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A SÍNDROME DE BURNOUT FRAGILIZANDO EQUIPES DE SAÚDE HOSPITALARES

Estudo sobre a Síndrome de Burnout e a fragilidade nas equipes de saúde hospitalares.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

Este estudo sobre a Síndrome de Burnout e a fragilidade nas equipes de saúde hospitalares mostram a exposição e a sensibilidade das equipes de saúde dentro do ambiente de trabalho. Adotou-se o método de pesquisa bibliográfico baseado em sítios, livros, dissertações e artigos. A postura dos psicólogos, perante a Síndrome de Burnout é procurar a origem que desencadeou a doença e auxiliar o profissional no combate à Síndrome, uma vez que tal problemática pode ser tratada também com terapia. A Classificação Internacional das Doenças (CID) mostra-nos a Síndrome de Burnout como sendo uma Síndrome conceituada como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. Todos os sintomas que a norteiam como exaustão, sentimentos de negativismo, ansiedade e outros podem ser prejudiciais tanto no âmbito profissional quanto familiar. Desse modo, a terapia se mostra eficiente no enfrentamento de tal patologia, fazendo com que os profissionais se sintam fortalecidos psicologicamente para lidar com suas emoções dentro do ambiente hospitalar.

Palavra-chave: Síndrome de Burnout, terapia, tratamento, hospitalar.

ABSTRACT

This study on Burnout Syndrome and fragility in hospital health teams shows the exposure and sensitivity of health teams within the work environment. The bibliographic research method based on sites, books, dissertations and articles was adopted. The attitude of psychologists, before the Burnout Syndrome, is to look for the origin that triggered the disease and to assist the professional in the fight against the Syndrome, since this problem can also be treated with therapy. The International Classification of Diseases (ICD) shows us the Burnout Syndrome as a Syndrome considered as a result of chronic stress in the workplace that has not been successfully managed. All the symptoms that guide it such as exhaustion, feelings of negativism, anxiety and others can be harmful both in the professional and family spheres. Thus, therapy proves to be efficient in coping with such pathology, making professionals feel psychologically empowered to deal with their emotions within the hospital environment.

Keyword: Burnout syndrome, therapy, treatment, hospital.

INTRODUÇÃO

O tema do presente trabalho de conclusão de curso diz respeito à Síndrome de Burnout (SB). Segundo Carlotto (2009) o termo Burnout é considerado como aquilo que não funciona mais por falta de energia, ou ainda aquilo ou aquele que chegou ao seu limite acarretando perdas no seu desenvolvimento físico ou mental, ou seja, é um período deterioro da qualidade de vida.

A palavra Burnout tem sua origem inglesa e Burn significa queimar e out fora que em português pode ser entendido como consumir-se de dentro para fora e, tal alteração psicológica pode afetar o desempenho físico e emocional no ambiente de trabalho. (SILVA, 2011).

A Síndrome de Burnout vem recebendo mais atenção nos últimos anos e vendo sendo considerada um risco grande para o trabalhador da área da saúde, é um problema existente podendo abrir espaço para a depressão. É uma doença psicossocial constituído de três dimensões: Exaustão Emocional que se apresenta por falta de vontade e de energia, a despersonalização que surge a partir da impessoalidade e o distanciamento de outros colegas e, por fim, a baixa realização profissional que vem com uma auto avaliação negativa. (MASLACH,2001 apud Carlotto, 2009).

O desgaste físico e emocional tem atingido marcas preocupantes no indivíduo. Entenda-se como desgaste físico e emocional um processo gradual de perda de energia, com maior probabilidade de ocorrer onde haja desequilíbrio entre as exigências do trabalho desenvolvido e as pessoas que o realizam.

A saúde e o trabalho estão intimamente ligados e, se o homem for fortemente afrontado em suas tarefas profissionais, põe em perigo sua vida mental (Carlotto, 2009).

O Burnout foi considerado um transtorno adaptativo crônico associado às demandas e exigências laborais, cujo desenvolvimento é insidioso e frequentemente não reconhecido pelo indivíduo, com sintomatologia múltipla, predominando o cansaço emocional. (MOREIRA, MAGNAGO & MAGAJEWSKI, 2009).

