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Reconstrução do conhecimento com a educação popular

Clique e entenda acerca da reconstrução do conhecimento com a educação popular.

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RESUMO

A reconstrução da pedagogia tradicional para um conhecimento popular é clara. Visto  que ao longo de décadas passadas o ser humano tem  buscado e se dedicado a causas mais nobres, por uma sociedade mais justa e benévola. Uma mudança que humanize a didática, focado na busca do saber, com resgate da cultura local com medidas essenciais para a formação de um ser social com origem é destaque na promoção do bem estar pessoal e cívico, aonde as classes menos favorecidas são o grande alvo do descaso político principalmente. Promover a educação para todos onde se faça sentido ir a escola para realmente provocar a curiosidade epistemológica, a fim de apresentar a sociedade seres atuantes e não meros expectadores.

Palavras-chaves: educação popular, escola cidadã, saber, pedagogia.

1 INTRODUÇÃO

A forma singela de se enfatizar Educação Popular é entendê-la como um ato amoroso em uma prática de um bem querer. Na pedagogia é através das palavras do nobre educador e pensador brasileiro Paulo Freire “paixão de conhecer” que entenderemos a sua dimensão.

A necessidade da reconstrução do conhecimento é notória, é através dessa que um cidadão se torna um ser social atuante, que tenha condições de opinar, se tornar crítico, que sinta a necessidade de conhecer e descobrir o seu potencial em bases sólidas, formando indivíduos entendedores da sua cultura e inseridos no seu contexto histórico de forma adequada, com projeção de ideais acessíveis.

O ser humano excluído ou não da sociedade reconhece seus valores, seus direitos e faz parte deste meio, embora se perceba como uma forma de coletivo ideal, não o é; pois a hierarquia, relação de superiores e dependentes, é de uma disparidade perceptível, onde os desfavorecidos são colocados à prova da exclusão e posteriormente convidado a se reintegrar.

O ponto inicial de um projeto social é a busca de alternativas possíveis que desejem assim a mudança, fato que ocorre na prática pedagógica, na sua funcionalidade, na descentralização por parte da classe dominante e um direcionamento a favor da ética, inclusão e outras formas de se libertar da opressão e dogmatismo que insistem em permanecer como única verdade.

A Educação Popular é uma forma diferenciada de aplicar e buscar o saber dentro de parâmetros pedagógicos, que consiste em reafirmar a cultura pré-existente e amenizar desequilíbrios sociais com a conscientização do potencial, participação mais ativa do educando na formação da sua identidade.

2 ENTENDENDO A EDUCAÇÃO POPULAR

A sua origem esta no século XIX, época em que os intelectuais já discursavam em uma educação para todos. Pois, aconteciam as grandes transformações sociais e políticas no país. O marco desta história da educação ocorre com o esforço e trabalho do nobre educador e pensador Paulo Freire que se inspirando nos moldes aplicados aos excluídos dos países da Itália, Espanha, Finlândia, Alemanha, Estados Unidos e até no Japão, passa a se dedicar com afinco a uma consciência crítica e libertadora do educando brasileiro, pois “não se pode afirmar que alguém liberta alguém, ou que alguém se liberta sozinho, mas os homens se libertam em comunhão” (Freire, 1987, p. 130).

Se trata de uma educação com comprometimento e participação direcionada a camadas populares, o povo, acolhendo as suas necessidades, não com frieza ou austeridade; mas visando uma transformação social pautada no conhecimento com características peculiares. Na Pedagogia segundo Paulo Freire “a conscientização é uma das fundamentais tarefas de uma educação realmente libertadora e por isso respeitadora do homem como pessoa” (Freire, 2002, p. 45). Umas das principais particularidades que a Educação Popular se utiliza para o ensino é o saber de uma sociedade com cotidiano próprio, referenciado na sua realidade cultural. De acordo com Brandão (1986, p. 26)

Um saber da comunidade torna-se o saber das frações (classes, grupos,         povos, tribos) subalternas da sociedade desigual. Em um primeiro longínquo   sentido, as formas – imersas ou não em outras práticas sociais, através das quais o saber das classes populares ou das comunidades sem classes é transferido entre grupos ou pessoas, são a sua educação popular.

