Quebrar regras também é bom negócio

Os autores do livro Mavericks at Work: Why the Most Original Minds in Business Win (Inovadores em Ação – Por que as mentes mais originais vencem) – os jornalistas William C.Taylor e Polly Labarre, lançado nos Estados Unidos, compõem um apanhado de 32 histórias detalhadas de companhias que descrevem a lógica de que as mentes mais originais realmente vencem, por trás de tantas decisões inusitadas.

Dentre as histórias narradas, com o mesmo propósito, todos os anos o americano Arkadi Kuhlmann, presidente do Banco ING Direct, do grupo holandês ING, encerra a conta de milhares de correntistas simplesmente porque eles usam demais os serviços do banco, por telefone. Os executivos da Mineradora Goldcorp após verificar suas reservas esgotadas, também dispõem suas informações confidenciais sobre jazidas e estudos prospectivos e ofereceram um prêmio a quem apresentasse idéias de como descobrir e explorar novas reserva de ouro, normalmente guardadas a sete chaves, para qualquer um na internet. Tanto no caso do ING Direct como no da Goldcorp, os executivos não seguiram uma única linha dos manuais tradicionais de negócios.

Executivos como eles são vistos com enorme ressalva até que comecem a mostrar bons resultados – passando, então, a ser tratados como inovadores. Essas práticas pouco ortodoxas, em vez de levar as empresas ao fracasso, tornaram-se exemplos de corporações criativas, competitivas e bem-sucedidas.

O exemplo do ING Direct é um dos pontos altos do livro. Trata-se de um banco virtual sem agências nem caixas eletrônicos. Criada em 2000, a instituição foge das correspondências como o diabo corre da cruz e abandona sem dó os clientes que usam demais os serviços de telefone e assim elevam os custos do banco. Com isto, tais custos são mantidos até um sexto, mais baixos, em relação aos custos de seus concorrentes.

Em contrapartida o ING Direct não exige depósito mínimo para abertura de conta e oferece as melhores taxas de juros aos correntistas. Com esse modelo de negócio e esse desempenho, o banco virou sensação nos Estados Unidos. Todos os meses mais de 100 mil clientes abrem novas contas. Da mesma forma a Mineradora canadense Goldcorp, em 2005, elevou suas vendas em 232%. Hoje com mais de uma década de existência, tornou-se uma das cinco maiores mineradoras de ouro do mundo – numa velocidade tão incomum quanto à maneira de atingir tal resultado. Em menos de três anos seu faturamento saltou de US$100 milhões para US$ 9 bilhões.

A quebra de paradigmas, a cada dia, se torna um fator de grande valor transformador no mundo dos negócios, na gestão das empresas e nas instituições bem sucedidas. Num mercado com excesso de oferta a única forma de se destacar é com idéias verdadeiramente inovadoras. “Nenhuma mente que se abre para uma nova idéia voltará a ter o tamanho original” disse Albert Einstein.

Amazildo de Medeiros – Analista Organizacional
Análise Resumo/Resenha
(Fonte: Revista Exame – Estratégia - Dez/2006 e HSM Management Nov/Dez 2007)