Abismo gerencial
Prós e contras de uma gerência experiente e de uma gerência jovem, gerenciamento de um portfólio de oportunidade.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
O abismo gerencial tem pouco a ver com o processo e tudo que ver com as pessoas. Assim como as oportunidades atravessam etapas, o mesmo ocorre com as pessoas envolvidas. Em empresas de diversos tipos, os portifólios de oportunidades entraram em declínio quando executivos mais antigos se mantiveram muito tempo no poder, limitando o espaço de novos profissionais.
Nesses casos, os veteranos muitas vezes hesitam em renovar o portifólio de oportunidades, uma vez que, para eles, é mais fácil viver das glórias passadas e esperar as coisas acontecerem... Quando um grupo de executivos mais vividos detém o controle sobre em quais oportunidades investir, em geral pecam pelo medo excessivo de errar ou perder, protegendo iniciativas maduras, muitas vezes criadas e geridas por eles mesmos. Warren Buffet lembra que não existem empresas maduras, mas executivos maduros - e estes, podem fazer escolhas que resultam em uma crise de meia-idade. Para evitar esse destino, é preciso renovar a equipe dando poder a jovens executivos.
Ao assumir a presidência da BP, em 1995, nos Estados Unidos, John Browne deixou claro que passaria o poder operacional para os mais jovens. Após fazer uma análise detalhada dos novos objetivos e metas, ele e sua equipe dividiram a empresa em 150 unidades de negócios, segmentadas de acordo com o setor de atuação. O executivo passou o bastão para uma geração de profissionais com idade entre 30 e 40 anos, na maioria. Com a transferência de poder, o total das operações gerou um lucro de US$ 120 bilhões em 2001.
Mas o que fazer com nossos sábios maduros? Em muitas empresas, o maior obstáculo para uma mudança geracional parte de executivos experientes, que querem manter papel ativo. Na BP, muitos se tornaram vice-presidentes, atuando entre as unidades de negócios e a equipe de Browne, com a incumbência de orientar a nova geração, tutelando o desenvolvimento dos novos talentos. Com essa estrutura, a equipe de Browne pôde se concentrar em questões de longo prazo.
A mudança deixou visível que os novos talentos sabem executar perfeitamente bem e com um dinamismo excepcional, porém não bem preparados para as decisões. Nesse sentido, boa parte dos maduros e experientes-talentos, principalmente, aqueles com flexibilidade de mudanças, acabaram sendo indispensáveis nas principais decisões e nos projetos de futuro da empresa, porque puderam contribuir com um assessoramento capaz de unir o útil ao agradável.
O gerenciamento de um portifólio de oportunidade é capaz de dar uma vitalidade inacreditável aos negócios. Sua empresa pode tanto descobrir seus desequilíbrios como antecipar sua evolução. No entanto, não se engane. Essa não é uma tarefa nada simples. Tem de ser bem conduzida, senão resultará numa crise de meia-idade. Esse é um imenso desafio.
Amazildo de Medeiros – Analista Organizacional
Matéria Técnica – Resumo/Resenha
Fonte: HSM Management 61 março-abril 2007
Publicado por: Amazildo de Medeiros
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