AIDS: Prevenção e Atitude
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Resumo: A AIDS é um tema de conhecimento da população e sua forma de contaminação é igualmente notável. O que mais impressiona é que apesar disso, o número de pessoas contaminadas é assustador, logo, para solucionar esse grave problema é necessário tratar do tema com muita seriedade, objetivando um processo permanente que contemple a educação e conceba as campanhas de prevenção com mais rigorosidade, e que os centros de prevenção e recuperação tenham uma maior participação na mídia divulgando inclusive através de material impresso o que de fato acontece com as pessoas contaminadas. Esse tipo de abordagem contribuirá para que a conscientização seja plena e que as pessoas compreendam que é preciso encarar o problema com a devida responsabilidade e compromisso, agindo sempre com bom senso.
Palavras-chave: Prevenção; seriedade, educação.
Este artigo aborda o assunto HIV/AIDS por ser um assunto atual e polêmico que trata da sociedade vigente, em todos os níveis sociais e que ainda é considerado um tabu por determinadas famílias e de difícil argumentação em sala de aula. O crescimento indiscriminado de pessoas contaminadas nos permite pensar nesse problema como a falta de processo de prevenção eficaz e contínuo.
A AIDS é uma das epidemias que mais cresce no mundo. Uma doença que para uns é sinônimo de dor e para outros significa uma trilha de esperança, amor próprio e vida.
Embora as formas de transmissão do vírus HIV que causam a AIDS sejam conhecidas, a maneira mais eficaz no combate à AIDS é efetivamente a prevenção, a ação que tenha conscientemente a intenção de prevenir, pois somente dessa maneira será possível evitar novas contaminações.
Em relação à prevenção, parece simples as atitudes e estratégias que devem ser seguidas. Afinal, conhecidas são as maneiras de se prevenir, mas infelizmente não é isso que está sendo realizado. “.Apesar de saberem o que é AIDS, como se contrai, e quais as maneiras adequadas de se proteger, poucas são as pessoas que, de fato o fazem.” (PINEL; IGLESI, 1996, p. 65).
É extremamente complexo entender o que está acontecendo com a sociedade, pois as atitudes que as mesmas cometem não parecem lógicas. Logo, é possível perceber que existem obstáculos que dificultam intensamente a prevenção.
O que está acontecendo de errado? Por que, embora tenhamos avançado tanto na compreensão da doença e investido quase tudo o que foi possível em informação, as pessoas ainda insistem em levar a vida como sempre o fizeram, preocupando-se com a AIDS apenas depois de infectadas? (PINEL; INGLESI, 1996, p. 66)
O que as autoras nos dizem é justamente que esse problema é algo que já está se tornando insuportável, a situação que nos é revelada é triste e intrigante, pois demonstra que é preciso mudar esse quadro, que atitudes devem ser tomadas, e que se algo não for pensado e executado, a tendência é que a situação piore a cada ano. É preciso que as pessoas tenham novos comportamentos e parem de brincar com a sorte ao se arriscarem em situações perigosas que podem levar à contaminação.
Para mudar esse quadro lastimável, e dar ênfase na questão de prevenção é necessário analisar alguns aspectos que são sem dúvida, extremamente relevantes, e que se bem desenvolvidos levam a um processo permanente de prevenção. Logo, é imprescindível um olhar investigativo nas escolas, campanhas e centros de prevenção e recuperação.
Uma alternativa que certamente contribuiria para uma prevenção significativa, gira em torno do que é apresentado nas campanhas do governo. É necessário analisar o que essas campanhas nos revelam.
Atualmente o que vemos nas campanhas veiculadas na mídia, são propostas simples que apresentam o tema de forma branda. As campanhas por sua vez, trazem imagens alegres na maioria das vezes atribuídas a folia do carnaval. Também é necessário destacar que não há continuidade nas campanhas, elas aparecem em um determinado período durante e o ano e após fica difícil ter acesso às informações relacionadas à AIDS. O que dá a entender que é preciso falar sobre a AIDS somente por um período, mais especificamente no carnaval.