Com o passar dos tempos e com o surgimento de tantos sintomas psíquicos surgindo relacionados ao trabalho levantou-se a curiosidade de estudar mais sobre o caso e foi em 1974 que surgiu o termo Burnout sendo aludido pelo psicólogo Herbert J. Freudenberger que observou queixas dos profissionais da saúde, dentre eles, enfermeiros que alegavam o descaso de pacientes para receber os tratamentos adequados, todavia foi possível verificar que a desmotivação e desumanização em auxiliar os pacientes se fazia presente entre aquela equipe de saúde. (MOREIRA, MAGNAGO, MAGAJEWSKI, 2009).

Entretanto foi em 1976 que a psicóloga social Christina Maslach tornou-se pioneira em perceber o distanciamento e as atitudes negativas de alguns profissionais e caracterizou a Síndrome como uma resposta de tensão emocional relacionada a exposição de situações estressantes relacionadas ao ambiente de trabalho, Bernardes, Mendanha & Shiozawa (2018) citam:

A Síndrome de Burnout é um fenômeno psicossocial que ocorre como resposta crônica aos estressores interpessoais advindos da situação laboral, uma vez que o ambiente de trabalho e sua organização podem ser responsáveis pelo sofrimento e desgaste que acometem os trabalhadores. (BERNARDES, MENDANHA & SHIOZAWA 2018, p.10).

A primeira publicação sobre a Síndrome de Burnout (SB) no Brasil ocorreu em 1987, na Revista Brasileira de Medicina, pelo médico cardiologista Hudson França (BERNARDES, MENDANHA & SHIOZAWA, 2018).

Haddad (2020) define a Síndrome de Burnout como um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocado por condições de trabalho muito desgastantes.

De acordo com o Ministério da saúde, Brasil (2020) a Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu a condição de Burnout como uma Síndrome resultante de um stress crônico no trabalho que não foi administrado com êxito. A Lei nº 3.048/99 reconhece a Síndrome de Burnout como doença ocupacional (PEREIRA, 2012).

O mencionado órgão informa que problemas financeiros ou familiares não devem ser classificados como Burnout.

O estresse tem sido o vilão que provoca várias doenças físicas e emocionais em médicos, enfermeiros, técnicos e outros. Com o aumento dos atendimentos; os hospitais e clinicas que hoje funcionam como empresas (as particulares), têm mudado a forma de tratar as doenças como um todo, com uma busca desenfreada pelo aumento de atendimentos e, sobretudo os atendimentos realizados pelo sistema público de saúde que trouxeram alguns problemas de ordem emocional para muitos profissionais. (BERNARDES, MENDANHA & SHIOZAWA 2018).

Com o surgimento da SB alguns questionamentos surgiram: Será que é estresse ou SB?  Seria uma insatisfação pelo trabalho ou depressão?

Por isso, é tão importante estremar conceitualmente a SB, estabelecendo limites claros para não confundi-la com o estresse, insatisfação no trabalho e depressão.

Com tudo exposto verifica-se que os problemas relacionados a saúde mental tomaram um crescimento significativo sendo evidenciado dentro do ambiente de trabalho, assim percebe-se que muitos sintomas como ansiedade, angustia, depressão trouxeram para muitos uma problemática que merece ser analisada com muita delicadeza e presteza. É importante destacar que o estresse e Síndrome de Burnout não apresentam mesmos sintomas e para evidenciar essa diferencia Alves (2017) apresentou algumas dessas diferenças.   No caso do estresse as emoções são ativas e exaltadas, produz urgência e hiperatividade, perda de energia, pode levar a transtorno de ansiedade e o dano primário é físico. Na Síndrome de Burnout sua caracterização é a desmotivação, as emoções são embotadas, ocorre impotência e desesperança, perda de motivação, ideais e esperança, pode levar ainda a depressão e distanciamento  e o dano primário é emocional.

As informações acima mencionadas apresentam mesmo que resumidamente algumas diferenças existentes que são consideradas importantes para o analise diferencial entre as duas patologias.

Os profissionais da área de saúde como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem trabalham sempre com muita tensão, uma vez que, após instruções do médico cabe aos mesmos à manutenção do bem estar físico daquele paciente.

