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Se o objetivo é realmente diminuir acidentes, então por que construir veículos velozes e potentes?

Por que carros mais velozes estão sendo criados se a intenção é diminuir acidentes?

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Imagine um membro de sua família indo à escola, ao trabalho ou a qualquer outro lugar e nunca mais voltar vivo à sua casa. É, caro leitor, do jeito que a violência no trânsito está caminhando, todo cuidado é pouco. Qualquer um de nós pode a qualquer momento causar ou sofrer algum acidente e ser mais um dentre muitos nas estatísticas. A dor da perda de um ente familiar é inimaginável e aumenta demasiadamente quando se sabe que aquilo poderia ser evitado por medidas pouco complexas.

É tentando ou buscando minimizar essa problemática que a Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu criar medidas para reduzir em 50% o número de acidentes de trânsito em todo o mundo entre os anos de 2011 e 2020. E em reposta e apoio a tal iniciativa, o governo brasileiro tem realizado campanhas de conscientização dos motoristas e enrijecido as leis de trânsito no país; um exemplo disso é a Lei Seca que, com sua nova resolução, tornou-se muito mais rígida e, além disso, tem aumentado o número de blitz nas estradas e rodovias principalmente nos feriados.

Realmente, o número de acidentes no trânsito brasileiro é alarmante. Segundo o jornal Bom Dia Brasil, aproximadamente 43 mil pessoas são mortas por ano no país, deixando-o em quarto lugar no ranking mundial de mortes no trânsito. Isso custa aos cofres públicos anualmente milhões de reais que são gastos no tratamento das vítimas.

Os jornais televisivos e virtuais nos bombardeiam todos os dias com informações sobre acidentes que envolvem principalmente veículos sobre quatro rodas, visto que é em carros que os indivíduos se sentem mais seguros e certas vezes invulneráveis. Assim, cometem imprudências graves e frequentemente ultrapassam o limite de velocidade que é estipulado pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), segundo o qual o limite máximo em rodovias é 110 km/h, em vias urbanas 80 km/h e nas demais estradas 60 km/h. Para efeito de entendimento, observe o Art. 61 do CTB.

A velocidade é, sem dúvida, um dos principais fatores que exerce grande papel na concretização de acidentes; quer para chegar mais cedo em casa ou no trabalho, quer para testar a potência de seu veículo, ou por qualquer outro motivo, as pessoas se arriscam pisando firme no acelerador, sem medir as consequências de seu ato.

Se já se sabe que veículos em alta velocidade têm muito mais chances de se envolverem em acidentes, sobretudo os de maior gravidade, e se os governos têm como meta diminuir os acidentes no trânsito, então por que produzir veículos altamente velozes e potentes? Como objetivar uma realidade diferente se entregam “armas” nas mãos das pessoas?

Na verdade, isso é como guardar doce na geladeira e dizer a uma criança que ela não deve comer; certamente, a qualquer hora ela irá experimentar. Gostando, continuará a comer e em pouco tempo surgirão as consequências de seu ato e podem se tornar, em algum momento, irreversíveis. Então, se entregam “armas” altamente velozes nas mãos das pessoas, mesmo determinando o limite de velocidade para certas situações, chegará um momento em que os indivíduos irão experimentar toda a velocidade de seus veículos e descumprir as normas estabelecidas pelo órgão regulador. Caso gostem e continuem a praticar, aumenta bastante a probabilidade de acontecer um acidente e, dependendo de sua proporção, as consequências poderão ser irreversíveis. O que há de ser feito?

Sabendo que legalmente o limite máximo de velocidade permitido no Brasil é 110 km/h, então o por que produzir meios de transporte terrestres automotores com capacidade de velocidade muito acima do limite permitido? Incoerência, não? Existem carros esportivos (valendo uma fortuna, inclusive) que possuem 1287 cavalos, capazes de gerar uma velocidade final de 430 km/ (Ultimate Aero, por exemplo), 320 km a mais do que o permitido no Brasil. Já os carros mais populares conseguem alcançar 220 km/h e as motos 140 km/h. A velocidade varia de marca para marca.

Um dos segredos para diminuir os acidentes provocados pelo excesso de velocidade, nessa linha de raciocínio, é “desarmar” (parcialmente) as pessoas, diminuindo os riscos referentes à alta velocidade. Deve-se, enfim, limitar a velocidade de todos os veículos emplacados em território nacional a 110 km/h e, além disso, punir rigidamente aos que burlarem a lei retirando o referido limite, fora as competições esportivas, veículos de uso policial ou médico, dentre outras exceções. Sabemos, contudo, que 110 km/h já constitui um limite perigoso, principalmente para motocicletas. Seria uma solução muito radical? Talvez para problemas radicais, as soluções necessitariam andar no mesmo nível.


Publicado por: Hélio Costa

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