Falar sobre Educação Popular é compreender e aceitar conflitos que promovem uma nova era na ação pedagógica é se embasar em uma ideia acalentada como a ideal. Ter e manter planos e se compadecer dos dissabores de educadores e educandos. É ter em mente perspectivas cujo ponto de partida seja a realidade social aliada a um projeto educacional com qualidade de ensino para o povo, recuperando o saber popular, com paixão, com coragem, interesse e compromisso no saber.

Se busca uma transformação no jogo do poder, baseado em práticas sociais e políticas na relação da classe dominada e dominante, embora se saiba que a classe dominante lidera ou sobrepõe à classe dos desfavorecido em um ato primitivo e aceitável, perante regras de hierarquia da evolução da sociedade.  A questão não é lutar pelo poder e sim renovar as tradições existentes, buscando melhorias no ato de ensinar, humanizando o ambiente escolar, oferecendo melhores condições em esclarecimento e busca do saber. É dar oportunidade a uma classe que possui costumes enraizados no passado, onde seu cotidiano cultural é essencial à sociedade, não para gerir novos detentores, mas sim para serem participativos, autônomos, críticos e não meros expectadores da vida. As regras podem e devem ser impostas, mas que sejam peculiares e reestruturadas e principalmente cabíveis a classe popular. Segundo Brandão (1984, p. 103), “A educação através da qual ele o sujeito não se veja apenas como um anônimo sujeito da cultura brasileira, mas como um sujeito coletivo da transformação da história e da cultura do país.”

3 EDUCAÇÃO POPULAR NA ESCOLA CIDADÃ

Quanto se trata de Educação Popular o nome de Paulo Freire esta interligado, não como o criador, mas sim o que melhor trabalhou em prol desta educação libertadora, com afinco e felicidade, tendo como prioridade um envolvimento transformador, facilidade e interesse em ouvir o povo.

É através da Educação Popular que será reconhecido ao ser humano os seus valores, tanto quanto as regras que regem a sociedade, assim como um ser excluído também esta ciente de que a sociedade é o seu meio, por isso a pedagogia deve ser um evento de inclusão, seria entender a escola de outra maneira, com práticas peculiares da Educação Popular; compreendendo a vida e buscando melhorias, que consequentemente iriam trazer benefícios ao Brasil em um novo amanhã, é olhar sobre outro nível, mais claro com atitudes coletivas, que visem entender as necessidades e que proponham caminhos viáveis ao povo.

O saber popular oferece em certas situações soluções para problemas de uma comunidade ou de um dado momento. O cotidiano e comparações facilitam a compreender a resistência e comportamentos de uma ação popular, focando possibilidades de aplicações reais e positivas, para um caminho do saber comum e facilitador.

Na esperança de um saber popular é possível se encontrar melhorias no jeito de viver do cidadão desmerecido pela sua própria sociedade. A contribuição para a ciência da vida é importante não só pelo país, mas também em relação a valorizar o ser humano com um ser social, que deve ser atuante e crítico no decorrer da sua existência.

O sistema de ensino atual não deveria ser o mesmo aplicado a todos, pois isto pode ser considerado uma tirania, pois os “filhos” da periferia necessitam de algo que os faça “ir aos bancos escolares”, quer dizer que tenham motivação, que aprendam de uma forma mais amável, produtiva, esclarecedora, orientadora e com isto a similaridade com o estudo convencional de outra camada social diminuirá, haverá paridade. Então a cultura será preservada e reafirmada, o que é primordial.

