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NOVOS ANTIBIÓTICOS E SUAS BACTÉRIAS ESTUDADAS

Análise das bactérias recentemente estudadas nos anos de 2018 e 2019 para o desenvolvimento de novo medicamentos antibióticos.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Todos os anos, diversos microorganismos fortalecem-se e adquirem resistências a novos medicamentos. O estudo de novas bactérias auxilia no processo de sua eliminação e criação de novas barreiras e armas cada vez mais adaptadas e eficazes. A resistência das bactérias aos mais diversos antibióticos é um desafio constante para os laboratórios e nós, usuários, que muitas vezes ajudamos no fortalecimento das mesmas ingerindo medicamentos da forma incorreta.

A pesquisa a seguir apresentará algumas das bactérias recentemente estudadas nos anos de 2018 e 2019 para o desenvolvimento de novo medicamentos antibióticos.

PSEUDOMONAS AERUGINOSA X ZEBRARXA

Com o nome comercial Zebrarxa, chega no mercado brasileiro o medicamento ceftolozana-tazobactam, que promete combater infecções intra-abdominais e intra-urinárias graves causadas pela bactéria Pseudomonas aeruginosa, que é, de acordo com o site da Revista Veja (2018), “considerada uma das três bactérias mais resistentes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

O microorganismo fortaleceu-se com o uso indiscriminado do medicamento conhecido como Meropeném em seu tratamento, e agora será necessária a medida de outro antibiótico mais forte para tratar a patologia. Ainda de acordo com a matéria, com o uso do medicamento pode-se observar uma melhoria de “87% de eficácia no tratamento de infecções intra-abdominais quando comparado ao tratamento padrão com meropeném (83%)” e de “infecções do trato urinário... os números foram ainda mais expressivos, com aproveitamento de 75%, se comparados aos do levofloxacino (47%)” (Veja, 2018).

Vírus bacteriófagos

Colocar um microorganismo contra o outro pode parecer radical, mas é um sinal de uma crescente crise global. Cada vez mais pessoas estão morrendo de infecções que antes eram fáceis de tratar, porque muitas bactérias comuns evoluíram para suportar múltiplos antibióticos. Agora os pesquisadores estão correndo para encontrar novas alternativas aos medicamentos tradicionais, uma busca que está descobrindo formas incomuns de combater infecções, em lugares incomuns.

Ella Balasa, 26, de Richmond, Virgínia, tem uma doença genética chamada fibrose cística que cicatriza seus pulmões e aprisiona bactérias no seu interior, incluindo uma superbactéria chamada Pseudomonas aeruginosa. Uma dose diária de antibióticos inalatórios manteve a infecção sob controle até o outono passado, quando os medicamentos pararam de funcionar. Um antibiótico de última hora também não estava ajudando muito. O site Medical Express (2019) descreve a solução alternativa encontrada pelo pesquisador Benjamin Chan da Universidade de Yale pra o caso de Ella: “inalar deliberadamente um vírus extraído do esgoto para atacar sua superbactéria”.

O biólogo Benjamin Chan dedica-se a viajar pelo mundo coletando microorganismos que atacam bactérias (bacteriófagos) e revela que “recebe ligações de pacientes desesperados que pedem para experimentá-los” (Medical Express, 2019).  Ele explica que cada predador bacteriano na natureza tem como alvo uma variedade bacteriana diferente e por isso, o pesquisador faz suas coletas desde lugares como valas e lagoas até estações de tratamento de esgoto por tipos que atacam uma variedade de infecções humanas. Essa alternativa pode nos dar uma salvação durante algum período de tempo (até as bactérias adaptarem-se novamente).

STAPHYLOCOCCUS AUREUS X TELAVANCINA E CEFTOBIPROLE

De acordo com o site alemão especializado em farmacologia, VFA (2019): “Quase todos os antibióticos que surgiram entre 2001 e 2010 foram desenvolvidos especificamente com o objetivo de superar uma ou mais resistências existentes”  e destaca duas pesquisas do ano de 2018 contra a bactéria fortalecida Staphylococcus aureus: o medicamento Telavancina e o Ceftobiprole.

Em uma apresentação rápida do site espanhol Pediamécum (2015): a telavancina é um antibiótico derivado semi-sintético da vancomicina e, de acordo com o artigo de revisão do site Arquivos Médicos (2011): “ceftobiprole é uma nova cefalosporina, com ótima ação contra Staphylococcus aureus, incluindo as cepas resistentes à oxacilina (MRSA), além de outros Gram-positivos, Gram-negativos, e também anaeróbios”.