Rocha & Santos (2017) indagam que a prevenção é algo essencial para lidar com a Síndrome de Burnout exigindo uma reorganização estrutural seja individual ou coletiva dos profissionais, notadamente, analisando as relações interpessoais e posteriormente buscar apoio nos grupos de trabalho ora existentes para diminuir os efeitos prejudicais ao ambiente de trabalho.

A prevenção, assim como o diagnóstico precoce são essenciais para combater o Burnout, mas existe a necessidade de mais profissionais, principalmente no sistema público de saúde, a falta desses acarretam sobrecarga nos demais que se fazem ali presentes fazendo com que os mesmos trabalhem e se exponham cada vez mais ao esgotamento, por isso, é tão importante identificar desde o inicio.

A Síndrome de Burnout, pode ocasionar-se tanto por um excessivo grau de exigências como por escassez de recursos (RIBAS, 2010).

O descaso pela saúde é considerado algo notório, os profissionais são mal remunerados, os hospitais estão sempre lotados, faltam materiais e acomodações adequadas e, toda essa aglomeração de problemas estruturais faz com que os profissionais apresentem esgotamento físico e mental, eles se sentem impotentes diante do cenário, notadamente, em alguns casos sofrem distrato por parte da população que sofre com a falta de atenção governamental (SOUSA, 2013).

O primeiro passo para a identificação da Síndrome de Burnout é a mudança de comportamento dentro do ambiente de trabalho, a presença de irritabilidade, tristeza profunda ou ainda o isolamento devem ser visto, por isso, a prevenção é crucial. (ALVES, 2017).

Devido a Síndrome ser pouca conhecida os hospitais poderiam promover junto com os psicólogos hospitalares palestras esclarecedoras, ou ainda entregar cartilhas explicativas quanto ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout.

Os pontos chaves para tais informações poderiam ser: O que é a Síndrome de Burnout? Como inicia? Como prevenir?  Como tratar? A partir dessas interrogações e esclarecimentos seria possível uma melhor identificação junto ao profissional que a tem.

Os profissionais de saúde precisam conhecer as características que norteiam a Síndrome de Burnout, compreender sua definição, suas causas, as consequências e realizar um processo qualificado no diagnóstico precoce do paciente. (SOUSA, 2013, apud. TRIGO, TENG & HALLAK, 2007).

O tratamento para Síndrome de Burnout poder ser feito através de medicamentos antidepressivos para auxiliar no combate da ansiedade, depressão e outros mais e, notadamente, deve-se buscar o psicólogo como agente auxiliador. O profissional através da terapia trabalhará a autoconfiança e buscará ainda fortalecer naquele individuo a segurança que ele precisa dentro do ambiente de trabalho, por isso, é tão importante manter todas as informações claras e objetivas. (ROCHA & SANTOS, 2017).

Dentro das instituições analisando pelo âmbito social podem ocorrer consequências da Síndrome Burnout apresentando aumento dos custos devido uma possibilidade de rotatividade, ausências, tratamentos de saúde dos trabalhadores, contratações e treinamentos de novos colaboradores. Já no contexto pessoal pode ocorrer até mesmo o distanciamento familiar, com isso verifica-se a importância de entender como lidar e principalmente como diagnosticar o inicio da mesma. (SOUZA, 2013 apud. TRIGO, TENG & HALLAK, 2007).

O profissional da área e saúde precisa sentir segurança, a valorização do seu trabalho, precisa ser motivado e ter o reconhecimento das suas atividades. (BIANCHI, 2010).

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Verificar o desenvolvimento da Síndrome de Burnout junto aos profissionais da área de saúde que atuam no ambiente hospitalar.

Objetivos Específicos

  • Compreender os sintomas e consequências da Síndrome de Burnout e as condições de trabalho que estão mais relacionadas;
  • Levantar as principais formas de tratamento;
  • Analisar a eficácia dos tratamentos e o restabelecimento do profissional da saúde.

METODOLOGIA

Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica o método utilizado no presente estudo consistiu na realização de buscas e seleções de artigos científicos, em língua portuguesa que abordaram a Síndrome de Burnout , estresse no ambiente de trabalho, com ênfase para os profissionais da área de saúde. 

