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Vamos falar de Bonecas

O padrão estabelecido das bonecas é similar ao padrão da moda.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Barbie e Bob

O padrão estabelecido das bonecas é similar ao padrão da moda. A grande procura por bonecas estilo "barbie" é devido principalmente a aparência física do objeto ser parecido com os personagens das estórias infantis de princesas e conto de fadas. Cabe lembrar que o mercado brasileiro possui um gama enorme de brinquedos de personificação com vários aspectos: cores variadas e composição do corpo diferente. O que determina a venda excessiva é a demanda por influência principalmente dos desenhos animados.

O problema não está no formato do objeto e sim nos valores que são passados para as crianças que são extraídos no dia a dia e incorporados no inconsciente delas. Assim, a identificação da criança com o brinquedo deve ser seguida pela orientação de seus tutores que devem trabalhar os valores que ela precisa assimilar ao manipular o objeto em questão.

O que determina esta predileção por bonecas claras e loiras é o fato principal da globalização, onde importamos estórias infantis de países que apresentam tais características (processo de aculturação). Os desenhos são carregados de valores positivos, como: bondade, amor, compaixão, perdão e outros... sendo a porta de entrada pelo qual as crianças se identificam com seus personagens. E acabam por tornar objetos de desejo, pois eles trazem aquilo que as crianças mais querem para suas vidas que é ser compreendida, atenção, carinho e amor.

O querer ser igual ao personagem não significa uma identificação com a "cutis" ou a cor dos olhos. A menos que a criança seja mal orientada em seu meio social. Psicologicamente é interessante ter um esteriótipo inverso ao biotipo social, pois gerará um questionamento no indivíduo, tornando-o um ser pensante e mais apto a fazer escolhas.

"A quem interessa a imposição de determinados padrões tanto estéticos quanto comportamentais que os brinquedos (bonecas) com perfil adverso ao da sociedade representam?

Ou melhor, que interesses esses brinquedos representam?"

O início do século XX foi marcado por profundas transformações na sociedade no eixo norte principalmente com a invenção da televisão (O primeiro serviço analógico foi a WGY em Schenectady, Nova Iorque, inaugurado em 11 de maio de 1928. - fonte Wikipédia). Bom para a integração de massas e ruim para a integração entre os povos que passaram além de importar a tecnologia, a consumir os produtos culturais de tais mercados.

No princípio da nova forma de entretenimento os indivíduos adotaram a forma de transmissão e os padrões estéticos dos formadores de opinião. Criou-se um processo de identificação com o modus de pensar principalmente americano e europeu. A cadeia de valores foi absorvida por várias gerações. O governo brasileiro, sobretudo o da era militar procurou restringir a influência televisiva estrangeira, mas acabou por exorbitar o controle quando utilizou métodos de censura e perseguições em vez de buscar alertar a população dos processos avançados de aculturação principalmente norte-americana.

O que era "inocente" tornou-se uma poderosa ferramenta de informação, domínio e poder. Centro de distribuições de ideias como a  Walt Disney World foi incorporando nas crianças uma cultura de linguagem "universal" numa só direção, onde o "bem" se contrapunha com o "mal" que deveria ser combatido. A linguagem cromática, o "belo" representado pelos longos vestidos, a simplicidade, os olhos claros e a cutis branca (estes últimos por representar um padrão físico dos países mandatários de informações - por acaso, e não por conspiração provocou uma notória inversão de referências nos indivíduos em suas escalas de valores) foram a herança transmitida para a ingenuidade das massas que adotaram os esteriótipos da verdade universal como se fossem representativos de todas as máximas em várias sociedades do globo.

Então o inconsciente das pessoas, destas gerações, primeiras, em relação a nova tecnologia (Televisão), ficou gerido por um dínamo que atraía multidões ao convívio social de seus idealizadores, criando levas e mais levas de turistas aos seus parques temáticos, a buscar na vida do "primeiro mundo" um mundo "melhor" que desta forma pudesse representar seus desejos e seus anseios junto com aqueles conceitos dos idealizadores da perfeição humana como se pudessem apartar  do "mal" inserido em sociedades sucateadas pela falta de uma vida descente e digna conforme a projeção de seus tutores "nórdicos".

Na década de 90 surgiu uma forte corrente no meio psicológico brasileiro que tardiamente, mas não perdido, orientou os profissionais de TV a equilibrarem os anos de insistente aculturação pela busca de formas mais democráticas de inserção de elementos da cultura afro-descendente, indígena, mestiça e padrões não encontrados nas culturas norte-americanas ou europeias, como jornalistas, que são focos de mídia representante de segmentos da sociedade que até então eram colocados à parte como âncoras e formadores de opinião.

Os brinquedos seguiram como consequência a lógica do mercado, afinal vivemos num meio capitalista onde o padrão de consumo sempre trás a maioria dos indivíduos de uma sociedade. Para o meio empresarial o lucro é uma oportunidade ancorada a informação, a satisfação de um desejo reprimido e um grupo irrestrito de indivíduos canalizados na mesma direção. É notório observar que quando "pensadores" começaram a se libertar do padrão internacional e este número de "consumidores" gerou uma demanda reprimida alguns empresários despertaram o feeling porque se formava a partir daí um novo segmento que atraiu principalmente pequenos empreendimentos.

Repito, o mal não está no objeto e sim na forma que lhe damos nas representações correlatas que fazemos a partir dele relativas principalmente a vínculos de autoestima. Cabe a cada indivíduo consciente de sua utilidade e utilização alertar aqueles sob sua responsabilidade para que tenham senso crítico fazendo valer os valores da diversidade humana em cada lar, ou seja, dentro de cada corpo, alma e espírito humano; independente da cultura que represente.

