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Estresse nos profissionais de enfermagem no setor de urgência: uma revisão de literatura

Confira uma análise acerca do estresse nos profissionais de enfermagem no setor de urgência.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Esse artigo poderá contribuir na medida em que se pode ter mais atenção para determinados tipos de profissionais que estejam mais vulneráveis ao estresse, identificadas as principais causas é possível tentar minimizá-las e procurar estabelecer um programa voltado para a prevenção desta patologia, evitando assim o adoecimento destes profissionais, bem como a compreensão das implicações causadas por este adoecimento, para estes profissionais e para as instituições.

É importante frisar que apesar da análise de uma importante quantidade de artigos, os resultados obtidos podem não significar a realidade de todas as unidades, visto que existem muitas delas que nunca foi realizado estudo nesta perspectiva.

Percebe-se que a saúde psíquica dos profissionais do setor de urgência é afetada por diversos fatores, como questões subjetivas, culturais, sociais e econômicas que influenciam também no ambiente de trabalho.

Os objetivos do artigo são de caracterizar o perfil dos trabalhadores mais atingidos pelo estresse no setor de urgência, bem como identificar os principais fatores causais do estresse e propor soluções para reduzir ou prevenir essas causas e riscos.

Trata-se de uma revisão de literatura por meio de pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa, com ênfase no tema estresse profissional nos setores de emergência, onde se analisou artigos e teses encontrados em revistas eletrônicas que abordassem o tema proposto. A revisão de literatura trata-se de “um trabalho comparativo que permite o progresso do pesquisador em relação ao seu tópico, bem como a avaliação do seu tratamento dado por outros estudiosos ao assunto pesquisado” (Santos, 2012, p. 91).

Os artigos foram encontrados em sites como scielo e periódicos como teses, dissertações, impressos e monografias publicados em revistas de universidades federais e apresentados em congressos. Foram inclusos apenas artigos em língua portuguesa, com data de publicação entre 2007 – 2013, os descritores usados na pesquisa foram: estresse, profissionais, urgência, enfermeiro.

RESULTADOS

Segundo Nascimento e Ferraz (2010) o conceito de estresse surgiu no início do século XX, em que estudiosos iniciaram pesquisas sobre a saúde física e mental das pessoas. O estresse foi definido a primeira vez por Hans Selye que o conceituou como a deformidade que algo ou alguém sofre ao enfrentar um esforço.

O estresse aparece quando o indivíduo não consegue cumprir as exigências sociais atribuídas a ele e com isso sente-se ameaçado a perder seu papel social. O organismo reage de forma a tentar dominar as cobranças que são impostas, essa reação é considerada inaceitável como forma de lidar com a adaptação aos problemas vividos pelos homens. Por isso a pessoa comumente prende essa reação para si e tende a aparentar um comportamento emocional completamente diferente do que realmente está sentindo, se após muito tempo essa situação perdurar, o organismo começa a sofrer um enorme desgaste podendo levar ao adoecimento físico e mental. (Nascimento & Ferraz, 2010).

O estresse ocupacional é definido como um estado emocional desagradável, com tensão, frustração, aflição, esgotamento emocional devido condições do trabalho consideradas ameaçadoras (Benke & Carvalho, 2008). 

Nascimento e Ferraz (2010) menciona que muitas doenças do trabalho estão sendo relacionadas com o estresse, o desgaste que as pessoas passam no trabalho (incluindo o ambiente, condições e relações) são significativos para determinar as doenças. O ambiente de trabalho é o local onde mais incide a ocorrência do estresse comparado com qualquer outro local e situação, os estressores psicossociais são tão potentes quanto as bactérias em insalubridade, assim qualquer pessoa pode estar exposta ao estresse no trabalho, do chefe ao operário.

Carreira e reconhecimento profissional, recompensa em bens materiais, satisfação e percepção do trabalho como forma de conseguir tranquilidade, preservação da saúde e segurança são benéficos ao trabalhador porém em muitas situações quando não se tem esses benefícios o trabalhador pode sofrer um extremo desgaste psíquico. A ansiedade causada pelas preocupações pode causar insônia, polifagia ou inapetência, bem como preocupações, sudoreses, taquicardia e tensão muscular. O estresse pode afetar de várias maneiras e os sintomas variam de acordo com cada individuo, cada pessoa pode reagir de uma forma diferente a determinada situação e o que estressa uma pessoa pode não estressar outra (Nascimento & Ferraz, 2010).

