A Saúde do Profissional da Educação, nos Tempos Modernos e Possibilidades de Intervenção
Confira aqui os aspectos situacionais que incidem na saúde do profissional da educação.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Resumo
Este trabalho apresenta os aspectos situacionais que incidem na saúde do profissional da educação, no estado de Mato grosso, podendo, assim, ocasionar o abandono de suas funções laborais, síndrome de Burnout, estresse, bem como problemas de baixa estima, desinteresse e depressão. O profissional da educação, na perspectiva destes tempos de inovações, acessibilidade a diversos códigos e tecnologias variadas, tem se esforçado para corresponder aos determinantes do mundo do trabalho. A adequação a este modelo exige, a rigor, adaptabilidade de instrumentos e equipamentos que não correspondem à necessidade física e, tampouco, psicológica. Assim, um programa de qualidade de vida que priorize a saúde do profissional da educação possibilita bem-estar e redução de investimentos financeiros e de pessoal, por conta das substituições ou mesmo de desvio de funções. Por isso, apresentar-se-á uma proposta de programa de qualidade de vida, no intuito de sinalizar as possibilidades de intervenção.
Palavras-chave: Saúde. Profissional da Educação. Esgotamento. Intervenção.
Abstract
This paper presents the situational aspects that affect the health of professional education in the state of Mato Grosso, and may thus lead the abandonment of their work functions, burnout, stress and low-esteem problems, depression and disinterest. The professional education in the perspective of these times of innovation, accessibility to various codes and varied technologies, has struggled to match the determinants of the working world. The suitability of this model requires strictly speaking, adaptability of instruments and equipment that do not correspond to physical necessity, either, psychological. Thus, a program of quality of life that prioritizes the health professional education provides welfare and reduction of investments and personnel, because of substitutions or even misuse of functions. Therefore, the proposal for a quality of life program, in order to signal the intervention possibilities will present themselves.
Keywords: Health. Professional Education. Exhaustion. Intervention.
1. Introdução
Partindo do pressuposto que o afastamento dos profissionais da educação é principalmente por consequência de problemas fisiológicos e psicológicos, a partir da vivência do dia-a-dia e da sobrecarga, física e mental, gerada sobre o educador que lida com situações de stress, com educandos dependentes, percebe-se a necessidade de uma análise mais contextualizada para uma percepção fidedigna dos elementos disparadores deste esgotamento mental e físico.
A doença do profissional da educação provoca o absenteísmo que repercute diretamente na qualidade do serviço prestado, gerando a rotatividade de pessoal, os atrasos ao serviço, a sobrecarga de produção e os impactos dos prejuízos provocados pelos dias-perdidos que desorganizam o setor de trabalho, alterando a qualidade e quantidade de atendimento prestado ao educando e demais segmentos que acessam estes serviços.
O objetivo desta pesquisa se consubstancia na conceitualização da exaustão física e mental e a correlação com os universais dos profissionais da educação do estado de Mato Grosso, oferecendo subsídio por meio da proposta de programa de qualidade de vida, com vistas à humanização da vivência no trabalho.
Nota-se que a proporção dos afastamentos dos educadores é superior a outros profissionais da área da educação, em razão do perfil de total dependência e pelo árduo acompanhamento nas atividades da vida diária dos alunos. Consequentemente, sustenta que as frequências e periodicidade das licenças médicas ocorrem nos últimos meses ou nos finais de semana.
Segundo Marilena Chauí, método é um caminho regular e ordenado que se deva seguir para alcançar objetivos propostos. Seguindo esta concepção, a caracterização do perfil dos educadores das escolas de Mato Grosso, de acordo ao seu perfil profissionográfico é um fator determinante para o entendimento do processo globalizado, bem como a apresentação de propostas de atividades de inclusão social e promoção da saúde, com vistas à ambiência e espaços de vivência humanizada no trabalho.
A preocupação dos gestores educacionais com a saúde dos profissionais professores, que assistem diretamente aos educandos, evidencia a necessidade de um estudo mais apurado e esclarecedor sobre as causas, prevalências e incidências, bem como um cenário que permita otimizar as atividades, reduzir custos, evitar desperdícios e prejuízos e prestar assistência com a máxima qualidade. Esta situação faz com que o estudo da incidência do absenteísmo seja de grande relevância para a tomada de decisões e gerenciamento das ações, com atividades, planos, projetos e programas de intervenção para minimizar os impactos e subsidiar políticas públicas estruturantes.
