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Dialogicidade em Pedagogia do Oprimido

Análise sobre o conceito de dialogicidade presente no livro "Pedagogia do Oprimido" de Paulo Freire, com base nas propostas e finalidades que o autor apresenta nesta e em outras obras.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Resumo

O presente texto analísa e discute o conceito de dialogicidade presente no livro "Pedagogia do Oprimido" de Paulo Freire, com base nas propostas e finalidades que o autor apresenta nesta e em outras obras. Em tempos em que a verdade está sendo realativisada, os discursos são silenciados no temor ao debate e a educação tem sido  atravessada por ações que pretendem descaracterizar sua atuação transformadora - quando esta, está comprometida em conceder lugar as mais variadas ideias, debatelas e permitir que os oprimidos verbalizem os seus pensamentos e se insiram nas amplas discussões; me parece salutar rever as reflexões freirianas, para podermos restaurar as nossas esperanças, capacitarmo-nos e com subssidio podermos agir pedagogicamente para a transformação da educação e da sociedade que tanto aguardamos. 

Dialogicidade

A teoria dialógica está presente de forma mais abrangente no terceiro capítulo do livro Pedagogia do oprimido. Freire discorre sobre a dialogicidade, abordando a importância e o poder que a palavra possui, palavra essa que pode ser utilizada para oprimir ou libertar. Também segundo Freire (2015), se a palavra for proclamada e não houver uma ação efetiva torna-se apenas falatório, fala esvaziada de sentido. No contrário, a palavra deve ser um instrumento para promover o bem comum e ajudar as pessoas a se libertarem das amaras que os torna seres de segunda categoria.

Segundo Paulo Freire, o vocábulo é algo extremamente importante para que o homem possa ser digno de sua existência, por isso ele insiste que o mesmo deve toma-la como instrumento de luta e de autoafirmação como sujeito crítico. É necessário que esse indivíduo exerça uma ação consciente e reflexiva, e que compreenda que a palavra deve ser um direito de todos e não exclusiva de alguns, afirma o autor.  A palavra serve para que ao mesmo tempo em que se proclama pelo emissor, deve ser objeto de reflexão dos receptores. Os códigos verbalizados, são a exteriorização dos pensamentos, portanto devem ser bem compreendidas e esmiuçadas criticamente. É fundamental que se possua coragem para o exercício dialógico: pensar, falar, escutar, criticar e dialogar.

Mais à frente o autor vai tratar do diálogo como um ato oriundo do amor pelos homens e pelo mundo.

Porque é um ato de coragem, nunca de medo, o amor é compromisso com os homens. Onde quer que estejam estes, oprimidos, o ato de amor está em comprometer-se com sua causa. A causa de sua libertação. Mas, este compromisso, porque é amoroso, é dialógico. (FREIRE, 2015, pag. 111).

No texto percebemos que o dialogo além de ser um ato de coragem é também um ato de amor que nos move a buscar e lutar por uma sociedade mais justa e coerente. Onde todos possam se colocar igualmente, e ser ouvidos na mesma medida. Essa busca será constante e sempre será necessário que nos mantenhamos permanentemente vigilantes, pois tendemos a esquecer ou menosprezar pessoas que não nos é útil.

A busca pela libertação necessariamente passa pela proclamação da palavra, mas não qualquer palavra, mas uma palavra consciente do que proclama e a que fim aspira. O diálogo como vimos também é outro elemento importante para a luta em busca da libertação dos oprimidos, essa primícia é fundamental, pois Paulo não propõe um discurso a ser imposta, mas que seja amplamente debatido. Por isso esses aspectos devem estar ligados a algo muito importante que é a educação e deve ter como base, princípios que irão nortear os caminhos a serem seguidos, e nesse âmbito residem algumas orientações para à abordagem docente formal ou popular.

Porém, algo que observamos no texto como muito importante para o diálogo e o despertar de uma consciência crítica foi busca pelos conteúdos programáticos, pois é necessário conhecer mais dos sujeitos que buscamos educar.

Simplesmente, não podemos chegar aos operários, urbanos ou camponeses, estes, de modo geral, imersos num contexto colonial quase umbilicalmente ligados ao mundo da natureza de que se sentem mais partes que transformadores, para, à maneira da concepção “bancária”, entregar-lhes “conhecimento” ou impor-lhes um modelo de bom homem, contido no programa cujo conteúdo nós mesmos organizamos. (FREIRE, 2015, pag. 117).  

No entanto, é indispensável um bom planejamento e para isso ser desenvolvido é necessário que antes se possa fazer um reconhecimento do local do contexto histórico dos cidadãos, aos quais se pretende desenvolver as atividades.  Esse trabalho minucioso da investigação das temáticas é essencial para conhecer as dificuldades e assim poder encontrar os melhores métodos e estratégias para ajudar no desenvolvimento dos educandos.

Segundo o autor para se fazer uma boa investigação dos temas geradores é necessário tempo para pesquisa e escuta, e pessoas com conhecimentos específicos em diversas áreas para poderem identificar os “temas geradores”. No texto é sugerido que além do investigador seria importante a presença de pelo menos dois especialistas: um psicólogo e um sociólogo, que auxiliariam ao: “... registrar as reações mais significativas ou aparentemente pouco significativas dos sujeitos descodificadores”. (Freire, 2015).

Na visão de Frei a investigação dos temas geradores é de suma importância para que se possa implementar um trabalho eficiente na educação e na consciência dos sujeitos, que iremos abordar. Esse trabalho requer dedicação, tempo e delicadeza para compreender os mais sutis elementos apresentados pelos pesquisados. A partir desse trabalho se identificaria o que Paulo Freire chama de palavras geradores, identificado esses elementos, partiria para a etapa seguinte que seria o tipo de métodos de trabalho para melhor envolver e assim desperta dos educandos para uma visão crítica da realidade.

Bibliografia:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 59. ed. ver. e atual. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.


Publicado por: Felipe de Lima Suruagy

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.