O estresse pode causar um ciclo vicioso, onde conflitos no trabalho podem ocasionar impactos negativos no ambiente familiar, gerando mais conflito no ambiente organizacional e assim por diante, neutralizar os fatores de geração de estresse no trabalho contribui para tornar o individuo mais disposto para exercer suas atividades, melhorando assim sua qualidade vida e produtividade. (Mantovani (in Fiorelli, 2003, p. 254)).

De acordo com Nascimento e Ferraz (2010) os sintomas físicos do estresse no trabalho são: cefaleia, mialgia, indigestão, insônia, taquicardia, alergias, alopecia, mudanças de apetite, gastrite, dermatoses, exaustão. Sintomas psicológicos: isolamento, introspecção, sentimento de perseguição, desmotivação, memória diminuída, apatia, irritabilidade, emotividade acentuada, ansiedade, impotência dentre outros.

Outros sintomas importantes: alterações menstruais, baixa imunidade, paranoia, desconfiança, alienação, uso abusivo de medicamentos, explosão emocional fácil, insegurança nas decisões, resistência a mudança, perda de iniciativa, desatenção e até mesmo suicídio (Mantovani, 2013).

Nascimento e Ferraz (2010) relata que a tensão é vista principalmente em profissões de quem depende dos outros para obter seus resultados, comum em profissões de chefia. O quadro pode levar a um esgotamento físico-mental importante, essa tensão prejudica o desempenho da pessoa e se a empresa não se preocupar com a situação desse profissional pode levar a acidentes de trabalho, licenças médicas etc.

Ter um pouco de estresse na vida é importante para se poder acompanhar o mundo, porém em um ritmo de trabalho acelerado essas reações naturais do organismo ficam descontroladas podendo se tornar prejudiciais tanto para a produção no trabalho como para a saúde. O estresse reduz a produtividade, aumenta o absenteísmo e a rotatividade, além de proporcionar rompimentos de relações profissionais e pessoais, pode ainda fazer com que pessoas com personalidades divergentes acentuem os sentimentos negativos emergindo ou pirando os conflitos interpessoais (Nascimento & Ferraz, 2010).

Para Benke e Carvalho (2008) a qualidade de vida no trabalho é estabelecida pela própria empresa com a realização de diagnósticos, campanhas e serviços que trabalhem a preservação e desenvolvimento das pessoas durante o trabalho. A qualidade é aplicada as condições de trabalho para melhorar o ambiente físico e psicossocial do trabalhador.

Segundo Melo, Silva, Novais e Mendes (2013) devido o setor de urgência ter uma intensa dinâmica, traz a exigência que os profissionais que ali atuam sejam rápidos e ágeis, pois pacientes graves não podem esperar muito tempo na hora da tomada de decisões ou mesmo não suportam falhas de conduta. Por se ter essa extrema responsabilidade e tendo que lidar com a dor e o sofrimento das outras pessoas, os profissionais podem sofrer um esgotamento físico e mental além de serem expostos a riscos químicos e físicos com equipamentos inadequados.

Esses profissionais têm de suportar continuamente o risco iminente de morte, onde a complexidade dos cuidados que prestam aliados aos fatores de âmbito pessoal desencadeiam o estresse. Portanto, os estressores precisam ser identificados, para que sejam tomadas as medidas no sentido de evitar ou minimizar o adoecimento dos atores profissionais em questão (Melo et al., 2013, p. 39).

Com o próprio profissional sabendo identificar seus estressores ele pode buscar soluções para resolver os problemas de adoecimento prevenindo riscos e garantindo uma assistência com qualidade. (Melo et al, 2013)

De acordo com Andrade, Menezes, Gomes, Santos e Brito (2013) a emergência é um setor tumultuado com muita rotatividade, pacientes, procedimentos e pouca estrutura física, além dos familiares e pacientes muitas vezes abordando os profissionais sobre o atendimento a todo instante.