Tendo em vista os fatores supracitados, nota-se a importância do desenvolvimento do programa de qualidade de vida no trabalho apresentado como proposta pela necessidade urgente de viabilizar meios de intervenção e superação do agravamento crescente do absenteísmo dos profissionais da educação diretamente ou não envolvidos com a sala de aula. É seguindo esta premissa que se observa a necessidade premente de programas, projetos e atividades de qualidade de vida que propiciem bem-estar e autoestima aos profissionais da educação, de um modo geral.
O desenvolvimento do programa é extremamente oportuno, tendo em vista o cenário recente de pesquisas nacionais e estaduais referentes a resultados insuficientes tanto na educação infantil, como no ensino fundamental e, principalmente, médio, relacionados à exaustão profissional dos docentes e abandono de suas funções laborais da rede pública de ensino.
A organização deste artigo apresenta-se da seguinte forma: a seção dois (primeira seção após a Introdução) discorre acerca do conceito ampliado de saúde e dos universais do cotidiano do profissional da educação nos tempos modernos, regionalizando para o estado de Mato grosso. A seção três discute o determinante afetivo e o absenteísmo. A seção quatro reporta a evidência documental ou bibliográfica no que se refere aos dados oficiais disponibilizados pelo site da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso e uma proposta de Plano de Trabalho de Intervenção. A seção cinco apresenta as considerações finais, resumindo os principais resultados e sugerindo possíveis e desejáveis desdobramentos futuros.
2. Desenvolvimento
Seção 2
O espaço educacional é organizado por um conjunto sistemático que possibilita uma fruição dos trabalhos ao mesmo tempo em que institui conexidade aos processos internos de execução das atividades docentes e, mesmo, aquelas que sugerem além de expor seus servidores a riscos de ordem biológica, física, ergonômica, mecânica, psicológica e social que são exigidas do profissional ao longo de seu exercício.
Inseridos neste ambiente estão todos os profissionais da educação que no desenvolver de suas atividades se veem, muitas vezes, forçados a conter suas emoções frente aos gestores, educandos, pais ou responsáveis e colegas de trabalho. Esta situação acrescida de outros fatores laborais e psicossociais conduz a um sentimento de impotência, insatisfação pessoal, esgotamento profissional que possibilita o absenteísmo que incide diretamente na qualidade da assistência prestada. (FARIA, et. al. 2005)
Nas escolas públicas do estado de Mato Grosso, o absenteísmo do docente é motivo de preocupação para os gestores, nos diversos espaços de práxis educativa, pois pode desencadear problemas tanto nos aspectos do ensino e aprendizagem, como na instância gerencial das instituições de ensino público deste Estado, por conta do esvaziamento e fragilização no cumprimento do currículo escolar e desestabilização da gestão de pessoal.
A ausência do profissional da educação acarreta prejuízos consideráveis, na medida em que permite o esfacelamento das diretrizes planejadas e instituídas para o desenvolvimento das atividades no interior da instituição de ensino, aumentando o desgaste dos outros setores, envolvendo investimentos e recursos, que certamente refletirão no resultado final e no erário disponibilizado para o desenvolvimento das ações, da mesma forma que maximiza o custo para a Previdência Social, no tocante a desvios funcionais.
No que se refere às atividades desenvolvidas na escola, existem características que concentram as condições de trabalho, com carga horária semanal superior a 40 horas, por trabalho, que pode ser caracterizada pelo excesso de material a ser finalizado em contextos sociais distintos do profissional, permitindo a supressão de atitudes e procedimentos que seriam indispensáveis para a manutenção da autoestima do educador, tal como imersões culturais, bem como atividades de interação social.
No que diz respeito à relação trabalho e saúde, os educadores que estão em contato direto com o universo da sala de aula, ou seja, profissionais que realizam seu ofício diretamente com os alunos, além do desgaste físico e psicológico, em sua maioria, estão mais sujeitos a ambientes e condições instáveis pela execução de suas funções em várias instituições para suprir suas necessidades culturais, sociais e econômicas da forma minimamente satisfatória.
