Mundo (2014). Certamente, esse dinheiro seria melhor aplicado em áreas essenciais.   

A dura verdade é que, nos últimos dias, temos visto, também, o uso desmedido de força pela polícia para conter as manifestações. Enquanto isso, as elites, através de seus jornais, pedem um basta na movimentação popular. O contrassenso é que, num regime democrático, o cidadão pode e deve manifestar seu direito de opinar, bem como revelar sua indignação. Por sua vez, os governantes têm a obrigação de responder, satisfatoriamente, as demandas do povo. É seu dever. Para isso foram eleitos pelo voto. Outra coisa, valores éticos e morais devem nutrir a democracia, afinal, são o norte de qualquer política de governo comprometido com o povo e o bem comum.  

Em sendo assim, é covardia usar a polícia para combater e impedir as manifestações. Não defendemos a violência, que é condenável e deve ser combatida. No entanto, é inaceitável que o Estado se negue a oferecer um transporte público de qualidade, bem como, saúde, educação, segurança e moradia na mesma medida. Não cabe o argumento de que falta dinheiro para isso.

Na realidade, é estrábico quem afirma que o manifestante é bandido ou baderneiro. É inaceitável que continuemos numa postura de comodismo, de apatia e de indiferença tão comum entre nós. Para o poeta Bertold Brecht, ''O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos''.

DESPREZO E DESDÉM

Em nossa opinião, o quebra-quebra, que tem ocorrido, é resultante, sim, da zombaria daqueles que ocupam o poder. Em última instância, a violência é uma reação, inconsciente ou não, de todos aqueles que são tratados como ''gado'' pelas autoridades.  

Infelizmente, é consenso que a classe dominante ainda não sabe dialogar com o povo. Ela os considera insignificantes, ou melhor, servem apenas para votar e legitimar a minoria no poder. Voto obrigatório.  Tem mais, olhando de perto, temos a impressão que nossa polícia não compreende as demandas da população.    

Portanto, é fato que os direitos inerentes ao cidadão, no Brasil, não são respeitados e cumpridos como se deve. Apesar de garantidos pela Carta Maior (1998). De outro lado, é lamentável a postura de nossas autoridades em relação às manifestações. É o caso do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que se mostra incapaz, juntamente com seu estafe, de compreender a grita das ruas. Suas declarações destoam do que acontece fora do Palácio dos Bandeirantes. O mesmo vale para o prefeito Fernando Haddad (PT).

Afinal, o que querem os cidadãos? Querem o fim da corrupção, da roubalheira, de educação ruim, da violência nas cidades, de um poder público ineficaz, de injustiça social, de miséria, de abandono oficial, de transporte ruim, de saúde ruim, de politicagem, de ausência de democracia, de não participar das decisões do Estado, dos mesmos candidatos de sempre nas eleições, entre outras coisas. Em uma palavra: querem a moralização da administração pública e serem ouvidos.

Está claro que nossas elites são míopes, afinal, não entendem a mensagem das ruas. Para isso, usam a mídia para desacreditar o som oriundo das vozes dos estudantes e da sociedade civil organizada. Ainda é cedo, o fato é que o povo brasileiro parece ter ''acordado'' e dá sinais de cansaço com os negócios da trapaça e o mal uso do dinheiro público.

 

Para concluir, o genial e inesquecível Lima Barreto, em ''Elogio da morte'', diz: ''Se nós tivéssemos sempre a opinião da maioria, estaríamos ainda no Cro-Magnon e não teríamos saído das cavernas''. Então, o que quis dizer? Criticou a sociedade de seu tempo - bem como a mídia e os políticos - objetivando o debate e não o silêncio asfixiante que nos é imposto pelos poderosos desta nação. Em sendo assim, caro leitor, qual a sua opinião sobre estas manifestações que atingem o nosso país? (Ricardo Santos é jornalista e prof. de História)


Publicado por: RICARDO SANTOS

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