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A musica e o desenvolvimento infantil

Explorar algumas das várias formas de trabalhar a música com os bebês, mesmo antes do seu nascimento, e ainda destacar os benefícios que este contato proporciona para eles.

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RESUMO

Este estudo tem por objetivo explorar algumas das várias formas de trabalhar a música com os bebês, mesmo antes do seu nascimento, e ainda destacar os benefícios que este contato proporciona para eles. Isso possibilita uma melhor compreensão da forma como a música atua no cérebro e a sua influência no desenvolvimento do bebê. Além disso, este estudo separa as fases do desenvolvimento de acordo com a idade, evidenciando a melhor forma de abordagem e metodologias para cada uma delas. Todas as explanações foram feitas levando em consideração o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (vol. 3, Conhecimento de mundo), buscando informações que contemplassem de forma ampla e objetiva as metas de qualidade apontadas em tal documento, contribuindo para o desenvolvimento integral da criança.

Palavras-chave: Música. Educação infantil. Musicalização. Desenvolvimento.

ABSTRACT

This study aims to explore some of the various ways of working with music with babies, even before their birth, and to highlight the benefits that this contact provides for them. This allows a better understanding of the way music works in the brain and its influence on the baby's development. In addition, this study separates the stages of development according to age, showing the best approach and methodologies for each one. All the explanations were made taking into account the National Curriculum Reference for Early Childhood Education (vol. 3, Knowledge of the world), seeking information that broadly and objectively contemplated the quality goals indicated in such document, contributing to the integral development of the kid.

Keywords: Music. Child education. Musicalization. Development.

INTRODUÇÂO

Quando se fala em musicalização infantil surgem vários questionamentos, inclusive de profissionais da música: 

•    Qual a idade certa para iniciar o processo de musicalização?
•    Como trabalhar música com bebês?
•    É possível um bebê tocar um instrumento?

A musicalização na primeira infância ainda é pouco abordada no contexto social, mas de relevante importância no desenvolvimento pleno da criança, pois ao executar atividades relacionadas a música, é realizado um grande volume de conexões neurais, envolvendo simultaneamente várias áreas do cérebro.

Como bem sabemos a musicalização de crianças ainda não acontece com uma grande frequência a ponto de ser considerado algo “normal”, nos interesses da família não transcorre este processo, ou talvez a maioria não conheça os inúmeros benefícios que a música pode trazer a uma criança, além disso, o fato de se tratar de um bebê gera incerteza e insegurança tanto os pais quanto no educador, e isso também influencia na decisão sobre a hora certa de musicalizar a criança.

Levando em consideração as questões acima, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, buscando características de cada fase do desenvolvimento de bebês e associando cada uma delas a atividades que podem ser realizadas, respeitando a individualidade e buscando o desenvolvimento integral da criança. Tais atividades englobam o desenvolvimento da criança desde a gestação, onde se inicia a formação do aparelho auditivo, até os dois anos de idade, onde a criança já domina vários aspectos da estrutura motora e cognitiva.

MÚSICA DURANTE A GESTAÇÃO

Durante a gestação o feto passa por várias etapas do seu desenvolvimento, entre elas a formação aparelho auditivo, que se inicia por volta da 16ª semana. A partir desta etapa da gestação, já é possível iniciar o contato entre música e o bebê, ou seja, se inicia o processo de musicalização através do som.
A musicalização, ainda na gestação, traz inúmeros benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe, benefícios estes, que podem se alongar além do parto, como veremos a seguir. Entre os principais benefícios, podemos citar:

•    Melhora das atividades musculares através dos movimentos estimulados pelo som;
•    Melhora da respiração (da mãe e do bebê);
•    O estímulo musical, relaxa as artérias, proporcionando melhora na pressão arterial da mãe e do bebê;
•    Aumenta o vínculo entre mãe e bebê;
•    Melhora o metabolismo.

Para que estes benefícios se concretizem de forma prática, é importante que se leve em consideração alguns fatores: utilizar um ambiente confortável e acolhedor, escolher músicas que sejam agradáveis à mãe, mas que também comtemplem os objetivos ao qual se deseja atingir no bebê (agitar, tranquilizar, etc...), além disso, é importante a variação entre musica instrumental e musica vocal, mesclando ritmos e pulsações diferentes. Quanto ao uso de musicas com vocalização, a mãe pode entoar a melodia, isto aumentará o vínculo afetivo ao mesmo tempo em que bebê reconhece sua voz.

Com 16 semanas de gestação, se inicia o processo de musicalização durante a gestação. Nesta fase o bebê já é capaz de ouvir os sons do corpo da mãe como batimentos, por exemplo, além de sons do ambiente, como vozes, campainhas, etc... Embora estes sons ainda não sejam tão claros, já é possível a introdução de melodias e ritmos.

A partir da 20ª semana, o bebê é capaz de reconhecer os sons. Nesta fase, é importante sentir as percepções através das reações do bebê, utilizando como uma avaliação diagnóstica, observando estas reações de acordo com o som utilizado.

