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Transtornos Mentais em Entregadores de Aplicativo no Brasil

Breve estudo sobre os transtornos mentais dos entregadores de aplicativo e outras formas de comércio no Brasil.

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Resumo

O presente artigo visa elucidar os transtornos mentais dos entregadores de aplicativo e outras formas de comércio no Brasil, em que o empregador é oprimido, desrespeitado e desamparado em diversas camadas da sociedade, sofrendo física e psicologicamente durante o ócio, contribuindo para seu sofrimento.

Introdução

O estudo desenvolvido tem por finalidade elucidar alguns dos transtornos que os entregadores motoboys, esses indivíduos que trabalham entregando mercadorias ou alimentos, sofrem no dia a dia. O quanto esses transtornos estão associados à segurança pública, área trabalhista e bem-estar, entre outras, que corroboram para uma péssima qualidade de vida desse indivíduo e também uma péssima qualidade de vida para suas famílias. O quanto esses transtornos influenciam para sofrimentos psíquicos foi abordado utilizando diversos artigos, como também dados estatísticos de pesquisas acerca da saúde, do funcionamento do dia a dia e dos percalços sofridos por esses indivíduos no ócio dessa profissão.

Desenvolvimento

A saúde mental dos entregadores de comida, especialmente aqueles que trabalham por meio de plataformas digitais como iFood, tem sido severamente afetada pelas condições precárias de trabalho, conforme evidenciado nos artigos averiguados. A urbanização, ou seja, o trabalho por aplicativos, e a precarização do trabalho são os principais fatores que contribuem para o sofrimento psicológico desses entregadores.

Condiciones de trabalho e impactos na saúde mental:

Jornadas exaustivas: Os entregadores frequentemente trabalham longas horas, muitas vezes sem pausas adequadas para descanso, alimentação ou hidratação. A necessidade de estar sempre disponível para corridas, inclusive durante a madrugada, leva à privação de sono e ao esgotamento físico e mental. A falta de horários fixos e a pressão por cumprir prazos apertados contribuem para uma rotina desgastante e insustentável.

Insegurança: A falta de regras claras das plataformas digitais e o medo de penalidades, como bloqueios ou redução de corridas, geram ansiedade e estresse constante. Muitos entregadores relatam sentir-se sob pressão para atender a demandas imprevistas para manter uma alta produtividade. A incerteza sobre a renda diária e a competição por corridas exacerbam esse sentimento.

Isolamento e invisibilidade: Os entregadores frequentemente se sentem invisíveis para a sociedade e para as plataformas digitais. Eles relatam falta de reconhecimento e apoio, o que contribui para sentimentos de solidão e desvalorização. A sensação de que ninguém se importa com seu bem-estar ou com as condições em que trabalham pode levar a um profundo desamparo.

Impactos específicos na saúde mental

Estresse e ansiedade: A constante necessidade de cumprir prazos apertados, a competição por corridas e a incerteza sobre a renda diária geram um alto nível de estresse e ansiedade. Muitos entregadores relatam sentir-se constantemente sobrecarregados, o que pode levar a transtornos de ansiedade generalizada. A ansiedade é agravada pela falta de segurança no trabalho e pela exposição a riscos como acidentes de trânsito.

Depressão: As condições precárias de trabalho, a falta de direitos trabalhistas e a sensação de desamparo podem contribuir para o desenvolvimento de depressão. A ausência de suporte psicológico e a dificuldade em acessar serviços de saúde agravam essa situação. Muitos entregadores relatam sentir-se sobrecarregados e desesperançosos em relação ao futuro, o que pode levar a quadros graves de transtornos.

Sofrimento psíquico: A combinação de longas jornadas de trabalho, baixa remuneração, falta de segurança durante o serviço e exposição a riscos como acidentes de trânsito leva a sofrimento psíquico significativo.