Nesse tipo de ambiente o coleguismo é essencial para estimular o enfrentamento de riscos, pois com isso se tem um apoio mútuo e colaboração. Compreensão, cooperação, cumplicidade, tolerância e espírito de auto-ajuda favorecem uma relação gratificante e contribuem para um bom ambiente de trabalho. Para que a Enfermagem alcance o objetivo que se propõe, é necessário que exista um trabalho em equipe (Andrade et al, 2013, p. 51).

Andrade et al (2013) afirma que a sobrecarga de atividades e a falta de profissionais fazem com que os trabalhadores do setor de urgência trabalhem em ritmo intenso impossibilitando a realização de muitas atividades e um trabalho de qualidade, causando o estresse.

A estrutura do hospital e sua forma de organização influenciam muito no estresse profissional no setor de emergência, os profissionais que ali trabalham percebem que podem acabar adoecendo pelo estresse constantemente vivenciado, pela insegurança e insalubridade das atividades desenvolvidas. A melhor maneira de possibilitar a redução do estresse no trabalho destes profissionais é tentar estabelecer suas causas e procurar minimizá-las, tornando o ambiente profissional mais produtivo e menos estressor, possibilitando um ambiente mais saudável. (Ferreira & Moura, 2012)

Segundo Harbs, Rodrigues e Quadros (2008) o trabalho em saúde apesar da avançada tecnologia permanece sendo realizado em sua maioria, por mão de obra intensiva onde se é comum alguns profissionais acabarem tendo maior esforço e se desgastando mais do que outros havendo uma desigualdade entre as funções. Os profissionais da urgência necessitam de conhecimento, autocontrole e eficiência para não cometer erros.

Os profissionais da urgência devem ser capazes de definir e distinguir prioridades avaliando o paciente em sua integralidade, porém para se realizar esse tipo de atendimento é importante que o profissional tenha valorização e melhora das condições de trabalho com maior qualidade de vida e desenvolvimento de suas funções com eficiência, melhorando assim o atendimento e a sua própria saúde. De acordo com pesquisas o estresse é considerado como a doença ocupacional mais comum no setor de urgência, devido a tensão apresentada no ambiente de trabalho vários profissionais estão tendo as capacidades de atribuições reduzidas e devem ser vistos como pessoas comuns e portanto possuem limitações (Bezerra, Silva & Ramos, 2012).

Segundo Neta e Feitosa (2010) o cotidiano profissional nessa unidade eleva a ansiedade e tensão devido a responsabilidade profissional, que pode ocorrer devido algumas variações: ambientais (seco, frio, fechado), iluminação artificial, ruídos, exigência excessiva de segurança e relacionamento frequente com as mesmas pessoas.). Esses profissionais passam por perdas de sono por jornadas extensas de trabalho, pressão, superlotação de pacientes, preocupação com a atuação acelerada e ineficaz e com a insuficiência de recursos. Por cuidar de pessoas com risco de morte tendem a ter maior tensão emocional e física, com postura corporal inadequada, devido ao manejo com o paciente.

Melo et al (2013) em seus estudos afirmam que os profissionais de enfermagem são os que estão mais expostos ao estresse nos setores de urgência e emergência, por lidarem constantemente com a dor, a morte e a doença dos pacientes de maneira mais efetiva. Por ter que conviver diariamente com esse tipo de sentimento e tendo que prestar assistência com qualidade muitas vezes em condições inadequadas, esses trabalhadores sofrem um desgaste físico e mental importante. Só de se trabalhar em um hospital pode se considerar um fator estressor, visto que nesse ambiente existe elevada insalubridade e periculosidade se comparado a outros locais de trabalho.

Harbs et al, (2008) constatam que segundo a Organização Mundial de Saúde 90% da população no mundo têm estresse, pois se vive em um tempo de muitas exigências e atualizações constantes. O enfermeiro vivencia o estresse no setor de emergência devido às situações imprevisíveis que ele tem que lidar causando tensão, medo e sofrimento. Tudo isso exige tomada de decisões rápidas e eficazes o que ocasiona o estresse como resposta fisiológica e psicológica para esses estressores.

