Efeitos terapêuticos e significação psicológica da dança
A dançaterapia utiliza os movimentos corporais e a dança como um processo de integração psíquica...O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Embora o conceito de cura não seja genuinamente junguiano, Jung tem algo especial a dizer sobre a compreensão aprofundada de terapia e cura. Para o processo psíquico de cura, a relação confiança entre paciente e terapeuta (transferência) é tão fundamental quanto um acontecimento trans-pessoal em que a pessoa neurótica e inibida encontra novamente o contato com suas raízes e vivencia as forças curadoras das imagens arquetípicas. Com o auxílio do terapeuta, de sua intuição e suas interpretações, torna-se possível para o paciente lidar com seus sentimentos amedrontados e complexos traumáticos, revitalizando-os e ordenando sua psicodinâmica. Nesse processo de múltiplos níveis, o terapeuta não deve impor ao paciente suas convicções e seus propósitos de cura, mas sim observar e aceitar as possibilidades que tem o paciente de se desenvolver. No processo de restabelecimento e cura, as imagens arquetípicas e representações mitológicas conseguem colocar “a parte mais interior do ser humano para vibrar”, a fim de integrar as forças curadoras das profundezas da psique. Importante para o processo de totalização psíquica é que as chamadas energias vitais não sejam apenas percebidas e aceitas, mas que conduzam também à transformação fundamental da vida. Quando o paciente, após longo esforço, encontra e reconhece o sentido oculto de um sintoma neurótico, este se torna ultrapassado e sem sentido. Para o processo de restabelecimento, as imagens, os símbolos e as representações míticas também são importantes, pois ligam às profundezas psíquicas e possibilitam, com isso, uma nova orientação.
Assim, com embasamento na teoria junguiana, a dançaterapia define-se como uma terapia que utiliza os movimentos corporais e a dança como um processo de integração psíquica. Busca reverter à situação dicotômica entre mente e corpo, trabalhando a imagem corpórea do indivíduo em sua totalidade, considerando o sentimento como motivador, a mente como organizadora e o corpo como reflexo de diferentes emoções e sensações.
No trabalho de dançaterapia, elementos básicos de dança são utilizados livres de técnicas rígidas e movimentos formatados. A expressão criativa da dança tem efeito terapêutico provocando sensibilização, reações e questionamentos nos praticantes. Em dançaterapia os movimentos autênticos do praticante são a comunicação entre o terapeuta e o paciente. A observação destes movimentos e sua significação são o objeto principal do processo terapêutico.
A dançaterapia não deve ser tratada apenas como uma forma de tratamento para pessoas doentes a ser trabalhada em clínicas psiquiátricas, mas também tem se revelado como uma terapia de prevenção para todas as idades e aplicável em diferentes processos de intervenção, que busca o crescimento pessoal, auto- estima e melhora de qualidade de vida.
Helmut HARK, Léxico dos conceitos junguianos fundamentais, p.42.
Maria FUX, Dançaterapia.
Maria FUX, Dança, experiência de vida.
Renato Mota – 2002 – www.studiorenatomota.com.br
Publicado por: Renato Mota
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