A importância do conceito de transferência na relação professor-aluno
A importância do conceito de transferência na relação professor-aluno, o vocábulo utilizado, como deve ser a relação professor-aluno segundo Freud, o conceito de trasferência à aprendizagem, o trabalho centrado no vínculo.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
A Transferência não é um termo da psicanálise. É um vocábulo utilizado em diversos campos, denota-se, sempre uma idéia de transporte, de deslocamento, de substituição de um lugar para o outro. Freud aponta-o como um fenômeno psíquico que se encontra presente em todos os âmbitos das relações com nossos semelhantes. Ele reconheceu a possibilidade de que a transferência acontecia na relação professor-aluno. Na relação professor-aluno, está implicada uma relação de amor, uma relação afetiva. Uma relação de confiança de valorização do conhecimento, da revelação das habilidades e potencialidades do outro, só é possível através da afetividade. Com o afeto a criança se redescobre, se percebe, se valoriza, aprende a se amar transferindo este afeto em suas vivências e consequentemente na aprendizagem escolar. A noção de transferência pode contribuir para entender esta relação que envolve interesses e intenções, pois a educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros das espécies humanas.
Becker, (1997,111-112), afirma que na transferência, constituir uma identificação simbólica é uma forma de desenvolver ao adolescente sua posição discursiva. Verificar-se, que o aluno precisa admitir estar numa relação transferencial com o professor que não estar ali só para transferir informações, mais para considerar cada aluno singularmente. O sujeito do qual ocupa a psicanálise é o sujeito do inconsciente enquanto manifestação única e singular. Para o aluno ser tomado como sujeito é necessário que o educador também o seja, que envolva sua prática com aquilo que lhe é peculiar, o estilo. Logo a relação professor-aluno depende fundamentalmente do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles.
Do Ponto de vista da psicanalista Melaine Klein (1.926), as crianças desenvolvem a transferência de suas mais intensas fantasias, ansiedades e defesas em casa, na creche, na escola, nos diferentes momentos do dia, no convívio escolar e durante as aulas. O educador deve estar atento às manifestações da criança, ele precisa envolver-se com esta criança e procurar levá-la a se perceber, estimular a manifestar, encorajá-la, a tentar experimentar, elogiar suas primeiras tentativas, permitindo-lhe a personificação de papéis sociais presentes em sua realidade, estimulando a criar situações e reproduzi-las a brincar. O educador sendo o mediador fora de sua convivência familiar torna-se um grande interventor para o desenvolvimento emocional e cognitivo dos alunos.
Quando é possível ver o afeto nas ações dos alunos diante das propostas dos educadores, constata-se que houve transferência positiva à aprendizagem, há possibilidades de superação dos conflitos internos, será possível aprender e crescer. Conforme Melaine Klein(1926), só o contato direto da criança com a sua realidade psíquica – impulsos, dores, fantasias inconscientes – poderia ajudá-la a encontrar melhores formas de aceitação da realidade e a renunciar a determinadas defesas contra as angustias.A psicopedagoga Leila Sarah Chamat (1997), afirma que um bloqueio na afetividade impede um vínculo saudável ou afetivo entre o ser que ensina e o ser que aprende, seja na família ou escola. Com o trabalho centrado no vínculo pode-se trabalhar os medos, desejos e ansiedades, auxiliados pela transferência de papéis quando a criança pode desenvolver e “buscar sua comidinha”, ou seja, o vínculo com a mãe.
Seria bom, se todos os professores conhecessem o conceito de transferência, para melhor entender a sua relação com o aluno. Pois ele pode ser um suporte dos investimentos de seu aluno, porque é objeto de uma transferência. Privilegiar a singularidade do aluno é um aspecto que deve merecer atenção central.
Bibliografia
KPFER, MARIA CRISTINA MACHADO. (2000) Educação para o futuro: Psicanálise e Educação. São Paulo: Escuta 162p
KPFER, M. C. Freud e a educação: o mestre do impossível. São Paulo. Scipione, 1989
CHAMAT, Leila Sarah. Relações Vinculares e Aprendizagem:Um enfoque Psicopedagógico. Editora Vetor. São Paulo. 1997.
SEGAL,Hanna. Melanie Klein: Amor, Culpa e Reparação. Editora Imago. Rio de Janeiro.1996
BECKER, F. Da ação à operação: o caminho da aprendizagem em J.piaget e Paulo Freire. Rio de Janeiro: DPIA Editora Palmarinca, 1997
Publicado por: Andreia Freitas
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