A POLARIZAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL: AS SUAS PRINCIPAIS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS NO POSICIONAMENTO SOCIAL DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Estudo sobre as manifestações de rua ocorridas a partir de junho de 2013; e como esta repercutiram no processo de polarização política no Brasil.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
RESUMO:
O presente artigo objetiva um estudo sobre as manifestações de rua ocorridas a partir de junho de 2013; e como esta repercutiram no processo de polarização política no Brasil, sejam, através da disseminação de notícias falsas nas redes sociais; nas notícias televisivas ou em outras mídias de acesso audiovisual. A polarização política decorre quando as partes optaram pelas ofensas e ataques agressivos; ao invés de buscarem o diálogo sério, responsável e construtivo. Deste modo, resume-se a polarização como a incapacidade de ambos os lados, criarem argumentos convincentes e conciliarem assuntos de interesses comuns. Devido à crise econômica e política, as manifestações de junho, tomaram um viés único que precisa ser estudado nas suas particularidades. Portanto, entender como elas decorreram, significa conhecer as causas que a movem e organizam, principalmente por estarem inseridas em fatores típicos do século XXI, como acesso à internet, redes sociais, iphone e tabletes e grupos de bate-papos. Por tais razões, o presente estudo procura demonstrar como a ausência de discursos pragmáticos, coerentes e coesos nos atos políticos acabam por gerar desentendimento e negam, muito das vezes, o diálogo entre uma parte e outra. Esses atos tornam se a base de inúmeros conflitos dialéticos, partidários e ideológicos na sociedade brasileira.
Palavra-chave: Polarização política. Crise política e econômica. Manifestações de 2013. Posicionamento ideológico.
INTRODUÇÃO:
Para termos um melhor entendimento sobre as manifestações de rua ocorridas no Brasil em junho de 2013. É necessário compreender a história dos movimentos populares que ocorreram nos últimos dois séculos.
Diversos movimentos populares surgiram, sejam, no período do Monárquico e Republicano e ficaram conhecidos por revoltas e tiveram diversas reivindicações. As revoltas no Brasil ocorreram por vários fatores como: a fome, a desigualdade ou opressão.
Elas receberam ao longo do tempo o nome de revoltas, perturbação, levante, rebeliões, amotinação, insurreição e atualmente a designação de (manifestações).
Sendo assim, não são inéditas no Brasil. Elas se levantaram por diversas razões e sendo protagonizadas por negros, índios, brancos, mulheres, homens, jovens, trabalhadores e estudantes.
No Brasil, no entanto, devido à crise econômica e política, as manifestações de junho de 2013, tomaram um viés único que precisa ser estudado nas suas particularidades.
Neste caso, as manifestações 2013 antecederam o segundo mandato do governo Dilma, surgiram primeiramente, durante a crise na economia, das denúncias de corrupção, das investigações, delações da Lava-jato, da confirmação dos desvios de verbas públicas da Petrobrás; e na falta de investimento do governo em questões pertinentes à saúde, segurança e educação.
Nesse sentido, a polarização política no Brasil aconteceu quando as manifestações favoráveis ao governo, organizadas por movimentos sindicais e de esquerdas. Estavam em oposição, aos partidos de direita, apartidários e movimentos sociais como MBL (Movimento Brasil Livre) foram as ruas defender as suas pautas, contra o governo.
Porém, dentro um espectro polarizado, raramente se permite a discussão; e nestes casos é comum que ocorra a manifestação de atos de intolerância, ódio, desrespeito e difamação do outro que por fim, acabam por consolidar em ataques violentos e agressivos com intuito de difamar o rival.
DAS REVOLTAS REGENCIAIS ÀS MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS DE JUNHO DE 2013.
Para termos melhor entendimento sobre as manifestações de rua ocorridas no Brasil em junho de 2013. É essencial enquadrá-las numa série de fatores político-econômicos que estavam acontecendo naquele momento.
Contudo, é importante frisar que na história do pais sempre houveram atos que se utilizaram de movimentos populares para questionar o poder e a autoridade dominante, assim como, reivindicar interesses em comuns. Distanciando da crendice popular, de que os brasileiros são um povo pacífico e ordeiro.
