Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp

Sexualidade na Escola

Chegou a hora de tratar de um dos temas mais polêmicos, que permeia as relações humanas desde há muito tempo e que, por muitas vezes, foi construído sobre falsos valores e tabus – a sexualidade humana.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

De acordo com os diversos pensadores ao longo da história do desenvolvimento do ser humano, o verdadeiro homem, independente de seu gênero, é aquele que consegue se apropriar do maior número de informações dentro das ciências, artes e filosofia. Esse utópico ser, contrasta com o homem real, limitado e imperfeito que traça sua existência dentro dos padrões sócio-culturais onde está inserido, vítima dos próprios valores acumulados de geração em geração, muitas das vezes equivocados e alheios aos anseios pessoais e ambientais.

A hegemonia de alguns grupos intervém de forma significativa nos valores culturais, filosóficos e religiosos, impondo suas leis, regras e princípios morais. Na perspectiva da existência de governos fundados em princípios democráticos e que possibilitem as discussões dos mais diversos temas, por mais polêmicos que pareçam, fica mais fácil ouvir aos anseios de uma sociedade que busca ser mais justa a todos os seus cidadãos.

Neste contexto social, destaca-se o papel da escola como reduto de análise, estudo e formação de opinião com reflexo direto no perfil de comportamento de toda comunidade escolar. Assim, a escola laica atende ao seu principal objetivo: a formação de indivíduos sabedores de seus direitos e deveres dentro da diversidade sócio-cultural ao qual estão mergulhados.

Muito se avançou nas questões que envolvem raças, etnias, meio ambiente, direitos humanos, etc. O próprio ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que acaba de completar 18 anos de existência, não consegue coibir todas as injustiças contra seus tutelados e que, mesmo assim, não deixa de ser legítimo e de ter suma importância.

Chegou a hora e a vez de se tratar de um dos temas mais polêmicos, se não o maior, que permeia as relações humanas desde há muito tempo e que, por muitas vezes, foi construído sobre falsos valores e tabus – a sexualidade humana.

Desde o mais remoto período, os filósofos gregos já sabiam e defendiam que a saúde do corpo dependia da saúde da mente e vice-versa. Nessa linha de pensamento e já sob a ótica da medicina moderna que comprova que um dos males da humanidade é o estresse, torna-se evidente que a vivência plena e equilibrada das pessoas vai além de sua homeostasia biológica. É por intermédio de uma estrutura psicológica que sua idiossincrasia se consolida e lhe confere a maneira de interagir em seu meio social.

Mesmo antes do nascimento, o desenvolvimento intra-uterino é espionado para se saber o sexo da criança e, a partir daí, definir se no vestuário desta, vai predominar as tonalidades de rosa ou de azul; se o primeiro brinquedo vai ser um carrinho ou uma boneca; se ele vai poder fazer isso ou aquilo. Nos primeiros anos de existência começam a receber os fundamentos dialéticos daquilo que pertence ao universo masculino ou ao universo feminino. "Menina não faz assim"; "Isso é coisa de macho"; e assim vai sofrendo um bombardeio de conselhos daquilo que pode ou daquilo que não pode diante de sua condição sexual.

Não importa se seus hormônios sexuais e toda sua bioquímica não estejam em níveis normais a fim de garantirem sua masculinidade ou feminilidade. Presume-se que sua postura deva ser assumida pelo simples fato da presença de um pênis ou de uma vagina, não levando em conta seu perfil psicológico. O indivíduo é levado a assumir a vontade a qual o grupo lhe impõe, independente de seus próprios sentimentos. E nesse enredo pré-estabelecido, as crises começam a aparecer. Críticas, marginalizações e preconceitos passam a impor um modo de viver que, muitas vezes, oculta a verdadeira personalidade, impedindo que seu prazer de viver seja desfrutado de forma plena.

Assim, como para qualquer minoria que se sinta discriminada e excluída, é dada a garantia constitucional de organização, com o intuito de se fazer valer seus direitos civis, muitas vezes ignorados e desrespeitados por alguns insensíveis compatriotas. E dentro desse contraste que o casamento da organização civil com o poder público vai forjando uma sociedade mais evoluída, esclarecida e mais humana.

Daí o nobre papel da escola na formação e irradiação de uma opinião isenta de preconceitos, construída através de uma lucidez no trato de temas polêmicos, podendo construir os fundamentos onde as pessoas possam ser aceitas da maneira como são, dentro de um universo multicultural presente em toda a comunidade escolar. Porém, esse espaço também necessita de adequações para que os resultados possam ser obtidos de forma satisfatória, já que seus personagens também são vítimas de possíveis equívocos do passado e precisam ser capacitados para o enfrentamento de situações tidas por não convencionais ao longo dos tempos.

Biólogo e Professor


Publicado por: Rogério Francisco Vieira

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.