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A Teoria e a Prática dos Jogos Políticos Empresariais

Breve resumo sobre a teoria e a prática dos jogos políticos empresariais.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

O Que é Um Jogo Político Empresarial? Por Que Muitas Interações Sociais Assumem a Forma de Um Jogo?

Em qualquer ambiente organizacional as pessoas jogam, pois essa inclinação para jogos está presente na natureza humana; ou seja, a maioria de nós é competitiva.

Percebemos essa tendência quando estamos em grupos, quando estamos ansiosos, estressados ou quando existe alguma disputa por prêmios como promoções, simpatia do chefe, conquista de um novo contrato, etc.

Não importa o porte da empresa ou como ela está estruturada. Embora algumas organizações promovam mais os “jogos políticos” do que outras, praticamente todas as empresas têm uma cultura de jogos; isto é, um padrão que se forma com o tempo e domina determinado ambiente.

Mas, o que é o “jogo” em um contexto organizacional? O jogo é uma competição implícita entre duas – ou mais – pessoas com o objetivo de vencer. Nem sempre eles têm regras definidas, simples ou transparentes.

Há um ramo da Matemática dedicado à “Teoria dos Jogos” ([1]), cujo livro demonstrou que, nos jogos, havia mais que probabilidades matemáticas onde o autor cunhou termos como “jogo de soma zero” e “payoff’s”.

Por outro lado, estudiosos em comportamento organizacional afirmam que muitas interações sociais assumem a forma de jogo, pois abaixo dessas interações haveria tentativas escondidas de ganhar “payoff’s”.

Sendo assim, tanto os teóricos da Matemática quanto os da Psicologia reconhecem que os jogos são muito mais do que aparentam ser, que são movidos mais pelo interesse e “payoff’s” pessoais e que podem fazer mais mal do que bem.

Veremos abaixo a história de determinado jogo político ocorrido numa grande empresa, a qual havia implementado a ferramenta de feedback 360º a fim de acelerar o desenvolvimento gerencial:

Haroldo Braga era um Gerente Sênior que recebeu uma carga de feedback negativo da sua equipe e, pouco depois, contatou Sergio Macedo (Gerente de RH) manifestando o desejo de uma reunião com sua equipe.

Haroldo explicou a Sergio que gostaria de ter certeza sobre os comportamentos que deveria mudar, obter mais exemplos de comportamentos que causavam problemas a sua equipe e enfatizou que levava a sério o feedback deles.

Sergio achou que essa reunião poderia ser produtiva, mas insistiu que algumas regras fossem observadas durante esse encontro. No início Haroldo mostrou-se humilde, educado, ansioso para ouvir mais feedbacks e, diante disso, as pessoas compartilharam suas preocupações.

Quando todos falaram sobre possíveis soluções Haroldo ficou na defensiva, embora afirmasse sua decisão de implementar algumas delas.

Porém, ele declarou que, antes de qualquer coisa, conversaria com o Presidente da empresa – o qual era seu “amigo íntimo” – e depois disso passou a dizer que lamentava que “algumas pessoas estavam tornando a situação difícil para o restante da equipe” – o que levou as pessoas a tomarem isso como um sinal de que alguns poderiam ser demitidos.

Após a reunião, Sergio perguntou-lhe se a reunião havia sido produtiva e ele respondeu que sim porque havia sacado quem estava por trás disso e como esses indivíduos – por serem negativos – constituíam sério obstáculo à produtividade do seu departamento.

Nos meses seguintes Haroldo criou um ambiente de antagonismo dentro da equipe, jogando uns contra os outros e drenando as energias deles para o conflito, em vez de orientá-los para a consecução dos objetivos.

No final da história Haroldo foi demitido, mas sua jogada foi altamente destrutiva. Eis alguns dos “jogos políticos” usados por ele:

  • Envolvimento de Faz de Conta: Neste jogo você finge que quer o input dos outros, mas está querendo seguir o próprio roteiro. Haroldo declarou que desejava realizar a reunião para o bem da equipe e o seu próprio aperfeiçoamento, mas seu objetivo era identificar quem o estava criticando.
  • O Chefe Disse: Neste jogo, você se alia a algum poderoso a fim de intimidar colegas e, a referência de Haroldo ao Presidente da empresa como seu “amigo íntimo”, tinha esse propósito.
  • Te Peguei: Neste jogo, o objetivo é vigiar e punir as pessoas que estivessem “erradas” e, obviamente, Haroldo usou a reunião para calcular quem estava por trás das respostas negativas no Feedback 360º.

Haroldo pode ter jogado esses jogos políticos inconscientemente. Ele poderia ter desejado usar a reunião para se tornar um gerente melhor, mas após ter sido iniciada ele reverteu a reunião para jogos políticos – que jogou durante sua carreira gerencial.

Ele pode ter racionalizado que estava protegendo a si e a sua equipe de influências negativas, mas – de fato – estava jogando seus jogos políticos favoritos.

Referências

([1]NEUMANN, Von John & MORGENSTERN, Oskar. Theory of Games and Economic. American Journal of Sociology Vol. 50, No. 6 (May, 1945), pp. 558-560 (3 pages). Published By: The University of Chicago Press

JULIO CESAR S. SANTOS

Professor, Jornalista e Palestrante. Articulista de importantes Jornais no RJ, autor de vários livros sobre Estratégias de Marketing, Promoção, Merchandising, Recursos Humanos, Qualidade no Atendimento ao Cliente e Liderança. Por mais de 30 anos treinou equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços. Elaborou o curso de Pós-Graduação em “Gestão Empresarial” e atualmente é Diretor Acadêmico do Polo Educacional do Méier e da Associação Brasileira de Jornalismo e Comunicação (ABRICOM). Mestre em Gestão Empresarial e especialista em Marketing Estratégico


Publicado por: JULIO CESAR DE SOUZA SANTOS

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