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Psicofarmacologia de antidepressivos

A depressão daqui a alguns anos deve ser a doença mais comum do mundo.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS-2009) a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas. De acordo com o órgão, a depressão será também a doença que mais gerará custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com tratamento e às perdas de produção. Estes dados denotam a necessidade de pesquisas voltadas ao tratamento desta doença com vistas a melhoras significativas na vida das pessoas e diminuição do número de óbitos.

As últimas décadas foram extremamente promissoras em pesquisas relativas à utilização de medicamentos antidepressivos e estabilizadores de humor. Após 1950, quando surgem as drogas antidepressivas, grandes avanços aconteceram na área clínica e no entendimento dos mecanismos e processos relativos aos transtornos depressivos. 1

A depressão é uma psicopatologia que pode aparecer em pessoas de diferentes idades e classes sociais e tem como sintomas característicos: alteração mórbida do humor, tristeza profunda, apatia generalizada, abandono, culpa, desesperança, incapacidade de sentir prazer, idéias suicidas entre outros. Além destes sintomas, o quadro clínico muitas vezes inclui alterações do sono, apetite, função sexual e psicomotricidade, palpitações, dificuldade respiratória entre outros.

É freqüente algumas pessoas confundirem tristeza com depressão, o que em muitas ocasiões pode ser um problema. A tristeza é um sintoma psicológico comum, decorrente de alguma perda, insatisfação profissional ou pessoal, mas que de forma alguma representa o quadro depressivo, que caracteriza-se por um período maior, uma tristeza profunda e uma série de eventos recorrentes. Uma pessoa triste pode se tornar deprimido caso o quadro de tristeza seja profundo e constante.

A depressão pode ser tratada de diversas formas. Hoje temos a consciência de que a melhor alternativa é a utilização do tratamento farmacológico, que fornece melhoras significativas em termos de regulação de neurotransmissores do sistema nervoso central, acoplado ao tratamento psicológico que fornecerá progressos ao paciente na medida que contribui ao lidar com as emoções.

Por muito tempo questionava-se se a depressão seria um processo físico ou psicológico. Hoje concebe-se a idéia de indissociabilidade entre mente e o corpo o que indica que a depressão é um processo tanto físico quanto psicológico e por isso, a necessidade da combinação das duas modalidades no tratamento.

Até os anos 80 haviam duas classes de antidepressivos, os antidepressivos tricíclicos (ADTs) e os inibidores de monoaminooxidase (IMAOs). Embora fossem de grande eficácia, apresentavam efeitos colaterais indesejáveis em função da inespecificidade de sua ação farmacológica e eram potencialmente letais em casos de superdosagem.2

Existem vários tipos de depressão:

  • Depressão reativa ou secundária: caracterizada por tensão, culpa, ansiedade e queixas somáticas é responsável por mais de 60% das depressões. Surge em resposta a um estresse como perdas (reações de luto), doença física importante (tumores cerebrais, AVC, hipo ou hipertireoidismo, doença de Cushing), ou uso de drogas (reserpina, clonidina, metildopa, propranolol, promazina, clorpormazina, acetazolamida, atropina, hioscina, haloperidol, corticosteróides, benzodiazepínicos, barbitúricos, anticoncepcionais, hormônios tireoidianos, etc).

  • Depressão menor ou distimia: pode ser considerada uma desordem depressiva crônica que dura pelo menos 2 anos em adultos e que geralmente se manifesta pela presença da síndrome depressiva, onde o paciente consegue funcionar socialmente mas sem experimentar prazer.

  •  Depressão maior ou unipolar : correspondendo a 25% das depressões, caracteriza-se por sua desordem depressiva endógena, sem uma relação e sem relação direta causal com situações de estresse , patologias orgânicas ou psiquiátricas. Aparecem, como evidências clínicas, episódios puramente depressivos em períodos variáveis da vida do paciente (geneticamente predisposto à doença). Resulta de uma inclinação “inata” determinada por fatores genéticos causadores de distúrbios na neurotransmissão central, secundária acarretando em um déficit funcional de neurotransmissores (dopamina, noradrenalina e/ou serotonina) ou ainda uma alteração transitória de seus receptores ao nível do Sistema Nervoso Central (SNC). Os sintomas depressivos são acentuadamente severos e modificam substancialmente as formas de agir do indivíduo e em casos extremos, pode preconizar tendências suicidadas.

  • Depressão bipolar ou psicose maníaco-depressiva: correspondendo a 10% das depressões, sabe-se que os transtornos bipolares estão associados a algumas alterações funcionais do cérebro que possui áreas fundamentais para o processamento de emoções, motivação e recompensas. É caracterizado como uma desordem primária, endógena e que se caracteriza por episódios depressivos alternados com fases de mania ou de humor normal, com alterações que envolvem profunda tristeza e estado de extrema euforia. Em um estado depressivo a pessoa pode se tornar abatida, de poucas palavras e com pouca expressão facial Quando em mania, torna-se falante, eufórica e/ou irritável, cheia de energia, grandiosa. A mania pode prejudicar o raciocínio, a crítica (capacidade de julgamento) e o comportamento social, podendo ocasionar graves conseqüências e constrangimentos, pois a pessoa em fase mania se envolve facilmente em negócios mirabolantes e incertos ou em aventuras românticas e toma atitudes precipitadas e inadequadas. A mania não tratada pode evoluir para um quadro psicótico mais grave que inclui delírios, alucinações e entre outros sintomas.Esse tipo de depressão está altamente relacionado à diminuição gradativa ou aumento exacerbado de neurotransmissores como a adrenalina.

Atualmente existem vários tipos de medicamentos antidepressivos tais como: antidepressivos tricíclicos (ADT), inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS), inibidores seletivos de recaptação da noradrenalina (ISRN), inibidores da enzima mono amino oxidase (IMAO), antidepressivos atípicos e estabilizadores do humor. Geralmente apresentam metabolização hepática, tempo de meia vida por volta de 24 horas e efeitos colaterais graves, o que implica na necessidade de novas pesquisas com a finalidade de manter a atividade desejada e minimização destes efeitos. Isso possibilita grande avanço na ciência e de certa forma, contribui para a melhoria na qualidade de vida da sociedade na contemporaneidade.

1. Stahl SM. Psychopharmacology of Antidepressants. London: Martin

Dunitz; 1997.

2. Kessel JB , Simpson GM.Tryciclic and Tetracyclic Drugs. In: Kaplan HSadock BJ, editors. Comprehensive Textbook of Psychiatry. 6th ed.

Baltimore: Williams e Wilkins; 1995. p. 2096-112


Autores:

Aldo Sena de Oliveira (PG) - É mestrando em Química pela Universidade Federal do Espírito Santo e possui graduação em Química pela Universidade Federal de Lavras (2007) . Tem experiência na área de Química, Ensino de Ciências (Química para crianças) e Química Medicinal, com ênfase em Síntese Orgânica, derivados aminonaftoquinônicos com potencial atividade anticâncer.

Artur Rodrigues Machado (IC) - Atualmente é aluno de Graduação (Bacharelado) em Química pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Tem experiência na área de gerenciamento, tratamento de resíduos químicos,síntese orgânica e Química Medicinal. Atualmente atua na área de síntese assimétrica no desenvolvimento de novas substâncias com potenciais atividades farmacológicas.


Publicado por: Aldo Sena de Oliveira

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