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Por que História Social da Psicologia?

Por que estudar a história da Psicologia?

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Para responder a pergunta “Porque história social da Psicologia?”, vamos recorrer ao primeiro capítulo do livro “História Social da Psicologia” organizado Francisco Portugal, Cristiana Facchinetti e Alexandre Castro. Também utilizaremos o artigo “História das Psicoterapias e da Psicanálise no Brasil: o caso do Rio de Janeiro”, escrito por Cristiana Facchinetti. 

No primeiro capítulo do livro “História Social da Psicologia”, os autores começam falando sobre os cursos de Psicologia e sobre como em muitos casos o professores costumam ensinar as teorias psicológicas de uma forma sistematizada, organizada didaticamente de acordo com a importância. Os autores citam também que é menos corriqueiro uma organização que privilegia a cronologia dos eventos, pois os teóricos constroem seus argumentos em idas e vindas, muitas vezes ambíguas e contraditórias, representando pouca clareza didática e segundo o pensamento de muitos professores é perda de tempo esclarecer ideias que Freud, por exemplo, abandonou depois.  

Logo os autores concluem que as aulas que privilegiam a sistematização do saber psicológico têm mais frequência que as da análise da construção social do conhecimento, deixando de lado as questões de História da Psicologia. Por essa razão os estudantes de Psicologia cursam essa disciplina de forma reticente, pensando ser uma tarefa maçante de decorar nomes, datas e acontecimentos e se perguntando o porque devemos estudar História.  

De acordo com os escritores “estudar a história é como visitar um museu”. Isso porque muitos alunos se comportam como se estivessem em um museu clássico, indo de galeria em galeria observando, sem se questionarem a forma que as coisas foram arrumadas. Museus tradicionais apresentam uma história dos grandes nomes, em psicologia por exemplo os filósofos gregos e Descartes. Não há espaço para brasileiros nos papéis de destaque, só de meros visitantes que observam de longe. Os autores também fazem uma divertida comparação com o filme “Uma noite no Museu”, onde os personagens do museu ganham vida durante a noite e interagem entre si criando novos arranjos. Essa comparação serve para mostrar que é sem sentido olhar para a história da forma erudita e tradicional.  

Descobrir a verdadeira Psicologia revelaria o modo mais correto e eficiente do fazer profissional. Isso seria traçar uma História Social Crítica, que questiona as ideias já concebidas. 

Trabalhar por uma História Social da Psicologia é uma tarefa que não tem fim, de acordo com os autores, porque não existe uma única verdade histórica, que desse conta de fechar essa questão. Mas as Histórias da Psicologia permitem uma maior compreensão de uma época, seus temas e suas problematizações. Cada época estudada pela História da Psicologia é diferente. 

Em contrapartida o artigo ”História das Psicoterapias e da Psicanálise no Brasil: o caso do Rio de Janeiro” de Cristiana Facchinetti se concentra na prática psicoterapêutica no Hospício Nacional de Alienados, localizado no Rio de Janeiro. O objetivo do texto é mostrar que as diferentes psicoterapias precisaram se adaptar ao contexto da época e local.  

A autora se propõe a falar sobre as práticas psicoterapêuticas que foram utilizadas pela psiquiatria brasileira na primeira metade do século XX. Vale abrir um parênteses e ressaltar que a Psicologia foi regulamentada como profissão no Brasil em 27 de agosto de 1962, por isso a autora se refere a práticas utilizadas por psiquiatras na primeira metade do século XX, quando a profissão de psicólogo não era regulamentada. Para fundamentar seus argumentos, Cristiana Facchinetti fez um levantamento bibliográfico cujas fontes eram médicos do Hospital Nacional de Alienados e de professores da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.  

Segundo a autora, com a criação da cátedra de Psiquiatria e Moléstias Mentais em 1881 o interesse pelas psicoterapias cresceu e a partir da década de 1920 se notou esforços para a sua sistematização racional dada a importância que foi tomando para a área médica e a cultura em geral. Foi nessa mesma época que a psicanálise começou a se tornar instrumento auxiliar dos psiquiatras e aos poucos o “freudismo” foi ganhando espaço. Sendo entendida como uma “nova psicologia”, elaborada por Freud “baseada no inconsciente dinâmico”, diferente de outras linhas antes apresentadas que trabalhavam com a consciência e o automatismo psíquico. 

A autora conclui no fim de seu artigo que analisar historicamente as tecnologias psicoterapêuticas permite se esclarecer sobre o projeto de nação que se buscava no início do século XX. As psicoterapias nesse período buscavam transformar indivíduos doentes em cidadãos normais, capazes de viver em sociedade. 

Para finalizar essa resenha podemos correlacionar os dois textos analisados. Tanto o primeiro capítulo do livro “História Social da Psicologia”, quanto o artigo sobre as práticas psicoterapêuticas no século XX no Rio de Janeiro chamam a atenção para o fato de que se faz necessário examinar o contexto histórico e social do local ou época estudados para entender como se dá o fazer psicológico naquele período. Como já foi explicitado antes pelos autores do livro estudado “não existe mesmo uma “verdade histórica” que ao ser descoberta encerraria a questão” da História da Psicologia.  

Referências

PORTUGAL, Francisco, FACCHINETTI, Cristiana e CASTRO, Alexandre. História Social da Psicologia. Nau Editora, 2018. 

FACCHINETTI, Cristiana. História das Psicoterapias e da Psicanálise no Brasil: o caso do Rio de Janeiro. Publicado em: Dossiê História Social da Psicologia, 2018


Publicado por: Hugo Ardilha da Silva Mattos

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