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A identidade docente

Estudo sobre os diversos tipos de identidade docente

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

A identidade docente

Os estudos acerca de como ser um bom professor evidenciam novos caminhos para a formação da identidade docente, na medida em que a formação inicial e contínua dos professores pouco tem contribuído para gerar uma eficaz identidade desse profissional do ensino. Com isso, há de ocorrer uma ressignificação dos processos formativos com reconsideração dos saberes necessários à prática docente. Nesse sentido, a construção da identidade profissional é constante, não sendo um dado imutável, estático ou finalizado, estando atrelado ao caráter dinâmico da profissão como prática social. Isto posto, a mobilização dos saberes da docência na formação de professores se faz de fundamental importância, podendo ser classificados, conforme a seguir:

Saber-experiência

Trata-se de um saber pré-existente construído com o tempo. Refere-se à experiência do professor quando aluno que foi de outros diferentes professores no decorrer de sua vida escolar. A experiência de aluno permite identificar o professor que sabe ensinar aquilo que sabe, daqueles que apenas sabem. É a visão do ser professor sobre o ponto de vista do aluno. Também podemos destacar os saberes da experiência como aqueles que os professores produzem no seu dia a dia em constante reflexão sobre sua prática. Para tal, haverá comparação com a prática de seus colegas de trabalho, assim como textos de outros educadores.

Saber-conhecimento

Edgar Morin (2003) ressaltou que conhecimento não se resume em informação. Segundo o autor, o conhecimento se dá em três estágios: A informação é o primeiro estágio e confere vantagens àquele que a possui, pois o privilégio de acesso à informação não se dá igualmente a todos os cidadãos. O segundo estágio é o conhecimento propriamente dito quando se torna possível trabalhar com as informações classificando-as, analisando-as e contextualizando-as. Em terceiro momento, se dá a inteligência. Neste estágio, é possível vincular o conhecimento de maneira útil e com sabedoria pertinente, produzindo nova forma de progresso e desenvolvimento. Sendo assim, destaca-se que o conhecimento confere poder àquele que o tem.

Saber-pedagógico

De certa forma, é possível reconhecer que para saber ensinar não basta a experiência e o conhecimento específico, mas se fazem necessários os saberes pedagógicos. Segundo Houssaye (1995), os saberes pedagógicos deverão ser reinventados por meio da prática social de ensino, sendo esta, o ponto de partida e ponto de chegada, na ressignificação dos saberes, durante a formação da identidade docente.

Com relação ao papel da didática na formação da identidade do professor, Franco et al (2010) expande a preocupação ao reconhecer que a teoria auxilia o docente no desenvolvimento em frente à perspectiva crítico-reflexiva, capacitando-o na reconstrução de sua prática profissional. Sendo assim, o professor terá ferramentas para analisar sua instituição, seu curso, os conteúdos disciplinares, a aprendizagem e as melhorias sociais, sempre objetivando a justiça e igualdade.

Discussão e Considerações Finais

Portanto, conforme Hall (2006), ser um bom professor é desenvolver a identidade docente com foco no ensino. Para isso, é de fundamental importância não permitir a interferência de outras identidades presentes na cultura escolar ou universitária. Ser um bom professor é estar alinhado com o fato de reconhecer e assumir o aspecto da plasticidade da identidade docente, na medida em que uma mesma pessoa possa assumir identidades diversas. De maneira resumida, um bom professor deverá estar atento a quatro principais aspectos, à saber:

- À proposta pedagógica da instituição de ensino e curso;

- Ao conhecimento específico da disciplina que desenvolve;

- Ao desenvolvimento de metodologias e técnicas didáticas;

- À observação do perfil de seus alunos em sala de aula.

Um primeiro passo para nos tornarmos bons professores é reconhecermos que a função primeira da ciência da educação é auxiliar-nos no estabelecimento de um vínculo com nossa identidade docente. Assim, na medida em que o conhecimento específico passa a não ser a única fonte de conhecimento, a didática, como ramo da pedagogia, muito tem a acrescentar para a prática docente do professor escolar ou universitário. Essa percepção se dá em forma de contraponto, pois historicamente, a educação brasileira é marcada por uma falta de cuidado com a formação pedagógica de seus docentes, ao ponto de poder ser considerado um verdadeiro descaso histórico de formação pedagógica dos professores, sobretudo, daqueles de ensino superior. Desta forma, a didática, como área da pedagogia com foco no ensino, dará ao professor a fundamentação reflexiva necessária sobre diversos pontos, como o projeto pedagógico da instituição no qual exerce sua função, sobre o perfil do aluno que recebe em sua sala de aula, sobre análise de avaliações, dentre outros.

Com essa rápida exposição sobre a identidade e profissionalização na educação escolar e superior, estimular-se-á o docente ao desejo por ser um professor atento à compreensão de que a aprendizagem dos saberes pedagógicos é indispensável à formação inicial e contínua.  Desta forma, conhecer as teorias de ensino nos proporcionará melhor transitar no campo teórico, porém, sem perder a utilidade da concepção prática.

Pretender ser um professor, de educação escolar ou superior, que procura posicionar o aluno como centro da aula, sendo um importante intermediador entre o docente e o conhecimento a ser construído, é ideal constante a ser construído. Assim, fica a proposta para estabelecimento da conexão do chamado “modo afetivo” com o “modo do conhecimento”, sempre buscando conectar a prática à teoria, de forma a problematizar a realidade discente, proporcionando ao aluno o prazer de aprender. Nesse sentido, pretender ser um “bom professor”, na busca desse ideal, por meio de um esforço sempre contínuo, é um desafio bom, que se renova a cada dia.

Referências

FRANCO, M. A. S.; FUSARI, J. C.. Prefácio. In: FRANCO, M. A. S.; PIMENTA, S. G. Didática: embates Contemporâneos. São Paulo. Loyola. 2010a.

HALL, S.. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomáz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A. 2006.

HOUSSAYE, J. Une illusion pedagogique? Cahiers Pédagogiques, Paris, n, 334. p. 28-31, 1995.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 8.ed. São Paulo: Cortez, 2003.


Publicado por: Elionai Dias Soares

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