A máquina Industrial: Recurso do bem ou do mal?
A máquina Industrial: Recurso do bem ou do mal, a máquina na sociedade, as modificações no mundo do trabalho, o movimento ludista e a quebra das máquinas industriais.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Introdução
Hoje a máquina em nossa sociedade é um recurso indispensável tanto nas tarefas domésticas quanto nas indústrias. Fica quase impossível imaginar nossas vidas sem elas. Neste artigo vamos nos atentar as máquinas industriais que iniciaram a ser utilizadas no século XIX e que causaram grandes modificações no mundo do trabalho, inicialmente, da França e Inglaterra. Perceber que essa mudança no processo de produção não foi pacífica, já que estas em sua maioria causam ou surgem de conflitos, é um dos nossos objetivos.
Justificativa
Analisar o presente, indagar-se e procurar respostas através do estudo de acontecimentos passados é o papel fundamental do historiador. Perceber as grandes mudanças no processo de produção é de grande valia para a compreensão do fortalecimento da sociedade capitalista, a partir da introdução da máquina que tirou do artesão o conhecimento técnico e que aumentou o número da mão - de- obra de reserva devido ao desemprego provocado.
I.
O movimento ludista nasceu na Inglaterra do século XIX e tinha como principal ação a quebra das máquinas industriais, as quais viam como substituidoras da mão - de - obra humana. No período este movimento ganhou o aspecto de um movimento irresponsável e irracional. Terá sido? Antes disto devemos contextualizar este momento e perceber as mudanças trabalhistas que estavam ocorrendo nesta sociedade, caracterizadas principalmente pela criação das fábricas. Como esta se deu?
Com o fortalecimento da classe burguesa a partir do século XV devido ao acúmulo de capital proveniente da realização das grandes navegações, o burguês para obter maiores lucros e ter o controle do processo de produção criou as corporações de ofício, um local onde se reuniam os artesãos que produziam, com a ajuda de ferramentas, produtos que deveriam ser comercializados. Este processo provocou diversos agravantes para a vida do trabalhador, primeiro, retirou o artesão do seu lar, o qual passou a ficar distante da família. Segundo, ele passou a trabalhar pelo tempo do relógio, ele perdeu o controle de sua produção, deveria produzir segundo a demanda do mercado, chegava a trabalhar 14 horas por dia. Terceiro, ele perdeu o conhecimento técnico da produção do todo, pois para que a produção fosse mais rápida surgiu a divisão do trabalho, cada artesão ficaria responsável e se tornaria especialista em produzir um parte do produto.
Como os salários pagos eram baixos, mulheres e crianças passaram a trabalhar também para sustentar a casa. As mães afastaram-se assim dos seus filhos, crianças a partir de 5 anos já trabalhavam. Quanto mais filhos tivessem mais estes poderiam ajudar com seus salários no provimento das necessidades familiares. Começou assim a quebra da estrutura familiar que ainda vem tentando permanecer nos dias de hoje.[1]
O pior veio a ocorrer quando aconteceu a introdução das máquinas de grande porte introduzidas no início do século XIX, as quais vieram a causar o desemprego. Desesperados, estes trabalhadores, após conversarem com seus patrões e não perceber nenhuma sensibilidade para solucionar seus problemas, não viram outra saída a não ser quebrar as máquinas que estavam lhes substituindo.
A imprensa do período dizia que os ludistas eram contra o progresso, pois estas máquinas estariam ai para melhorar a vida do operariado, para dar à elas mais tempo livre futuramente.[2] Assim eram vistos como irresponsáveis e bandoleiros. Muitos foram julgados e presos, muitas vezes sentenciados à realização de trabalhos forçados.
Vale ressaltar em especial o papel da mulher neste movimento, pois estavam presentes nele triplamente enquanto operárias, esposas e mães. Lutaram por alimento para a família, contra a violência sexual e principalmente contra a morte de crianças ocasionadas pelas máquinas.
Hoje a historiografia percebe o movimento ludista como sendo um movimento que lutou antes de tudo pelo direito a vida, pela liberdade e pela justiça.
Considerações Finais
Percebe-se assim como esse processo de introdução do modo de produção capitalista gerou conflitos e foi bastante violento em diversos sentidos. Foi a partir das lutas desses primeiros trabalhadores que conquistamos os direitos trabalhistas que hoje tentam tirar de nós. Em respeito a estes que sofreram para conquistá-los nosso dever é lutar para preservá-los.
Bibliografia
HOBSBAWN, Eric. Mundos do Trabalho, RJ: Paz e Terra, 1987.
PERROT, Michelle. Os excluídos da História. Tradução: Denise Bottmann. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
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[1] O discurso da mulher independente financeiramente tão conhecido hoje no século XX não surgiu por acaso, partiu da necessidade de que esta fosse mais uma consumidora. Com o homem e a mulher trabalhando para sustentar a família, o salário destes também podia ser menor.
[2] Será que o dia em que essa sociedade onde o homem só trabalhará duas horas por dia e terá o resto do tempo livre chegará? Na verdade sabemos que esse tempo livre vem diminuindo devido as exigências do mercado de constantes aperfeiçoamentos (para acompanhar o crescimento tecnológico) e de mais rapidez no cumprimento de prazos provocados justamente pela invenção de equipamentos que a possibitam. Estas exigências vêm transformando a depressão e o stress nas doenças mais conhecidas do século XXI.
Publicado por: Marise Magalhães Olímpio
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