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Tribalismo: Entre a Organização por Tribos e a Defesa de Estilos de Vida Ancestrais

Análise sobre a organização por tribos e a defesa de estilos de vida ancestrais.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Imagem de Speedy McVroom por Pixabay
Imagem de Speedy McVroom por Pixabay

Introdução

No âmago da investigação antropológica, emerge o tribalismo, um fenômeno paradoxal que tece laços ancestrais e tensiona as interações modernas. Nesta abordagem inicial, revelaremos como esse enigmático entrelaçamento entre passado e presente molda identidades, forja coesões e, por vezes, incita conflitos entre grupos humanos, revelando a eterna busca pela harmonia em meio à complexidade tribal.

O estado inerente à estruturação sociocultural fundamentada na organização ou advogacia de sistemas tribais ou paradigmas existenciais que remontam a um estágio primordial da evolução humana. O tribalismo, como fenômeno ancestral, encontra suas raízes nas comunidades de reduzida escala que constituíam o palco primário do desenvolvimento humano, contrastando com as intricadas malhas societais contemporâneas. A propensão intrínseca do Homo sapiens em forjar e sustentar redes interpessoais fomenta a perpetuação dessa configuração social essencial. Alocado no âmbito político e permeado por uma nuança pejorativa, o tribalismo adquire a faceta de manifestações comportamentais ou atitudes inculcadas por critérios discriminatórios, engendradas a partir da lealdade a entidades coletivas.

Definição

O termo "tribo" pode ser conceituado como uma agregação de parentesco alargado ou clã que partilha um ascendente comum, ou também pode ser elucidado como um conjunto caracterizado por afinidades, modos de vida e práticas compartilhadas. O adágio "aves da mesma plumagem voam juntas" ilustra a homofilia, a propensão intrínseca do ser humano a entrelaçar teias de amizade com indivíduos que partilham ocupações, interesses e comportamentos análogos. Algumas dessas tribos podem estar agrupadas em proximidades geográficas, como aldeias ou agrupamentos, embora a ubiquidade das telecomunicações possibilite que coletivos humanos formem agrupamentos tribais virtuais, valendo-se de ferramentas como plataformas de redes sociais.

Em um contexto de aderência às normas sociais, o tribalismo tem sido caracterizado como uma tessitura societária imbuida de elementos de "subjetividade" ou "modo de existência", nos quais as comunidades transcenderam os laços de filiação direta, mediante a maestria de diversas facetas de interação face a face e a incorporação de objetos de integração. Em termos ontológicos, o tribalismo segue uma trajetória guiada pelas métricas da analogia, genealogia e mitologia. Isto implica que as agremiações tradicionais tribais estabelecem suas fundações sociais sobre algum matiz dessas diretrizes tribais, embora frequentemente incorporem costumes tradicionais (a exemplo das religiões abraâmicas como cristianismo, judaísmo e islamismo) bem como práticas modernas, incluindo transações monetárias, comunicações móveis e uma educação contemporânea.

Configuração societária

A composição social de uma entidade tribal pode manifestar uma amplitude considerável de variações, embora o porte de reduzidas dimensões inerente às comunidades tribais tradicionais propicie a emergência de dinâmicas sociais com um contorno de funções relativamente homogêneo, caracterizado por escassas discrepâncias políticas ou econômicas notáveis entre os membros.

De maneira geral, uma coletividade tribal autodenomina-se empregando o termo próprio da sua língua para "povo", enquanto atribui distintos epítetos a outras tribos vizinhas. A título de exemplo, o vocábulo "Inuit" traduz-se como "pessoas".

Imagem de OpenClipart-Vectors por Pixabay
Imagem de OpenClipart-Vectors por Pixabay

Categorias

O tribalismo implica a apropriação de uma identidade cultural ou étnica robusta que delimita um indivíduo de um determinado agrupamento em contraposição aos integrantes de um diferente conjunto. Fundamentado em laços intensos de proximidade e ascendência, os elementos pertencentes a uma coletividade tribal apresentam uma tendência intrínseca para nutrir uma sensação acentuada de pertencimento identitário. De maneira objetiva, a solidificação de uma sociedade tribal tradicional exige a presença concomitante de mecanismos de organização, pesquisa constante e intercâmbio contínuo. Entretanto, a intensidade dos sentimentos de identidade partilhada frequentemente conduz a uma interligação entre indivíduos, sob uma ótica tribal.