Neste ano, a campanha de carnaval dá continuidade ao tema do Dia Mundial de Luta Contra a Aids de 2007. O foco continua sendo o jovem, e a chamada principal Qual a sua atitude na Luta Contra a Aids? também permanece.O filme e as peças gráficas voltam a contar com a participação de Negra Li, e as duas mídias vão atuar de forma diversificada. O filme está mais centrado nas mulheres jovens, lembrando que é importante ter a camisinha sempre à mão. Já os cartazes, que estarão sendo distribuídos prioritariamente em banheiros de bares e restaurantes, utilizam o título Bom de cama é quem usa camisinha”, para falar com jovens de ambos os sexos. ( MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2008)
É interessante verificar que geralmente essas campanhas têm um público alvo, algo muito excludente, pois tem por objetivo enfatizar determinado aspecto da sociedade.
Como o público-alvo da campanha deste ano serão os foliões, os materiais foram pensados de modo a atender a essa população. Serão produzidas bandanas, folhetos de apoio para distribuição de preservativos e cartazes para bares. Estes materiais serão enviados para os Estados onde haverá a maior concentração de foliões durante o carnaval. (MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2006)
A luta contra AIDS deve atingir a todos, e não a um segmento específico da população. As campanhas focam cada ano em algum grupo e, além disso, tratam do tema no carnaval sem seriedade, mostrando o que todos sabem, e infelizmente demonstrando que a doença é algo simples, como qualquer outro vírus. As imagens das propagandas veiculadas na mídia são sempre alegres, festivas, com pessoas lindas, e ambientes de muita música e justamente folia. O que nos parece ser mais um incentivo de aproveitar o momento da festa sem muita responsabilidade.
Na verdade o que as campanhas do governo deveriam mostrar são cenas mais fortes, evidenciando rigorosidade nas cenas e imagens, abordando o tema de forma mais séria. Se a AIDS não for retratada como uma doença perigosa, as campanhas continuarão tendo o mesmo resultado, não sendo eficazes.
É de extrema urgência que a seriedade seja prioridade nessas campanhas e que exista a veiculação de campanhas durante o ano inteiro, no rádio e na televisão, porque embora todo o conteúdo dessas campanhas esteja disponível no site no Ministério da Saúde, nem todas as pessoas possuem computador ou tem condições de acessar a internet. É imprescindível que a prevenção da AIDS não seja lembrada apenas no carnaval ou no Dia Mundial contra a AIDS e que exista uma campanha permanente e significativa.
Outra alternativa significativa para que a prevenção seja praticada realmente, é que os grupos de prevenção e de recuperação tenham voz ativa na mídia e divulguem através de material impresso o que são seus objetivos, campanhas , e ações na luta contra a Aids. É importante que os eixos de atuação fiquem claros e ao alcance de toda a população.
Um exemplo de grupo de prevenção e recuperação é o GAPA que tem como missão “ a redução da infecção pelo HIV através de ações de prevenção e lutar pela garantia dos direitos das pessoas atingidas pela epidemia da AIDS” ( GAPA RS, 2006).
O grupo atua no controle social, e enfaticamente na prevenção. Tem uma estrutura organizada como muitos pontos interessantes e sérios. Mas infelizmente a divulgação de seu trabalho se dá principalmente através da internet. Os serviços oferecidos pelo GAPA RS em relação a recuperação se remetem a orientação através de um plantão de aconselhamento, onde é possível conversar pessoalmente ou por telefone .E ainda existe um encontro com pessoas contaminadas.
Formado por pessoas que vivem com HIV/AIDS se reúnem semanalmente na sede do GAPA/RS, o Encontro Positivo permite a troca de informações e conhecimentos específicos sobre a epidemia, vivências pessoais e em grupo e reflexões sobre temas diversos. Previlegia-se neste grupo o aprendizado sobre a doença e as suas diversas formas de manifestação, tanto em nível físico quanto psico-social buscando uma maior consciência política. O grupo é coordenado por participantes capacitados que se tornaram voluntários do GAPA/RS. Possui ainda pessoas com treinamento específico para realizar a recepção de quem chega pela primeira vez ao grupo, acolhendo e explicando sobre a Instituição e sobre o Encontro. (GAPA RS, 2006)
Em relação à prevenção o GAPA RS, atua inclusive em empresas, levando conhecimento e informação a todos os empregados, e oferece uma equipe multidisciplinar para realizar o programa de prevenção. “Promover a prevenção do HIV/AIDS no ambiente de trabalho qualifica as ações de responsabilidade social destinadas ao público interno. (GAPA RS. 2008)
Apesar de todo esse trabalho bem elaborado, é difícil encontrar e dessa forma, conhecer o grupo pela falta de veiculação do trabalho realizado.