A Educação Popular como meio pedagógico não rejeita os moldes convencionais, como também não discrimina a elite ou classe média, mas os coloca em um patamar de escolhas. Dar-lhes a opção de criticar e opinar é favorável desde que exista a noção de raízes, onde a cultura regional deverá ser respeitada e valorizada. É inferir em um ato de consenso, pois é desta forma que surgem as decisões. Segundo Freire (1983, p.35) um indivíduo que não tem consciência dos seus direitos, não possui um papel considerável em um grupo, é levar a crer que “Um ser alienado não procura um mundo autêntico. Isto provoca uma nostalgia: deseja outro país e lamenta ter nascido no seu. Tem vergonha da sua realidade.”  Deve ser enfoque esclarecer a importância de costumes locais, pois se trata de identidade e orgulho, que não aproveitado deixa de gerar oportunidades, transformações e em diversos casos uma fonte de renda. A diversidade cultural é importante para um país, nesse sentido,  quando “um homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e o seu trabalho  pode criar um mundo próprio, seu Eu e as suas circunstâncias.” (Freire, 1983, p. 30).

Um trabalho que conduz a satisfação e contentamento requer muito empenho e eficiência é a Educação Popular na Escola Cidadã, que promove caminhos de enaltecimento, razões para desintimidar a classe desfavorecida, um trabalho de amor. Com o tempo as novas e boas regras tendem a serem assimiladas entre as pessoas. E é disso que provem as modificações que viabilizam esse nobre trabalho de pró-transformação social, segundo aquele autor.

4 ENTENDENDO A ESCOLA CIDADÃ

Vindo de uma das regiões mais carentes do país, Paulo Regius Neves Freire, Paulo Freire, nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, estado de Pernambuco. Onde desde cedo aprendeu a experimentar os sintomas das classes populares. Se tornou um nobre educador e pensador, notável sobre a sua coragem em trabalhar incansavelmente em prol dessa classe, na busca e melhoria do saber, isso o fez um dos primeiros exilados brasileiros, julgado como subversivo. Paulo Freire sempre desejou uma educação para todos, onde vítimas da desigualdade social e cultural pudessem ter a chance de exercer a autonomia, esse anseio foi designado como escola cidadã, através da Educação Popular.  Para esse pesquisador não é “no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.” (Freire, 1987, p. 78).

Buscando reflexões a cerca do conhecimento entenderemos que é uma maneira incontestável de relevar acontecimentos da vida de cada ser. Pois cada um irá compreender o mundo a partir do seu ponto de vista e de um modo geral, seres com a mesma experiência subsistem em um grupo com padrões congêneres, por isso a importância da Pedagogia ser diferenciada no seu modo de aplicação e entendimento, no que concerne a Educação Popular. Pois a forma de explicar um fato poderá não ser a mesma entre seres de diferentes realidades, isto deve ser tratado como uma experiência social diversificada e não entendida como a existência de uma única verdade, pois o ponto de partida poderá não coincidir, mas o ponto de chegada poderá ser idêntico.

A Escola Cidadã se empenha em reinterpretar dados tão necessários a valorização do indivíduo, dentro do seu contexto social e cultural. Pois o que reforça a luta pelo conhecimento popular não é o seu consenso geral, isto seria utopia, o importante é entender a luta diária, os ensaios da vida e a tradição, que embora se perca com o passar do tempo ou com os infortúnios da existência, cada ser nasce dentro de uma cultura e ela é normalmente peculiar ao seu meio. Quanto a esta perspectiva Freire avalia “A conscientização é uma das fundamentais tarefas de uma educação realmente libertadora e por isso respeitadora do homem como pessoa”. (Freire, 2002, p. 45)

A escola é considerada um meio de vida, pois para os alunos se trata de um local para aprendizagem e enriquecimento e ao educador cabe nortear e modificar dentro do contexto local a busca e produção do saber. Sendo a Educação Popular um importante ponto de partida para esta ação educativa, que permite explorar a sinergia. Se entende que a junção das informações, sejam elas de tradições, costumes, modo de vida local e classe social contribuem de forma eficaz para realmente se moldar um ser social com origem no seu amplo sentido de contribuir efetivamente para a sociedade, preservando sua identidade.