A demarcação entre estas duas acepções do tribalismo, objetiva e subjetiva, assume uma relevância substancial, pois, embora as sociedades tribais tenham sido relegadas aos periféricos da esfera ocidental, o tribalismo, na segunda acepção, permanece incontestavelmente inalterado. Alguns pensadores propuseram a premissa de que o cérebro humano está intrinsecamente programado para o tribalismo, devido às suas vantagens evolucionárias, embora tal alegação costumeiramente se entrelace com a tentativa de equiparar questões originárias de sociabilidade ao fenômeno tribal.

Progressão Conceitual

O tribalismo tece uma influência altamente adaptativa ao panorama da evolução humana. O Homo sapiens, por sua natureza, emerge como seres sociais, intrinsecamente desprovidos de meios para a existência solitária. O tribalismo, juntamente com os laços sociais que lhe estão associados, opera para manter um comprometimento contínuo dos indivíduos com o grupo, mesmo quando os laços pessoais tangenciam o desgaste. Isso atua como uma salvaguarda contra o desvio individual ou a adesão a outros agrupamentos. Além disso, sob as ramificações dessa dinâmica, emerge o fenômeno de intimidação, quando um membro da tribo se recusa a se conformar com as diretrizes do coletivo.

Diversos eruditos sustentam a proposição de que a aptidão inclusiva no contexto humano está ancorada em mecanismos de seleção de parentesco e altruísmo direcionado a parentes, delineando uma dinâmica onde agrupamentos pertencentes a um tronco familiar estendido, partilhando genes comuns, oferecem auxílio a outros cujos genes são semelhantes, pautados no coeficiente de parentesco (quantidade de genes compartilhados). Uma contraposição é apresentada por outros acadêmicos, os quais defendem a presença frequente de vínculos "parentescos fictícios" em organizações humanas, propiciando a colaboração entre membros não consanguíneos, a exemplo de fraternidades.

No âmbito social, as fissuras intergrupais promovem interações que se especializam a partir das associações: altruísmo (interações positivas com membros não aparentados), seletividade de parentesco (interações positivas com membros aparentados) e agressividade (interações negativas). Portanto, agrupamentos imbuídos de um sólido sentimento de coesão e identidade podem colher vantagens do padrão de comportamento orientado pela seleção de parentesco, concretizado em propriedade coletiva e compartilhamento de recursos. A inclinação dos membros para se unirem contra entidades externas à tribo e a habilidade de recorrer a ações violentas e prejudiciais contra essas entidades, por certo, contribuíram para ampliar as perspectivas de sobrevivência em cenários de conflitos genocidas.

Manifestações Contemporâneas de Genocídio Tribal raramente ecoam os traços distintivos das tribos que subsistiam antes da Revolução Neolítica; notadamente, o fator de tamanho populacional limitado e a proximidade de parentesco.

Conforme apontado pelo estudo de Robin Dunbar, um pesquisador da Universidade de Liverpool, as dimensões dos grupos sociais encontram sua determinação nas proporções do cérebro dos primatas. A pesquisa de Dunbar culminou em uma dedução, sugerindo que a maioria dos cérebros humanos é capaz de plenamente compreender somente em torno de 150 indivíduos, considerados como entidades plenamente desenvolvidas e complexas, sendo esta a cifra designada como "Número de Dunbar". Contrastando essa perspectiva, o antropólogo H. Russell Bernard e Peter Killworth conduziram uma série de estudos de campo nos Estados Unidos, os quais conduziram a uma estimativa média de ligações sociais, situando-se em cerca de 290, aproximadamente o dobro da cifra inferida por Dunbar. A mediana do conjunto Bernard-Killworth de 231 apresenta-se mais reduzida devido à dispersão ascendente presente na distribuição, no entanto, ainda prevalece consideravelmente superior à estimativa de Dunbar.

Malcolm Gladwell extrapolou essa premissa sociológica em sua obra "O Ponto da Virada", onde membros de um dos arquétipos delineados, os chamados "conectores", galgaram sucesso por conta do quantitativo acima da média de amizades íntimas e pela habilidade de mantê-las, funcionando como elos aglutinadores de grupos sociais. Em consonância com tais análises, então, evadir-se do "tribalismo" é tarefa árdua em razão da neurologia humana, simplesmente porque numerosos cérebros humanos não estão precondicionados para operar em conjunturas de densas populações. Após atingir o limite de conexões de um indivíduo, o cérebro humano recorre a uma combinação de arranjos hierárquicos, estereótipos e outras representações simplificadas para interpretar um grande número de pessoas.