Após a 25ª semana, o bebê já é capaz de diferenciar os sons, reconhece vozes, etc... Nesta fase é que devemos direcionar a apreciação musical, para a reação que se objetiva ao bebê.

Durante o parto, pode-se utilizar musica como forma de relaxamento para mãe e o bebê. As musicas utilizadas no parto, devem ser aquelas que já foram ouvidas durante a gestação e que relaxavam o bebê.

Após o parto, o bebê reconhece os sons que ouviu durante a gestação, algumas mães relatam, inclusive, que o bebê se acalma com barulho do secador ou barulho de água, isto acontece porque estes sons são muito semelhantes ao som do útero. Porém, não é apenas o som interno ao corpo da mãe que é lembrado, as músicas apreciadas durante a gestação ainda fazem parte da sua memória auditiva e pode ser utilizada como uma ferramenta muito importante no cotidiano do bebê. Isso porque o reconhecimento destas músicas, o tranquiliza, diminui a sensação de desconforto causada por cólicas, melhora o sono, etc... a utilização destas músicas durante a amamentação relaxa tanto a mãe quanto o bebê, aumentando a nutrição, não apenas dos nutrientes do leite, mas também a nutrição afetiva, pois o vínculo da a amamentação é muito forte e cria laços marcantes.

MÚSICA DO NASCIMENTO AOS 2 ANOS

Ao contrário da visão, que se desenvolve aos poucos após o nascimento, o aparelho auditivo se desenvolve completamente durante a gestação, por isso desde o primeiro dia de vida o bebê já escuta todos os sons emitidos ao seu redor. Ainda no primeiro mês de vida, apesar de a maioria dos movimentos serem resultado de reflexo, é possível perceber que o bebê reage a estímulos sonoros, acompanhado o som através do deslocamento do olhar para a fonte de som, além disso, entre o primeiro e o segundo mês de vida o bebê inicia um processo de “imitação da fala” ao abrir e fechar a boca emitindo balbucio como forma de interação com pessoas ao seu redor.

Durante esta fase é muito pertinente conversar com o bebê, mantendo uma distância próxima para que se possa ter um contato visual nítido, pois além do estímulo sonoro, a imitação de expressões e movimentos musculares faciais colabora de forma significativa para o desenvolvimento da fala. Entoar canções infantis embalando o bebê no ritmo da música, é uma forma de trabalhar a musicalização de forma efetiva nesta fase. 

No terceiro mês as atividades cerebrais estão muito intensas, percebe-se a diminuição dos movimentos reflexos e o bebê começa a levar objetos à boca, uma forma de testar forma, textura, sabor, etc... ainda nesta fase o bebê reage a conversas, sua linguagem compreende choro, sorriso, gestos e sons guturais.

Na transição para o quarto mês a quantidade de sons emitidos aumenta e a boca continua sendo a área de reconhecimento de objetos. O balbucio começa a ser uma forma de imitar o canto, ao ouvir uma peça musical o bebê já inicia um movimento ainda desordenado e já é capaz de perceber o início e o  fim de uma música. 

A introdução de materiais sonoros é fundamental para que se inicie um contato musical visando o fazer musical, também é importante entoar canções ao mesmo tempo em que se trabalha o movimento com o bebê. Bater palmas, bater os pés, flexionar as pernas e braços são ótimas formas de trabalhar nesta fase, e o educador deve se posicionar sempre a altura do olhar da criança, pois caretas e feições chamam a atenção da mesma e pode contribuir para manter a atenção por mais tempo.
Entre o quarto e o sexto mês, o bebê já identifica o educador musical, este é um momento muito propício para a criação e aumento do vínculo entre os dois, tornando o momento musical, um momento agradável e aconchegante, além disso, não é recomendada a troca do educador, pois ela prefere pessoas e ambientes que lhe trazem segurança, portanto trocar o educador pode inibir a criança trazendo prejuízos para a musicalização da mesma.

Ainda o sexto mês, ela já consegue sentar apoiada possibilitando novas formas de trabalhar. Chocalhos e guizos, agora são usados para o acompanhamento de músicas, bem como gritos e sons orais.  A criança produz e repete sons com o corpo ou com instrumento e músicas que fazem parte da sua rotina ajudam a acalmá-la.
A partir do sétimo mês a criança começa a movimentar pernas e braços com uma melhor postura e coordenação, pois nesta fase se inicia o processo de engatinhar. Durante este mês, o trabalho utilizando o movimento deve ser intensificado, visando contribuir com o desenvolvimento pleno da criança. 

Após o oitavo mês, o bebê já identifica músicas e associa a sua rotina e acompanha canções com letras vinculadas a movimentos como bater palmas, bater o pé, levantar as mãos, etc... A imitação de timbres, intensidades e duração acontece de forma proposital, ou seja, ela já é capaz de dominar alguns parâmetros do som, além de reconhecer alguns instrumentos e sons de animais.

