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A Bíblia e a Teologia da Prosperidade

Você sabia que a teologia da prosperidade tem causado grandes transtornos a fé cristã tradicional? Acesse e entenda!

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

INTRODUÇÃO       

Nas últimas décadas a teologia da prosperidade com seus ensinos baseados em “cura, prosperidade, e poder da fé” (Mariano, 2005), tem causado grandes transtornos a fé cristã tradicional. Seu principal divulgador, Kenneth Hagin, baseia seus argumentos em confissões positivas de que, basta crer e declarar que as coisas acontecem. Não demorou muito e a teologia da prosperidade chega ao Brasil por volta dos anos 70 onde encontra divulgadores em igrejas midiáticas que ficam conhecidas como Neopentecostais e faz com que essa nova teologia se expanda por todo pais.  Qual o motivo dessa teologia ter se expandido tanto no Brasil? Por que essa teologia causa transtornos a fé tradicional, seria ela prejudicial a fé cristã? Qual então seria a verdadeira prosperidade para a fé cristã?

A Bíblia e a Teologia da Prosperidade 

Assim como no Estados Unidos a teologia da prosperidade teve Kenneth Hagin como seu principal divulgador, o Brasil também teve seus divulgadores. O missionário R.R. Soares e Edir Macedo são um dos principais divulgadores dessa teologia no Brasil. A teologia da prosperidade ganha espaço no Brasil no meio do pentecostalismo, fundamentado em doutrinas como: batismo com Espírito Santo, dos espirituais incluindo línguas estranhas e profecias, revelações e visões sobrenaturais vindas diretamente de Deus, esta nova teologia acha um terreno fértil para a sua divulgação já que os pentecostais acreditam em novas revelações de Deus através dos dons, das visões e sonhos, a teologia da prosperidade agora diz ter uma nova visão da fé, algo que eles ainda não tinham percebido, fazendo um novo pentecostalismo ou seja, igrejas neopentecostais. Estas igrejas agora adeptas a teologia da prosperidade traz uma nova ênfase no meio pentecostal que é a cura de enfermidades, a expulsão de demônios, a vida sem sofrimento, a confissão positiva e sua maior arma, a prosperidade financeira alegando que Jesus morreu na cruz para também nos fazer prósperos, como se fosse algum “gênio da lâmpada” que é só esfregar, fazer o pedido e ele será realizado.

Não é de se admirar que a teologia da prosperidade cresceu tanto no Brasil. Ela vai na raiz dos maiores problemas da população brasileira (em sua maior parte é formada por pessoas de classe baixa), que é a saúde e a pobreza. Suas doutrinas arregimentadas em promessas de milagres, curas e crescimento financeiro, uma vida sem sofrimento faz com que atraia multidões em seus templos em busca de resoluções para seus problemas. E para resolver tais problemas é necessário que os fiéis ofertem seu dinheiro, dê o seu dizimo para que Deus os abençoe solucionando suas crises financeiras ou curando suas enfermidades ou até mesmo libertando do alcoolismo e drogas. Segundo os propagadores desta teologia, as pessoas precisam acreditar que Deus tem por obrigação abençoa-los e que eles precisam determinar, exigir estas bênçãos já que eles estão dizimando e ofertando. Se os fiéis dizimam Deus vai fazer com que eles prosperem. O problema é que só os líderes de tais igrejas que prosperam.

A teologia da prosperidade baseia sua doutrina em confissões positivas e é usando a fé com essas confissões que o fiel alcança a “benção”, afinal, “o cristão tem poder”. Mariano (2005), resume bem: “os cristãos em vez de implorar, devem decretar, determinar, exigir, reivindicar, em nome de Jesus [...]”. Estes tipos de afirmações são alvos de muitas críticas dos cristãos tradicionais já que ela tira a soberania de Deus, reduzindo-o a um servo. “Os teólogos da prosperidade se defendem alegando que não determina as ações de Deus, mas sim que ordenam ou exerce autoridade sobre o diabo em nome de Jesus [...]”. (Mariano, 2005). Outro transtorno causado por estas afirmações são que, os cristãos de teologia tradicional são vistos como pessoas sem fé, pessoas que não conseguiram compreender as promessas de Deus para elas, e isso faz com que muitos tradicionais se rendem aos ensinos da teologia da prosperidade. Alderi Souza (2008) diz que: “Líderes e fiéis sentem que, para manter o interesse pelas coisas de Deus, é preciso que de tempos em tempos surja um ensino novo, uma nova ênfase ou experiência”. A busca por coisas novas tem se alastrado no meio das igrejas fazendo com que muitos saiam de suas igrejas e vão para igrejas neopentecostais que oferece uma nova experiência, um novo modo de olhar a fé. Outro grave problema causado por essa teologia são as frustrações que muitos sofrem por não ter as promessas cumpridas. Pessoas deixam de pagar uma conta, um aluguel, para ofertarem, crendo que Deus vai multiplicar esse dinheiro, o problema é, se essa promessa feita pelos teólogos desta prosperidade não se realiza, agora surge as dívidas ao invés de recompensas dobradas. Pessoas acabam ficando frustradas com Deus como se ele não foi capaz de cumprir a promessa, não enxergando que Deus não cumpriu por que não prometeu.

