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METODOLOGIAS ATIVAS & LUDICIDADE: TRABALHANDO O DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL DA CRIANÇA NA ESCOLARIZAÇÃO BÁSICA

Análise sobre a relevância da aplicação de metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem, identificar os benefícios que o lúdico pode produzir na criança e como pode ser aplicadas as metodologias ativas com a ludicidade na escolarização básica.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

O presente estudo, busca relatar a importância de se trabalhar a criança em seus aspectos cognitivos, emocionais e afetivos, etc., a partir de um processo de ensino-aprendizagem que se utilize de métodos simples, mas, com a capacidade de estimular o desenvolvimento saudável nas fases que compreendem da Educação Infantil até os Anos Iniciais de Escolarização Básica, haja vista, que é nesse período que as descobertas se tornam mais intensas e o mediador, junto aos pais/responsáveis precisam ter um olhar cauteloso quanto as condições psicossociais do sujeito, por isso, as metodologias ativas associadas ao lúdico podem contribuir para a formação da identidade da criança, nos saberes acerca de sua cultura e do universo em que participa. Neste pensar, o objetivo geral apresenta que a utilização de metodologias ativas, associadas a ludicidade ajudam a criança em diferentes fatores. Destacando que a pesquisa se justifica através da percepção de que a criança quando se sente motivada pelos conteúdos que agregam o brincar, o processo de ensino-aprendizagem se torna mais estimulante, fator este, essencial ao alcance de desempenhos significativos na trajetória educacional. Quanto a problemática: quais práticas devem ser utilizadas pelo professor para o alcance de um processo de ensino-aprendizagem satisfatório? Mencionando que, a metodologia empregada parte de uma revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa e métodos descritivos, cujo alguns dos autores selecionados foram: LDBEN nº. 9.396/94; Libâneo (2001); Soares (2004); Pavão e Rocha (2017); Santos e Vasconcelos (2019); BNCC (2019); dentre outros citados no decorrer dos textos. Em finalização, a mediação da aprendizagem com o uso de métodos interativos e o brincar, ajudam a criança a sair de seu universo íntimo e a aprender a lidar com o externo, o que em muito facilita na construção da aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Anos Iniciais. Metodologias Ativas. Ludicidade.

INTRODUÇÃO

O estudo evidencia a relevância de se trabalhar a criança da educação infantil e dos anos iniciais, a partir da utilização de metodologias ativas associadas à ludicidade, destacando que ambas se associam, pois, requerem o uso de ferramentas que estimulem a criança em seu processo de desenvolvimento cognitivo, emocional, afetivo (etc.), indispensáveis para o alcance de um aprendizado satisfatório e, dentro das perspectivas educacionais.

A aprendizagem para ocorrer de forma agradável precisa que o docente busque agregar nos conteúdos formais, metodologias que motivem a criança a se tornar participativa no processo de ensino-aprendizagem, a se envolver, integrar-se e socializar-se, por isso, o lúdico é essencial na promoção de interações, seja dentro ou fora do contexto escolar, cabendo aos mediadores e pais/responsáveis estimularem as brincadeiras, seja individualmente ou em coletividade.

As ações lúdicas se constituem em instrumentos de prazer, satisfação e enriquece o aprendizado, pois, a partir do momento em que a criança se torna participativa em seu meio, adquire autonomia e inicia um processo de descobertas da própria identidade e passa a conhecer o outro em suas singularidades, o que é muito importante para o desenvolvimento.

E, tendo como meta buscar enriquecer o tema, o objetivo geral apresenta que a utilização de metodologias ativas, em consonância com a ludicidade ajudam a criança em diferentes aspectos do desenvolvimento.

Quanto aos objetivos específicos, tem-se, verificar a relevância da aplicação de metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem; identificar os benefícios que o lúdico pode produzir na criança; analisar como pode ser aplicadas as metodologias ativas com a ludicidade na escolarização básica.

No que se refere a problemática: quais práticas devem ser utilizadas pelo professor, para o alcance de um processo de ensino-aprendizagem satisfatório?

A escolha pelo tema, justifica-se através da percepção de que a criança quando se sente motivada pelos conteúdos que agregam o brincar, o processo de ensino-aprendizagem se torna mais estimulante, haja vista que passa a aprender brincando, fator este essencial ao atingimento de desempenhos significativos para a trajetória educacional.