As pesquisas foram feitas em sítios científicos como: Google, Scientific Electronic Library Online (Scielo), Biblioteca virtual em saúde (BV- Saúde), Periódicos eletrônicos em Psicologia (Pepsic), Rede Psicologia (RedePsi) e livros adquiridos para desenvolver o trabalho acadêmico. As palavras chaves para a pesquisa foram Síndrome de Burnout, estresse/depressão, tratamento, terapia e hospitalar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram selecionados 07 livros e utilizados para o trabalho 03. Os três livros selecionados apresentaram desde a explicação da Síndrome de Burnout aos tratamentos utilizados, ou seja, possuíam informações mais completas.  Foram lidos 16 artigos científicos e selecionados 11.

Para a escolha das obras encontradas, foram utilizados os seguintes padrões: Critério temático: assunto relacionado ao tema Síndrome de Burnout e o impacto sobre os profissionais da saúde. Foi necessário pesquisar questões históricas e casos relacionados ao tema. No critério linguístico as pesquisas foram realizadas em sítios e materiais de língua portuguesa. 

Tendo em vista muitas informações pertinentes ao tratamento da SB, foram escolhidos artigos, citações e livros publicados entre o período de 2009 a 2020.

Ano e autor(es)

Título e objetivo(s)

2009

Carlotto

Título: A relação profissional-paciente e a Síndrome de Burnout

Objetivo: Definição do termo

2009

Moreira, Magnago, Sakae & Magajewski

Titulo: Prevalência da Síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem de um hospital de grande porte da Região Sul do Brasil

Objetivo: Histórico e desenvolvimento da Síndrome de Burnout

2010

Ribas

Titulo: Síndrome de Burnout em profissionais de saúde: uma abordagem bioética num estudo preliminar

Objetivo: Diferenciação de Burnout e estresse

2010

Bianchi

Titulo: Impacto do stress ocupacional e Burnout para enfermeiros

Objetivo: Como o Burnout atinge a equipe de enfermagem

2011

SILVA

Titulo: Síndrome de Burnout

Objetivo: Estudar a história da palavra Burnout.

2012

Pereira

Título: Considerações sobre a Síndrome de Burnout e seu impacto no ensino

Objetivo: Estudar os Impactos na educação.

2013

Adolfo

Título : Síndrome de Burnout: o que é, sintomas, tratamento e causas.

Objetivo : Analise das causas da Síndrome de Burnout

2013

Sousa

Titulo: A Síndrome de Burnout em Profissionais de Saúde

Objetivo: Analisar a Síndrome de Burnout em profissionais da saúde

2016

Silva

Titulo: Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem na unidade de terapia intensiva

Objetivo: Prevenção da Sindrome

2017

Rocha & Santos

Título: Síndrome de Burnout em Profissionais da Saúde

Objetivo: Analisar os sintomas e impactos da Síndrome nas equipes de saúde

2017

Alves

Título: Síndrome de Burnout

Objetivo: analisar as diferenças entre estresse e a Síndrome de Burnout

2018

Bernardes, Mendanha & Shiozawa

Titulo: Desvendado o BURNT-OUT - Uma análise interdisciplinar da Síndrome do Esgotamento Profissional.

Objetivo: Analise crítico das condições de trabalho

2018

SOZIN

Titulo: Como escolher o melhor especialista para Burnout.

Objetivo: abordagens de tratamento psicológico.

2020

Haddad

Título: Síndrome de Burnout: O que é, quais os sintomas e como tratar?

Objetivo: Analisar o tratamento

Fonte: Elaboração própria com base nos dados coletados.

A partir das buscas em sítios, artigos, livros e outros foram selecionados materiais de revisão bibliográfica, os quais serão apresentados de acordo com sua temática.  A pesquisa abordada seguirá da seguinte forma: a) Sintomas e causas; b) consequências e medidas preventivas; c) tratamentos e o papel do psicólogo.  