"Ainda falando sobre bonecas,..."

A marca registrada de um produto está nitidamente determinada pelo seu passado, no sentido que o sucesso de um objeto cria elos mentais nos consumidores que os fazem distinguir esse de um concorrente. Então a mudança de uma nova mentalidade onde a pluralidade ou diversidade étnica deva prevalecer para que a imagem da empresa não seja afetada pela mudança de paradigma é acompanhada por uma lenta transformação de identidade nos objetos comercializados, onde alguns elementos estéticos permanecem sobre os produtos de forma que nosso inconsciente os identificará, pelo hábito, com o fabricante.

Entende-se como senso comum aspectos em que a maioria da sociedade adotam como uma caracterização universal ou que sobrepõe as demais - uma espécie de modismo conceitual. Os brinquedos módicos expressam a normalidade na cadeia moral (no sentido de costume). Por outro lado, quando a normalidade que eles representam não é a mesma referência física ou mental da sociedade, o obstáculo para a migração dos valores reais encontra barreiras onde tais referências cognitivas podem gerar pré valores, cuja tendência do indivíduo que ainda não atingiu a fase de maturação é criar barreiras que o afastem da sua realidade em sociedade e tais processos são denominamos instintivamente, e por processos de controle egóico, por "preconceito".

Assim, é de suma importância que o desenvolvimento pedagógico venha junto com o avanço das percepções e estímulos provocados pelos objetos. Não cabe aqui a visão "retrógrada" que devemos mudar nosso padrão de referência por anteposição a uma ideia universal diferenciada da realidade social, mas sim de buscar uma prática sistêmica de interpretação da realidade bem cedo na criança visando criar diferenciais que a permitam elaborar suas próprias predileções. Devemos evitar a ditadura da identidade da herança colonial, como também a ditadura da imposição de nossa própria herança cultural.

 

Recordando os elementos da psiquê:

 

A psiquê humana é formada por três elementos básicos: id, ego e superego.

O id é a grosso modo a manifestação dos instintos, emoções e desejos. Ele por si só não tem limites e quando um elemento da psiquê aflora tende a seguir a intensidade na direção que ele foi canalizado.

O ego é a solução para frear o Id. É composto por um conjunto de neurônios que estabelecem critérios de parada à manifestação de uma emoção.

O superego é uma estrutura de controle mais densa, onde é possível o estabelecimento ou amarramento de comandos na forma de valoração e noção de julgamento de ideias e fenômenos diversos.

Entenda melhor acessando depois da leitura abaixo a Figura ao final do artigo!

O preconceito surgirá na cabeça da criança ao manipular um objeto com características distintas da sua conforme dito anteriormente, da contraposição entre dois agrupamentos de pensamentos ativos na memória que representem sentidos contrários na escala de valor. O choque "cultural" entre a realidade e a idealização levará a formação de um novo grupo de conceitos que irão refutar ou absorver a contrariedade lógica na coexistência entre os dois pensamentos. Quando o indivíduo refuta um dos dois grupos neurais, em detrimento do outro, ele cria uma estrutura propícia para o surgimento de um preconceito. A evidência desta criação é o fato do indivíduo estar no campo da subjetividade, sem vivência que o torne consciente de suas escolhas ou quanto existente não é devidamente fundamentada com a realidade/noções de causa e efeito, mas condiciona a elementos abstratos do inconsciente, crenças e falsas correlações. Ao contrário, ao absorver os dois pensamentos fundindo numa visão mais globalizada elementos distintos, pedagogicamente, o indivíduo estará analisando aspectos disjuntos e os organizando na mente de forma a não estabelecer conflitos, embora ainda possa fazer escolhas, pelo processo de preferência entre um ou seu adverso.

O primeiro capítulo para a criação de um preconceito é fazer manisfestar o emocional através do Id que levará a taxas crescentes ou decrescentes, conforme o estímulo, de um parâmetro (sentimento) que buscará no inconsciente para o consciente núcleos de ideias que se converteram em pensamentos. Dois ou mais pensamentos distintos ativados pelo Id estabelecem uma amplitude que provocará na mente do indivíduo uma ruptura lógica despertando o rol de neurônios para a inibição ou excitação sináptica desencadeando assim, a formação de um novo conceito pela ativação do ego - responsável pelo processo de equilíbrio entre os parâmetros. Em última instância, o superego adequará em sua biblioteca sensorial o novo agrupamento neural formado dando valoração, elementos de controle, limites e padrões de manifestação. O que estiver dentro do estabelecido pela sociedade e neuralmente válido para este indivíduo será dido moral, o que estiver à margem do que é estabelecido será concebido como amoral e por fim, será imoral tudo o que ultrapassar a lógica do superego na definição da intensidade do pensamento/parâmetro pelo ego.

A formação de conceitos derivativos e do preconceito assumem os mesmos moldes acima descritos. O que os diferenciam são a racionalidade, lógica argumentativa e a experimentação/vivência para se chegar a determinadas conclusões. Pode se dizer que o preconceito é irracional por não ser fundamentado por princípios universais validados pelos 3 fundamentos acima descritos. Já os conceitos derivativos, por sua natureza, são fusões inteligentes do aperfeiçoamento da acumulação do conhecimento por meios reais na incorporação de elementos mais complexos à psique humana.


Publicado por: MAX DINIZ CRUZEIRO

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