A metodologia empregada parte de uma revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa e métodos descritivos, cujo alguns dos autores selecionados para propor base teórica foram: LDBEN nº. 9.396/94; Libâneo (2001); Soares (2004); Pavão e Rocha (2017); Santos e Vasconcelos (2019); BNCC (2019); dentre outros citados no decorrer dos textos.

A aprendizagem é um processo necessário à formação da criança para a sociedade, por isso, escola e pais/responsáveis precisam trabalhar juntos nos aspectos que auxiliam no direcionamento de um desenvolvimento saudável. Portanto, as ações despendidas pelos mediadores do ensino em termos de metodologias ativas agregadas ao lúdico, se constituem em métodos fundamentais para auxiliar o sujeito na construção de sua identidade cultural e cidadã.

DESENVOLVIMENTO

APRENDIZAGEM MEDIADA: ASPECTO INDISPENSÁVEL À FORMAÇÃO DA CRIANÇA EM SUAS ETAPAS INICIAIS DE ESCOLARIZAÇÃO BÁSICA

A criança nas fases inicias de aprendizagem requer metodologias que se associem tanto ao imaginário, quanto à realidade para a obtenção de um aprendizado estimulante e que trabalhe os aspectos cognitivos, psicomotores, afetivos e emocionais (etc.), tendo em vista o alcance de um desenvolvimento saudável.

Segundo Munari (2010 apud PIAGET, 1976), a criança em seu processo inicial de aprendizagem precisa ser estimulada a contestar o que lhe é apresentado, seja em forma de conteúdo ou brincadeiras, pois, o desenvolvimento depende de um emocional equilibrado e de pensamentos críticos para ajudar a elaborar o universo íntimo em associação com o ambiente externo, isso porque, quanto mais o professor motiva a questionar, melhores serão os desempenhos na aprendizagem.

Ainda com base em Munari (1976, p.26 apud Kuhn, 1962),

O aprendizado para acontecer precisa que ocorra o abandono de toda forma rígida de programação e de uniformização na prática pedagógica em benefício de um esforço especial, para criar contextos voltados a favorecer o surgimento das formas de organização dos conhecimentos que se deseja.

Os autores expressam que a partir do momento em que a criança tem a liberdade para aprender, adquire segurança no que faz e; ao mesmo tempo, passa a ter autonomia para buscar novos aprendizados. É por esse motivo que o professor precisa ter um olhar direcionado para o sujeito que aprende; tendo em vista, ajudar na construção da autoconfiança em suas tarefas diárias, isto é, em tudo aquilo que lhe é proposto e tido como requisito para a aprendizagem (MUNARI, 1976 apud KUHN, 1962).

E, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN nº. 9.394/96, p.1), para a Educação Infantil, com base nos textos acima, evidencia que,

Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. Art. 12. I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola (BRASIL, 1996, p.1).

Ao se tratar dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental (escolarização básica),

Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social, dentre outros.

Os artigos citados, retratam a necessidade de as escolas/docentes estarem preparados para o “novo”, o que significa atender as demandas dos alunos dentro de suas diferentes culturas e classes sociais, propondo a escolarização básica com qualidade, de forma a minimizar o grande percentual de analfabetismo e; ao mesmo tempo, ensinar a adquirir autonomia para os enfrentamentos dos desafios, que no geral, significa incentivar a criança a ser questionadora e crítica mediante as situações sociais, tendo como meta, o alcance de uma formação dentro das regras exigidas pela sociedade (BRASIL, 1996).

E, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC/2019), tem em seus objetivos, dentre outros para a Educação Infantil; fazer com que a criança,

(EI01EO02) perceba as possibilidades e os limites de seu corpo nas brincadeiras e interações das quais participa (etc.). (EI02EO02) demonstrar imagem positiva de si e confiança em sua capacidade para enfrentar dificuldades e desafios (etc.). (EI03EO03) ampliar as relações interpessoais, desenvolvendo atitudes de participação e cooperação (etc.).

Em termos de propostas para os Anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), tem-se,

Quanto as habilidades: “... Escuta, fala, pensamento e imaginação - Expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações de interação, por diferentes meios (etc.). Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência temporal e causal, organizando e adequando sua fala ao contexto em que é produzida (p.57)” (etc.). Ao se descrever as competências: “... Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente as questões do mundo contemporâneo (p.67) (etc.)” (BRASIL, 2019, p.57-67).

As citações deixam claras que o professor da escolarização básica precisa ter habilidades e competências para ensinar a criança a desenvolver os seus aspectos cognitivos, emocionais e afetivos, de modo a aprender a lidar com a própria transformação e com o outro. Quanto mais estímulos a criança encontra em seu cotidiano escolar, melhores serão os resultados do processo de ensino-aprendizagem (BRASIL, 2019).