A Escola Cidadã visa o espaço aonde esta inserida, porém não desvinculando “centro” de “periferia”, ela remodela o papel das complexidades educativas, seu foco é valorizar o “lugar” e criar condições de diversidade e autonomia pedagógica. Para tal um projeto utilizado em determinado local, não é viável ao outro. Como afirma Ducros (1988, p. 38) “(...) uma ideia, um saber ou saber fazer desenvolvidos num contexto não podem ser utilizados num outro sem que intervenha uma nova assimilação”.  A experiência vivenciada não permite apenas o repasse automático dos métodos, sem que esse seja novamente enquadrado aonde se destina para se obter o êxito. Nesse sentido afirma Henriquez (1972, p. 41) “As organizações, quando se interessam umas pelas outras, desempenham certas funções de análise, umas em relação às outras” e estando interligadas “as modificações que afetam uma delas fazem surgir transformações nas outras”.

Embora o sentido da Escola Cidadã seja o mesmo a todos, a aplicação e entendimento é que irão diferenciar a didática.  O processo num todo deverá ser criado, confrontado e aplicado com suavidade no que diz respeito à nova escola e deverá possuir os seguintes parâmetros: a escola tem abertura para a comunidade, educadores com uma capacitação inovadora no que diz respeito a incentivar, influenciar, se fazer compreender e nortear ou favorecer diretrizes, isto possibilita reais exigências no ensino e preparo para a vida. Quanto a isso, Freire (1986, p. 125) avalia:

(...) minha posição não é de negar o papel diretivo e necessário do educador. Mas não sou o tipo de educador que se considera dono dos objetos que estudo com os alunos. Estou extremamente interessado nos objetos de estudo – eles estimulam minha curiosidade e trago esse entusiasmo para os alunos. Então podemos juntos iluminar o objeto!  

Haverá em contrapartida maior entrosação, melhores dinâmicas e aceitação por parte dos alunos, que desenvolveram a capacidade de acreditarem em si mesmo e em seus próprios méritos. Pois em cujo âmago, sabem que estarão se tornando atores sociais, os quais se sentem preparados para se defender ou triunfar ao longo de sua existência.

5 A ESCOLA CIDADÃ VISTA COMO MODELO INOVADOR E CRIATIVO

A necessidade de humanizar a pedagogia se faz ao longo de muitas décadas e até hoje há resistências quanto ao seu modelo ser o ideal, pois há convenções de modelos sociais que ainda intimidam ou não permitem a inovação, que poderá ser vista como uma correção da disparidade do meio em que vivemos.

Ocorre que a socialização não é empregada adequadamente, onde se leva em consideração as experiências e acontecimentos do cotidiano de uma comunidade, onde há exemplos de vida, desejos, onde a comunicação ocorre em outro nível e emoções são expressas das mais diversas formas. Na atual realidade poucos são os reais interesses em promover uma educação adequada voltada ao prazer em aprender, com a compreensão do mundo a sua volta. A educação comunitária tem como estratégia visar o respeito aos envolvidos tanto quanto entender e promover a sua cultura.

Embora exista alguma resistência à mudança, o ensino igualitário não se revela eficaz, inovar nem sempre é bem aceito devido aos processos de construção que o mesmo impõe ou propõe ao longo do tempo. A intervenção da Escola Cidadã é entendida também como uma perspectiva solidária, pois ela permite a participação de uma forma mais aberta para o entrosamento dos envolvidos dentro da sua comunidade, favorecendo de forma democrática a definição ou mesmo o controle do seu próprio futuro.

No que concerne à inovação se pode dizer que para uma Escola Cidadã ser funcional ela precisará sofrer um processo de desestruturação interna e mediante uma mudança lógica se interagindo escola com comunidade, obteremos uma reestruturação chamada ideal com práticas pedagógicas que definam o papel do educador de uma forma mais delicada, isto é sem perder a sua autoridade o mesmo não poderá ignorar ou desvalorizar as influências do contexto sociocultural aonde a escola esta inserida.