O enfermeiro da urgência deve ser capaz de reconhecer o que lhe causa estresse no ambiente de trabalho para que assim possa buscar soluções para enfrentá-lo, quando há falhas nessas técnicas de enfrentamento surge à síndrome de burnout ou síndrome do esgotamento profissional que pode levar à morte, a enfermagem é uma das profissões mais afetadas por essa síndrome. (Harbs et al, 2008) 

A enfermagem foi classificada pela Health Education Authority , como a quarta profissão mais estressante, no setor público. São poucas as pesquisas que procuram investigar os problemas associados ao exercício da profissão do enfermeiro no Brasil. A posição a qual o setor de enfermagem ocupa de acordo com a pesquisa, demonstra a necessidade de se compreender e buscar alternativas que possam reduzir as situações de estresse apresentadas pelos profissionais, principalmente no setor de emergência devido à complexidade de suas atividades, além da presença constante da tensão no qual os enfermeiros vivenciam em seus postos. (Bezerra et al, 2012, p.3).

A valorização dos trabalhadores é um fator que muito contribui para a prevenção do estresse, os profissionais precisam de apoio psicológico e necessitam de um espaço em que possam discutir assuntos que os incomodam e dar sugestões, por meio de uma gestão participativa. O profissional de enfermagem raramente recebe o cuidado e proteção social que deveria e o estresse do enfermeiro não é assunto novo, várias literaturas discorrem sobre este problema. (Melo et al, 2013).

O trabalho do enfermeiro é considerado um trabalho cansativo por sua complexidade e características como as jornadas de trabalho por turnos, habilidades especificas e excesso de responsabilidade, por exemplo. Por isso é importante conhecer o perfil dos profissionais que trabalham no setor de urgência para poder criar ações de melhoria na qualidade de vida do trabalho. (Melo et al, 2013)

O ritmo de trabalho dos enfermeiros exige esforço físico e mental intenso e proporcionando um ambiente de trabalho seguro e um repouso necessário pode-se ajudar no enfrentamento dessas condições. São poucas as pesquisas que investigam os problemas associados as atribuições do enfermeiro no Brasil. Por ser desde o inicio uma profissão marginalizada a enfermagem não tem apoio e compreensão de outras áreas o que também repercute negativamente no ambiente de trabalho. (Andrade et al, 2013)

Para Bezerra et al (2012) o estresse devido à tensão, sobrecarga de trabalho e atividades que exigem cada vez mais dos profissionais não é diferente de outras profissões, porém como os profissionais de enfermagem lidam com vidas exige-se desses trabalhadores um importante conhecimento técnico - cientifico para que os mesmos prestem a assistência. Reconhecer as necessidades dos trabalhadores é crucial para poder qualificar a assistência aos pacientes.

De acordo com a pesquisa realizada por Andrade (2013) os enfermeiros pesquisados consideram que para se ter uma boa qualidade na assistência é importante bom conhecimento técnico-cientifico, bons equipamentos e materiais, rotinas de serviço determinados, assistência e atendimentos padronizados, o que nem sempre existe na realidade. O profissional de enfermagem tem que tomar decisões, ter autonomia, assumir várias responsabilidades e liderar a equipe assistencial, isso gera maior tensão do que para os auxiliares de enfermagem. O setor de urgência é cheio de casos que geram conflitos e tensões devido a isso ocasionam intenso estresse no trabalhador.

Neta e Feitosa (2010) relata também que perder um paciente e ter que relatar a noticia a família é uma situação que deixa os profissionais com a saúde mental também alterada contribuindo para maior risco de estresse. Foi constatado por Neta e Feitosa (2010) que os enfermeiros sofrem alterações emocionais durante o plantão principalmente em setores que exigem respostas imediatas como os da urgência.

