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Ambiente Empreendedor nas Corporações

Breve análise sobre ambiente empreendedor nas corporações.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Por Que Muitos Consideram o Empreendedorismo Como o Motor de Uma Economia? O Que Dizem as Teorias Ligadas ao Comportamento do Indivíduo? Qual é a Base do Empreendedorismo no Brasil?

Hoje em dia vivenciamos nas organizações um ambiente focado na redução de custos, máxima produtividade e pressão máxima nos colaboradores e, diante disso, muitos empresários perguntam se é possível sobreviver nesse cenário? Pode-se afirmar que a única certeza que temos atualmente é a de mudanças constantes, pois na época de nossos avós um trabalhador passava várias décadas em uma mesma empresa – o que era visto como um sinal de status, de um trabalho exemplar. No entanto, hoje um colaborador passa em média 2 anos em uma organização e já é absorvido por outra. As organizações – que antigamente exerciam todas as funções da cadeia produtiva – hoje se satisfazem em serem responsáveis por apenas uma dessas etapas. As demais etapas passaram a ser terceirizadas, ora para outras empresas, ora para os seus próprios colaboradores.

Conforme alguns especialistas, empreender é um ato econômico de transformação de recursos – sejam eles quais forem – em riquezas, típico da abordagem da economia. E, se observarmos que o modelo econômico hegemônico é o capitalismo, certamente pode-se inferir que o empreendedorismo é uma resposta deste modelo à necessidade de desenvolvimento constante e geração e acumulação de riquezas. Diversos autores corroboram essa ideia, de que o empreendedor seja “o motor da economia”, um agente de mudanças. No entanto, há abordagens mais ligadas ao comportamento do indivíduo, na chamada teoria comportamentalista, para a qual empreendedorismo significa a atitude psicológica materializada pelo desejo de iniciar, desenvolver e concretizar um projeto, um sonho.

Diante desta perspectiva, pode-se dizer que o empreendedorismo é algo que transcende o campo dos negócios e da economia (SOUZA NETO, 2003, p. 112 apud LEITE e MELO, 2008, p. 37). Conforme esses autores, por esta teoria comportamentalista, o “empreendedor” é compreendido mais por seus atributos psicológicos do que por sua ação econômica. Estaria, dessa forma, o desejo de empreender ligado à motivação do indivíduo, seu desejo de realização e obtenção de sucesso. No entanto, para muitos pensadores, o que realmente contribuiu para o empreendedorismo foi o pensamento de MCCLELLAND ([1]). Porém, é bom frisar que uma teoria não exclui a outra e, por vezes, é possível traçarmos paralelos e complementariedades entre elas, o que nos proporciona um cenário mais completo e informativo do ato de empreender.

Outra corrente de pensamento que vem ganhando destaque nos últimos anos é a dos “Traços de Personalidade”, em que até mesmo características como gênero são consideradas para compreender a ação empreendedora. Mas, as abordagens das teorias sobre empreendedorismo seguem linhas de tempo bastante específicas e, especialmente na atualidade, há um esforço em se associar ao empreendedorismo aos traços de personalidade do próprio empreendedor. Se aprofundarmos a análise histórica do desenvolvimento do conceito de empreendedorismo, chegaremos a dois nomes importantes como Richard Cantillon e Jean-Baptiste Say, os quais eram economistas e que em suas respectivas épocas de vida ainda não havia um claro estabelecimento das chamadas “Ciências Gerenciais”.

Cantillon, que viveu no século XVIII, foi um banqueiro ávido por lucros originários de negócios diversos e, para tanto, não se eximia de colocar seu próprio capital em risco, com o objetivo de obter rendimentos do capital investido. Segundo registros ele era capaz de analisar uma oportunidade, identificando elementos já lucrativos e outros que poderiam ser no futuro. Apesar da palavra “empreendedorismo” já ter sido utilizada antes mesmo de Cantillon, é atribuído a ele o mérito por ser o primeiro a oferecer uma clara concepção da função empreendedora como um todo ([2]). É atribuído a Cantillon o uso da palavra “entrepreneur” para descrever um indivíduo que assume riscos. Jean-Baptiste Say interessava-se pela expansão da revolução industrial ocorrida na Grã-Bretanha, para que chegasse à França e, para possibilitar isso, preparou o arcabouço teórico que reunia os princípios que alavancaram a Revolução Industrial britânica com os pensamentos de Adam

Smith, de quem era admirador.