Não se refere nessa proposta a um educador participativo da comunidade local ou mesmo aos seus problemas, tal ação ridicularizaria a pedagogia, apenas se propõe que o mesmo deverá ser possuidor de alguma característica humanitária tais como: entender em que comunidade estará atuando, ter uma didática adequada e que possua aberturas, sendo flexível ao se deparar com improvisos, enfim uma personalidade dinâmica e inovadora.

Os autores Freire e Brandão concordam que esse público egrégio possui saberes próprios, experiências singulares e interesses em muitos casos inusitados, que com a abertura de uma nova forma de aplicar conhecimentos poderá ser resgatado e transformado em diversas formas de amenizar a desigualdade. Os educandos na vista do ensino dito convencional são orientados para uma formação e nesse molde da Escola Cidadã os mesmos serão produtores, receberão a orientação ou novas práticas escolares que os irão preparar adequadamente para se manifestarem de forma pertinente e civil ao longo de sua existência com a redefinição de papéis

6 COMPROMETIMENTO E ESPERANÇA NA DIDÁTICA

Para uma convivência sadia e feliz é necessário um padrão ético humanizado, indispensável ao crescimento e evolução do ser, principalmente na figura de um educando, onde o educador tem seu papel primordial de mestre a fim de possibilitar uma produção ou construção de um saber.

No âmbito escolar se deve levar em consideração o saber que o educando traz consigo, pois também será uma troca de conhecimentos, pois a comunidade trás a sua bagagem local, revelando costumes, formas de agir e rotular inclusive. Podendo se transformar em uma experiência muito interessante na relação educador e educando, pois se trata de uma transferência de conhecimentos. Pois a curiosidade existe em todas as áreas da vida, principalmente na formação do indivíduo como ator social.

O conhecimento epistemológico atua na área de buscar a verdade, pensar certo, porém estar consciente e atento que um dos propósitos de pensar certo é abrir o espaço das incertezas, não se julgar o dono da verdade, são bases e linhas de pensamento de Paulo Freire, segundo ele também devem estar com o mundo e no mundo, tendo a capacidade de mediação para conhecê-lo.

De acordo com Freire (2002, p. 32), veremos a pesquisa desta forma:

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para  constatar, constatando, intervenho, intervindo, educo e me educo. Pesquiso para conhecer e o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.

Dando continuidade ao pensamento de Paulo Freire, ele rejeita todo e qualquer tipo de discriminação e objeção, trocando este impasse pela forma de algo novo que se apresenta, tenderá a esmiuçar para então transferi-lo ao pensar certo.  Pois “O velho que preserva sua validade ou que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo continua novo.” (Freire, 2002, p. 39). Seriam nos dando chances ao longo da carreira de educador que cresceríamos como seres realmente modificadores deste tempo.  A aplicação não discrimina a área de atuação ou conhecimento, pois a identidade cultural existe em todos os seres, independente aos seus anseios e rumos.  Pois é com base bem estruturada que o educando fará a diferença na sua atuação junto à sociedade, como um ser determinado e não condicionado. Reafirmando tal proposta o nobre Freire (2002, p. 31) assim escreve:

Gosto de ser gente porque, como tal, percebo afinal que a construção de minha presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta da influência das forças sociais, que não se compreende fora da tensão entre o que herdo geneticamente e o que herdo social, cultural e historicamente, tem muito a ver comigo mesmo.

Freire (2002, p. 34) enfatiza:

É neste sentido que, para mulheres e homens, estar no mundo necessariamente significa estar com o mundo e com os outros. Estar no mundo sem história, sem por ela ser feito, sem cultura, sem “tratar” sua própria presença no mundo, sem sonhar sem cantar, sem musicar, sem pintar, sem cuidar da terra, das águas, sem usar as mãos, sem esculpir, sem filosofar, sem pontos de vista sobre o mundo, sem fazer ciência, ou teologia, sem assombro em face ao mistério, sem aprender, sem ensinar, sem ideias de formação, sem politizar não é possível.