Harbs et al (2008) relata que a principal característica da urgência e emergência é haver muitos pacientes com risco de morte, jornadas de trabalho exaustiva, pressão dos supervisores e das famílias e pouco tempo para prestar atendimento. Muitas vezes os profissionais ficam inseguros no ambiente de trabalho tendo por vezes que chamar a policia em tentativas de agressão física, o que acaba colaborando de maneira importante para o estresse. Outro fator a ser considerado é que se tem poucos profissionais na área, isso provoca uma sobrecarga de trabalho aos profissionais que ali atuam, tendo eles muitas vezes para atender a demanda que improvisar cuidados ou realizá-los de maneira ineficiente, causando um desanimo por não poder realizar de forma completa os seus cuidados.

Para a maior parte das pessoas a urgência acaba sendo o meio mais alternativo e rápido para atendimentos, pois não há restrições como nas outras unidades de saúde não tendo dificuldade quanto à marcação de consultas, exames e o próprio diagnóstico que pode ser obtido até no mesmo dia. Isso faz com que haja um aumento de atendimentos no setor, causando filas sem fim, morosidade no resultado de diagnósticos, falta de especialistas e aumento de trabalho, falta de leitos, equipamentos e materiais dificultando os casos que realmente são de emergência. Estes fatores acabam aumentado a possibilidade de ocorrência de estresse profissional. (Andrade et al, 2013).

Os baixos salários levam os profissionais a terem mais de um emprego o que ocasiona uma elevada jornada de trabalho. Instalações físicas inadequadas e falta de materiais são mais um problema que causa estresse. Quando acaba material no setor ter que ir a busca deste em outro setor, gastando maior tempo, fadiga mental e física, assim temos mais este fator desencadeante de estresse. (Harbs et al, 2008)

De acordo com Sacadura e Leite (2012) um fator importante considerado estressante aos enfermeiros é o medo do contágio pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou pelas hepatites e outras doenças infecto-contagiosas em contato com os pacientes. O alto nível de exigência acima das capacidades do colaborador também pode causar estresse, pois ele pode ter a sensação de incompetência e perda do controle da situação.

Para Mantovani (2013) os principais fatores de estresse nas organizações incluem: ... condições de trabalho, mudanças organizacionais, normas institucionais, clima organizacional, burocracia, comunicação, autonomia, recompensas, reconhecimento, segurança, sobrecarga de trabalho, processos, relacionamentos interpessoais, ciclo de vida da empresa, controle, responsabilidades, pressão, prazos, possibilidade de progresso, suporte organizacional, tipo de cliente, satisfação, conflito de papel, conflito com valores pessoais, entre outros. Fatores físicos, emocionais, pessoais, ambientais, situacionais, familiares, financeiros, provenientes do ambiente externo ou que ameace a integridade da pessoa, como dores, dividas, entrevista de emprego, entre outros, também podem desencadear o estresse (Mantovani,  2013 p 1).

Dentre os vários fatores que sobrecarregam o enfermeiro e o expõe ao estresse temos: A sobrecarga de trabalho falta de reconhecimento e condições inapropriadas de trabalho que com o tempo prejudicam a qualidade do atendimento aos pacientes. (Melo et al, 2013)

Segundo Melo, et al (2013) os profissionais da saúde se degastam não apenas pela carga de trabalho como também pelas tarefas pesadas como cuidados específicos em pacientes graves nas emergências. Trabalhar na emergência exige um esforço mental enorme, pois o enfermeiro enfrenta o contato persistente com o sofrimento do paciente e sua família além dos cuidados específicos e de alta complexidade que lhe exigem muita atenção. Os plantões noturnos também causam um cansaço extremo, diminuição significativa da concentração e atenção causando redução no rendimento do profissional.     

O trabalho noturno é considerado fator de estresse por causar déficit de sono e de vigilância, além de labilidade de humor, má qualidade de assistência, distanciamento das outras pessoas. (Harbs et al, 2008)

Os enfermeiros devem se atualizar constantemente mesmo desenvolvendo atividades com toda a equipe o que se torna mais uma exigência da área e consequentemente mais um fator de tensão. A falta de materiais e de estrutura interfere bastante na prática dos trabalhadores da área, além disso, a intervenção de outros profissionais nos cuidados ao paciente acaba causando bastante desgaste no trabalhador. Por se ter muita responsabilidade e ter um ritmo de trabalho acelerado, o enfermeiro tem um risco importante de desenvolver o estresse ocupacional.  (Melo et al 2013).