Para Freire, em a Pedagogia da Autonomia (1996, p.22),

Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante.

O pensar de Freire (1996) descreve que os estímulos são indispensáveis à formação da criança, por isso, é fundamental propor que o sujeito sinta a liberdade para aprender e a aprendizagem somente é conseguida, quando as brincadeiras pedagógicas se fazem presentes e, a partir do momento em que as inter-relações são criadas espontaneamente, isso porque, quanto maior a possibilidade de ambientação no espaço escolar entre o professor e os demais pares, mais significativo se torna o ato de aprender.

Em continuidade, a aprendizagem para Freire (1996) é um ato que se conquista sem qualquer tipo de discriminação ou rejeição ao ser que aprende, portanto, ao professor cabe a sensibilidade para partilhar o aprendizado, a criação de metodologias motivadoras, para que o ensino não se torne tradicional e rústico (apenas o professor). O ato de aprender requer estímulos e o trabalho constante do mediador nos aspectos imprescindíveis ao desenvolvimento, isto é, o emocional, afetivo e social (dentre outros).

Metodologias Ativas & Ludicidade: Trabalhando a criança em seus aspectos cognitivos, afetivos, emocionais e psicossociais, para uma boa aprendizagem

A aprendizagem, conforme descrito anteriormente, exige dos professores que atuam na Educação Infantil e nos Anos Iniciais de Escolarização Básica, habilidades para se trabalhar a criança em diferentes aspectos, destacando que o emocional, cognitivo e psicossocial são os mais importantes, pois, a partir de um desenvolvimento saudável o processo de ensino-aprendizagem acontece naturalmente, logo, as relações interpessoais, a vontade de compartilhar, aprender junto com os demais pares e sentir prazer em fazer parte do ambiente escolar.

O professor precisa ser o interlocutor da aprendizagem, isto é, fornecer a criança meios para que conquiste a autonomia e a partir dela desenvolva as competências essenciais ao alcance do aprendizado. As metodologias ativas tem sido um dos recursos muito utilizados junto ao lúdico para ensinar, por isso, nos dias de hoje, a busca por agregar no ensino métodos que promovam a liberdade e interações, vem sendo requisitos indispensáveis aos mediadores em termos de aplicação, podendo ser repassado por meio das brincadeiras direcionadas, tendo em vista, a oferta da qualidade dos conteúdos pedagógicos (SANTOS e VASCONCELOS, 2019).

Segundo Freire (2006 apud SANTOS e VASCONCELOS, 2019, p.7),

A metodologia ativa é uma concepção educativa que estimula processos construtivos de ação-reflexão-ação (FREIRE, 2006), em que o estudante tem uma postura ativa em relação ao seu aprendizado numa situação prática de experiências, por meio de problemas que lhe sejam desafiantes e lhe permitam pesquisar e descobrir soluções, aplicáveis à realidade.

As metodologias ativas em breve citação, se utilizam de problemas para desafiar os alunos, isto é, o professor impõe obstáculos, mas apresenta soluções, porém, terão de aprender a criar habilidades para enfrentar os obstáculos e, dentro das propostas intencionadas estão as observações, em termos de afetividade, controle emocional da criança, relacionamentos interpessoais e a vontade de aprender sobre alguma coisa (SANTOS e VASCONCELOS, 2019).

Mencionando que o ato de aprender exige do professor um olhar sobre as competências e dificuldades do aluno, por isso, é preciso ter a prática atualizada em termos de compreender o momento (as questões familiares e sociais em que a criança está inserida, isto é, os possíveis problemas que interferem no ato de aprender) e, se os conteúdos ministrados estão em acordo com as etapas do desenvolvimento e se despertam interesse, caso contrário, a aplicação de novas metodologias não terá efeito, assim como os métodos lúdicos, pois, as brincadeiras serão apenas analisadas pelo alunado como uma forma de passar o tempo.

No entanto, o aluno ativo e com vontade e estímulo para aprender, ganha um novo formato em seu processo de desenvolvimento da aprendizagem, quando as inter-relações fazem parte das metodologias ativas, evidenciando que o professor/mediador precisa colocar o aluno no centro da aprendizagem, proporcionando autonomia para o desenvolvimento das habilidades, sem esquecer de levá-lo a ser participativo nos grupos, para que aprenda a ter cooperação, refletir as ações e resolver os problemas colocados em pauta para a aquisição do processo de ensino-aprendizagem.

