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Ensino da disciplina Saúde Pública nos cursos de Medicina Veterinária no Brasil

Ensino da disciplina Saúde Pública nos cursos de Medicina Veterinária no Brasil, a formação acadêmica do médico veterinário, Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Pública, Vigilâncias Epidemiológica, Ambiental e Sanitária.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Autor: Cícero Cleiton Fiuza de Menezes 

Médico Veterinário, formado pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Ceará - UECE

© Todos os direitos reservados - proibida a cópia total ou em partes do texto original publicado pela Universidade Estadual do Ceará em novembro de 2005. Caso seja mencinada, citar nas referências bibliográficas:

MENEZES, C.C.F, A importância do Médico Veterinário na Saúde Pública. Fortaleza, UECE: 2005. 54p. Dissertação (Monografia) - Conclusão do curso de graduação, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2005.

E-mail para contato: cleitonfm@hotmail.com

Ensino da disciplina Saúde Pública nos cursos de Medicina Veterinária no Brasil

Por Cleiton Fiuza
Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual do Ceará
         
 O reaparecimento de enfermidades consideradas erradicadas em alguns lugares, o surgimento de novas doenças relacionadas ao meio ambiente e a produção de alimentos a nível mundial constituem alguns dos grandes desafios que todos os países têm enfrentado nos últimos anos. Dentro deste contexto, o Médico Veterinário tem um papel fundamental tanto na prevenção e controle das doenças transmissíveis aos homens em decorrência de um desequilíbrio ambiental quanto nas de potencial impacto no comércio internacional de produtos de origem animal (MODOLO, 2004).
 
            A formação acadêmica do Médico Veterinário engloba o estudo de várias atividades que podem vir a ser desenvolvidas por este profissional. Um estudo realizado, recentemente, nas oito Instituições mais antigas de Ensino Superior de Medicina Veterinária no Brasil demonstrou que a maioria dos conhecimentos passados nestes cursos é referente à prática da clínica veterinária, estando as áreas de zootecnia e produção animal em segundo lugar. Este trabalho também revelou que os assuntos concernentes a Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Pública ocupam um espaço bem pequeno dentro da grade curricular de todas estas instituições (PFUETZENREITER & ZYLBERSZTAJN, 2004).
 
            Este estudo citado anteriormente destacou o fato de que as disciplinas que abordam os conteúdos relacionados à higiene, inspeção e tecnologia de alimentos ganham destaque sobre as disciplinas que abordam os conteúdos relativos a epidemiologia, zoonoses, educação em saúde, administração e planejamento em programas de saúde coletiva dentro das grades curriculares dos cursos de Medicina Veterinária no Brasil (PFUETZENREITER & ZYLBERSZTAJN, 2004 ).
 
            Esta baixa representatividade de conteúdos teóricos e práticos da Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Pública dentro da carga horária dos cursos indica que o ensino nas Faculdades de Medicina Veterinária ainda não foi readaptado a este emergente mercado de trabalho (PFUETZENREITER & ZYLBERSZTAJN, 2004), ainda que a importância do Médico Veterinário na Saúde Pública tenha sido reconhecida pela OMS desde 1975 (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002).
            Além disto, existe um outro grande problema relacionado ao ensino dos conhecimentos referentes à Saúde Pública nos cursos de Medicina Veterinária no Brasil, a falta de capacitação do corpo docente. A grande maioria dos professores desta área possui pouca ou nenhuma experiência prática nos serviços de saúde coletiva, passando aos estudantes apenas informações teóricas, aprendidas através do estudo e não da vivência profissional, e que não estão direcionadas a solução de problemas reais que poderão surgir como um desafio aos futuros Médicos Veterinários (ARRUDA, 2004).
 
            A maioria dos cursos de Medicina Veterinária brasileiros não possui uma estrutura favorável ao desenvolvimento de atividades práticas relacionadas às áreas de atuação do Médico Veterinário em Saúde Pública. Devido a quase não existência de parcerias com os orgãos públicos responsáveis pelos serviços de saúde, como as Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais, o aprendizado torna-se muito teórico. Este problema não ocorre em relação a clínica médica e cirúrgica e a produção animal, pois nestas áreas o estudante pode acompanhar de perto o desempenho profissional dos professores, uma vez que as clínicas e os setores zootécnicos encontram-se dentro da próprio campus universitário (LIMA JÚNIOR, 2001).
 