Os educadores se expõem as outras condições de trabalho, tais como translado para execução de projetos extracurriculares, atividades burocráticas de elaboração de Planos de Desenvolvimento Escolares, gestão em Unidades Executoras e Conselhos Escolares, sendo vulneráveis e expostos ao aparecimento de enfermidades referentes ao esgotamento profissional, resultando na ausência de trabalho que eleva o índice de absenteísmo, incidindo diretamente na carga horária a ser efetivada que é de 200 dias letivos, de acordo à Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB, 9.394/96, e no cumprimento da matriz curricular estatuída pelo Ministério da Educação.
Nos espaços da instituição educacional é preciso rever toda práxis, tendo em vista a necessidade de analisar o uso adequado dos equipamentos e instrumentos sendo que a escola não prevê mecanismos de prevenção ou cuidado aos profissionais que estejam submetidos a intempéries da função exercida pelos educadores. Quando se ressalta o uso de equipamentos adequados se relaciona tal fato intimamente ao desgaste das pregas vocais, pelo exercício recorrente e excessivo da oralidade, hipertensão, circulação e demais sintomas relacionados ao exercício da docência. Deve-se explicitar a possível associação da síndrome de burnout ao absenteísmo.
Sobre o termo absenteísmo, pode-se conceituá-lo como absenteísmo-doença (ausências justificadas por licença-saúde); absenteísmo por patologia profissional (acidente de trabalho e/ou doença profissional); absenteísmo legal (amparado por lei, como: gestação, nojo, gala, doação de sangue e serviço militar), absenteísmo-compulsório (suspensão imposta pelo patrão, por prisão ou por outro impedimento de comparecer ao trabalho); e absenteísmo voluntário (razões particulares não justificadas).
O médico psicanalista Freudenberger foi quem primeiro descreveu o termo burnout como exaustão e sentimento de fracasso consequente da maximização do desgaste de energia, tanto no aspecto físico, quanto no psicológico. Esta exaustão e esgotamento profissionais imantados à baixaestima e um contexto excessivamente sazonal de praxis pedagógica permitem o acometimento das mais diversas formas de enfermidades, porém com porta de entrada facilitada pela síndrome de burnout. Freudenberger complementou seus estudos em 1975 e 1977, incluindo em sua definição comportamentos de fadiga, depressão, irritabilidade, aborrecemento, sobrecarga de trabalho, rigidez e inflexibilidade (Freudenberger, 1974; França, 1987; Perlman & Hartman, 1982).
Estudos utilizando os dados oficiais demonstram um quadro acentuado de absenteísmo resultante de morbidades diversas dos profissionais da educação nas Escolas Públicas do estado de Mato Grosso. Os problemas são graves em diversas áreas e demonstram a fragilização pelo descontentamento: assistência médica; fiscalização; notificação, reconhecimento do nexo entre trabalho e doença; prevenção e cumprimento da legislação; frustrações e medos; insegurança do trabalhador de perder o emprego; insatisfação salarial, instabilidade do mercado de trabalho, entre outros.
O termo morbidade, segundo VAUGHAN, pode ser definido como qualquer desvio de um estado de bem-estar, podendo ser expressa em termos de pessoas enfermas e/ou episódio de enfermidades. (VAUGHAN, 1992).
Seção 3
O sentimento do profissional, a satisfação na execução dos trabalhos desenvolvidos nos espaços educacionais é uma tarefa difícil de mensurar e conceituar, por se tratar de um estado sazonal, podendo transmutar de educador para educador, de situação para situação. Quando se pensa na satisfação do profissional, imaginam-se aspectos socioculturais que funcionam como forças internas e externas ao ambiente de trabalho imediato, como mesmo citou FRASER, em 1983.
Estes fatores externos podem afetar a saúde física e mental do trabalhador, interferindo em seu comportamento profissional e/ou social (LOCKE, 1976). Estes aspectos que são fatores externos contribuem para o desenvolvimento ou para o prejuízo no desempenho das atividades educacionais.
O excesso de trabalho, bem como o desgaste psíquico também ocasionam aspectos negativos, pois o prazer, a satisfação, a frustração e a agressividade são binômios predisponentes ao absenteísmo nas instituições de ensino no estado de Mato Grosso. Essas situações de pressões sociais comprometem o profissional da educação, acarretando estresse psíquico e consequentes afastamentos das atividades laborais por doença.