Impactos Adversos

Imagem de Nicholas Panek por Pixabay
Imagem de Nicholas Panek por Pixabay

Dentro dos círculos antropológicos, desenrola-se um contínuo embate concernente ao fenômeno bélico entre as agremiações tribais. Não obstante os embates exibirem uma ocorrência comum e inquestionável entre as tribos de caráter horticultural, subsiste uma indagação em aberto, se a guerra constitui uma faceta intrínseca à vivência das sociedades de caçadores-coletores, ou se trata-se de uma anomalia que surge apenas em situações específicas, como a escassez de recursos (tal como observado nas tribos Inuit ou árabes), ou ainda restrito a contextos de sociedades agrícolas.

As tribos subsistem alicerçadas em modos de subsistência como a horticultura e a coleta, que não possuem a capacidade de gerar o mesmo montante absoluto de calorias que a agricultura. Essa limitação exerce uma considerável restrição sobre as populações tribais, notadamente quando contrastadas com as populações que se apoiam na agricultura. Nas palavras de Jesse Mathis em sua obra "Guerra Antes da Civilização", exemplares de embates tribais com índices percentuais reduzidos de fatalidades emergem, sendo que algumas dessas contendas ostentaram índices de letalidade proporcionalmente maiores em relação à população quando comparadas, por exemplo, à Batalha de Gettysburg. O autor conclui que não há provas que de maneira consistente indiquem que as batalhas primitivas sejam, proporcionamente, menos letais do que aquelas travadas em contextos civilizados.

A teoria do conflito realista configura-se como um paradigma concernente aos conflitos intergrupais, advogando que em um sistema de soma-zero, real ou percebido, emergem disputas a respeito de interesses compartilhados por recursos limitados. O Experimento da Caverna dos Ladrões, conduzido em 1954, compreendeu a inserção de garotos de 12 anos em grupos, os quais estabeleceram suas próprias coletividades internas, culminando na geração de hostilidade e antipatia em relação ao grupo adversário durante um conflito simulado sobre recursos finitos, em um contexto de jogo de soma-zero.

Conclusão

A reflexão sobre o tribalismo e suas nuances evoca um vasto espectro de interconexões entre as disciplinas antropológicas, sociológicas e psicológicas. Ao considerarmos as manifestações contemporâneas do fenômeno, é imperativo reconhecer a distinção entre as tribos ancestrais, cujas características se moldaram em cenários de recursos escassos e parentesco próximo, e os contextos modernos, que frequentemente escapam a essas características definidoras. É evidente que, nas sociedades tribais tradicionais, o tribalismo emerge como um mecanismo de coesão e sobrevivência, estabelecendo laços intrincados que transcendem a mera associação genética.

As pesquisas sobre o tamanho limitado dos grupos sociais - representado pelo "Número de Dunbar" e as abordagens que exploram os padrões de relações entre membros - como os "conectores" - destacam as limitações cognitivas da interação humana. Embora haja uma tendência natural de formar conexões profundas com um grupo relativamente pequeno de indivíduos, as complexidades das sociedades modernas muitas vezes desafiam essa capacidade intrínseca.

Em meio a esse pano de fundo, a teoria do conflito realista surge como um marco teórico relevante para entender os antagonismos intergrupais que podem emergir a partir de competições por recursos finitos. A análise do Experimento da Caverna dos Ladrões ressalta a rapidez com que a hostilidade e a negatividade podem surgir entre grupos mesmo em situações simuladas, enfatizando a delicada natureza das interações intertribais.

Em última análise, a exploração abrangente do tribalismo evoca a necessidade de abordagens multidisciplinares para entender as origens, as influências e as implicações desse fenômeno. A compreensão das dinâmicas tribais, embora ancorada nas raízes ancestrais, ganha uma nova dimensão quando examinada sob a luz dos contextos socioculturais em constante evolução, ampliando nossa visão para as interações entre passado e presente, e as complexidades inerentes à condição humana.

Referências Bibliográficas:

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Publicado por: Fernando michel da Silva correia

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