            Outros fatores associados ao ensino, como o número reduzido de aulas práticas, o número elevado de alunos por turma - que, em algumas Instituições, chega a 40 ou 50 alunos, a existência de um único professor para a disciplina e o fato dos serviços de Saúde Pública serem realizados por orgãos que estão no ambiente externo da Universidade, têm feito com que alguns estudantes acabem desestimulando-se e não considerando a Saúde Pública como um futuro campo de atuação profissional (LIMA JÚNIOR, 2001; PFUETZENREITER & ZYLBERSZTAJN, 2004).
 
             O principal foco das disciplinas referentes à Saúde Pública deve ser o estudo da coletividade, englobando a análise das populações e a importância dos problemas relacionados ao meio ambiente em que vivem. Os estudantes devem ser apresentados a conteúdos essenciais às diferentes áreas de atuação do Médico Veterinário em Saúde Pública, principalmente os relacionados às Vigilâncias Epidemiológica, Ambiental e Sanitária. As zoonoses e outros agravos de relevância não devem ser discutidos como entidades separadas, e sim como o resultado do tipo de agrupamento adotado pela população, da infra-estrutura presente na mesma e das interações existentes entre os indivíduos inseridos nela e em outros agrupamentos (LIMA JÚNOR, 2001).
            A ampliação do papel desenvolvido pelo Médico Veterinário na Saúde Pública está condicionada ao aumento de informações concernentes a este assunto nas grades curriculares dos cursos superiores (PFUETZENREITER & ZYLBERSZTAJN, 2004), incluindo a legislação em vigor, e a uma maior capacitação do corpo docente destas Instituições de Ensino Superior (LIMA JÚNIOR, 2001).
 
            Por entender esta dificuldade enfrentada pelos profissionais recém-formados, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) reestruturou, há alguns anos, as atividades de ensino referente às áreas de atuação do Médico Veterinário em Saúde Pública. Este curso firmou uma parceria com o Centro de Vigilância Ambiental da prefeitura de Recife - PE, tornando possível não só a visita freqüente de estudantes a esta instituição, mas também a participação destes nos diferentes programas desenvolvidos por ela (LIMA JÚNIOR, 2001).
 
             Na UFRPE, os estudantes da disciplina de Saúde Pública recebem orientação dos profissionais responsáveis pelos programas de promoção da saúde coletiva e podem fazer suas próprias avaliações, confrontando as medidas utilizadas por estes com a realidade local. No Centro de Vigilância Ambiental de Recife, eles mantêm contato não só com os serviços de Saúde Pública, mas com o pessoal responsável pela escolha das medidas que estão sendo adotadas. Uma vez que estes profissionais que atuam na área transmitem seus conhecimentos teóricos somados a suas experiências bem sucedidas ou não, o aprendizado destes estudantes torna-se mais efetivo (LIMA JÚNIOR, 2001).
 
            Atualmente, algumas prefeituras de Pernambuco estão oferecendo estágios, inclusive remunerados, nos serviços de Vigilância Sanitária aos estudantes da UFRPE. Como resultado desta parceria, o interesse dos estudantes da UFRPE pela Saúde Pública aumentou e hoje, em Recife, aproximadamente 50% dos profissionais de nível superior que atuam nos serviços de Vigilância Sanitária são graduados em Medicina Veterinária (LIMA JÚNIOR, 2001).
 
 
Referências Bibliográficas
 
ARRUDA, B.V. O Espelho. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Ano 10, n.31, p.84, 2004.
 
LIMA JUNIOR, A.D. O Ensino de Saúde Pública em Medicina Veterinária. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Ano VII, n.22, p.59-64, 2001.
 
MODOLO, J.R. Saúde Animal: tão em evidência como nunca. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Ano 10, n.33, p.11-17, 2004.
 
PFUETZENREITER, M.R.; ZYLBERSZTAJN, A.; O ensino de saúde e os currículos dos cursos de medicina veterinária: um estudo de caso. Interface, v.8, n.15, p.349-360, 2004.
 
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Future Trends in Veterinary Public Health. Report of a WHO Study Group. Geneva, 2002. 85p. (Technical Report Series n.907).

Publicado por: Cleiton Fiuza

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