O Empreendedor Versus Gestor
Breve análise sobre empreendedor versus gestor.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Somente as Características de Empreendedor São Suficientes Para o Exercício da Gestão? Qual o Perfil Ideal de um Executivo? E de Um Empreendedor?
No meio corporativo saber lidar com mudança e inovação talvez seja um dos mais importantes exercícios de liderança; ou seja, espera-se que os líderes modernos saibam lidar com riscos de forma que possam minimizá-los. Daí pode-se dizer que gerenciar é tratar diretamente com essa complexidade e com problemas, o que acaba exigindo do empreendedor posturas diferenciadas e até mesmo conflitantes a todo momento. Muitas vezes, de forma não planejada, o empreendedor acaba por se tornar um executivo e, no início das atividades ainda na fase inicial, ele acaba desempenhando praticamente todas as funções da empresa. Mas, à medida que o negócio cresce, novos colaboradores são integrados à equipe para cumprirem as funções que antes eram executadas pelo dono e, diante disso, os empreendedores começam a desempenhar funções de executivo na gestão da organização.
Porém, algumas perguntas são necessárias: Somente as características de empreendedor são suficientes para o exercício da gestão? Isso é o bastante para ser um executivo eficaz? Qual o perfil ideal de um executivo? E de um empreendedor? Somente para exemplificar, imagine um vendedor de picolé, que, em decorrência de sua competência no trato com os clientes, acabou por abrir uma sorveteria. Será que o talento em vendas é suficiente para gerir um negócio? Nesse contexto, BERNARDI (2003) aponta que as características genéricas de um executivo ou de um gerente são, no entanto, diferenciais e simultaneamente complementares à personalidade típica do empreendedor, tais como:
- Objetividade.
- Sociabilidade.
- Cooperatividade.
- Capacidade de ouvir.
- Persuasão.
- Capacidade de verbalização e hábito de leitura.
- Controle emocional mais acentuado.
- Envolvimento dos subordinados nas decisões.
- Delegação de atividades que envolvam processos técnicos, concentração e rotinas.
- Menor atenção aos detalhes.
- Comportamentos racionais
Mas, um empreendedor pode desempenhar satisfatoriamente a função de um executivo? É claro que sim e, com um pouco de preparo e se afastando gradativamente das funções operacionais, certamente ele desempenhará a contento a nova função. Mas qual o perfil ideal de um empreendedor? BERNARDI (2003) nos apresenta suas principais características:
- O empreendedor tem um modelo, uma pessoa que o influencia.
- Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização.
- Trabalha sozinho.
- Tem perseverança e tenacidade.
- O fracasso é considerado um resultado como outro qualquer. O empreendedor aprende com os resultados negativos, com os próprios erros.
- Tem grande energia. É um trabalhador incansável. Ele é capaz de se dedicar intensamente ao trabalho e sabe concentrar os seus esforços para alcançar resultados. Sabe fixar metas e alcança-las. Luta contra padrões impostos. Diferencia-se. Tem a capacidade de ocupar um espaço não ocupado por outros no mercado, descobrir nichos.
- Tem forte intuição. Como no esporte, o que importa não é o que se sabe, mas o que se faz.
- Tem sempre alto comprometimento. Crê no que faz.
- Cria situações para obter feedback sobre o seu comportamento e sabe utilizar tais informações para o seu aprimoramento.
- Sabe buscar, utilizar e controlar recursos. É um sonhador realista.
- É um líder. Cria um sistema próprio de relações com empregados.
- É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo.
- Aceita o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho.
- Tece redes de relações moderadas, mas utilizadas intensamente como suporte para alcançar os resultados.
- O empreendedor de sucesso conhece muito bem o ramo em que atua.
- Cultiva a imaginação e aprende a definir visões.
- Traduz seus pensamentos em ações.
- Define o que deve aprender para realizar suas visões. Preocupa-se em aprender a aprender, porque sabe que no seu dia a dia será submetido a situações que exigem constante apreensão de conhecimentos que não estão nos livros.
- Cria um método próprio de aprendizagem. Aprende a partir do que faz.
- Tem alto grau de internalidade, o que significa a capacidade de influenciar as pessoas com as quais lida e a crença de que pode mudar algo no mundo.
Porém, nem todos os gerentes e administradores são empreendedores e, o que os diferencia, é que o empreendedor assume riscos e não busca a estabilidade, tão sonhada pelos administradores. Nesse sentido, pode-se dizer que são três (3) os principais mitos sobre os empreendedores:
- “Empreendedores são natos, nascem para o sucesso”: embora alguns empreendedores nasçam com um certo nível de inteligência, os empreendedores de sucesso se preparam para isso. Eles acumulam habilidades, experiências e contatos com o tempo. E a capacidade de ter visão e perseguir oportunidades pode ser desenvolvida e aprimorada como o tempo”.
- “Empreendedores são jogadores que assumem riscos muito altos: os empreendedores de sucesso só assumem riscos calculados, evitam riscos desnecessários, compartilham os riscos e desmembram o risco em partes menores. O planejamento é um importante instrumento para lidar com o risco”.
- “Os empreendedores são ‘lobos solitários’ e não conseguem trabalhar em equipe: normalmente os empreendedores são ótimos líderes, criam equipes competentes e desenvolvem um excelente relacionamento interpessoal” ([1]).
Portanto, pode-se afirmar que o empreendedor pode se tornar um executivo e vice-versa, cada qual, pelas suas características peculiares, encontrará um grau maior ou menor de dificuldades. O empreendedor – pelas próprias características e pela multiplicidade e complexidade de assuntos de natureza técnica – apresenta lacunas de deficiências gerenciais que devem ser preenchidas gradativamente, por meio de capacitação, por delegação e até por terceiros contratados para fins de assessorias específicas. Deste modo, é possível concretizar a figura do empreendedor-executivo, que são dois (2) papéis distintos e complementares.
REFERÊNCIAS
BARON, R. A.; SHANE, S. A. Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo: Editora Cencage Learning, 2007.
BERNARDI, L.A. Manual de empreendedorismo e gestão: fundamentos, estratégias e dinâmicas. São Paulo: Atlas, 2003.
([1]) DORNELAS, J.C.A.. Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
JULIO CESAR S. SANTOS
Professor, Jornalista e Palestrante. Articulista de importantes Jornais no RJ, autor de vários livros sobre Estratégias de Marketing, Promoção, Merchandising, Recursos Humanos, Qualidade no Atendimento ao Cliente e Liderança. Por mais de 30 anos treinou equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços. Elaborou o curso de Pós-Graduação em “Gestão Empresarial” e atualmente é Diretor Acadêmico do Polo Educacional do Méier e da Associação Brasileira de Jornalismo e Comunicação (ABRICOM). Mestre em Gestão Empresarial e especialista em Marketing Estratégico
Publicado por: JULIO CESAR DE SOUZA SANTOS
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