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Premissas Básicas na Implantação da Criatividade Organizacional

Breve resumo sobre Premissas Básicas na Implantação da Criatividade Organizacional.

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Por Quais Motivos a Criatividade se Converteu em Elemento-Chave no Seio das Empresas? Quais os Principais Objetivos da Criatividade Empresarial?

A presença de capital humano qualificado e criativo nas economias mais desenvolvidas e a relação entre a sua existência e os processos de inovação são um tema profundamente analisado nos últimos tempos. Richard Florida ([1]) foi um dos autores que mais contribuiu para este debate e, no seu livro, ele atribui à denominada “Classe Criativa” papel decisivo no crescimento econômico e na capacidade de competir das cidades europeias. Na sua obra, ele mostrou como as pessoas mais criativas tendem a estar em lugares que se caracterizam por elevados graus de tolerância, onde existem boas infraestruturas tecnológicas e onde se concentram vários talentos com capacidade e formação técnica.

Os trabalhadores que fariam parte desta classe pertencem aos setores considerados criativos como arte, design e comunicação. Além disso, este conceito incluiria trabalhadores como engenheiro, investigador, informático e outros. A teoria de Florida demonstra a necessidade de dar um passo à frente, aproveitando o potencial criativo de cada trabalhador e não apenas os considerados dentro desta Classe Criativa. Ele afirma que o crescimento econômico é impulsionado pela criatividade e, por esse motivo, se pretendemos aumentá-lo é fundamental aproveitar a criatividade de segmentos mais amplos de mão-de-obra em setores como os serviços e a indústria.

A Empresa no Meio Criativo

Teorias como a de Florida contribuíram para que a criatividade – associada no passado ao mundo artístico – se tenha começado a relacionar diretamente com o mundo da economia e da empresa. A criatividade é o elemento que desencadeia o processo de inovação nas empresas, dando-lhes valor e aumentando a sua competitividade. Neste sentido, a criatividade converteu-se em um elemento-chave no seio da empresa por diversos motivos:

1) As Tecnologias da Informação e Comunicação exigem elevados índices de criatividade. O surgimento e a democratização das TIC’s ampliaram o acesso à informação, onde qualquer pessoa pode ascender à informação e entrar em contato com outras pessoas, situação que mudou a forma de interação entre os agentes que, atualmente, comunicam em rede e de uma forma mais flexível. No entanto, a informação, por mais abundante que seja, não tem muito valor se não for tratada de forma criativa, fator que é responsável por lhe conferir mais valor acrescentado.

2) O conhecimento é fundamental para a competitividade e, a criatividade, certamente acrescenta valor ao conhecimento. As organizações são cada vez mais valorizadas pelo seu conhecimento do que pelos seus ativos físicos. O conhecimento não consiste de informação “nua”. Trata-se de uma ligação contínua de informação que origina ideias que se convertem em valor acrescentado. Este processo verifica-se graças à utilização criativa do conhecimento, que transforma a informação dispersa em valor acrescentado.

3) Em um mundo em constante mudança, as empresas veem-se obrigadas a utilizar a criatividade para se reinventarem constantemente. As estratégias para melhorar a eficiência através de um ajuste da dimensão, da organização interna e da redução de despesas limitam de certo modo a capacidade criativa das empresas. As organizações mais criativas possuem uma desorganização limitada e intencional, e é nessa desordem que encontram uma importante fonte de ideias criativas para melhorar o negócio. A criatividade deve ser utilizada para repensar a empresa e o respectivo objeto de negócio. As novas ideias e a respectiva implementação sob a forma de inovações são a chave para o futuro. A implementação desta estratégia a nível interno é fundamental para encarar o futuro com êxito.

4) Existe uma massa crítica de trabalhadores com talento que tem cada vez mais mobilidade e que procura trabalhos criativos de forma contínua. As expectativas dos novos trabalhadores mudaram. Já não pretendem um emprego onde só possam desenvolver a sua carreira segundo um manual de procedimentos estandardizado. Os novos talentos exigem empregos que lhes permitam desenvolver a sua imaginação, inspiração e ideias. Se não o podem fazer, procuram novos desafios profissionais noutras organizações. A capacidade de atrair e conservar talentos reside, portanto, em oferecer a liberdade necessária para que o trabalhador desenvolva a sua criatividade.

5) A primazia do design exige elevadas doses de criatividade. Atualmente, todos os âmbitos da empresa (produtos, serviços e processos) estão ligados ao design. Um produto com um design pouco sedutor pode levar a uma comercialização fracassada. No entanto, o design criativo encarado numa perspectiva integral pode diferenciar um produto, uma marca ou mesmo uma empresa relativamente aos seus concorrentes.

