Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp

PSICOLOGIA DA TECELAGEM (ou Psicologia Reconstrutiva)

Breve apresentação sobre o conceito de Psicologia da Tecelagem (ou Psicologia Reconstrutiva) e suas práticas.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

PSICOLOGIA DA TECELAGEM (ou Psicologia Reconstrutiva)

Autor: Edson Carlos de Sena*

A Psicologia da Tecelagem é uma nova abordagem no campo dos estudos psicológicos e das teorias psicológicas (e filosófico) que entende o homem como um ser que está em constante estado de construção e de produção, pois o ser humano vive em uma dinâmica de contínuos movimentos interiores (psíquicos) e externos (físicos).

Para a Psicologia da Tecelagem, o homem é visto como produtor consciente e inconsciente de conteúdos psíquicos, pois ele produz esses conteúdos voluntariamente e involuntariamente. Visto por um outro prisma semelhante, o homem constrói e é construído, pois ele leva conteúdos de modo consciente e voluntário a sua vida psicológica, como também inconscientemente e involuntariamente conteúdos são lançados em sua vida psíquica ou são produzidos pela própria dinâmica independente psíquica, ou seja, pela dinâmica psíquica que não depende da vontade humana.

O termo Tecelagem (de Psicologia da Tecelagem) indica um processo, assim como a tecelagem é: a construção (ou produção) do tecido. O tecer é uma ação que propõe união e continuidade. A Psicologia da Tecelagem enxerga a vida humana como esse contínuo tecer.

A Psicologia da Tecelagem tem como instrumento principal de tratamento a palavra, ou seja, o texto falado ou em outras modalidades de expressões dos sujeitos, como expressões faciais e corporais.

O tratamento clínico com essa abordagem propõe análises e ajustes desse processo de tecelagem que vive o ser humano, ou seja, o processo de construção e produção psíquica.

Na Psicologia da Tecelagem, as produções de textos falados são entendidas como parte muito importante de tecelagem (de construção e de produção), por isso, todas as palavras ditas e suas entonações são muito importantes.

Na Psicologia da Tecelagem, as perguntas norteadoras que o terapeuta deve se fazer constantemente são: O que o indivíduo está dizendo? e/ou O que o indivíduo está querendo dizer? Perguntas diretas e indiretas podem serem feitas para descobrir a resposta dessas perguntas norteadoras. O objetivo dessa investigação através das perguntas norteadoras é descobrir os pontos de estagnação na vida dos sujeitos, pontos esses que estão no campo emocional e afetivo. Mais à frente, falaremos sobre as perguntas mestras, estas são perguntas usadas nas novas situações que vão surgindo.

A Psicologia da Tecelagem entende o homem como um ser que está em constante estado de mudanças, mesmo que suas atitudes pareçam serem as mesmas. Mas pode existir pontos, espaços na vida psíquica, que necessitam serem trabalhadas, pois encontram-se em estado de estagnação, como apontava Freud, S. (1905) nos pontos de fixação do desenvolvimento psicossexual, porém para a Psicologia da Tecelagem esses pontos de estagnação podem ocorrer em todas as fases da vida, desde o útero materno até o último instante de vida. Esses pontos de estagnação são sinalizados com os sintomas aparentes e os não aparentes, estes últimos são identificados pela fala do sujeito, ou seja, os textos falados.

A Psicologia da Tecelagem trabalha com um olhar atento as subjetividades dos sujeitos, as entre linhas do texto, mas trabalha também com a objetividade, dando a esta um grande valor, pois tudo é construção e produção.

No campo investigativo da Psicologia da Tecelagem, o modo como o sujeito se vê no passado é de muita importância, mas o modo como o sujeito se vê no presente é ainda mais importante, pois é o olhar do sujeito do presente que poderá transformar (ressignificar) o sujeito do passado. A projeção do olhar para o futuro também é muito importante, pois diz muito sobre quem é o sujeito do presente.