No período Regencial (1831-1840), brotaram vários movimentos populares insurgentes como: a Cabanagem, a Sabinada, Guerra dos Farrapos e Balaiada.
Conforme Costas (2016, p. 74), “Todas elas tinham como objetivo em comum, além dos objetivos específicos de cada região em que ocorreu: o fim da Monarquia (já que o país vivia num regime praticamente republicano) ”.
Durante esse período o Brasil foi palco de uma série de movimentos sociais que contestava o seu governo.
A Cabanagem, conforme Villa (1999), menciona:
As divergências entre os detentores do poder econômico, especialmente os comerciantes de Belém, em sua maioria portugueses, e a população pobre da capital e do interior, índios, negros e mestiços, deram origem a rebelião de 1834 (p. 29).
Porém, para melhor compreensão das manifestações de junho é necessário entender que esta não foi a única manifestação ocorrida até então. Como vimos, no Brasil já ocorreram, sejam, no período do Monárquico e Republicano, uma série de manifestações populares, conhecidas por Revoltas. Elas tiveram diversas reivindicações que questionavam a forma de tratamento dada pelo governo federal.
Sobre a Cabanagem, Villa (1999, p. 29), argumenta: “Estima-se que 40.000 pessoas morreram entre 1834 e 1840, numa região com pouco mais de 100.000 habitantes”.
Também ocorreram no século XX, uma série de movimentos sociais que Scherer-Warren (2014, p. 417) descreve: “Temos uma história de manifestações nas quais a juventude ou os estudantes foram protagonistas relevantes ou principais”.
Sobre o período da ditadura Militar de 1964 a 1985, Villa (1999), corrobora:
Os Estudantes, organizados em entidades como a UNE, e a União Estadual dos Estudantes (UEE) eram, aos olhos dos militares, um dos setores mais identificados com a esquerda e com o comunismo. Atribuíram-lhes conceitos de subversivos e desordeiros. Pretendiam assim desqualificar o movimento e justificar a violenta perseguição que se seguiu pelos anos aforas (p. 18).
Neste sentido: é necessário dizer, que na necessidade de reivindicar melhores condições de vida, redemocratização, direito ao voto, trabalho e prioridades básicas como: saúde, segurança e educação; a população brasileira sempre manifestou o seu desejo de lutar em prol de seus valores e princípios humanos básicos.
Conforme Scherer-Warren (2014), apesar das similaridades, as manifestações de junho foram distintas das mobilizações populares que ocorreram anteriormente no pais.
Segundo este autor:
Comparando com as grandes manifestações anteriores no Brasil, desde meados do século XX – como as mobilizações contra a ditadura, as Diretas Já, os Caras Pintadas e o Movimento pela Ética na política, além das manifestações mais regulares, como o Grito dos Excluídos, as Marchas das Margaridas, os movimentos pela Reforma Agrária, ou dos atingidos por barragens, movimentos negros, indígena, etc. –, há fatos comuns, mas também diferenciações que merecem serem lembradas (p. 417).
Portanto: É correto dizer que as revoltas no Brasil ocorreram por diversos fatores: seja, a fome, a desigualdade ou opressão. Elas receberam ao longo do tempo o nome de revoltas, perturbação, levante, rebeliões, amotinação, insurreição e atualmente a designação de (manifestações).
Sendo assim, as elas não são inéditas no Brasil. Elas ocorreram por diversas razões sendo protagonizadas, por negros, índios, brancos, mulheres, homens, jovens, trabalhadores e estudantes.
No entanto, no Brasil, devido à crise econômica e política, as manifestações de junho de 2013, tomaram um viés único que precisa ser estudado nas suas particularidades.
Sendo assim, Pinto (2016), expõe que:
As manifestações em 2013 começaram no mês de fevereiro na cidade de Porto Alegre, lideradas pelo grupo Bloco de Lutas, contra o aumento das passagens do transporte urbano. Entretanto, as que irão se alastrar pelo país com a mesma demanda não estavam diretamente ligadas aos acontecimentos de Porto Alegre, elas foram chamadas pelo Movimento Passe Livre (MPL) surgido em São Paulo (p. 128).
