A crença no mistério existencial
A crença no mistério existencial, senso do utilitário, avaliação negativa, existência holográfica, “repressão” divina, a nossa essência metafísica, noção da autoridade universal.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Sempre é apreciável ter em mente o senso do utilitário, uma vez que a falta de praticidade leva à perda da dinâmica temporal e ainda se constitui em um dos caminhos para a sistematização, entendida aqui com avaliação negativa, na medida em que torna o indivíduo escravo de seus próprios rituais. Talvez esta primeira visão, um tanto quanto uni - referencial, seja na verdade uma conturbação momentânea do estado mental de quem o escreve, mas estou instantaneamente convencido de que não me falta razão em tal aspecto. Assim sendo, na tentativa de descaracterizar a faceta nebulosa e monótona que está se concretizando, vamos ao âmbito que de fato interessa.
Existe hoje uma tendência (infere-se modismo) em consolidar uma existência holográfica, a partir da qual o sujeito interpreta sua própria vida como fruto exclusivo de um aparato biológico, que lhe permite a sensação de estar vivo. Em síntese, acredita-se que o humano representa um andróide auto-progamável que não tem como objetivo a descoberta de um sentido existencial, mas sim se satisfazer por meio das suas ações, as quais formam, a todo instante, a personalidade do ser, que é por isso extremamente maleável e isenta de qualquer tipo de “repressão” divina. Essa forma de entender o mistério dos fenômenos humanos simplesmente abole a perspectiva de mistério. Tudo se concentra nos domínios pessoais, ou seja, é possível a manipulação (estímulo ou inibição) de tudo aquilo que nos rodeia, sendo a nossa óptica do mundo o fator crucial no modo como se dão os fatos. Assim, a felicidade ou a realização pessoal são, invariavelmente, estados fisiológicos gerados por cada um que trabalhe nesse sentido.
Na verdade, tal visão, em franca expansão em um mundo que conflui para o ateísmo, castra a espontaneidade das relações socias e cobra um preço significativo por desprezar a nossa essência metafísica. Por certo, a alteração de alguns elementos de nosso convívio é possível através de um trabalho de mentalização, ao qual se costuma denominar otimismo ou pensamento positivo. Todavia, extinguir a influência de outros fatores parece-me impensável. Destituir o homem de algo que, inevitavelmente, o diferencia, é descrer em nosso instinto inerente de superioridade, entendido aqui de forma positiva, pois esse impulso torna-nos capazes de buscar o aperfeiçoamento, a lapidação, que seriam inúteis caso não nos fosse própria a natureza espiritual.
Embora nosso universo sensorial se esboce como um conjunto de sensações que são interpretadas por um complexo sistema nervoso e entendida através do nosso cérebro de maneira unitária, não creio que tal constatação dê cabo a nossa alma. Estou ciente da ineficiência de argumentar sobre essa afirmação, pois essa conclusão é uma particularidade subjetiva, que mesmo sendo compartilhada com muitas outras pessoas, não deve ser debatida com a frieza do jogo das palavras. Mas mesmo assim, tenho um argumento inconsciente, que me faz crer não só na existência de um mistério relativo à alma, mas também da proveniência comum de todas elas. Somos sopros de um mesmo criador, de uma divindade superior, e nesse ponto reside nossa irmandade. Nossa sociabilidade, a qual tanto buscamos, é o desejo insaciável de confraternizar junto a nossos semelhantes, sendo esse parentesco não meramente evolutivo, mas especialmente espiritual. Não é ao acaso que percebemos de maneira puramente “intuitiva” aqueles com quem temos afinidades, que desde de pequenos temos convicções imutáveis e que manifestamos o desejo por seguir certos caminhos da existência. Somos, de maneira inata, instituídos com a noção da autoridade universal. As diversas formas de manifestação cultural convergem para um ponto de adoração e culto a uma entidade suprema. Não sentiríamos sede caso nos fosse inacessível a fonte de saciedade. Não buscaríamos a Deus caso ele não impusesse a sua presença em meio à vida.
Publicado por: Leandro Lima da Silva
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.