SINTOMAS E CAUSAS

Os sintomas da Síndrome de Burnout apresentam inicialmente como um esgotamento emocional e físico o individuo tem a sensação de não poder fazer mais do que esta fazendo (ROCHA & SANTOS, 2017). ALVES (2017) vai além dessa definição, pois surgem ainda sentimentos fortes de desesperança, de derrota, raiva, depressão, cefaleia, náuseas, alterações do apetite e distúrbios do sono.

Devido alguns sintomas como tristeza, desinteresse durante a atividade profissional pode ocorrer uma confusão no diagnóstico. Segundo Alves (2017), durante o período de estresse a capacidade de trabalho reduz e geralmente vem munido por um fato da vida negativo gerando até mesmo transtornos psicológicos, dentre esses transtornos está o da ansiedade. 

Os profissionais da saúde apresentam razões para se considerarem afetados pelo estresse e existem classes variáveis que são: o estresse laboral que esta relacionado as condições de trabalho e que vão impactar na saúde do empregado desde horas excessivas a precariedade de condições de trabalho, a fadiga que trazem a depressão, ansiedade, hipertensão. (RIBAS, 2010).

A Síndrome de Burnout vem justamente da prolongação do estresse estando relacionado ao ambiente de trabalho, o individuo sente exaustão física e psicológica. É importante destacar que tal Síndrome pode ser confundida com depressão. (ALVES, 2017).

O estresse apresenta efeitos positivos e negativos, enquanto o Burnout seus efeitos são negativos (RIBAS, 2010).

Segundo Alves (2017), a depressão é ocasionada por varias situações da vida e substancias químicas do cérebro em quanto a Síndrome de Burnout está relacionada especificamente ao trabalho.

A Síndrome de Burnout (SB) pode apresentar impactos considerados elevados desde a saúde do profissional até o social ou financeiro, sobrecaindo para o empregado e empregador.

As causas da Síndrome de Burnout ocorrem desde os procedimentos trabalhistas exaustivos até as relações abusivas profissionais e entre as causas mais corriqueiras estão: alta carga de volume de trabalho com horas excedentes, pressão constante, conflitos com colegas ou superiores, muita responsabilidade individualizada e pouco repouso. (ADOLFO, 2013)

Para Adolfo (2013) não precisa muitos fatores para causar um abalo emocional ou físico profissional, uma situação atípica de desconsideração pode levar a Síndrome de Burnout.

Para o profissional o afastamento pode fragilizar sua capacidade profissional, desse modo, é importante observar os sinais e sintomas para que possa tratado de imediato. (BIANCHI, 2010). 

É notório que a SB não atinge apenas profissionais da saúde, pois tal patologia esta ligada ao desgaste emocional com o trabalho. Pereira ( 2012) chama atenção a desumanização ocorrida junto a profissionais docentes, devido as más condições de trabalho na rede pública e em alguns casos ocorrendo descaso das autoridades, dos alunos e responsáveis, muitos professores se tornaram refém da Síndrome, pois o desgaste emocional se torna extremo.

Com o desgaste emocional os professores perdem o entusiasmo, ficam estressados, ansiosos e até deprimidos, assim prejudicando todo o conteúdo educacional. (PEREIRA, 2012).

Os impactos causados pelo Burnout podem trazer consequências irreversíveis, pois muitos profissionais seja da área educacional ou saúde terminam desistindo da profissão por não suportar a pressão ora sofrida , desse modo gera um desequilíbrio social tanto para empregador quanto empregado. (PEREIRA, 2012).

Quando analisamos o trabalho dos profissionais de saúde, sobretudo técnicos de enfermagem e enfermeiros, a diferenciação entre a filosofia humanística e a realidade de trabalho ora existente pode desencadear o estresse e levar ao Burnout. (BIANCHI, 2010),

Pereira (2012) e Adolfo (2013) entendem que a causa mais evidente para o surgimento da Burnout é o desrespeito pelo profissional da saúde.

CONSEQUÊNCIAS E MEDIDAS PREVENTIVAS

Para Bernardes, Mendanha & Shiozawa (2018) as condições de trabalho são fundamentais para o equilíbrio mental dos profissionais de saúde.

As consequências da Síndrome de Burnout podem trazer prejuízos psicossomáticos e financeiros tanto para o profissional da saúde como para o contratante do mesmo. (BERNARDES, MENDANHA & SHIOZAWA, 2018).

