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Brincando em cima daquilo

Política interna das instituições, reconhecer desigualdades de tratamento que devem ser enfrentados e corrigidos.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Já ficou cansativo o joguinho primário entre os grupos com visões divergentes sobre o papel e a conseqüente condução da política interna das instituições que a cada período desvia o foco da atenção sobre as coisas mais prementes e que têm no fundo a intenção de construir a imagem de eternos ganhadores do tempo - é agora ou nunca.

A ala liderada pela cúpula passa semanas criticando em privado as mudanças e de esperar o momento exato para que as coisas realmente aconteçam. Aí vêm as reuniões e os comandos fazem o que acham que devem fazer, seja manter ou eliminar quem não satisfaz aquilo que é importante ou interessa no momento.

As instituições pregam uma redução contínua das altas e baixas situações que fazem na opinião de muitos, espernear como se fossem capazes de mudar o rumo das coisas de tanto falar. O regime que se impõe domina as instituições e se constitui de imagem de credibilidade aparentemente inquestionável e que resulta, por vezes, abaixar a cabeça à visão de uma gestão dinâmica e moderna.

Se as pessoas aceitam tal procedimento e que vão tolerar o vai-e-vem das funções, as metas de longe serão atingidas e todo mundo fica quietinho e espera a dureza das decisões porque acredita que a cúpula não irá recuar. E confiam porque crê no respaldo de quem se diz “fazer-se acreditar”.

Então ao invés de ficar alimentando uma falsa discussão, a turma de “baixo” fica aguardando a mudança do cenário até assumirem todas as conseqüências da desconfiança que virão do mercado, dos empresários, sindicatos etc.

A sociedade tem a triste imagem, calcada na realidade de desprezar minorias e alimentar uma cultura de privilegiados contra despossuídos. Existe um peso na consciência e alguns caminhos vêm sendo traçados em busca de reparar a falta de respeito e de direitos humanos abusados. Mas há exemplos de um esforço para reconhecer que há desigualdade de tratamento que devem ser enfrentados e corrigidos.

Não podemos colocar essa ou aquela situação no mesmo balaio, porque “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa” dizem os entendidos. Os assuntos podem ser absolutamente distintos. O primeiro é social e o segundo é eminentemente institucional. Mas para lidar com as conseqüências das ações de ambos os casos, as instituições dependem da atitude de quem decide.

Isto faz lembrar o monólogo do autor italiano Dario Fo (Nobel da literatura em 1997), interpretado pela atriz Débora Bloch que mescla o trágico e o cômico, retratando a situação feminina sem distinção de classes. O monólogo dá vida a diferentes personagens femininas contemporâneas, em três histórias, como a de uma mulher sozinha que é trancada em casa pelo marido e resolve se vingar. Falam de seus desejos, suas frustrações, de amor, de ilusões e desilusões. O texto brinca muito com tudo isto. O humor se torna fundamental, onde se brinca em cima daquilo, é esse humor que nos faz ver que as coisas podem ser mudadas.

Amazildo de Medeiros - Analista Organizacional
Fonte: Jornal de Comunidade/Cultura outubro/2007 e Correio Web/abril/2008


Publicado por: Amazildo de Medeiros

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