Um impacto relevante que incide diretamente na produtividade e economia se refere aos acidentes de trabalho que “são evitáveis, sendo que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) ratifica a ocorrência cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho e cerca de dois milhões de mortes por ano em todo o mundo, que, por serem potencialmente evitáveis, expressam negligência e injustiça social.” (SANTANA, 2006)
Segundo LAURELL, (1989), a fadiga crônica é principalmente causada pelas más condições ambientais, os ritmos impostos, as pausas mal distribuídas, as longas jornadas de trabalho e as posições incômodas, resultam em um alto índice de absenteísmo.
O absenteísmo tornou-se um problema sério para os gestores da escola, suas causas estão interligadas a múltiplos fatores, tornando-se complexo e de difícil gerenciamento. É um problema gradual que interfere na sistematização do arcabouço administrativo na instituição de ensino. Torna-se de difícil solução devido a sua complexidade e à complexidade das ações administrativas, que podem, ou não, estar voltadas para que o problema seja evitado.
LIPP (2002) estatui que o estresse, característica que macula os educadores, é um estado geral de tensão fisiológica e mantém relação direta com as demandas do ambiente. O estresse ocupacional constitui experiência extremamente desagradável, associada a sentimentos de hostilidade, tensão, ansiedade, frustração e depressão, desencadeados por estressores localizados no ambiente de trabalho.
É notória a referência do estresse no que se refere ao absenteísmo. Segundo CAPEL (1987), O estresse ocupacional pode ser constatado entre docentes pelos seus problemas de saúde e pela redução na frequência ao trabalho. Fatores psicológicos ligados ao estresse docente incluem ansiedade, depressão, irritabilidade, hostilidade e exaustão emocional.
As causas do absenteísmo enumeradas por CHIAVENATO (1985) são: doenças efetivamente comprovadas; doenças não comprovadas; razões diversas de caráter familiar; atrasos involuntários; e faltas voluntárias por motivos diversos. Afirma o autor, não se deve incluir o acidente de trabalho entre as causas do absenteísmo, quando se pretende comparar os índices de absenteísmo.
Em conformidade com OTERO (1993), percebe-se que a etiologia do absenteísmo é multifatorial, dependendo da sua origem. Sua classificação se consubstancia em fatores dependentes da atividade laboral, perilaborais, do meio extralaboral, patologias sofridas pelo trabalhador, fatores individuais e fatores dependentes do sistema administrativo.
O absenteísmo, absentismo ou ausentismo é uma expressão utilizada para designar a falta do empregado ao trabalho. Isto é, a soma dos períodos em que os empregados de determinada organização se encontram ausentes do trabalho, não sendo a ausência motivada por desemprego, doença prolongada ou licença legal (CHIAVENATO, 1994).
QUICK & LAPERTOSA (1982) aponta que o absenteísmo é dividido em absenteísmo voluntário (ausência no trabalho por razões particulares não justificadas por doença); absenteísmo por doença (inclui todas as ausências por doença ou por procedimento médico, excetuam-se os infortúnios profissionais); absenteísmo por patologia profissional (ausências por acidentes de trabalho ou doença profissional); absenteísmo legal (faltas no serviço amparadas por leis, tais como: gestação, nojo, gala, dação de sangue e serviço militar) e absenteísmo compulsório (impedimento ao trabalho devido a suspensão imposta pelo patrão, por prisão ou outro impedimento que não permita o trabalhador chegar ao local de trabalho).
Para COUTO (1987), o absenteísmo é decorrente de um ou mais fatores causas, tais como, fatores de trabalho, sociais, fatores culturais, de personalidade e de doenças. O referido autor alerta que não parece existir uma relação precisa de causa e efeito, mas sim, um conjunto de variáveis pode levar ao absenteísmo.
Segundo BULHÕES (1998), o absenteísmo pode refletir tanto as condições de saúde do trabalhador, quanto às condições de vida e trabalho, os quais devem ser analisados e prevenidos.
Um aspecto importante a ser considerado é que as causas do absenteísmo nem sempre estão ligadas aos profissionais da educação, mas sim diretamente relacionada à instituição de ensino, enquanto organização e supervisão deficientes, por meio da repetitividade de tarefas, da desmotivação e desestímulo, das condições desfavoráveis de ambiente e de trabalho, da precária integração entre os empregados e a organização e dos impactos psicológicos de uma direção deficiente, que não visa uma política prevencionista e humanista. (ALEXANDRE, 1987; COUTO, 1987; CHIAVENATO, 1994).