Nos prejuízos psíquicos o profissional da saúde pode levar um tempo para sua recuperação devido os sintomas existentes como fadiga, depressão, desinteresse pelo trabalho e com isso o isolamento social se faz presente, dessa forma, o tempo de afastamento poderá ainda retardar as atualizações da pratica da profissão prejudicando o mesmo até financeiramente. (SILVA, 2016).

Bianchi, 2010 cita:

A insatisfação e o Burnout comprometem a qualidade do trabalho executado, gerando o aumento de erros, conflitos, falta de humanização no atendimento e insatisfação dos clientes. Profissionais em Burnout buscam um maior distanciamento da clientela, evitam o contato ou “coisificam” as pessoas alvo de sua assistência, caracterizando a dimensão da despersonalização. (BIANCHI, 2010, p. 07).

Dentro da organização o custo operacional pode ser elevado, uma vez que, existirá a necessidade de recrutar novos profissionais para suprir a ausência daqueles comedidos pela Síndrome. Para Bianchi (2010), o absenteísmo de trabalhadores da área da saúde, a depressão, ansiedade e Burnout vêm aumentando nos últimos anos e com isso os custos para a manutenção dos profissionais vêm se tornando elevados, uma vez que, existem muitos atestados médicos e licenças médicas relacionadas a problemas psicossomáticos.

Segundo Silva (2016), o diagnostico precoce é fundamental e algumas medidas de prevenção podem ser adotadas, dentre elas: Estratégias individuais que podem ser associadas a reciclagens e treinamentos, estratégias grupais com possibilidade de dinâmicas de grupo e estratégias organizacionais, pois a Síndrome ocorre dentro da instituição e trabalhar o fato inserido na mesma é importante para afastar qualquer possibilidade de desgaste emocional.

Para prevenir a Síndrome de Burnout é importante que ocorra mudança na rotina do local de trabalho, incluindo o bem-estar de cada um, vendo o profissional dentro de uma perspectiva holística e vendo o ambiente de trabalho como um todo, seja na climatização, na diminuição dos ruídos, nos recursos materiais para que juntos, com uma valorização do profissional contribuam para seu crescimento profissional (SILVA, 2016).

TRATAMENTOS E O PAPEL DO PSICÓLOGO

Estudos apontam um grande sofrimento aos profissionais da saúde quando expostos a Síndrome, por isso, é fundamental que os mesmos tenham espaço dentro das instituições para expor suas necessidades e anseios. O sujeito não pode ser considerado apenas uma ferramenta de trabalho, é importante um olhar humanizado e delicado para que possa ser tratado de forma merecedora e respeitosa. (SOUZA, 2013).

O profissional da saúde diagnosticado por um psicólogo ou psiquiatra com Burnout seja médico, enfermeiro ou outros da mesma área poderá obter um acompanhamento multidisciplinar, desde o tratamento psicoterápico, intervenções psicossociais até o tratar farmacológico, neste ultimo, o psiquiatra irá analisar qual a medicação mais apropriada a ser receitada, uma vez que, os sintomas variam entre os indivíduos. A partir do diagnóstico positivo para Burnout as sessões de terapia devem ser iniciadas, assim como as atividades que possam associar ao equilíbrio do corpo e da mente. (SOZIN, 2018).

É essencial que o tratamento seja seguido rigorosamente para ter sua eficácia e, o tempo do tratamento vai de acordo com a situação diagnosticada de cada um. (HADDAD, 2020).

Adolfo (2013) segue na linha de HADDAD (2020) abrindo espaço para a importância da terapia, aqui o papel do psicólogo é fator primordial para o restabelecimento psicossocial do profissional, pois entender o que está acontecendo com o paciente é a partida inicial do tratamento. Saber o que causou seu esgotamento físico e mental poderá abrir possibilidade para linha de tratamento apropriada.

Conforme for a necessidade do paciente é possível que seja necessário o uso de antidepressivos e ansiolíticos, pois o estresse diário pode trazer um desequilíbrio químico do cérebro e neste sentido os medicamentos podem ajudar no processo de reorganização mental. (ADOLFO, 2013).