Como Deus vai cumprir algo que não promete? Contrastando com essa teologia, a bíblia deixa claro quais são as promessas de Deus para o ser humano. O evangelista João escreve: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, ninguém as arrebatará da minha mão”. (10.28). Deixando claro que a promessa contida na bíblia para o ser humano é de salvação. Contrastando com as promessas feitas pela teologia da prosperidade de uma vida sem sofrimento, João escreve: “[...] No mundo, passais aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. (16.33). João mostra que, assim como Cristo passou por sofrimentos, os cristãos também passarão. Assim também, Pedro na sua primeira carta escreve: “mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes glorifique a Deus com esse nome” (4: 16). Ficando claro que a Bíblia honra o sofrimento desde que seja em prol do evangelho. Sobre a busca pela riqueza, Paulo escreve na primeira carta a Timóteo (6:3-10):

Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade, é orgulhoso e nada entende. Esse tal mostra um interesse doentio por controvérsias e contendas acerca de palavras, que resultam em inveja, brigas, difamações, suspeitas malignas
e atritos constantes entre pessoas que têm a mente corrompida e que são privados da verdade, os quais pensam que a piedade é fonte de lucro. De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro, pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar; por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos. (Em: <https://www.bibliaonline.com.br/nvi/1tm/6>. Acesso em 27 fevereiro 2016).

A passagem bíblica condena aqueles que usam da fé para adquirir riquezas, mostra que os que tais atos praticam caem em tentações, ciladas que os levam para todo tipo de males e ainda ressalta a importância de contentarmos com as necessidades básicas como comer, beber e vestir. Ficando claro que a teologia da prosperidade não é bíblica. É enganosa, mentirosa, que se opõe ao verdadeiro evangelho de Cristo e que deve ser rejeitada.

A prosperidade bíblica está relacionada com o reino de Deus. Em Mateus está escrito: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas coisas vos serão acrescentadas”. (6.33). Neste contexto Jesus está ensinando para seus discípulos sobre a preocupação com as necessidades diárias como o comer, beber e vestir. Ensina-os que, eles não deveriam ficar ansiosos, inquietos com tais coisas, pois, Deus sabe que eles precisam e que hão de sustenta-los nestas necessidades básicas se eles derem em primeiro lugar em sua vida as coisas do reino de Deus, estas que estão relacionadas com a salvação, o amor, a paz, a justiça, a união. Sendo assim, a verdadeira prosperidade não reflete o quanto as pessoas têm em bens, dinheiro, e sim o quanto elas têm de Deus em suas vidas. Sobre este texto Macarthur (2010) diz: “é uma referência a esfera da salvação. Ele insistia que buscassem a salvação - e com ela viria o pleno cuidado e a provisão de Deus”. Tasker (2011) comenta o mesmo texto dizendo:

Jesus, pois, manda que os seus discípulos tenham fé em que, se este for o objetivo primário deles, as suas outras solicitações necessárias serão satisfeitas. Em outras palavras, se eles orarem primeiro, venha o teu reino, o seu pão de cada dia será providenciado. 

Nota-se pelo comentário que Jesus nunca prometeu riquezas, e sim uma provisão das necessidades básicas.

Pode-se concluir que, a teologia da prosperidade está muito longe de ser bíblica, está longe de ser saudável a fé cristã. Portanto, ela deve ser rejeitada de todas as maneiras possíveis. Por isso, a recomendação de Paulo aos gálatas (1. 6 – 9) se faz tão atual e necessária contra a teologia da prosperidade:

Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado! (Em: . Acesso em 27 fevereiro 2016).

REFERÊNCIAS

MARIANO, Ricardo. Pentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Loyola, 2005, p. 147 – 186.

MATOS, Alderi Souza de. Raízes Históricas da Teologia da Prosperidade. Disponível em: . Acesso em 27 fevereiro 2016.

Bíblia de estudo Macarthur. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 2010, p. 1218. Nota de rodapé.

TASKER, R. V. G. Mateus: Introdução e Comentário: Serie Cultura Bíblica. São Paulo. Vida Nova, 2011. 


Publicado por: Glauber Sousa Silva

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