Nesta fase é imprescindível a realização de atividades que provoquem estímulos motores. Canções como: “cabeça, ombro, joelho e pé”, “se você está contente”, “bate palminha bate” e até mesmo a “parabéns a você” podem auxiliar nas atividades. A utilização de instrumentos, através do contato, também é indicado para esta fase, flautas e teclados ajudam na percepção sonora, auxiliando no reconhecimento dos parâmetros citados anteriormente.

Do nono mês até 1 ano de vida, há um aumento significativo no vocabulário do bebê através da repetição, além disso, consegue chamar a atenção dos pais com pequenos balbucios ou até mesmo palavras. Com 11 meses já consegue dar os primeiros passos com o auxílio dos pais ou apoiado em móveis, chama mamãe e papai com frequência. Atividades que compreendem o desenvolvimento motor continuam auxiliando, porém podem ser usadas atividades que ajudem no desenvolvimento social e afetivo, como canto (considerando os “balbucios de melódicos”), dança, etc...

Depois do 1º ano acontecem muitos aspectos de transformação nas estruturas cognitivas, motoras e de linguagem da criança. A expressão oral se intensifica e, apesar de usar palavras desconectas a oralidade já é seu principal meio de comunicação. Imitam animais, automóveis, pessoas e objetos sonoros da sua rotina sem muita dificuldade, também conseguem diferenciar som e silêncio e reconhecem sons já ouvidos anteriormente, simpatizado com alguns e não com outros. A música, nesta fase, é vivenciada por gestos e socialização, sendo fundamental a participação dos pais e do educador nas atividades propostas.

Com 1 ano e 6 meses, a criança já tenta acompanhar o ritmo da música com instrumentos musicais ou tentando conectar o corpo ao ritmo da música. Brincadeiras com o corpo e com materiais que fazem parte da sua rotina podem auxiliar no desenvolvimento das atividades, canções curtas e com pequenas palavras também chamam a atenção da criança e a mantém por mais tempo concentrada na atividade, lembrando que nesta fase a criança se distrai com facilidade.

Aos 2 anos de idade a criança já está bem desenvolvida em seus aspectos motores e cognitivos, aumentando suas habilidades corporais. Com isso, já é capaz de reconhecer diversas propriedades sonoras, instrumentos musicais relacionando-os com seus respectivos sons e também inventa e reproduz canções. Atividades com jogos musicais ajudam a manter o interesse por mais tempo e o contato com instrumentos musicais podem auxiliar o desenvolvimento social e afetivo através da troca com outras crianças, além do desenvolvimento cognitivo e motor através de atividades dirigidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de musicalização pode ser iniciado ainda durante a gestação e se estende por toda a vida, quando não é possível iniciar na gestação, deve ser iniciado o mais cedo possível, pois quanto mais cedo maior o benefício. Porém a musicalização, quando iniciada na vida intrauterina traz uma grande contribuição para a musicalização pós-parto, pois o bebê reconhece sons e vozes escutados anteriormente e já há uma socialização e um vínculo afetivo com o educador musical. A importância do lúdico no processo de aprendizagem infantil já é reconhecida por todos, mas também ficou muito claro que a afetividade é essencial para a prática das atividades propostas.
Fica evidente, também, que a musicalização traz uma contribuição significativa para o desenvolvimento da criança, desde que as atividades elaboradas, sejam compatíveis com a idade e o desenvolvimento em que a criança se encontra. Cada fase do desenvolvimento é importante, e a vivência da criança deve ser intensa e divertida pois “a criança aprende brincando e brincando ela é feliz”. (autor desconhecido)

REFERÊNCIAS

BEYER, Esther. KEBACH, Patrícia . Pedagogia da música: experiências de apreciação musical . Porto Alegre, Ed. Mediação ,2011.

FONSECA, Laísa Coelho da. Música para bebês: propostas pedagógicas e projetos.2014. 73f. Monografia (Licenciatura em Música com habilitação em Educação Musical Escolar). Belo Horizonte: ESMU/UEMG.

GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a Teoria das Múltiplas Inteligências. Porto Alegre: Artes Médicas, c1994. Publicado originalmente em inglês com o título: The frams of the mind: The Theory of Multiple Intelligences, em 1983.

KAERCHER, Gládis E.; CRAIDY, Carmem. Educação Infantil: Pra que te quero?. Porto Alegre, Artmed, 2001.

KEBACH, Patrícia Fernanda Carmem et al. Expressão musical na educação infantil. Porto Alegre: Mediação. 2013.

STIFFT, Kelly. A construção do conhecimento musical no bebê: um olhar a partir das suas relações interpessoais. 2008. 332 f. Tese (Doutorado em Educação). Porto Alegre: UFRS.

WADSWORTH, B. Inteligência e Afetividade da Criança. 4. ed. São Paulo: Enio Matheus Guazzelli, 1996. p. 7.


Publicado por: Jeferson Silveira da luz

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