As perguntas: Quem é você? Quem foi você? E Quem será você? São as perguntas mestras. Diante cada nova situação, sendo que cada encontro entre terapeuta e paciente é uma nova situação, o sujeito é convidado a responder essas perguntas. O objetivo é equilibrar o seu eu interior, humanizando o sujeito. Quanto mais humano for o eu interior do indivíduo, mais ele será equilibrado psiquicamente falando.

As Sessões de Terapia

As sessões de terapia deverão ser iniciadas após os encontros dedicados à (às) entrevista(s) e à anamnese. Lembrando que estes encontros iniciais devem ser feitos com muita escuta das queixas e dos relatos do (a) paciente. Ele (a) deve se expressar livremente. O terapeuta deve fazer somente as anotações necessárias. Este deve se mostrar muito atento ao que o (a) paciente diz.

Após conhecer um pouco sobre o (a) paciente e suas queixas, inicia-se as sessões de terapia.

Passos:

  1. Cumprimenta-se o (a) paciente.
  2. Pergunta-se como foi o último encontro (isso a partir do segundo encontro de sessão de terapia). Pergunta-se também sobre as metas estabelecidas nos encontros anteriores.
  3. Pergunta como ele (a) está.
  4. Escuta-se o (a) paciente com atenção as suas palavras, gestos, feições. As perguntas norteadoras devem estarem na mente do terapeuta neste momento e, se necessário, o terapeuta poderá fazer pequenas de intervenções com objetivo de obter as respostas.
  5. Depois de 15 a 25 minutos de escuta, faz-se as perguntas mestras. As perguntas norteadoras devem continuar na mente do terapeuta e também podem ser feitas perguntas com objetivo de respondê-las.
  6. Escuta-se as respostas.
  7. Dá-se as devolutivas das observações feitas do que o (a) paciente disse, em um tom de diálogo e acolhimento.
  8. Faz-se, junto com o (a) paciente, para finalizar a sessão, um resumo da sessão daquele dia e, em seguida, são propostas metas.

É necessário a atenção do terapeuta para a utilização de uma linguagem que seja acessível para o paciente, isso para evitar falhas na comunicação.

É importante identificar os pontos de estagnação na vida do paciente e trabalhá-los com objetivo de resolução do conflito, mas nem sempre isso se resolve em uma sessão ou em poucas sessões, mas pode durar mais tempo. Mas temos que ter o tempo como um instrumento que está a nosso favor e temos que dizer isso para o paciente, para que a ansiedade não venha a atrapalhar o tratamento. Os momentos de devolutiva da sessão são um ótimo espaço para falar sobre esses pontos, mas sem a presunção de resolver tudo de uma vez, como um toque de mágica, pois, muitas vezes, a devolutiva deve ser também o momento em que se conduz o (a) paciente a um insight. E o tempo para que esse insight aconteça dependerá do (a) paciente, além da criatividade do terapeuta.

Também é importante esclarecer para o paciente que sua colaboração ativa é muito importante para o sucesso da terapia.  

O terapeuta deve sempre demonstrar segurança e empatia, para conquistar a confiança do (a) paciente. Mas não deve esquecer que sua missão é de ajudar o (a) paciente e não se tornar um codependente da dificuldade do (a) paciente.

Referências Bibliográficas

Freud, S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (Drei Abhandlungen zur Sexualtheorie). In: Obras completas de Sigmund Freud, Volume VII. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1996.

SENA, Edson Carlos de. Psicologia da tecelagem. Disponível em: https://psicologia-da-tecelagem.yolasite.com. Acesso em: 21 nov. 2024.

*Edson Carlos de Sena – Psicanalista (mestre em psicanálise), pedagogo (pela UNEB – Universidade do Estado da Bahia, psicopedagogo, graduado em Letras (pela FAM), foi aluno do curso de Filosofia da Faculdade Católica de Fortaleza. É escritor e investigador do campo psicanalítico.


Publicado por: Edson Carlos de Sena

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.