Em relação ao lúdico para a promoção de um processo de ensino-aprendizagem agradável e, dentro das propostas pedagógicas, pode-se dizer que,

As atividades lúdicas, portanto, nos permitem experimentar, sentir, criar e recriar mundos e situações. Através dela podemos nos libertar da nossa realidade mecânica e ir muito além deste mundo, trocar experiências, viver momentos de alegria e liberdade, enfim, aprender com as situações. É por meio dessas descobertas e da criatividade, que a criança pode expressar-se, criticar e transformar a realidade (VYGOTSKY, 1988, p. 127).

As ações lúdicas ajudam a criança na construção do pensamento real, e também a associar as brincadeiras à realidade vivenciada cotidianamente em seu meio. É um excelente instrumento de mediação e concentração, pois, a partir do momento em que passa a ter encantamento pelas coisas que consegue fazer, sente à vontade de compartilhar, interagir-se e aprender com o outro, logo, adquiri novas maneiras de brincar.

De acordo com Carvalho (1992 p.28),

O brincar se torna importante no desenvolvimento da criança de maneira que as brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida da criança desde os mais funcionais até os de regras. Estes são elementos elaborados que proporcionarão experiências, possibilitando a conquista e a formação da sua identidade. Como podemos perceber, os brinquedos e as brincadeiras são fontes inesgotáveis de interação lúdica e afetiva.

O brincar é fundamental para reforçar os aspectos cognitivos, emocionais e psicossociais na criança e, cada etapa do desenvolvimento deve ser muito bem conduzida pelo professor, para que nos demais segmentos da trajetória educacional venha a apresentar bons desempenhos, minimizando, com isso, as dificuldades no processo de ensino-aprendizagem.

Ao fazer uma pequena abordagem acerca dos aspectos que abrangem o desenvolvimento da criança, compreendo as principais fases iniciais até a adolescência, pode-se dizer que,

  • Aspectos emocionais: é preciso que o ambiente, onde a criança esteja inserida proporcione estabilidade emocional, equilíbrio e segurança. As emoções apresentadas não podem ser ignoradas pelo adulto, mas sim, observadas para descobrir o real motivo, seja da alegria ou tristeza (AZEVEDO, 2019).
  • Aspectos afetivos: são indispensáveis à construção do sujeito, do mesmo modo os cognitivos, pois, segundo Silva (2018), os afetos auxiliam nas inter-relações, logo, aumentam a probabilidade de desempenho escolar.
  • Aspectos cognitivos: Para Silva (2018) é necessário que o professor para levar o aluno a aprender deve considerar todos os aspectos do desenvolvimento cognitivo de modo a alcançar um desempenho significativo na aprendizagem. No entanto, torna-se essencial um ensino com base nas singularidades do aluno e suas complexidades, pois, cada um tem um tempo para assimilar e acomodar os conteúdos repassados.
  • Aspectos comportamentais: os comportamentos são desenvolvidos através das emoções e afetos, estes influenciam diretamente no modo como o sujeito irá se comportar, isto é, as atitudes serão os reflexos de equilíbrio ou não (SILVA, 2018).
  • Aspectos psicossociais: Erik Erikson (1902-1994 apud AZEVEDO, 2019) apresentam que os resultados da emoção são essenciais para o desenvolvimento de relações interpessoais, seja dentro ou fora do ambiente familiar ou escolar, significando que a construção do equilíbrio na criança é fator importantíssimo, para o alcance de uma vida saudável entre os pares.
  • Aspectos culturais: estão diretamente relacionados à identidade do sujeito, compreendendo os valores, as crenças, hábitos e costumes adquiridos, através da primeira base no lugar de pertencimento. É indispensável ao desenvolvimento humano, isso porque cria bases culturais, ensina a respeitar a cultura do outro e a identificar-se com os demais pares em suas complexidades (IDEA, 2017).

Os aspectos mencionados acima, demonstram a importância de se considerar o sujeito em sua formação e nas singularidades para que a aprendizagem aconteça naturalmente, sempre seguindo as etapas do desenvolvimento, para que os conteúdos ministrados pelo professor possam ser absorvidos (assimilados e acomodados) no tempo ideal, tendo como meta o alcance de desempenhos significativos por parte daquele que aprende (AZEVEDO, 2019).