DOS DRUIDAS À ATUALIDADE: STREPTOMYCES MYROPHOREAENTEROCOCCUS FAECIUM, KLESIELLA PNEUMONIAE ACINETOBACTER BAUMANII

Uma descoberta curiosa e recente veio das cantigas antigas da Irlanda do Norte, onde druidas usavam pequenos sacos de terra junto ao corpo para proteger-se de doenças da mesma forma que um antibiótico natural. O site alemão Wissenschaft aktuell (2019) descreve que “pesquisadores britânicos descobriram bactérias em uma amostra de solo que aparentemente liberam antibióticos altamente eficazes” e ainda acrescenta que “as espécies microbianas anteriormente desconhecidas do gênero Streptomyces produzem substâncias que inibem o crescimento de quatro dos seis principais patogênicos de multi-resistentes”, sendo que o número e a estrutura química das substâncias ativas microbianas ainda não foram determinados.

O professor Paul Dyson da Universidade de Swansea, juntamente de sua equipe, estão estudando as antigas práticas de cura em medicina natural no sudoeste da Irlanda do Norte, especificamente relatos do poder de cura do solo de uma área no Condado de Fermanagh (área conhecida como Boho). Esta localidade era de atividade druídica há 1.500 anos e foi provavelmente de significado cultural há 4.000 anos. De uma amostra de solo, os pesquisadores conseguiram cultivar oito cepas de estreptomicetos. Uma cepa que inibiu a maior parte do crescimento de outras bactérias foi analisada geneticamente e denominada como a nova espécie Streptomyces myrophorea. Ainda de acordo com a mesma matéria, as bactérias ali coletadas “mostraram-se resistentes contra 28 dos 36 antibióticos clinicamente utilizados” e foi detectado o crescimento de “estirpes multi-resistentes de Enterococcus faeciumStaphylococcus aureus (citada anteriormente), Klebsiella pneumoniae, e Acinetobacter baumanii. Esses germes estão atualmente entre os mais perigosos e particularmente difíceis de tratar os patógenos” (Wissenschaft aktuell, 2019).

Apesar de todo o empenho, não há registros de como especificamente os druidas usavam essa aplicação médica e a detecção de antibióticos formando estreptomicetos poderia explicar alguns dos efeitos curativos tradicionais.  A matéria ainda termina com o acrescento de que “existem outras espécies microbianas das mesmas amostras de solo que podem ser importantes na busca por novos agentes antimicrobianos” (Wissenschaft aktuell, 2019).

CLOSTRIDIUM DIFFICILE (CDI) X RAMIZOL

O medicamento Ramizol ainda é novidade, está sendo testado em cobaias de laboratório e seus resultados têm sido satisfatórios. Desenvolvido na Universidade de Flinders, Austrália, o antibiótico tem como objetivo combater uma infecção potencialmente mortal no intestino grosso comum em pessoas que precisam tomar antibióticos por um longo período de tempo causada por Clostridium difficile (bactéria que está tornando-se cada vez mais resistente a antibióticos tradicionais).

O portal ICT (2019) destaca que o estudo constatou que “nos últimos dez anos, várias cepas de C. difficile surgiram e estão associadas a surtos de infecções graves em todo o mundo. Uma cepa específica é facilmente transmitida... e tem sido responsável por grandes surtos em hospitais nos Estados Unidos e na Europa” e acrescenta falando sobre os testes que: “quando doses de um novo antibiótico chamado Ramizol foram dadas a ratos infectados com uma dose letal da bactéria, uma proporção significativa de deles sobreviveu à infecção”.

A pesquisa, que foi realizada em conjunto pela Boulos & Cooper Pharmaceuticals, nos Estados Unidos, com base nos Laboratórios de Segurança de Produtos ToxStrategies e na Universidade Flinders, e foi publicada recentemente na revista Scientific Reports, ainda não está disponível no mercado e nem mesmo foi testada em humanos.

CANDIDA ALBICANS X CIFOMICINA DAS FORMIGAS BRASILEIRAS

Muitos antibióticos em uso hoje vieram de microorganismos que vivem no solo. Atualmente pesquisas revelam que bactérias que vivem em insetos podem ser eficazes no combate a bactérias resistentes. Um grupo de Cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison, Estados Unidos, realizaram um estudo sobre atividades de bactérias em insetos e o resultado disso teve destaque na descoberta de um novo antibiótico na formiga Cyphomyrmex (espécie brasileira que cultiva fungos). Os pesquisadores nomearam o composto de cyphomycin (cifomicina). O site Medical News Today (2019) comenta sobre a pesquisa citando que: “testes de laboratório demonstraram que a cifomicina pode combater fungos que derrotaram a maioria dos outros antibióticos. O composto também tratou uma infecção fúngica em ratos sem dar origem a efeitos colaterais tóxicos”. Ou seja, trata-se de uma substância ainda em desenvolvimento e testes que: “eles a purificaram e mostraram que ela poderia tratar a Candida albicans em camundongos”, tal doença “é um fungo que comumente infecta pessoas com um sistema imunológico enfraquecido” (Medical News Today, 2019).