Para Bezerra et al (2012) a impaciência das famílias que acompanham os pacientes também é um dos fatores causais do estresse nos profissionais da urgência. A tensão devido ao curto tempo para tratar e atender os pacientes na emergência aumenta o desgaste mental e físico desses profissionais, além das reclamações dos familiares que sempre tendem a acusar ou reclamar para o enfermeiro sobre qualquer consequência no atendimento

Outros fatores também considerados estressantes ao enfermeiro foram: falta de respaldo profissional, indefinição do papel do profissional, descontentamento com o trabalho, inexperiência por parte dos gestores, ambiente inapropriado das unidades, tecnologia de equipamentos, assistência ao paciente em alerta constante, falta de compreensão por parte da supervisão do serviço. A inexperiência e o receio para realizar determinadas atribuições também são causadores de estresse. (Bezerra et al, 2012). Segundo Sacadura e Leite (2012) a falta de definir corretamente as responsabilidades também é uma causa de estresse, pois impossibilita o enfermeiro de tomar decisões. 

O enfermeiro por trabalhar de forma fragmentada, normatizada, com rotatividade de turno e excesso de cobranças para ampliar seus conhecimentos pode adoecer devido o intenso estresse. O fato de ter que conciliar o trabalho com o lar é considerado outro fator causal visto que pelos profissionais de enfermagem, a maioria ser mulher, deve ter que gerenciar suas vidas como esposas, mães e enfermeiras, em alguns casos essa conciliação pode ser benéfica, mas pode também ser negativa para outras. Trabalhar com competitividade é mais um fator estressor, além do excesso de exigências que abala a saúde mental dos profissionais. Algumas pessoas podem considerar estressante trabalhar com uma equipe despreparada, pois no setor de emergência os profissionais devem ter conhecimento e máxima destreza. (Harbs et al, 2008). Para Andrade et al (2013) o fato do profissional ter que trabalhar em feriados, fins de semana e a noite limita sua vida social podendo também ser mais um motivo de estresse.   

O trabalhador da área de enfermagem está imerso em um ambiente onde esta presente as relações de poder determinadas pela hierarquia vigente na força de trabalho, subordinados a regras, normas e ordens médicas e sendo confrontados, controlados e vigiados pela instituição, não havendo lugar para as atividade cognitivas e intelectuais. Isso demonstra que há necessidade de espaços onde o funcionário possa criar maior interação com a equipe e exteriorizar os sentimentos (medo, angústia, insatisfação, tristeza, euforia, alegria e etc.) gerados ao se relacionarem com os colegas, instituição, chefia, pacientes e familiares. (Andrade et al, 2013, p. 55)

No setor de urgência pode-se deparar com inúmeras situações que podem causar frustração a satisfação, tais como pouca autonomia, função de chefia e falta de reconhecimento foram consideradas como estressantes. Outros fatores encontrados como estressantes foram: executar várias atribuições ao mesmo tempo, imprevistos, insegurança e ambientes insalubres. Por mais que os profissionais que atuam em emergência tenham satisfação com o trabalho em si, as condições da estrutura organizacional, a exigência e cobrança do atendimento, estes fatores aliados a gravidade dos pacientes torna a atividade destes profissionais tensa e desgastante. (Neta & Feitosa 2010).

Para Jodas e Haddad (2009) a organização exerce um controle nas demandas de trabalho, podendo criar um ambiente onde existe uma sobrecarga muito grande, demandas que conflitem com as tarefas do trabalhador, que dependendo das condições do trabalhador, gera fatores de risco para a doença. O estresse envolve questões que perpassam pela exigência que determinada tarefa possa solicitar até a subjetividade com que individuo a encara, bem como suas percepções sobre o cumprimento das atividades propostas.