Existem algumas linhas de abordagem que podem ser utilizadas para o tratamento da Síndrome de Burnout, dentre elas: Terapia Cognitiva Comportamental e a Psicanálise. (SOZIN, 2018).

Para Sozin (2018) a psicanálise pode ser eficaz, uma vez que, o paciente poderá indagar qualquer situação ou assunto, assim proporcionará ao psicólogo trazer os fatos do inconsciente e associar aos problemas de comportamentos ora existentes, importante destacar que essa abordagem de tratamento é mais profunda e demorada, mas possibilitará ao paciente de Burnout meditar sobre o mundo externo e o melhor caminho para seguir.

Na terapia cognitiva comportamental (TCC) o psicólogo é objetivo e pode trazer um trabalho mais dinâmico transformando os pensamentos perante a problemática do Burnout. Nessa linha de atuação haverá uma intervenção, mudanças nas emoções e comportamentos agindo diretamente nas crenças do paciente proporcionando ao mesmo uma reorganização paralela a reestruturação cognitiva, pois aqui é interessante mencionar, que tal abordagem visa a resolução dos problemas e o psicólogo vem como agente auxiliador direto nas mudanças de hábitos fazendo com que o paciente entenda e visualize melhor as perspectivas da vida. (SOZIN, 2018).

Para Haddad (2020) existem algumas estratégias associadas ao tratamento psicológico que podem ser benéficas ao paciente, dentre elas: a reorganização das horas de trabalho diminuindo algumas jornadas, elevar a quantidade de socialização com amigos e parentes para se distrair, realizar atividades físicas como caminhar , fazer pilates, ioga e outros e, ainda atividades relaxantes como dançar, assistir um bom filme e demais ações que proporcionem bem estar psíquico e físico, pois todas essas ações somadas podem ajudar a inibir o Burnout. O ideal é reorganiza o dia a dia com situações prazerosas, associado ao tratamento psicológico ou ainda farmacológico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio da revisão realizada acerca da Síndrome de Burnout, percebe-se a preocupação de se investigar e trabalhar cada vez mais no tema em destaque, pois muitos autores consideram os inúmeros fatores de risco para o desenvolvimento de tal patologia junto aos profissionais da saúde.

As condições que as instituições expõe seus colaboradores da saúde devem ser as melhores possíveis, uma vez que, cuidar de quem cuida de outros é primordial. Bernardes, Mendanha & Shiozawa (2018) apresentam essa indagação com veemência e pontuando sabiamente que as condições organizadas  proporcionam o equilíbrio mental para os profissionais da saúde.  Seguindo esse mesmo analise Bianchi (2010) chama atenção que a ausência da qualidade de trabalho trará conflitos internos, pois o profissional cometido com a Síndrome de Burnout trabalhará insatisfeito, desconcentrado, evitará em alguns casos até mesmo contato com os pacientes deixando de lado a sua humanização e seu trabalho.

Para identificar o Burnout é preciso ficar atento aos sinais como esgotamento emocional e físico, irritabilidade, dores de cabeça, distúrbio do sono, enjoos, ansiedade e outros sintomas, entretanto, mesmo Rocha & Santos (2017) informando tais sensações o autor Alves (2017)  se prolonga e acrescenta sentimentos de desesperança e derrota.  Desse modo Ribas (2010) e Alves (2017) objetivamente alertam que a Síndrome de Burnout é um estresse prolongado com graves consequências tanto para o profissional da saúde quanto para instituição que ele faz parte.

Silva (2016) e Haddad (2020) apresentam em seus analises semelhanças, pois para Silvia (2016) o diagnostico precoce poderá tornar o tratamento mais eficaz e preciso, Haddad (2020) e Adolfo (2013) mencionam que ao diagnosticar e submeter o profissional ao tratamento adequado a excelência da recuperação será notória.

O papel do psicólogo será sem duvida nenhuma fundamental Sozin (2018) mencionam duas linhas de abordagem que podem ser utilizadas a Psicanálise e a Terapia Cognitiva Comportamental. O psiquiatra também será um agente auxiliador para tratar a Síndrome de Burnout, pois o mesmo se achar necessário poderá receitar medicamentos que ajudem a combater os sintomas hora existentes.