No Brasil, há poucos estudos sobre custos de acidentes de trabalho ou do seu impacto sobre a produtividade, uma parte substancial dos custos diretos com acidentes de trabalho recai sobre o Ministério da Previdência Social que, por meio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), tem a missão de garantir o direito à previdência social que se limitam aos custos econômicos e não incluem aqueles decorrentes dos impactos emocionais e familiares, dificilmente mensuráveis. (SANTANA, et. al , 2006)
Todo o percurso matizado pela ausência do educador ou execução de suas funções em consonância com o planejado tem sua relação dicotômica de causa-efeito norteada pelos processos culturais, sociais, ideológicos, econômicos e psicológicos justificados pela enfermidade. Este absenteísmo ocasiona não só custos diretos, mas também indiretos representados pela diminuição da produtividade, aumento do custo da produção, redução da qualidade do produto/serviço, diminuição da eficiência no trabalho em sala de aula e problemas administrativos.
Respeitando a Lei 8.213/91, que protege e define a doença profissional como aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e da Previdência Social, a doença relacionada ao trabalho é entendida como doença adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.
Seção 4
A Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso – SEDUC, considerando os dados oficiais do Censo Escolar da Educação da Educação Básica em 2008- MEC/INEP (Censo Escolar 2007-D.O.U 14-01-2008) contabilizou o total de 2.762 escolas ativas em 141 municípios do estado, que atendem os alunos nas diversas modalidades de ensino nas redes estadual, municipal, federal e privada.
A rede municipal é responsável por 1.765 Estabelecimentos de Ensino, a Educação Infantil é ofertada em 1.094 escolas, sendo 325 escolas na Creche e 769 na modalidade Pré Escola; 1.430 Estabelecimentos ofertam o Ensino Fundamental; 6 escolas oferecem o Ensino Médio; 41 escolas oferecem atendimento na Educação Especial; 246 escolas ofertam a modalidade EJA Presencial e 19 escolas a modalidade EJA Semi Presencial.
A rede estadual mantém 661 Estabelecimentos de Ensino, sendo que 11 escolas ofertam a Educação Infantil em 2 Creches e 9 Pré Escolas; 597 Estabelecimentos ofertam o Ensino Fundamental; 405 Estabelecimentos ofertam a modalidade do Ensino Médio; 72 atendem alunos na Educação Especial; 308 atendem a demanda na modalidade EJA Presencial e 51 a EJA Semi Presencial.
A rede privada corresponde com 333 Estabelecimentos de Ensino, sendo a Educação Infantil ofertada em 126 Creches e 212 Pré Escolas; 200 Estabelecimentos ofertam o Ensino Fundamental; 116 Estabelecimentos ofertam a modalidade do Ensino Médio; 72 Estabelecimentos oferecem Educação Especial; 15 atendem a demanda na modalidade EJA Presencial e 1 escola oferta a EJA Semi Presencial.
A rede federal contribui com 3 Estabelecimentos de Ensino que ofertam a modalidade Ensino Médio e Educação Profissional.
Sintetizando o acima exposto, 1.443 Unidades Escolares recebem as matrículas de 91.454 alunos na Educação Infantil; em 2.227 Unidades Escolares atendem 524.550 alunos no Ensino Fundamental; 530 Unidades Escolares atendem 146.753 alunos na matrícula do Ensino Médio; 185 atendem 6.932 alunos na Educação Especial; 569 Unidades Escolares atendem 86.191 alunos na modalidade EJA Presencial e 71 escolas atendem 5.030 alunos na EJA Semi Presencial; 3 Unidades Escolares atendem 2.227 alunos, sendo 1.536 na Educação Profissional e 1.771 no Ensino Médio.
Ressaltando que uma unidade escolar pode atuar em mais de um nível/modalidade de ensino, e a oferta das matrículas pode se dar em escolas exclusivas ou não exclusivas em uma mesma rede.
Para atender essa demanda de 863.137 matrículas o Estado de Mato Grosso conta com 20.919 Salas de Aula Existentes nas redes estadual, municipal, federal e privada e utiliza 23.654 Salas.
O sistema de ensino público estadual de Mato Grosso é organizado em Ciclos de Formação Humana, em conformidade com o que possibilita a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB, 9.394/96. Esta organização institui os nove anos do ensino fundamental, preconizando a organicidade do processo, garantindo assim início e terminalidade.