Entender essa manifestação significa conhecer as causas que a movem e organizam, principalmente por estarem inseridas em fatores típicos do século XXI, como internet, redes sociais, iphone e tabletes e grupos de bate-papos.
Segundo Pinto (2016). Elas tiveram origens no “Movimento Passe Livre (MPL), “trata-se do movimento social autônomo, apartidário e independente que visam a luta pelo transporte público, gratuito para a população fora da iniciativa privada.
Esse movimento ficou conhecido pela não participação do viés político-partidário e de organizações sindicais. Teve apelo popular por sua reivindicação “transporte gratuito”, redução das passagens e pela organização e mobilização pública, a partir das redes sociais (Facebook, WhatsApp, Instagram e Twitter).
Contudo, o autor, ainda acrescenta:
As manifestações tomaram um rumo diferente do que previa as convocações do MPL e se tornaram eventos contra a corrupção, os políticos, os partidos políticos, o governo, os serviços públicos. Os participantes eram jovens, alguns pertenciam a grupos organizados, mas a maioria chegou às ruas através das redes sociais, como indivíduos em grupos de amigos e sem militância política anterior em partidos ou movimentos sociais (2016, p. 128).
Neste momento surgiu a famosa frase: “Não é pelos R$ 0,20 centavos [sic]”. E como consequência, esse movimento MPL, que objetivava a redução no valor das passagens. Conforme citados nos noticiários, as manifestações se estenderam para várias regiões do pais.
Gohn (2014, p. 431) “[...] ocorreu, em 12 capitais brasileiras e em várias outras cidades de médio porte, uma onda de manifestações populares que reuniu mais de um milhão de pessoas, com similares em apenas três momentos da história do país”.
Até aquele ano de 2013, os movimentos de grande repercussão nacional eram: o impeachment do ex-presidente Collor de Melo em 1992; o movimento Diretas Já de 1984, no período do regime militar e nas greves e paralizações pré-golpe militar de 1964.
No caso da manifestação de 2013, ela se alastrou para além da esfera de Porto Alegre (RS), alcançando outros Estados e regiões, e assim, surgiram outras reivindicações.
Se anteriormente estavam limitadas a redução no preço das passagens de ônibus e metrôs das cidades metropolitanas das regiões sul-sudeste. Na sua expansão passaram a buscar melhor qualidade na educação, saúde e segurança no pais.
Para Scherer-Warren (2014). Este fato deve-se pela característica peculiar dessas manifestações, a sua diversidade de pessoas que delas participaram e que se revelou na dificuldade em defender suas pautas de exigências.
Conforme Pinto (2016), continua a descrever:
Se há uma característica capaz de definir as manifestações de rua de 2013 no Brasil é a diversidade de pessoas que delas participavam e que se revela em um flagrante fragmentação discursiva. Estavam nas ruas: o Movimento Passe Livre em São Paulo, próximo ao PT; os Black Blocs, com performances violentas de ação direta, autodenominando-se anarquistas; bancários e professores das redes estaduais, (p. 129-130).
Os manifestantes na defesa dessas pautas, muito das vezes confusas, levaram as ruas uma variedade de reivindicações, desde protestos políticos desejando a volta do regime militar; a lutas por direitos humanos. Dos quais a maioria dos protestos, estavam expressas em faixas ou cartazes.
Ela se diferencia politicamente das manifestações ocorridas no século XIX e XX por não estar focada em apenas um grupo.
Como Scherer-Warren (2014), argumenta:
No caso brasileiro, são históricas as manifestações vinculadas aos movimentos organizados, conforme já foi mencionado. Assim, temos tido manifestações específicas, organizadas por movimentos juvenis, de mulheres, de negros, de indígenas, do mundo do trabalho, dentre outros, os quais dialogam entre si e, em momentos estratégicos, se unem em manifestações conjuntas, como ocorreu no dia 11 de julho e no dia 7 de setembro de 2013. Tais manifestações expressaram uma variedade de pautas dos movimentos organizados e possuem algumas particularidades a serem lembradas (p. 422).