Uma terceira alternativa interessante para uma prevenção eficaz é a criação de programas de orientação sexual nas escolas. Esses programas deveriam ser oferecidos deste as primeiras séries do ensino fundamental.
Considerando de extrema importância a orientação sexual como forma de prevenção da Aids, é necessário que seja trabalhado na escola a diversidade desse assunto que é muitas vezes trazido como tabu dentro da própria família. “A Orientação Sexual deve contribuir para que os alunos exerçam sua sexualidade com prazer e responsabilidade”. (NOVA ESCOLA, 2004, p.34)
Como ponto de partida destacamos como essência da prevenção, a construção de valores relacionados ao conceito do próprio corpo. Desde a infância devem ser estabelecidas relações entre as diferenças do sexo feminino e masculino, as mudanças do corpo, o respeito ao próprio corpo e ao corpo do outro, a auto-estima. É importante que exista espaço para a manifestação e, portanto o diálogo e o respeito são fundamentais no relacionamento entre todos para que não exista exclusão em hipótese alguma. O fato das crianças se envolverem com a diversidade contribuem para que possam perceber e valorizar a diferença entre as pessoas.
O conceito de corpo é diferente do de organismo. Ele deve ser compreendido como um todo integrado e inclui, além de sua anatomia e funcionamento, emoções, sentimentos e sensações de prazer e desprazer, ou seja, as dimensões biológica, psicológica e social. (NOVA ESCOLA, 2004, p.41)
Deve-se a partir da maturidade e interesse da turma ser levado em consideração o contexto, conteúdos como: conhecimento da existência de doenças sexualmente transmissíveis, formas de contato que envolve risco ou não, prevenção e tratamento.
É necessário enfatizar já nas séries inicias com muita propriedade a questão dos valores. Os alunos precisam dessa importante construção e a percepção de se ter como alguém importante que precisa ser valorizado e valorizar o próprio corpo. A partir dessa conscientização a prevenção será efetivamente algo significativo na realidade, e sem dúvida, fará diferença no contexto da sociedade, pois terá cidadãos conscientes e responsáveis que farão toda a diferença na prevenção da AIDS.
CONCLUSÃO
Com base nas informações que foram fornecidas neste artigo concluímos que de fato, a abordagem que deve ser realizada a cerca do assunto analisado aqui. deve se pertinente com o problema vivenciado. O que falta são idéias simples, porém dinâmicas de extremo bom senso para que as ações dos indivíduos sejam repletas de conscientização e responsabilidade. Para tanto não basta apenas ficar nas palavras é preciso agir, ter atitude. E, essa atitude deve ser praticada por todos os segmentos da sociedade, onde cada um possa cumprir efetivamente a sua responsabilidade e dessa maneira garantir que a prevenção da AIDS se torne algo real e não apenas um projeto a ser estabelecido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PINEL, A.; INGLESI E. O que é AIDS. 1ª. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1996.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Carnaval 2008 - Bom de cama é quem usa camisinha.Disponível em: Acesso em: 5 jul. 2008
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Carnaval 2006 - Camisinha, não saia sem ela. Disponível em: Acesso em: 5 jul. 2008
GAPA RS. Eixos de atuação. 2008. Disponível em: http://www.gapars.com.br/eixos/capa_eixos.asp> Acesso em: 5 jul. 2008
GAPA RS. Nosso trabalho é lutar contra a epidemia da AIDS. 2008. Disponível em: Acesso em: 5 jul. 2008
REVISTA NOVA ESCOLA. PCN Fáceis de entender de 1ª a 4ª série. 1ª Ed. São Paulo: Abril, 2004. Edição especial.
REVISTA NOVA ESCOLA. PCN Fáceis de entender de 5ª a 8ª série. 1ª Ed. São Paulo: Abril, 2004. Edição especial
Publicado por: Roberta Soares de Vargas
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