Podem ser adotadas três tipos de intervenções no estresse: a prevenção primária, que consiste em uma ação que reduz ou elimina a fonte de estresse, procurando promover um ambiente de trabalho saudável, por meio de um levantamento de riscos ocupacionais; a prevenção secundária em que ocorre a identificação e gerencia de problemas de saúde, tentando conscientizar a todos sobre o estresse e proporcionando técnicas para seu controle; e por último a prevenção terciária que é voltada para reabilitação da pessoa que sofreu o mal devido ao estresse intenso. (Nascimento & Ferraz, 2010)

Os gestores das instituições de saúde devem buscar estratégias que ajudem os profissionais a combater o estresse e/ou preveni-lo, conhecendo a realidade pessoal do que realmente os incomoda no ambiente de trabalho. Segundo Nascimento e Ferraz (2010) o tempo flexível no trabalho teve mais resultados positivos do que o aumento salarial, pois muitos funcionários acabam tendo a impressão que seu tempo está sendo mais bem aproveitado.

A empresa também deve saber motivar o profissional. Dentre alguns aspectos que motivam o trabalhador temos: ... investir em alegria, bem-estar, segurança, atenção e respeito; transparência nas informações; visão do negócio compartilhada com os empregados, em todos os seus níveis hierárquicos; o alinhamento entre os interesses pessoais dos empregados com os objetivos organizacionais; um bom plano de comunicação; reconhecer a importância das pessoas para alcançar o sucesso; transmitir a visão e missão da organização para todos os níveis da empresa, buscando o comprometimento dos empregados com as metas da organização, para que sejam alcançadas com mais rapidez e mais perfeição. (Nascimento & Ferraz, 2010 p. 8).

Hoje em dia o comportamento criativo e inovador na empresa traz muito mais eficiência do que aquelas tarefas burocráticas e mecânicas. Esse comportamento deve participar e envolver todos do setor. O isolamento da administração, intolerância a diferenças, pouco tempo, incentivos inadequados, excesso de burocracia são algumas barreiras para se atingir essa inovação.  É importante saber aceitar as mudanças, fazer com que os empregados participem das tomadas de decisões, saber ter interação para troca de ideias e informações, tolerar erros e dispor de tempo e recursos para experimentar ideias. Isso faz com que a rotina do serviço mude, além de que o profissional vai se sentir reconhecido por ter esse espaço de opinar. (Nascimento & Ferraz, 2010)

De acordo com Mantovani (2013) entre as condições de enfrentamento do estresse, existe o enfrentamento ativo onde o próprio profissional reconhece que está estressado e junto com a empresa busca as causas e as situações que estão levando a esse quadro. Depois de encontrado as causas, a empresa deve criar medidas que alterem a forma de trabalho dos profissionais com foco para eliminação de tudo o que pode estar prejudicando o serviço. Alguns exemplos de medidas que podem ser adotadas conforme a necessidade pode ser: ... enriquecimento de cargos, análise da descrição de cargos, treinamentos e desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais, programas de qualidade e processos de melhoria contínua, eliminação das horas extras, programas de acompanhamento e orientação, melhoria no fluxo de informações, planos de remuneração, carreira e reconhecimento, entre outros. (Mantovani, 2013, p.1)

Técnicas de relaxamento, administração do tempo, rodizio de cargos, meditação, feedback positivo, expansão da rede de apoio social, ginastica laboral, planejamento econômico, técnicas de administração do temo podem também colaborar com a redução do estresse (Mantovani, 2013).   

De acordo com Benke e Carvalho (2008) além das estratégias serem implementadas é importante uma contínua avaliação e controle dos resultados fazendo com que permanentemente sejam testadas e se necessárias readaptadas a alguma nova realidade, mantendo assim a qualidade de vida no trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A empresa pode contribuir de forma significativa para um ambiente saudável no trabalho, identificando e controlando situações de risco, amenizando e procurando diminuir a probabilidade de ocorrência do estresse no trabalho, estimulando por meio de intervenções adequadas maior segurança ao trabalhador.

Esse trabalho mostrou através da análise de vários estudos que a enfermagem é a profissão que mais vem sendo atingida pelo estresse causado no ambiente de trabalho, no setor de urgências. Estes profissionais estão expostos a fatores como a pouca valorização no trabalho, o excesso de atribuições, muitas responsabilidades e baixos salários etc, desta maneira muitos destes que trabalham no setor de urgência acabam adoecendo de tal forma, que necessitam muitas vezes de licenças e afastamentos.