Fatores agravantes

Pandemia: Durante a pandemia, os entregadores enfrentaram não apenas os riscos de contágio, mas também a insegurança financeira e a falta de proteção social, o que agravou ainda mais os transtornos mentais.

Plataformas digitais: O uso de gamificação nas plataformas digitais, como bonificação para incentivar os entregadores a trabalhar mais, cria uma dinâmica de alta exploração, onde os trabalhadores precisam superar desafios físicos e mentais para alcançar metas. Isso pode levar a um ciclo vicioso de sobrecarga e esgotamento.

Consequências e a necessidade de ações

Impactos na qualidade de vida: Apesar das condições precárias, muitos entregadores percebem sua qualidade de vida como positiva devido à possibilidade de trabalhar e gerar uma fonte de renda. Contudo, essa percepção muitas vezes mascara o impacto significativo na saúde mental e física dos profissionais. A sensação de ter uma ocupação pode ser enganosa, pois as condições de trabalho são extremamente desgastantes e prejudiciais à saúde.

Políticas públicas: O estudo destaca a urgência de políticas públicas que garantam direitos trabalhistas e protejam a saúde dos entregadores, com a regulamentação do trabalho por aplicativos, a criação de uma rede de apoio psicológico e a promoção de condições de trabalho mais seguras. A implementação de políticas que garantam acesso a serviços de saúde, segurança no trabalho e direitos básicos é essencial para melhorar a qualidade de vida desses profissionais.

Relacionamento com empregadores

A maioria dos entregadores são autônomos, porém entregam mercadorias de determinados comércios populares, como restaurantes, farmácias, padarias e lojas de todo tipo. A falta de responsabilidades por parte do comerciante é um dos fatores que agravam os transtornos dos entregadores, uma vez que o empregador não se responsabiliza por infortúnios, como acidentes ou agressões sofridas durante o trabalho.

Violência

Assaltos e agressões: Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP, 2023), ocorre um assalto a cada 15 minutos, e 37% dos entregadores sofreram agressões físicas. O aumento de 140% em roubos de motos também tem sido um fator preocupante. Isso coloca os entregadores em uma situação de extrema vulnerabilidade.

Salários baixos e sofrimento mental

A renda média dos entregadores é de R$ 1.450/mês (UNICAMP, 2024), o que é insuficiente para cobrir suas necessidades básicas. Segundo a pesquisa da USP/FIOCRUZ (2024), 82% dos entregadores não conseguem pagar contas básicas e 76% trabalham mesmo doentes. A baixa remuneração aliada aos desafios e preconceitos sofridos no dia a dia contribui significativamente para o desenvolvimento de transtornos mentais.

Considerações Finais

Conforme os dados apresentados no artigo, podemos notar que os entregadores de aplicativo estão expostos a diversos fatores que impactam diretamente sua saúde mental e física.

O sofrimento psíquico decorrente da rotina exaustiva, da insegurança, da falta de direitos e da invisibilidade social coloca esses trabalhadores em uma situação de extrema vulnerabilidade. A sociedade e as plataformas digitais devem tomar medidas para minimizar esses impactos, garantindo melhores condições de trabalho e acesso a suporte psicológico.

A precarização do trabalho dos entregadores não pode ser ignorada, pois afeta não apenas os indivíduos que exercem essa atividade, mas também suas famílias e a dinâmica urbana. Políticas públicas, regulamentação do trabalho e assistência à saúde mental são medidas essenciais para combater os transtornos mentais que assolam essa categoria profissional.

Referências

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Rio de Janeiro: IBGE, 2023.

DIEESE. Condições de Trabalho dos Entregadores por Aplicativo. São Paulo: DIEESE, 2023.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário da Violência 2023. São Paulo: FBSP, 2023.

UNICAMP. Estudo sobre Renda e Condições de Trabalho. Campinas: UNICAMP, 2024.

USP; FIOCRUZ. Saúde Mental dos Entregadores Urbanos. São Paulo: USP, 2024.


Publicado por: André Pereira da silva

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.