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Letramento Digital e o Ensino de Gramática

Ligação entre o digital e o ensino de gramática.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

É bastante desafiador fazer uma ligação entre o digital e o ensino, especialmente o de gramática. Desafiador porque o processo de ensino da norma, endeusado pela grande maioria dos professores de língua portuguesa, condena, em um contexto geral, os métodos digitais.

Para eles, a internet, principalmente, não tem nada para contribuir neste processo – o aluno, nesta visão, passa a maior parte do tempo conversando em chats, em serviços de mensagem instantâneas (como MSN, GTalk, Yahoo! etc), Facebook, lendo fofoca da novela ou jogando online. Daí a pergunta: Será que, diante dessa afirmação toda, não ficaria mais fácil utilizar o dia a dia dos alunos para ensinar gramática? O letramento discute, em linhas gerais, o desenvolvimento da sociedade com as práticas de leitura e escrita do indivíduo, ou seja, as transformações socioeconômicas, culturais, tecnológicas, etc., devem ser levadas em consideração nesse processo, seja escolar ou não.

As tecnologias são diariamente aperfeiçoadas e o processo educacional ainda é resistente a elas, mesmo que esse fator seja nitidamente importante para o que é chamado de contextualização do ensino. Por mais estranho que seja, tal resistência não é tida por parte das autoridades – que mesmo a passos lentos, quase que imperceptíveis, trabalham para a modernização do ensino – e sim da própria sociedade.

Falando em tecnologias para o ensino da gramática, é importante frisar que, conforme exposto pelo professor, da Universidade Federal de Pernambuco, Antônio Xavier

“[...] o Letramento Digital luta contra a idéia do ensino/aprendizagem como preenchimento das ‘mentes vazias’ do aluno, como bem frisou o pernambucano Paulo Freire quando criou a metáfora da ‘educação bancária’ [...]”

Freire, quando fala em educação bancária, se refere ao fato de que a escola ainda vê o aluno como um local onde as informações são simplesmente depositadas, sendo o professor o “mestre-provedor” de tais conhecimentos. Um método que apresentava eficácia tempos atrás, mas que agora está obsoleto.

Com o crescente acesso ao mundo digital esta visão de que o professor é, exclusivamente, o detentor do saber deve ser repensada. Há uma intolerância por parte dos alunos com relação a essa metodologia, especialmente quando eles utilizam outras fontes de pesquisa, que vão além dos muros da escola. Em outras palavras, é preciso acabar com a dicotomia entre digital e escolar. São termos que se complementam e que juntos, quando usados corretamente, podem beneficiar o ensino.

O dinamismo, a possibilidade de participação, a descentralização do saber oferecidos pela rede de computadores torna prazeroso o processo de ensino/aprendizagem. Além disso, aumenta a autonomia do aluno – que, apesar de ser perigoso por um lado, quando acompanhado por um profissional que faça o papel de mediador tem um resultado positivo. Sabe-se que ensinar gramática é difícil.

Os alunos apresentam certa dificuldade para entender aquele tanto de regras. Os Parâmetros Curriculares Nacionais determinam que o texto seja a base para o ensino da gramática. Aliando a ideia dos PCNs aos conceitos de letramento, tem-se ai um resultado interessante: O uso dos textos diários, os que fazem parte do cotidiano do aluno, para o ensino de gramática.

Ou seja, a partir das ideias do próprio discente, ensinar as normas da Língua Portuguesa. Como exemplo, pode-se utilizar trechos de uma conversa no MSN para apresentar a necessidade de adaptação do texto, isto é, fazer com que o aluno entenda que vc pode ser usado numa conversa informal, mas que você é a maneira normativamente correta.

Questões relativas à concordância e regência verbal/nominal – um dos principais itens semânticos valorizados pela sociedade – também podem ser ensinadas através de textos digitais, exemplo da mesma conversa no Messenger: “vc vai na festa d hj?” A partir daí, é possível mostrar para o aluno que em situações formais o aluno deve (o verbo é imperativo mesmo, já que o assunto é NORMA) usar “você vai à festa hoje?”

Vale ressaltar que os exemplos aqui mostrados estão soltos, e sabemos que é importante contextualizar o ensino, até mesmo porque dependendo da situação a norma vira exceção, e isso é uma das coisas que atrapalham o entendimento da gramática normativa.

Conforme ressalta o professor Antônio Xavier, o objetivo do letramento digital não é substituir o escolar (alfabético, como ele menciona) – contudo é importante, conforme dito em linhas anteriores, a conjugação deles – até mesmo por que o domínio, por assim dizer, do letramento digital depende da aquisição do letramento escolar, é necessário que aluno entenda os conceitos básicos (além dos internalizados).

Ele afirma que “Neste processo, observa-se que um tipo de letramento tem o outro como ponto de partida, ou seja, o alfabético está servindo de apoio para a aprendizagem do letramento digital”. O letramento digital traz consigo vários gêneros – e para o ensino de gramática, destacam-se os fóruns, blogs e os e-mails, tendo em vista que estes envolvem as práticas da escrita – indo mais a fundo, a prática social da escrita.

O uso de ferramentas digitais para o ensino de gramática podem facilitar o entendimento dos alunos, tendo em vista que esta nova prática de aprendizagem pode ser mais eficaz do que o atual.

Contudo é desafiador, já que o letramento digital exige mudanças no modo de ler e escrever. Essas exigências não são só para os alunos, mas também para os docentes que têm de estar abertos a aceitar tais mudanças.

Para finalizar, o professor Antônio Xavier cita que: Neste momento, os profissionais de educação e linguagem precisam desenvolver estratégias pedagógicas eficazes em seus mais variados espaços educacionais (salas de aula e laboratório de informática, por exemplo) para enfrentar os desafios que estão colocados: alfabetizar, letrar e letrar digitalmente o maior número de sujeitos, preparando-os para atuar adequadamente no Século do Conhecimento.

*Formado em Letras pela Faculdade Evangélica de Brasília e Especialista em Leitura e Produção de Textos pela Universidade Católica de Brasília


Publicado por: Raimundo Nonato Silva Damasceno Júnior

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.