Conforme supracitado, as manifestações devido a pluralidade dos participantes, sejam eles: classe baixa, classe média, trabalhadores do setor público ou privado, estudantes, professores, movimentos sociais de esquerda/direita, black blocs, acabaram por atropelar na objetividade de suas exigências.
Foram consideradas movimentos marginais por alguns segmentos da mídia, por não terem a participação das principais forças partidárias, associações ou movimentos sindicais mais importantes.
Esse movimento destacou-se, por sua força ter sido ocasionada pelas convocações nas redes sociais. E pela divulgação de vídeos em grupos de WhatsApp ou páginas do Facebook e Youtube de ataques policiais aos manifestantes que estavam em protestos. Fortalecendo, assim, a manifestação perante a opinião pública.
Posteriormente Scherer-Warren (2014, p. 427), ainda menciona que: “O que articulava a diversidade de atores ao evento era, num primeiro momento, o direito às vozes da cidadania nos espaços públicos e às respectivas manifestações”.
Neste sentido, a população passou a reivindicar por transparência do governo em situações que envolvem a corrupção, direcionamento das verbas públicas e comprometimento da classe política às carências no campo dos direitos humanos.
Também ocorreram questionamentos e reprovação quantos a forma como as políticas institucionais eram realizadas pelo governo.
Para Scherer-Warren (2014), os crescentes vazamentos de denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro, divulgadas através das redes virtuais, deram o estopim para as manifestações de junho de 2013.
SOBRE A POLARIZAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
Quando entramos na esfera do poder Estatal (o Estado) e da sua relação com a sociedade civil (a população), muitos das vezes, elas divergem, apesar de serem necessárias para o diálogo e convívio democrático em defesas de suas exigências.
Segundo a Constituição de (1988). O Estado é representado pelos três poderes que formam a República Federativa do Brasil, sendo estes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Cabendo a eles: Criarem as leis, aplicá-las e julgá-las dentro da égide da Constituição Federal.
As forças da Sociedade civil, encontra-se inseridos nas Instituições, Corporações, Associações e Movimentos sociais. Com relação à sociedade civil, Ballestrin e Losekann (2013; apud Habermas, 2003), apontam que:
Ao escrever sobre a sociedade civil em Direito e Democracia – entre facticidade e validade, Habermas (2003) salienta que o significado atual de sociedade civil não é mais aquele que a identificava com a “sociedade burguesa” liberal ou que coincidia com a economia e o mercado. Segundo o autor, o conceito hoje adquiriu outra característica: a formação de um núcleo institucional que não se caracteriza pelos atributos econômicos nem pelos estatais e que, por sua vez, ampara as condições sociais para o surgimento de esferas públicas. Mas, para que isso seja possível, é necessário que se preservem os direitos privados, que, por sua vez, garantem as condições para a existência de uma esfera privada plural, livre e autônoma (p. 191).
Sendo assim, o Estado e a Sociedade devem funcionar de forma harmônica, pois um depende do outro, sejam na sua organização, gestão e fiscalização. Ambos convivem com inúmeros desafios em função dos impactos que podem beneficiar ou prejudicar a sociedade como um todo.
Contudo, ocorrem situações em que o Estado e a sociedade civil, geram situações de conflitos, onde um tenta se interpor ao outro. É quando a população vai as ruas (nascem as manifestações); é quando o Estado por meio das mídias, das forças policiais ou exército tentam contrapor a esses movimentos, sejam, por vias legais ou espúrias (ocorrem as intervenções).
No caso do Brasil, as manifestações 2013 que antecederam o segundo mandato do governo Dilma, surgiram primeiramente durante a crise na economia, das denúncias de corrupção, das investigações, delações da Lava-jato, da confirmação dos desvios de verbas públicas da Petrobrás; e na falta de investimento do governo em questões pertinentes à saúde, segurança e educação.