De acordo com Oliveira (2014), o empreendedorismo no Brasil, em sua maior parte, é baseado em micro, pequenos e médios negócios. De fato, o início de um novo negócio geralmente é de porte menor e, caso prospere, seguirá o caminho natural de crescimento e expansão. Porém, no Brasil muitos negócios permanecem pequenos, mesmo se passando muitos anos. Isto pode ser explicado, em parte, pelo fato de que esses empreendimentos permanecem com características de negócios familiares e tendem a não se perpetuar nas gerações que sucedem o fundador. Ele afirma que apenas cerca de 30% em média das empresas familiares sobrevivem à primeira geração e, uma boa ferramenta para efeitos comparativos entre o nível de empreendedorismo entre países, – o Brasil incluído nesse rol – são os estudos do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Essa base comparativa é realizada com base no PIB, na renda per capita e quotas de exportação e formam basicamente 3 grupos de países, para efeitos de comparação, quais sejam:

  • Países impulsionados por fatores – são caracterizados pela predominância de atividades com forte dependência dos fatores trabalho e recursos naturais;
  • Países impulsionados pela eficiência – são caracterizados pelo avanço da industrialização e ganhos em escala, com predominância de organizações intensivas em capital;
  • Países impulsionados pela inovação – são caracterizados por empreendimentos intensivos em conhecimento e pela expansão e modernização do setor de serviços

O Brasil está elencado no grupo de países impulsionados pela eficiência, sendo também incluídos nesse rol comparativo a Argentina, Barbados, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Panamá, Peru, Porto Rico e Uruguai, no recorte geográfico composto por América Latina e Caribe. Os relatórios do GEM apontam três fatores considerados limitadores para as atividades empreendedoras no Brasil, a saber:

  • Políticas governamentais;
  • Apoio financeiro;
  • Programas de educação e capacitação.

A burocracia e a alta carga tributária, via de regra, sempre são citadas como fatores limitantes à atividade empreendedora nacional. As condições para o

empreendedorismo (favoráveis ou desfavoráveis) são elencadas em um conjunto de nove (9) categorias ([3])

  • Mercado Financeiro
  • Grau de Abertura
  • Educação
  • Mercado de Trabalho
  • Governo
  • Instituições
  • Tecnologia
  • Infraestrutura
  • Gestão

A superação dos entraves e o enfrentamento das condições adversas, são essenciais para que o empreendedorismo no Brasil atinja os patamares que nossa econômica exige. E, em que pese todas as dificuldades do ambiente empreendedor, somos brasileiros e não desistimos nunca! Uma das saídas para superarmos tais condições é, sem dúvida, a nossa garra e potencial de inovação.

REFERÊNCIAS

LEITE, E.S; MELO, N.M. Uma nova noção de empresário: a naturalização do empreendedor. Revista de Sociologia e Política. V. 16, n. 31, p. 35-47, novembro/2008.

OLIVEIRA, D.P. Empreendedorismo: vocação, capacitação e atuação direcionadas para plano de negócios. São Paulo: Atlas 2014.

([1]David McClelland foi um psicólogo social norte-americano, cujas teorias da “Necessidade de Realização” permeou seu trabalho

(2) FILION, Louis Jacques. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de pequenos negócios. Revista de Administração da Universidade de São Paulo. São Paulo,v.34,n.2,p.05-28,abril/junho,1999.RAUSP – Revista de Administração da Universidade de São Paulo. SP, abril/jun.1999

([3]FERREIRA, M. P.; SANTOS, J. C.; SERRA, F. A. R. Ser empreendedor: pensar, criar e moldar a nova empresa. São Paulo: Saraiva, 2010.

JULIO CESAR S. SANTOS

Professor, Jornalista e Palestrante. Articulista de importantes Jornais no RJ, autor de vários livros sobre Estratégias de Marketing, Promoção, Merchandising, Recursos Humanos, Qualidade no Atendimento ao Cliente e Liderança. Por mais de 30 anos treinou equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços. Elaborou o curso de Pós-Graduação em “Gestão Empresarial” e atualmente é Diretor Acadêmico do Polo Educacional do Méier e da Associação Brasileira de Jornalismo e Comunicação (ABRICOM). Mestre em Gestão Empresarial e especialista em Marketing Estratégico


Publicado por: JULIO CESAR DE SOUZA SANTOS

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