Portanto, a aprendizagem, segundo Moran (2000) precisa ser dada a partir da realidade dos alunos e com flexibilidades, isto é, considerando os aspectos do desenvolvimento, a identidade social, classe econômica e cultural em que se encontram inseridos, para que saibam lidar com suas próprias diversidades, haja vista, que dentro de uma escola tem-se diferenciadas culturas, mesmo que os aprendizes sejam moradores de um território em comum.

Por isso, é preciso também equilibrar a organização dos espaços onde serão ministradas as aulas, sejam elas remotas ou presenciais. O lugar precisa passar segurança, estabilidade, não ter barulho, ser satisfatório, apresentar motivação para o ato de aprender e, principalmente, a possibilidade de criar relações saudáveis com o professor e demais pares (MORAN, 2000).

Para o Brasil Escola (2020, p.1),

Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente. De acordo com a nova ênfase educacional, centrada na aprendizagem, o professor é co-autor do processo de aprendizagem dos alunos. Nesse enfoque centrado na aprendizagem, o conhecimento é construído e reconstruído continuamente.

A citação, evidencia que a escola como lugar de ensino/aprendizagem deve propor aos professores uma prática continuada para saber lidar com o alunado em suas complexidades e oferecer o melhor que é proposto pela Educação. Para Moran (2013), cada aprendiz tem à sua maneira de adquirir os conhecimentos, significando que os conteúdos pedagógicos, devem ser ofertados, compreendendo as especificidades que cerceiam a realidade, de modo a não levar a sair da cultura e hábitos que pertencem.

Portanto, o educador precisa ter um olhar para as singularidades e especificidades de cada criança dentro do contexto educacional, tendo como meta que o aluno aprenda a ter uma vivência saudável quando estiver diante da coletividade, cabendo ao professor estar atento aos elementos que podem favorecer ao aprendizado, nos quais estão associados à formação da identidade cultural do aluno, a partir de sua história.

Mencionando que a escola é um espaço histórico/cultural e traz ao indivíduo a noção de cidadania, cria afetos e capacita cognitivamente o aprendente, por isso leva a compreender sobre a importância de se valorizar as diversidades culturais/sociais, assim como; a entender as transformações que ocorrem no tempo e espaço, estimulando quem aprende a interpretar as informações a partir do que observa, ouve, sente e da própria realidade.

E, sobre a prática do professor, a Educação Continuada se constitui em uma proposta de relevância para acompanhar as transformações sociais que precisam estar impregnadas na aprendizagem do alunado, pois, o aluno deve saber enfrentar os desafios dos dias de hoje e futuros, onde a cada dia estreitam ainda mais as possibilidades de melhorias e, se ele não estiver bem preparado pela instituição de ensino, não terá a formação pretendida e dentro das diretrizes curriculares para a formação integral (LIBÂNEO, 2001).

Gimeno Sacristán (1999, p. 37) evidenciam que,

[...] a educação não é algo espontâneo na natureza, não é mera aprendizagem natural, que se nutre dos materiais culturais que nos rodeiam, mas uma invenção dirigida, uma construção humana que tem sentido e que leva consigo uma seleção de possibilidades, de conteúdo, de caminhos.

A formação continuada nos dias de hoje, é praticamente uma regra para o professor que deseja formar bem seus alunos, o que deixa claro que quanto maior forem as habilidades para os enfrentamentos dos desafios, melhores serão as probabilidades da oferta de um processo de ensino-aprendizagem de qualidade.

O professor pesquisador instiga os alunos e também motiva a serem pesquisadores ativos, logo, o interesse para uma aprendizagem dentro das perspectivas educacionais traçadas pelas diretrizes se concretizam aos poucos.

Para Freire (1996, p.25),

Importante, não resta dúvida, é não pararmos satisfeitos ao nível das intuições, mas submetê-las à análise metodicamente rigorosa de nossa curioridade epistemológica, privadas ou públicas. É preciso insistir: este saber necessário ao professor – que ensinar não é transferir conhecimento, não apenas precisa de ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser, ontológica, política, ética, epistemológica, pedagógica, mas também precisa de ser, constantemente testemunhado, vivido.

Seguindo este pensar, o ensino nos dias de hoje precisa que o professor se aproprie de métodos que facilitem as pesquisas dos alunos e os levem a ser críticos, questionadores e pensantes. É fundamental tirá-los do comodismo, isto é, mesmo que a tecnologia ofereça respostas prontas, o alunado deve ser instigado a leitura e compreensão do que vê, lê e escreve para de fato aprender.