Segundo Scherer-Warren (2014), cita:
Mas, a partir de junho de 2013, as manifestações se ampliam e se diversificam em resposta à repressão policial dirigida à manifestação paulista organizada pelo MPL local. Nesse momento, o repúdio à repressão legitimada pelo Estado, por um lado, e a solidariedade à liberdade de expressão da cidadania, por outro, formaram o mote para a ampliação das manifestações em todo o país (p. 419).
Conforme Costas (2016), corrobora:
Os preparativos para a Copa implicavam a construção de estádios grandiosos para a realização dos jogos. Todos eles deveriam seguir o chamado padrão Fifa de qualidade. Muitos em regiões empobrecidas e carentes de serviços básicos. A Arena da Amazônia, por exemplo, em Manaus, custou cerca de R$ 800 milhões, em um estado em que apenas 36% da população tem acesso à rede de água, e a coleta de esgoto atende a apenas 4% da população (p.159-160).
Segundo Gohn (2014, p. 439), “A grande mídia contribuiu de diversas formas com as manifestações: ajudando na divulgação de data, horário e local dos atos [...] noticiando pautas, divulgando fotos, fazendo enquetes”.
A população passou a reivindicar Escolas e Hospitais no “Padrão FIFA [sic]” A sociedade civil notou que se houvesse interesse por parte dos governantes em investir em políticas que permitisse a construção de escolas, hospitais e investimentos em saneamento. Muitos das problemáticas que existem a gerações e afetam milhões de brasileiros, poderiam ser resolvidas, se demonstrassem real interesse.
Costas (2016), expõem que: “Os recursos existiam na 7ª maior economia mais robusta do mundo e havia uma disparidade entre essa posição no ranking da riqueza e a posição (85ª) no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) ”.
Ele ainda argumenta:
As exigências do padrão Fifa irritaram profundamente os brasileiros. Unidas a uma crise de representação política surgida no escândalo do Mensalão, levam o povo às ruas para exigir o mesmo padrão Fifa pelo qual o governo construía os estádios da Copa, para hospitais, escolas, estradas, transporte público, moradias populares, que no país ainda são precários (p.160).
Nos primeiros meses de 2015, com a reeleição de Dilma Rousseff e a continuidade de um governo que apesar de vitorioso nas eleições; ainda estava sofrendo de vários agravantes relacionado as denúncias de corrupção na maior empresa do país — a Petrobrás. E no uso de cargos públicos como modelo de indicações políticas para os chamados cargos de confiança.
Das doações de campanhas que se revertiam em troca de favores; as prisões de políticos presos por esquemas de corrupção e a própria crise econômica que se intensificará naquele momento, ocasionou o pedido de Impeachment (cassação) da então Presidente Dilma Rousseff, provocaria o esfacelamento dos 13 treze anos de Governo de Esquerda no pais.
O período de Impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, resultou numa polarização política nunca vista no Brasil no século XXI. Deste modo:
O segundo turno das eleições presidenciais deixou o país profundamente dividido e com as forças de oposição que haviam votado em Aécio Neves inconformadas com a derrota por uma pequena margem de votos. Após as eleições, o discurso anti-Dilma tomou imediatamente o impeachment como seu conteúdo central. Dilma Rousseff venceu as eleições, mas não venceu o discurso. Quem falava em nome do Brasil, quem dizia o que era o país, o que iria acontecer, era a oposição partidária e alguns grupos organizados nas redes sociais. A popularidade da presidenta caiu nos três meses posteriores à eleição de forma vertiginosa: em dezembro, Dilma tinha 42% de ótimo e bom na avaliação de seu governo e 24% de péssimo; em março, caiu para 13% de ótimo e bom e 60% de péssimo Pinto (2017, p.146).
Nesse sentido, a polarização política no Brasil decorreu quando nas manifestações Pró Dilma, organizadas por movimentos sindicais e de esquerdas; ficaram em oposição, aos partidos direita, apartidários e movimentos sociais como MBL (Movimento Brasil Livre) que foram as ruas defender as suas exigências.