Essa categoria deve receber uma atenção especial, para prevenir os riscos e fatores condicionantes do estresse e para a promoção da saúde, a fim de que não seja comprometido o bem estar e a assistência aos pacientes não seja prejudicada.

As propostas e soluções são possíveis, mas o que impede sua implementação é em parte a falta de conhecimento dos gestores, ou mesmo o seu descaso sobre a maneira como a saúde mental e física destes trabalhadores pode prejudicar a assistência adequada em saúde nos hospitais.

Essas propostas devem ser levantadas de acordo com cada profissional, para isso pode-se utilizar algumas intervenções como: programas de treinamento, inserção do trabalhador na tomada de decisões, comunicação de todos os riscos de estresse que estão expostos e utilização de técnicas de enfrentamento.

Para implantar as ações que promovam a promoção de um ambiente saudável é imprescindível o uso da ética, respeitar as pessoas, o conhecimento que elas construíram ao longo da sua história de vida, compreender a empresa como um todo, sua cultura, seus valores, seu clima; proporcionar um treinamento adequado com profissionais qualificados e principalmente humanizar a empresa e as relações interpessoais ocupacionais.

Uma medida que pode ser adotada é a de adequar duas férias ao ano, melhorar a remuneração evitando assim o aumento na jornada de trabalho, e com isso proporcionar maior risco ao estresse destes trabalhadores. Outra questão que pode ajudar são os exames periódicos, a fim de acompanhar a saúde destas pessoas, bem como a implementação de programas que visem à qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

Andrade, D., Menezes, A., Gomes, C., Santos, M. C., & Brito, D. (2013). Estresse na equipe de enfermagem de emergência: Uma revisão de literatura. Efdeportes.com: Revista Digital,  178 17, 1-3

Benke, M. , Carvalho, E. (2008). Estresse x qualidade de vida nas organizações: um estudo teórico. Revista Objetiva 4  1, 3-98

Bezerra, F. N., Silva, T. M., Ramos, V. P. (2012). Estresse ocupacional dos enfermeiros de urgência e emergência: Revisão Integrativa da Literatura. Acta Paulista de Enfermagem 25 2, 151-156.

Ferreira, M. M., Moura, H.  (2012). Enfermagem nas urgências e emergências: O estresse do profissional enfermeiro na unidade e atendimento de urgências e emergências, uma revisão bibliográfica. In: Congresso Multiprofissional de Saúde 6, 350 - 414.

Harbs, T. C., Rodrigues, S. T., Quadros, V. A. S. (2008). Estresse da equipe de nefermage em um centro de urgência e emergência. Boletim de Enfermagem 1 2, 41-56.

Jodas, D. A., Haddad, M. C. (2009). Síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem de um pronto socorro de hospital universitário. Acta paul. enferm. 22  2, 192-197.

Mantovani, M. (2013, dezembro 11) Estresse x ambiente de trabalho. Administradores – o portal da administração. Acessado de: carreira/estresse-x-ambiente-de-trabalho/74596/>.

Melo, M. V., Silva, T. P., Novais, Z. G., Mendes, M. L. (2013). Estresse dos profissionais de saúde nas unidades hospitalares de atendimento em urgência e emergência. Cadernos de Graduação: ciências biológicas e da saúde 1 2, 35-42.

Nascimento, F. J., Ferraz, F. T. (2010). Estresse e qualidade de vida no trabalho. Universidade Fluminense – UFF. (Tese de conclusão de mestrado em sistema de gestão).

Neta, E. G., Feitosa, R. W. (2010). Avaliação dos fatores que influenciam a ocorrência do estresse ocupacional nos profissionais de enfermagem no setor de urgência e emergência em hospital publico e privado. 2010. Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – Unisalesiano. (Monografia de conclusão do curso de graduação em Enfermagem).

Sacadura, L., Sousa, U. (2007) Fatores Indutores de Stress em Profissionais de Saúde. Revista saúde e trabalho 7 7, 16-21.

Santos, V. (2012) O que é e como fazer “revisão na literatura” na pesquisa teológica. Fides Reformata17  1, 89-104.


Publicado por: DANIELA DA SILVA SANTOS

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.