As condições que os profissionais da saúde se submetem serão os pontos chaves para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout, pois horas excessivas de plantões, salários não compatíveis com o risco da profissão, o não reconhecimento do seu profissionalismo, humilhações tanto por parte dos dirigentes quanto por parte dos pacientes proporcionaram a aceleração do Burnout, por isso, Bianchi (2010) e Haddad (2020) mesmo com uma visão distanciada pelo tempo entre eles de 10 anos se mostram compatíveis em afirmar que o reconhecimento, salários mais justos, um ambiente de trabalho sadio que valorize o profissional serão a base para um trabalho de qualidade dentro do sistema de saúde.

Este trabalho ressaltou a importância da Síndrome de Burnout  e o quanto ela pode ser prejudicial para os profissionais da área da saúde. Desse modo buscou-se apresentar soluções eficazes e construtivas desde a prevenção ao tratamento terapêutico ou ainda farmacológico para se manter a saúde mental de quem tanto cuida da saúde de outrem. Algumas limitações tornaram a busca mais complexas devido à inexistência de abordagens mais direcionadas a Síndrome de Burnout junto a profissionais da saúde.

REFERÊNCIAS

ADOLFO, Kalel. Síndrome de burnout: O que é?  Sintomas, Tratamento e Causas. 2013. Disponivel em: <https://www.minhavida.com.br/bem-estar/tudo-sobre/35831-sindrome-de-burnout >. Acesso em: 19.04.2020;

ALVES, Marcelo Echenique. Síndrome de Burnout. 2017. Disponível em: Acesso em 18.04.2020;

BIANCHI, Estela Regina Ferraz. Impacto do Stress Ocupacional e Burnout para Enfermeiros. Revista Enfermeria Global. Murcia,vol.18 p.06 a 07, 2010;

CARLOTTO, Mary Sandra. A Relação Profissional Paciente e a Síndrome de Burnout. 2009. Disponível em: <file:///C:/Users/Gianne/Downloads/2543-Texto%20do%20artigo-9782-1-10-20150716%20(1).pdf. > Acesso em 04.04.2020;

HADDAD, Michel. Síndrome de Burnout: O que é, quais os sintomas e como tratar?. 2020. Disponível em: https://superafarma.com.br/sindrome-de-burnout-o-que-e-quais-os-sintomas-e-como-tratar/. Acesso em: 06.05.2020.

MENDANHA, Marcos; BERNARDES, Pablo & SHIOZAWA, Pedro. Desvendando o BURNT-OUT. São Paulo: LTR, p. 10. 2018;

MOREIRA, Davi; MAGNAGO, Renata; SAKAE, Thiago & MAGAJEWSKI, Flávio. Prevalência da Síndrome de Burnout em Trabalhadores de Enfermagem de um Hospital de Grande porte da Região Sul do Brasil. 2009. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2009000700014>. Acesso em 04.04.2020;

PEREIRA, Ana Maria Benevides. Considerações sobre a síndrome de burnout e seu impacto no ensino. 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000659432012000200005>. Acesso em: 17.04.2020;

RIBAS, Claudia. Síndrome de Burnout em Profissionais de Saúde: uma abordagem bioética num estudo preliminar. 2010. Disponível em: <https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/55785/2/TeseFinalClaudiaRibas.pdf>. Acesso em 10.03.2020;

ROCHA, Fábio & SANTOS, Gisele. 2017. Disponível em <www.hospitaldecataguases.com.br/wpcontent/uploads/2017/04/Síndrome_de_Burnout.pdf>. Acesso em: 10.02.2020;

SILVA, Arelly Barbosa do Nascimento. Síndrome de Burnout em Profissionais de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. 2016. Disponível em: Acesso em: 19.04.2020;

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SONSIN. Juliana. Como escolher o melhor especialista para Burnout. 2018. Disponível em: Acesso 08.05.2020;

SOUSA, Eliane Coelho Martins. A Síndrome de Burnout em Profissionais de Saúde.2013. Disponível em: Acesso em: 19.04.2020;


Publicado por: GIANNE DA SILVA FERREIRA

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.