A equipe não ficou surpresa ao descobrir que os insetos poderiam ser uma fonte rica de novos antibióticos. A sobrevivência dos insetos depende da co-evolução com micróbios que ajudam a combater patógenos que também estão evoluindo. Os pesquisadores também apontam que, como as bactérias se co-evoluíram com insetos, elas poderiam oferecer duas vantagens: “primeiro, eles são menos propensos a serem tóxicos e, segundo, podem ser eficazes contra patógenos resistentes a medicamentos” (Medical News Today, 2019).

BACTÉRIAS DA FAMÍLIA ENTEROBACTERIACAE X COMPOSTOS DE ODILORHABDINS

Pesquisadores da Universidade de Illinois e a empresa de biotecnologia Nosopharm fazem parte de uma equipe internacional para descobrir novos antibióticos. Juntos, descobriram em uma fonte não convencional um composto que pode ser eficaz no tratamento de infecções bacterianas resistentes ou difíceis de tratar. “São chamados odilorhabdins, antibióticos que são produzidos por bactérias simbióticas encontradas em vermes que vivem no solo” (Fin Sciences, 2019).

Para identificar o antibiótico, o grupo de pesquisa investigou 80 culturas de bactérias. Compostos de odilorhabdins foram testados contra patógenos bacterianos, incluindo muitos que são conhecidos por desenvolver resistência e observou-se que: “trouxe a melhora para ratos que tinham sido infectados com um número de bactérias patogênicas e demonstrou atividade contra ambos os agentes patogênicos gram-negativos e gram-positivos, em particular contra Enterobacteriacae resistentes” (Fin Sciences, 2019).

Os pesquisadores ressaltam a importância do estudo afirmando que a pesquisa é uma indicação do crescente desenvolvimento da cooperação internacional e inter-relacionada, que é necessária para combater a ameaça crescente e global da resistência aos antibióticos.

A resistência adquirida pelas bactérias causada por uso incorreto de medicamentos ou mesmo pela ação do tempo e adaptação durante gerações causa muitas barreiras no desenvolvimento de tratamentos e curas para suas respectivas doenças. O estudo frequente da biodiversidade bacteriana trará mais chaves para essas cada vez mais complexas fechaduras e alternativas como o uso de microorganismo bacteriófagos confirmam novos caminhos em um mundo onde a resistência e adaptação tornam-se rápidas demais. O desenvolvimento científico de antibióticos novos, eficazes e seguros é crucial para enfrentar a crescente ameaça representada pelas bactérias resistentes a medicamentos em todo o mundo.

Essas alternativas podem nos dar uma salvação durante algum período de tempo (até as bactérias adaptarem-se novamente), mas como afirma o site finlandês de ciências Yle (2019): “sem mudanças rápidas, estamos a caminho da época em que doenças infecciosas comuns e pequenos ferimentos podem matar de novo como antes da invenção dos antibióticos”. Por isso vale a informação antes da exagerada medicação”.

As bactérias seguem a mesma batalha de sobrevivência que fazemos em outros organismos terrestres. Quando as pessoas inventam um novo medicamento, as bactérias fazem o melhor que podem para vencê-lo e sobreviver.

REFERÊNCIAS

CHEGA ao Brasil novo antibiótico contra superbactérias. Revista Veja, mai. 2018. Disponível em: . Acesso em: 20 de março de 2019.

CZICHOS, Joachim. Antibiotika bildende Bakterien in heilender Erde entdeckt. Wissenschaft aktuell, jan. 2009. Disponível em:. Acesso em: 05 de março de 2019. Em alemão.

FIGHTING Drug-Resistant Bacteria in the Intestines With a New Antibiotic. Infeccion Control Today, jan. 2019. Disponível em: . Acesso em: 05 de março de 2019. Em inglês.

MIMICA, Marcelo Jenne. Ceftobiprole: uma nova cefalosporina com ação contra Staphylococcus aureus resistentes à oxacilina. Arquivo Médico do Hospital Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa São Paulo. 2011. Disponível em: . Acesso em: 17 de março de 2019.

NEERGAARD, Laura. Using one germ to fight another when today's antibiotics fail. Medical Express, fev. 2009. Disponível em:. Acesso em: 05 de março de 2019.Em inglês.

NEUE Antibiotika: Den Vorsprung gegenüber resistenten Bakterien wahren. VFA-Die forschenden Pharma-Unternehmen, jan. 2019. Disponível em: . Acesso em: 19 de março de 2019. Em alemão.

PADDOCK, Catharine. Bacteria living on insects could provide new antibiotics. Medical News Today, fev. 2019. Disponível em:. Acesso em: 05 de marçode 2019. Em inglês.

UUSI antibioottien ryhmä huumeidenkestävyyden torjumiseksi. Fin Sciences, fev.2019. Disponível em: . Acesso em: 05 de março de 2019. Em finlandês.

WALLIUS, Anniina. Bakteerit selättävät antibiootit yllättävän monilla keinoilla. Yle, fev. 2019. Disponível em: . Acesso em: 05 de março de 2019. Em finlandês.


Publicado por: Juliana "Sphynx" de Mello de Farias

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.