Após descrição dos dados apresentados em site oficial da Seduc, pode-se refletir sobre o universo a ser contemplado por programas, projetos e atividades para uma maior qualidade de vida, com vistas ao bem-estar social, sociabilidade, interação social, autoconhecimento e aumento da autoestima. As atividades abaixo serão apresentadas juntamente com a proposta de plano de trabalho e cronograma de atividades, sendo sugestões e passíveis de reorganização e contextualização.
As atividades serão disponibilizadas utilizando materiais:
- Ginástica laboral: bambolês, xadrez, bolas, fitas para dança rítmica, almofadas e lençóis;
- Caminhada: bonés e protetor solar;
- Sala anti-stress: Aparelho de CD, CD e iluminação;
- Brain storm semanal: folhas de papel, caixas de sapato, cartolina e clips;
- Ginástica facial: creme facial;
- Canto-coral e músicas para a alma;
- Autoconhecimento: envelopes, crachás, caneta e folhas de papel;
- Aromaterapia;
- Sentidos e sensações.
Desdobramentos
- Ginástica laboral: bambolês, xadrez, bolas, fitas para dança rítmica, almofadas e lençóis: Atividades disponibilizadas no auditório para o exercício da coordenação motora, interação social e desenvolvimento do raciocínio lógico entre os envolvidos, sendo que não são passíveis de repetição as atividades, devendo existir um rodízio entre as dinâmicas.
- Caminhada: bonés e protetor solar: Atividade de caminhada no entorno da instituição ou órgão, com um procedimento básico de comunicação, sendo que deverá existir comunicação entre as pessoas que se encontram nas ruas: bom dia, boa tarde ou boa noite.
- Sala anti-stress: Aparelho de CD, CD e iluminação: A utilização das diferentes unidades sonoras: som dos pássaros, som de cachoeira, som do vento, som do mar etc.
- Brain storm semanal: folhas de papel, caixas de sapato, cartolina e clips: Um momento de interação social, com uma temática selecionada pelo grupo, no momento do encontro. Cada participante fará da sua caixa o seu universo de criação identitária. Quando o participante se sentir preparado convidará o outro pára visitar seu universo e intercambiar experiências.
- Ginástica facial: creme facial: Exercícios faciais para atividades anti-stress.
- Canto-coral e músicas para a alma: O exercício do canto nos mais diferentes matizes.
- Autoconhecimento: envelopes, crachás, caneta e folhas de papel: Atividades de autoconhecimento com os mais diversos temas para envolvimento dos partícipes, bem como a elaboração de um roteiro pessoal, por meio de uma carta-convite, para que ele supere uma dificuldade por vez.
- Aromaterapia: Os mais diferentes aromas para aguçar por meio de atividade cerebral a identificação e a percepção.
- Sentidos e sensações: O uso de material concreto para por meio das sensações do tato a potencialização dos sentidos humanos.
Plano de Trabalho
1ª etapa: Análise de materiais para atividades afins;
2ª etapa: Detalhamento das atividades a ser oferecidas;
3ª etapa: Identificação dos locais de participação e horários;
4ª etapa: Elaboração de cronograma de atendimento;
5ª etapa: Ofício de conhecimento ao setor e/ou chefia imediata;
6ª etapa: Apresentação de participante para agendamento das atividades;
7ª etapa: Seleção dos prontuários para acompanhamento dos participantes e, posteriormente, anamneses;
8ª etapa: Execução das atividades:
9ª etapa: Registro dos dados coletados sobre as atividades e resultados no bem-estar laboral;
10ª etapa: Discussão sobre os dados registrados;
11ª etapa: Análise dos resultados encontrados e participação de outras etapas das atividades;
12ª etapa: Elaboração da história de vida de cada participante;
13ª etapa: Conclusão das atividades e incursão em novas atividades.
Viabilidade do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho
O estudo da incidência do absenteísmo em professores da rede pública do estado de Mato Grosso tem demonstrado a viabilidade técnica do programa em razão dos seguintes argumentos:
- Interesse pessoal no programa;
- Pesquisas científicas insuficientes sobre o assunto, enfocando professores com as especificidades regionais e atividades desenvolvidas;
- Necessidade de discussão reflexiva e crítica do tema do programa;
- O assunto abordado é de relevante interesse social;
- Interesse da Secretaria de Estado de Educação, SEDUC;
- Possibilidade de publicação de material para generalização do programa;
- Garantia da eficiência do processo pela facilidade de acesso às informações;
- Interesse no estudo dos trabalhadores, beneficiários, administradores e diretores da Instituição de Ensino;
- Os resultados da pesquisa subsidiarão os gestores educacionais na tomada de decisão, possibilitando ferramentas eficazes para a melhoria da qualidade de vida.