A tarefa do educador na sua didática deveria interferir de forma significativa na vida de pessoas que estão se integrando ou reintegrando em uma sociedade como seres atuantes, que deixarão suas marcas na existência. Cabe aos poderes públicos permitirem tal função, respeitando o espaço, o conhecimento na forma de atualizações, dignificar a profissão como prática ética e de valor humano, para que isso possa simplesmente ser transferido e não visto como uma luta por direitos.

Ao educador é fundamental ter uma experiência educativa, para que possa se tornar mais seguro quanto a sua prática e desempenho. A tarefa de ensinar deve com certeza transformar realidades, recriar situações, em suma promover o crescimento. Para tal formação Freire (1996, p.75) afirma “Não posso desgostar do que faço sob pena de não fazê-lo bem”. Pensamento que deveria ser considerado em todos os âmbitos. Afirma Freire (2002, p.46) “Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra. Não posso estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. A acomodação em mim é apenas caminho para a inserção que implica decisão, escolha, intervenção na realidade.”

A forma com que o educador se posiciona perante os educandos será a forma que será julgado, daí a importância de se reconhecer, saber quem sou e o que faço, para quando lecionar se interrogar para analisar a coerência entre o que parece ser ao que estou sendo, pois ensinar exige comprometimento. Daí a importância de seguir uma linha de pensamento ou ideologia, pois é dessa forma que o educando irá aprender e analisar o desempenho do educador.

Quando se fala em lecionar com amor, em um ato mais humano, não quer dizer indisciplina, ao contrário do que se pensa se trata de uma liberdade com limites, onde o respeito prevalece sob qualquer outro aspecto, desempenhando a sua função participativa, porém humanizada. Pois é nessa etapa que se aprende a decidir e isso irá colaborar para uma conclusão mais sábia e sensata. O amadurecimento é diário e não conquistado de um dia para o outro. Daí a importância do educador ser seletivo ao ouvir, pois será ouvindo que aprenderá a falar.  A segurança do educador é baseada no que se sabe, no que se aprendeu ao longo de sua caminhada para a sua formação, porém está claro que nem tudo sabe, a segurança vem desta certeza e só desta forma que se pode fazer a diferença em intervir no mundo de forma cognitiva. É visto que quanto mais constante se torna um educador, mais feliz ele também será, pois se trata de um ato de busca ou vocação.

7 ESCOLA CIDADÃ: EDUCAÇÃO SUSTENTÁVEL E HUMANA

Mediante pesquisas como também não deixando de ser um fato evidente do cotidiano que eleger a educação como um trunfo para o progresso e no que tange a todos os ideais do ser humano, com um ser liberto e participativo, é mais do que sensato e relevante.

Em um desenvolvimento permanente para superar desigualdades vindas do passado, se busca melhores condições no ato de viver, como sendo um ser participativo e construtor do seu futuro, um desenvolvimento necessário a humanidade.

Tanto quanto a Escola Cidadã e a Educação Popular estão diretamente ligadas ao ato de evoluir, com o propósito de tornar um ser crítico e participativo na esfera social. O que se assinala como sendo o ideal na proposta de Freire é o indivíduo crescer em sua comunidade, conhecer sua cultura, tradições para poder se reconhecer e futuramente se adaptar ao meio, sem correr riscos de negar a si mesmo, pois são esses os valores que contribuem ao êxito, gerando equilíbrio pessoal.

Sendo através das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO), que o Relatório Jacques Delors foi solicitado. No Brasil foi publicado com o título Educação, um tesouro a descobrir (2000), para buscarmos o saber necessário em benefício do homem, um desenvolvimento mais humano, harmonioso e verdadeiro, para amenizar a exclusão social, opressão e miséria. Não buscando a igualdade, para não gerar polêmicas utópicas, mas para uma melhor qualidade de vida ao ser. Seria entender que o projeto pessoal é baseado em sua responsabilidade.

Esta comissão tem propostas para um sistema flexível, se recusa a aceitar os desperdícios de recursos humanos. O que é enfatizado é estimular o gosto para o saber, buscando aprender que consequentemente diminuíra a carência existente por falta da curiosidade epistemológica.