Uma explicação plausível para esse fenômeno deve ser buscada na desagregação discursiva já em curso desde 2013. O que não impediu, porém, que o tradicional eleitor do PT e os clientes do governo votassem em Dilma Rousseff, por ideologia ou por cálculo de custo-benefício. Mas a vitória eleitoral não proporcionou a articulação de um discurso de governo capaz de dar sentido à política do país. O recrudescimento do discurso oposicionista, fortemente determinado pelas acusações de corrupção contra políticos do governo, resultou na popularização de postagens nas redes sociais de textos conservadores, antipetistas e de acusações e impropérios à presidenta e à pessoa Dilma Rousseff bastante agressivos Pinto (2017, p.146).
Deste modo, a polarização política decorreu a partir dos intensos sentimentos partidários de grupos governistas e oposicionistas.
Os entraves partidários entre a Esquerda, favorável a permanência da Presidente no poder e a manutenção do governo petistas. Contra os movimentos sociais de Direitas, apartidários, ou oposicionista que reivindicavam novas eleições e combate efetivo à corrupção na política que tinha levado o pais a recessão econômica.
Para Borges; Vidigal, (2018), eles discutem que:
Identificação partidária é claramente um tipo de identidade social, uma vez que as pessoas facilmente categorizam-se em grupos a partir da mais trivial das diferenças. A força dos sentimentos partidários, por sua vez, pode estar relacionada à existência ou não de divisões ideológicas relevantes tanto no nível das elites quanto no das massas (p. 57).
Esses dois grupos manifestavam-se nas ruas e acompanhavam o julgamento do processo de impeachment, como verdadeiras finais de Copa do mundo; enquanto assistiam pelos telões instalados em praças públicas ou presenciavam pelos seus celulares e tabletes.
Nesses momentos confirmavam os fortes sentimentos de oposição ideológicas polarizadas. Os “Prós-Dilma”, favoráveis ao governo em sua maioria, vestido de vermelho; e os “Anti-Dilma”, vestidos com a camiseta verde e amarela da seleção brasileira de futebol.
Segundo estes autores:
A polarização do eleitorado (polarização de massas) é um fenômeno que tende a estar associado a identidades partidárias intensas, do tipo “nós contra eles”, e também a grandes diferenças de opinião e ideologia entre os eleitores identificados com cada um dos partidos. Em particular, a polarização está associada a sentimentos partidários negativos, uma vez que eleitores de direita (esquerda) acabam por rejeitar claramente as legendas de esquerda (direita) (Medeiros e Noël, 2014). Medir a polarização é claramente um desafio, pois diferentes formas são usadas para medir o conceito, o que, muitas vezes, resulta em conclusões divergentes (Fiorina, 1981) Borges; Vidigal, (2018, p. 57; apud Fiorina, 1981; Medeiros e Noël, 2014).
Em resumo: A polarização política decorreu quando ambas as partes “Esquerda/Direita” optaram pelas ofensas e ataques agressivos ao invés de buscarem o diálogo sério, responsável e construtivo.
Os ataques se deram a partir das manifestações de rua e das redes sociais, com memes (piadas e críticas prontas); fake news (notícias falsas), virais da internet (vídeos curtos com enormes quantidades de curtidas e compartilhamentos).
Corrobora Santos; Szwako (2016, p. 119), “A mobilização verde e amarelo que ganhou as ruas nos meses de março, abril e agosto de 2015 soube se apropriar de um dos principais legados de 2013: a rua como palco legítimo dos protestos”.
Por outro lado, Tatagiba; Galvão (2019), mencionam:
Apesar de suas insatisfações com o governo, com o agravamento da crise política em 2015, trabalhadores e populares, articulados na Frente Brasil Popular e na Frente Povo sem Medo, coordenadas pelo MST e MTST, respectivamente, com a participação de centrais sindicais e partidos, saíram às ruas em defesa de direitos sociais e contra o impeachment (p. 80).
Assim sendo, a polarização é a incapacidade de ambos os lados, criarem argumentos convincentes e conciliarem assuntos de interesses comuns. Evidencia-se este fato no processo de impeachment contra a Presidente Dilma Rousseff, e nos discursos polarizados, de ambos os lados, durante votação do SIM/NÃO pela continuidade do impeachment.