ANO
2 0 1 4 |
AÇÕES |
MESES |
|||||||||||
J |
F |
M |
A |
M |
J |
J |
A |
S |
O |
N |
D |
||
Análise de materiais para atividades afins, bem como a leitura da cartilha 5s; |
|
|
|
|
|
|
|
x |
x |
x |
x |
x |
|
Detalhamento das atividades a serem oferecidas; |
|
|
|
|
|
|
|
x |
x |
x |
x |
x |
|
|
Identificação dos locais de participação e horários; |
|
|
|
|
|
|
|
x |
x |
|
|
|
|
Elaboração de cronograma de atendimento; |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
x |
x |
x |
|
Apresentação de participante para agendamento das atividades; |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
x |
x |
x |
2 0 1 5 |
Execução das atividades: |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Análise dos resultados encontrados e participação de outras etapas das atividades; |
|
|
|
|
|
|
|
x |
x |
x |
|
|
|
Elaboração da história de vida de cada participante; |
|
|
|
|
|
|
|
x |
x |
|
|
|
|
Conclusão das atividades e incursão em novas atividades. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
x |
x |
x |
|
Análise individual do participante. |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
Modelo de Cronograma Proposto
5. Conclusão
Neste trabalho, foram apresentados elementos essenciais para a análise da saúde do profissional da educação, nos tempos modernos e as possibilidades de intervenção para melhoria e adaptabilidade, nos espaços de atividades laborais, especificamente, no estado de Mato Grosso. É imprescindível ressaltar a relação da síndrome de burnout com o processo de estresse, desgaste, exaustão, fadiga e esgotamento deste profissional. O arquétipo sugerido pela historicidade possibilita a conexidade com fatores de exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal no trabalho. Percebeu-se com os estudos de Chistina Maslach, Ayala Pines e Cary Cherniss a definição linear de burnout que se expandiu para as mais distintas áreas de abrangência, possibilitando assim análise precisa desta questão de natureza social. Após esta pesquisa, ficou ratificada a necessidade de rever o contexto de atuação dos profissionais da educação e também os planos, programas, atividades, ações e projetos que podem atender os anseios e expectativas destes servidores que sofrem com as influências internas e externas e demonstram dificuldades de autoavaliação, autoaceitação e autoconhecimentro nos mais distintos contextos de atuação.
Referências
ACIOLI, S. A prática educativa como expressão do cuidado em Saúde Pública. In: Rev. Brás. Enferm, Brasília, 2008, jan-fev, 61(1): 117-21.
ARAÚJO, T. M. et al. Saúde e trabalho docente: dando visibilidade aos processos de desgaste e adoecimento docente a partir da construção de uma rede de produção coletiva. Educação em Revista, Belo Horizonte, jul. 2003. 183-312p.
BULHÕES, I. Riscos do trabalho de enfermagem. 2. ed. Rio de Janeiro: Correio Carioca, 1998. 221p.
CAPEL, S.A. The incidence of and influences on stress and burnout in secondary school teachers. British Journal of Educational Psycology, Edinburg, 1987. 279-288p.
CARDOSO, J. P.; ROSA, V. A.; LOPES, C. R. S.; VILELA, A. B. A.; SANTANA, A. S.; SILVA, A. T. Construção de uma práxis educativa em informática na saúde para ensino de graduação. In: Grupo de pesquisa em informática na educação. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Aprovado em 26.06.2007.
CARLOTTO, M.S.; CÂMARA, S.G. Análise fatorial do Marlasch Burnout Inventory (MBI) em uma amostra de professores de instituições particulares. In: Psicologia em estudo, Maringá. V. 9, n. 3. p. 499 – 505, set/dez. 2004.
CARLOTTO, M.S.; PALAZZO, L. S. Síndrome de burnout e fatores associados: um estudo epidemiológico com professores. In: Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22 (5): 1017 – 1026, mai, 2006.
CHIAVENATO, I. Recursos humanos na empresa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1994. v. 2, 139p.________________. Recursos humanos. São Paulo: Atlas, 1985. 377p.