A educação deve fomentar a experiência social, pois é na fase escolar, que a integração é de maior intensidade, seguido por descobertas de talentos e demais intenções como a cidadania ativa. Além de que em um ambiente propício existe também a chance de reintegração quando necessário.

A ênfase em humanizar a escola é quase uma necessidade vital. Sendo na qualificação de educadores e na devida importância à comunidade, isto é compreender sua cultura, necessidades e aspectos que possam ser relevantes a mudanças de paradigmas para fortalecer laços, pois é sabido que uma grande parte do destino das pessoas é traçado na escola.

Uma nova dinâmica pedagógica, nos modelos que facilitassem regras adequadas a cada sociedade e a cada cultura, permitirá que as pessoas tenham acesso ao conhecimento, essas propostas poderão garantir o bem coletivo, com a compreensão de si mesma e do mundo.

Não se cogita aqui uma transformação geral, pois com certeza não irá solucionar o problema e sim criar transtornos a quem comanda, mas a flexibilidade deveria existir em cada sistema, principalmente na didática. Seria oferecido dessa forma uma igualdade de oportunidades, com ferramentas adequadas para o educador, que deve assumir suas responsabilidades e deveres perante a comunidade, oferecendo  assim ações inovadoras.

Paulo Freire defendeu ao longo de sua vida o direito de amar, expressou sua indignação frente a tudo aquilo que não achava correto ou justo, para as comunidades carentes. Ele vivenciou na sua totalidade as dificuldades impostas por todos os males que atingem as camadas mais pobres da sociedade, sua ira e batalha eram para um mundo mais justo, mais humano.

A Educação Popular vem ao encontro das propostas de Freire, pois é no saber da comunidade que a didática é formada, proporcionando a oportunidade de aprender, se reconstruir. Todo o ser humano possui uma trajetória de vida que é inerente a sua existência, para tal a busca do saber esta inclusa como uma  necessidade natural, pois é nessa prática que o mesmo será conhecedor dos seus direitos.

Como promessa para o século XXI a Escola Cidadã lança luzes aos novos tempos, buscando realização da cidadania plena, é nesta escola que o educando aprende a aprender, são propostas da própria vida para criar possibilidades até então tolhidas pela própria sociedade. Segundo Freire as pessoas não são totalmente ignorantes em tudo, todos sabem algo e cada um tem uma habilidade em especial. De acordo com suas conclusão, todos somos capazes de aprender e todos somos capazes de ensinar algo.

Teremos a solidariedade planetária quando a educação for humanizada e  ao alcance de todos, pois é neste segmento que um ser poderá opinar, se defender e colaborar para um mundo mais justo. E sem demagogia que se abram as portas para as possibilidades de um ensino descentralizado, pois esta é a ferramenta para a transformação social.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, C.R. Educação Popular. 2ª.ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.

BRANDÃO, C. R. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1984.

COSTA, Beatriz. Cadernos de Educação Popular 1. Para analisar uma prática de educação popular. Petrópolis,1981.

ECO, Projeto, 1986 – 1998 Experiências e Reflexões. 1ª.ed. Instituto de Inovação                                      

Educacional. Lisboa, 1994.

FREIRE, Paulo.  Medo e Ousadia. 10ª. ed. RJ, Paz e Terra, 1986.

FREIRE, Paulo; NOGUEIRA, Adriano. Que fazer? Teoria e prática em educação. São Paulo: Vozes, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996. (Ano da Digitalização: 2002)

_____. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.

_____. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa-21ª Edição- São Paulo. Editora Paz e Terra, 2002.

_____. Pedagogia do Oprimido. 13ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

_____. Pedagogia do oprimido. 17ª. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra,. 1987.

Relatório da Unesco, publicado por Jacques Delors. Educação – Um Tesouro a Descobrir. Brasília, 2010.

Pesquisar internet:

www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=134 Acessado dia 13/12/2012.

www.unopar.br/2jepe/escola_cidada.pdf. Acessado dia 14/12/2012


Publicado por: Claudia Mehler Bot

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