Viu-se no decorrer das votações no Congresso Nacional, 17 de abril de 2016, onde os Deputados Federais discursaram, casos de narrativas fracas, muito das vezes, incoerentes e vagas. Alguns utilizavam-se de frases prontas e banais que poucos davam sentido ao contexto histórico daquele momento.
Seguindo o mesmo trajeto, quando perguntado aos grupos partidários que eram a FAVOR/CONTRA o processo de impeachment, estes acabavam por se utilizar de pontos de vistas vagos e inflamados para manterem seus argumentos.
Para Borges; Vidigal, (2018), a polarização é uma questão de grupos que envolve dois ou mais grupos; a polarização aumenta quando a “dispersão dentro do grupo” é reduzida; e a polarização aumenta quando a distância entre os grupos cresce.
Por fim, Borges e Vidigal, (2018; apud Fiorina; Abrams, 2008), argumenta:
Em suma, (i) a polarização é uma questão de grupos que envolve dois ou mais grupos; (ii) a polarização aumenta quando a “dispersão dentro do grupo” é reduzida; e (iii) a polarização aumenta quando a distância entre os grupos cresce (Fiorina e Abrams, 2008). Ainda que identificação partidária e polarização do eleitorado sejam fenômenos distintos, em determinadas condições o aumento da polarização tende a favorecer o fortalecimento das identidades partidárias. Em especial, quando o processo de polarização partidária aumenta a diferenciação dos partidos no eleitorado, devemos obter como resultado preferências partidárias mais intensas do público (p.58-59).
Sendo assim, raramente elas permitem a discussão e nestes casos é comum que ocorra a manifestação de atos de intolerância, ódio, desrespeito e difamação do outro e por fim acabam por consolidar em ataques violentos e agressivos com intuito de degradar o rival.
São nestes casos que surgem indivíduos ou grupos com ações mais violentas e extremadas, podendo pertencer ambos os espectros, Direita, Esquerda e Anarquistas (ausência de Governo) que acabam por consolidar em atos de destruição, perseguição, agressão, maus-tratos e brutalidades a pessoas ou coisas públicas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve por finalidade o estudo sobre a polarização política no Brasil e como esta repercutem na população. A convivência diária com discursos polarizados e violentos através de notícias falsas nas redes sociais ou na convivência em ambientes de Trabalho, Escola ou Lazer, acabam por gerar desentendimentos e inimizades nas situações do dia-a-dia.
Com as manifestações 2013, processo de Impeachment do governo Dilma, que juntamente com a crise na economia, e denúncias de corrupção, consolidaram em atos violentos ou ofensas ao que pensavam diferente do seu ponto de vista.
Nesse sentido, a polarização política no Brasil aconteceu quando as manifestações de movimentos sindicais e de esquerdas foram as ruas; em oposição a movimentos sociais de Direita ou apartidários como MBL, estavam nas ruas para defender suas reivindicações.
A polarização política passou a fazer parte do cotidiano das pessoas, por coabitarem em ambiente de crescente conflitos ideológicos. Este fato, confirmam-se principalmente nas redes sociais como: Facebook, WhatsApp e Youtube. Os constantes ataques agressivos, ofensas, injúrias, difamação, com discursos de ódio, incitação à violência, apologias ao racismo, xenofobias, intolerância ideológicas ou partidárias.
Neste aspecto é quando a polarização atinge seu auge. Torna-se a incapacidade de ambos os lados, criarem argumentos convincentes e conciliarem assuntos que na verdade são interesses de todos.
Conclui-se assim, com o presente estudo demonstrar como a ausência de discursos pragmáticos, coerentes e coesos nos atos políticos acabam por gerar desentendimento e negam, muito das vezes o diálogo entre uma parte e outra.
REFERÊNCIAS:
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VILLA, Marco Antônio; NETO, Afonso Celso Machado. Sociedade e história do Brasil. Ditadura Militar, XIII, Instituto Teotônio Vilela, 1999.
Por Edson E. Carvalho
Publicado por: Edson E Carvallho
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.