Neste prisma, construir meios para que o aluno aprenda de forma significativa é fundamental ao alcance de um processo de ensino-aprendizagem que leve o aluno a se identificar com os conteúdos e a ter prazer em aprender certo e continuar pesquisando sobre variados assuntos para debater, dialogar e disseminar informações corretas a respeito.

A prática docente deve ser pensada em prol do aluno que dependerá do repasse dos conteúdos para aprender, por isso, a necessidade da Educação Continuada como um dos caminhos para elevar a qualidade do ensino e promover saberes que ensine o aprendente a enfrentar os desafios cotidianos, seja no individual, profissional ou coletivo.

CONCLUSÃO

A partir dos textos estudados, percebe-se a importância de o professor estar atento as necessidades de aprendizagem apresentadas pelos alunos, já que as transformações sociais são constantes e o modo de ensinar tem de se adaptar à realidade presente no cotidiano das escolas, alunos e professores, sendo que estes últimos devem reavaliar a prática despendida em sala de aula e os conteúdos curriculares, para propor consonância ao aprendizado e satisfação no ato de aprender.

É preciso que o professor se abasteça da educação continuada para acompanhar a evolução diária dos conteúdos pedagógicos, isso porque, em meio a uma diversidade de conteúdos/informações, o aluno precisa aprender a discernir o certo em seus saberes adquiridos e o mediador pode contemplá-lo em seus aspectos cognitivos, afetivos e psicossociais aplicando métodos que o instigue a pensar de forma mais prazerosa, por isso as metodologias ativas associadas ao lúdico, tem sido uma proposta eficaz, pois, a criança percebe o ato de brincar como uma necessidade associada ao aprender.

As metodologias ativas se constituem em um instrumento de apoio ao professor e o lúdico agregado na forma de aprender apresenta os conteúdos mais leves, promove um raciocínio menos tradicional e natural, isto é, a criança aprende/brinca em diferentes disciplinas, tais como: psicomotricidade, letramento, matemática e adquire os saberes sem decorar, mas aprendendo de fato, a resolver as solicitações do professor por meio da intermediação dos saberes, interações saudáveis, diálogo e trocas de experiências.

Ressaltando, que as interações no ato de aprender constroem vínculos de amizades e parcerias entre o professor e demais pares, sendo aspectos relevantes para o equilíbrio da criança que aprende em termos afetivos e emocionais, logo, o cognitivo passa a ser trabalhado de maneira mais leve, contribuindo decisivamente para ampliação das habilidades.

Em conclusão, é relevante que a escola como um ambiente educador, tenha em seu bojo os planejamentos dos conteúdos didático-pedagógicos bem estruturados pelos docentes, para trabalhar as informações/conteúdos/habilidades dos alunos, de modo que os mesmos, consigam compreender que a sociedade também é formada a partir das ações dos indivíduos e cada atitude tem influência direta nos comportamentos e no respeito as diversidades culturais e na valorização da educação, sendo que esta última, é a base para à formação cidadã.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Beatriz Lopes de et al. Afetividade no contexto dos anos iniciais do ensino fundamental: relevância para os processos de aprendizagem. Pernambuco, p. 24, jun. 2019.

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CARVALHO, A. M. C. et al. (Org.). Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992.

_________. Base Nacional Comum Curricular (BNCC/2019). Disponível em: . Acesso em 21 de jul. 2021.

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MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologia. Informática na educação: teoria e prática. Disponível em: . Acesso em 06 de out. 2021.

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MUNARI, Alberto. Jean Piaget. Alberto Munari. Tradução e organização: Daniele Saheb. – Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.

PAVÃO, Ana Cláudia Oliveira; ROCHA, Karla Marques. Tecnologias Educacionais em Rede: Produtos e práticas inovadoras. Santa Maria Editora Experimental pE.com UFSM 2017.

PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Trad. Por Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.

RODRIGUES, Miriam. 6 razões para aplicar Educação Emocional nas escolas, 2017. Disponível em:. Acesso em: 26 de set. 2021.

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SANTOS, Taciana da Silva; VASCONCELOS, Bruna Pereira. Metodologias Ativas de Ensino-aprendizagem. Disponível em: . Acesso em 23 de set. 2021.

SILVA, Juliano Vieira da. Crescimento e desenvolvimento humano e aprendizagem motora: Desenvolvimento motor - fases, características e comportamentos. [S. l.], p. 20, ago. 2018.


Publicado por: Giselle Alves da Conceição

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