COUTO, H. Stress e Qualidade de Vida do Executivo. Rio de Janeiro: COP;1987.
DEJOURS, Christophe. Psicodinâmica no Trabalho: Contribuição da Escola Dejuriana à Análise da Relação Prazer, Sofrimento e Trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.
DELCOR, N. S.; ARAÚJO, T. M.; REIS, E. J.F. B.; PORTO, A. A.; CARVALHO, F. M. ; SILVA, M. O.; BARBALHO, L.; ANDRADE, A. M. Condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino de Vitória da conquista, Bahia, Brasil. In: Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20 (1): 187 – 196, jan-fev, 2004.
FARIA, et, al. Absenteísmo por transtornos mentais na enfermagem no período de 1995 a 2004. Arq. Ciências Saúde, 2005 jan - mar.
FREUDENBERGER, H.J. Staff burnout. Journal of Social Issues. 159-165p.
FONTANA, R. T. A vigilância sanitária no contexto escolar: um relato de experiência. In: Rev. Brás. Enferm, Brasília, 2008, jan-fev, 61(1): 131-4.
GIL-MONTE, P. R. & PEIRÓ, J. M. Desgaste psíquico en el trabajo: El síndrome de quemarse. Madrid: Síntesis, 1997.
GIL-MONTE, P. R. & PEIRÓ, J. M. Validez factorial del Marlasch Burnout Inventory em uma muestra multiocupacional. Psicothema. 1999. 679-689p.
LAURELL, A.C.; NORIEGA, M. Processo de produção e saúde: trabalho e desgaste operário. São Paulo: Hucitec, 1989.
MENDES, R. Medicina do Trabalho e Doenças Ocupacionais. São Paulo, SAVIER, 1980. p.44.
MORENO-JIMENEZ, B.: GARROSA-HERNANDEZ, E.: GAVEZ, M.: GONZALES, J. L.; BENEVIDES-PEREIRA, A. M. A avaliação de burnout em professores. Comparação de instrumentos: CBP-R E MBI-ED. In: Psicologia em Estudo, Maringá, v. 7, n. 1, p. 11-19, jan/jun. 2002.
PERLMAN, B, & HARTMAN A. E. Burnout: Sumary and future research. Human Relations. 1982. 283-305p.
PITTA, A. Hospital: dor e morte como ofício. São Paulo: Editora Hucitec; 1990.
QUICK, T.C.; LAPERTOSA, J.B. Análise do absenteísmo em Usina Siderúrgica. Rev. Bras. Saúde Ocup., v. 18, n. 69, p. 65-70, 1982.
REIS, E.J.F.B.R.; ARAÚJO, T.M.; CARVALHO, F. M.; BARBALHO, L.; SILVA, M. O. Docência e Exaustão Emocional. In: Educ. Soc., Campinas, vol. 27, n. 94, p. 229-253, jan./abr. 2006.
RODRIGUES, M. T. P.; SOBRINHO, J. A. C. M. Enfermeiro professor: um diálogo com a formação pedagógica. In: Ver. Brás. Enferm. 2006, maio-jun, 59(3); 459-9.
ROSEN G. Da polícia médica à medicina social. Rio de Janeiro: Graal; 1980.
SANTANA, VILMA SOUSA et al . Acidentes de trabalho: custos previdenciários e dias de trabalho perdidos. Rev. Saúde Pública., São Paulo, v. 40, n. 6, 2006.
SILVA, D. M. P. P. da. MARZIALE, M. H. P. Absenteísmo de trabalhadores de enfermagem em um hospital universitário. Rev. Latinoam. Enf., Ribeirão Preto, v. 8, n. 5, p. 44-51, 2000. ISSN 0104-1169.
SOBRINHO, T.G. Controle do absenteísmo. Belo Horizonte, 2002. Disponível em http://tgs.med.br/teach_produtos_6htm acesso em 08 de abril de 2007.
Programa 5s – UFSC - s2i.das.ufsc.br/tikiwiki/tiki-download_file.php?fileId=90
http://www.qualidade.com.br/internas/int1.php?item1=&item2=&item3=&idIntA=28
Cleuber Cristiano de Sousa - Graduado em Letras. Especialista em Língua Portuguesa. Pós-graduando em Saúde Mental. Pós-Graduando em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Mestre em Educação. Doutorando em Ciências da Educação.
Publicado por: Cleuber Cristiano de Sousa
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.