6. O consumidor é quem dirige o mercado, exigindo novos produtos adaptados às suas necessidades. O sucesso de um produto ou serviço já não reside no conceito tradicional de qualidade. Os consumidores exigem, além de que um produto seja bom, uma série de extras: novidade, que seja inteligente, esteticamente atraente e que tenha vida. Ou seja, que ofereça valor acrescentado, quando comparado com os restantes produtos – algo que exige elevados níveis de criatividade.

7. Os novos modelos de gestão passaram do controlo completo à supervisão do trabalho criativo autónomo. A gestão de recursos humanos criativos com novas motivações exige a adopção de novos métodos, que permitam associar as necessidades dos trabalhadores com talento às necessidades da empresa. A criatividade é complexa e ambígua e, por esse motivo, a gestão da criatividade deve ser feita com técnicas que ofereçam a liberdade necessária para o seu desenvolvimento, mas que não se desvie dos objetivos da organização. Deste ponto de vista, as novas fórmulas procuram oferecer mais liberdade e responsabilidade aos talentos, fomentando um ambiente mais flexível para o desenvolvimento da criatividade.

Objetivos da Criatividade Empresarial

O principal objetivo da implementação de técnicas criativas na empresa é a resolução de problemas e a gestão da mudança baseada na inovação para aumentar a competitividade. No entanto, estes objetivos são um pouco genéricos e exigem uma adequação à realidade dos negócios. A criatividade como ferramenta para despoletar processos de mudança e melhoramento aplicados à empresa tem objetivos específicos, como:

  • Reduzir os ciclos de vida dos produtos, ao introduzir inovações incrementais que permitam a sua substituição por outros.
  • Ampliar a oferta através da criação de novos produtos e serviços.
  • Dar resposta aos desejos de consumidores cada vez mais exigentes quanto à qualidade e aos serviços oferecidos.
  • Desenvolver novas tecnologias que permitam reduzir despesas e criar novos produtos.
  • Mudar os sistemas de gestão para modelos mais flexíveis.
  • Melhorar o design dos produtos.
  • Aumentar os mercados da nossa oferta de produtos e serviços.
  • Atingir novos nichos de mercado (novas empresas, novas pessoas, etc.)
  • Utilizar novas técnicas de venda ou marketing.
  • Desenvolver novas fórmulas para distribuir os produtos.
  • Criar novas formas de cooperação com empresas para o desenvolvimento de projetos de Implementação e Desenvolvimento.

Estes objetivos levariam à utilização da criatividade como uma ferramenta, entre outras, por parte das empresas. Por outro lado, a criatividade na empresa – entendida como uma atitude e não como uma ajuda à qual recorrer pontualmente para solucionar problemas – inclui outros objetivos mais ambiciosos, tais como:

  • Assegurar a sintonia entre os objetivos e ações dos empregados com os objetivos da empresa.
  • Dar impulso à iniciativa individual dos empregados, de forma que sintam os problemas da empresa como seus, aumentando assim a sua implicação e capacidade de dar resposta a cada situação.
  • Fomentar o desenvolvimento de atividades dos empregados fora das funções estritamente oficiais, facilitando a concretização de ideias que tenham como finalidade introduzir melhoramentos ou práticas inovadoras.
  • Aproveitar as ideias surgidas por acaso. A pesquisa e o trabalho intensivo podem levar a uma associação de elementos sem relação aparente, mas que se traduzam em progressos para a empresa.
  • Estimular a utilização de ideias provenientes de origens alheias ao âmbito da empresa, em particular as que surgem dentro da esfera pessoal de cada trabalhador, pois podem ter um grande impacto na criação de novas ideias dentro no negócio.
  • Aumentar a comunicação interna da empresa, geralmente é mais deficitária nas grandes empresas, pois pode contribuir para aumentar o fluxo de informação valiosa.

Referência

([1]FLORIDA, R.: “The Rise of the Creative Class: And How It’s Transforming Work, Leisure, Community and Everyday Life”. Basic Books, 2002

JULIO CESAR S. SANTOS

Professor, Jornalista e Palestrante. Articulista de importantes Jornais no RJ, autor de vários livros sobre Estratégias de Marketing, Promoção, Merchandising, Recursos Humanos, Qualidade no Atendimento ao Cliente e Liderança. Por mais de 30 anos treinou equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços. Elaborou o curso de Pós-Graduação em “Gestão Empresarial” e atualmente é Diretor Acadêmico do Polo Educacional do Méier e da Associação Brasileira de Jornalismo e Comunicação (ABRICOM). Mestre em Gestão Empresarial e especialista em Marketing Estratégico


Publicado por: JULIO CESAR DE SOUZA SANTOS

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